Frustrando Petúnia escrita por magalud
Ele estava possesso. Literalmente possesso de fúria e uma ira fria e direcionada.
Em seus braços, o bebê o encarava curiosamente. Não sabia se ria ou chorava, pois não conseguia entender se o estranho era amigo ou não. O bebê vivia esperando sua mamãe voltar. Ela estava demorando muito.
O homem ainda estava tremendo de ódio após ter discutido com a mulher do orfanato. Não era culpa dela, claro. Ele mal conseguira se controlar antes de pegar o garoto e deixar aquele lugar desprezível. Agora ele pretendia descarregar o ódio em quem de direito merecia receber sua língua ferina.
Na rua muito arrumada, de casas muito iguais e limpas, ele se postou em frente ao número 4 e bateu à porta. A mulher abriu.
O bebê reconheceu a mulher e sorriu, batendo palminhas. A mulher também reconheceu o bebê, mas sua reação foi bem diferente.
Ela também reconheceu o homem.
- Você!...
- Boa tarde, Petúnia. Fico feliz em ver que não se esqueceu de mim após todos esses anos.
- Seu desqualificado, como você ousa...?!
Ele a interrompeu:
- Acredito que você tenha extraviado... isso.
Prontamente, Severus Snape colocou o bebê nos relutantes braços de sua tia Petúnia Dursley. Sem chance de reagir, ela aceitou o fardo em seus braços.
Sem fazer idéia do que estava acontecendo, Harry Potter, 18 meses e 25 dias de vida, agarrou-se à tia com prazer. Ele estava cansado de tantos estranhos, e tia P\'Túnia era um rosto conhecido.
- Eu não quero esse anormal na minha casa! - Ela tentou controlar a voz, mas se pudesse, estaria gritando. - Ele pode contaminar meu Dudley!
- O garoto precisa ficar com você. A carta de Dumbledore foi bastante clara e inequívoca.
- Como você o achou?
- Eu fui até o orfanato onde você tentou abandoná-lo. Tenha a certeza de que eles jamais vão atendê-la novamente.
- Mas eu não quero esse monstrinho aqui! Vocês não podem me obrigar!
- Na verdade, podemos. - A voz dele era tão ameaçadora que ela estremeceu. - Mas acho que você mesma vai chegar à conclusão de que cuidar do menino é do seu interesse.
- Por quê?
- Porque um dia a mesma pessoa que matou Lily vai voltar e vai querer se vingar desse menino. Não sabemos quando isso poderá ser. Só sabemos que, enquanto ele estiver morando aqui, ele estará protegido.
- E o que me interessa esse anormal?
- Petúnia, enquanto o garoto estiver protegido, vocês também estarão. É assim que funciona o feitiço.
Ela soltou um grito tão agudo que parecia ser um latido.
- Shh! Não diga essa palavra!
Snape ergueu uma sobrancelha:
- Então você vai ficar com o menino?
- Está bem, está bem, eu fico! - ela rosnou, contrariadíssima. - Não sei como vou falar com Vernon...
Ele suprimiu um sorriso ao se oferecer:
- Se eu puder ser de alguma ajuda quanto a isso... Garanto que posso ser muito persuasivo.
- Não! - Petúnia sentiu o sangue fugir-lhe inteiramente do rosto. - Não quero sua persuasão anormal no meu Vernon.
- Então se certifique de que seu marido entenda que o menino deverá ficar com vocês. Não há alternativa. Está claro?
- Sim! - Ela quase cuspiu, e o bebê se assustou.
- Não se equivoque. Se por um acaso, você se esquecer dessa nossa conversa, eu terei o maior prazer em vir até aqui para lembrá-la.
- Eu entendi, eu entendi!
- E trarei Dumbledore, só para ele lhe dizer o que espera você e sua família caso pense em devolver o filho de Lily de novo.
- Já disse que entendi, sua aberração!
- Então, até lá, tenha uma boa vida com o seu sobrinho.
Ele virou-se e Petúnia o observou, um pensamento em sua cabeça. Num impulso, chamou:
- Snape, espere!
Ele estava quase na calçada, e virou-se. Ela deu um passo em sua direção, hesitante.
- Lily... Ela... morreu mesmo?
Ela viu o rosto de Snape adquirir um semblante de dor por um segundo. Mas o segundo passou, e a dor foi substituída por uma raiva gelada nos olhos pretos.
- Ela foi assassinada protegendo esse pirralho do Lord das Trevas.
Ela cochichou com raiva.
- Você podia ter evitado, não? Ela disse que você se bandeou para o lado dele. Você é um deles! Podia ter evitado que isso terminasse desse jeito.
Era a coisa errada a se dizer. O olhar de Snape foi tão intenso que Petúnia efetivamente se encolheu, apertando Harry, que estava em seus braços, alheio ao que se passava.
Severus a teria fulminado ali mesmo, se pudesse. O ódio que sentia era visceral, parecia exudar de seus poros.
Mas ele prometera a Dumbledore ajudar a proteger Harry.
O homem olhou para o garoto e disse, apenas:
- Cuide do menino.
Virou-se novamente. Pensou melhor e voltou-se de novo para ela. Harry sorriu para o homem.
Severus o ignorou, estreitando os olhos para a mulher.
- E tenha em mente: isso está longe de terminar.
E foi embora, prometendo-se jamais voltar. Mas ele sabia que os dias para reencontrar Harry Potter estavam contados. Quando o menino pusesse o pé em Hogwarts, ele teria que encarar novamente os olhos verdes brilhantes.
Impossível não pensar em Lily. Em 10 anos, seu inferno começaria.
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