As Crônicas Incontáveis de Bane escrita por ApplePie


Capítulo 1
A Dama das Camélias


Notas iniciais do capítulo

Oláaaaa pessoas lindas do Nyah!Bem, eu decidi mudar um pouco e escrever uma fanfic que não fosse original. E quem melhor para escrever sobre senão nosso querido Feiticeiro cheio de Brilho?
UM AVISO IMPORTANTE: ESSA HISTÓRIA VAI TER MENÇÕES DE QUASE TODOS OS LIVROS JÁ LANÇADOS DA CASSANDRA CLARE. Então, se você não terminou de ler Os Instrumentos Mortais e te incomoda ler coisas sobre As Peças Infernais ou até mesmo As Crônicas de Bane, eu não aconselho você a continuar lendo.
Como todos sabem, nenhum desses livros me pertencem porém alguns personagens sim!
I hope you enjoy,
Kissus



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Londres, 2008

Magnus estava extremamente satisfeito consigo mesmo. Ele finalmente teria um descanso de guerras, Caçadores de Sombras, mortes, Caçadores de Sombras, batalhas e... bem... Caçadores de Sombras.

Ele tinha decidido voltar a fazer alguns tours pelo mundo com Alec, já que a sua última viagem foi totalmente frustrada por um pedido do Instituto de Nova York envolvendo Camille que fez com que Alec ficasse com raiva levando a mais outros milhares de problemas.

Ser o Alto Feiticeiro do Brooklyn não era fácil.

Agora, cá estava ele junto com Alexander Gideon Lightwood andando pelas ruas de Londres, ruas das quais ele tentou ficar o mais longe possível durante muitos anos, pois trazia memórias das quais ele estava disposto a deixar trancadas na sua caixa.

Magnus levou Alec para ver o Palácio de Buckingham e agora eles tinham feito uma pausa para um chocolate quente. Estava consideravelmente frio em Londres, afinal ainda era inverno no hemisfério norte.

— Parece que Simon vai se juntar à Academia logo — Alec começou a falar depois de tomar um gole de sua bebida extremamente quente.

— Sim — Magnus parou de brincar com a caneca enquanto esperava o chocolate esfriar um pouco. — Spencer vai ter que aguentar muito para conseguir ser um Caçador de Sombras.

O feiticeiro sabia o quanto o garoto iria sofrer. Ele era um mundano que virou um vampiro e, graças a um Príncipe do Inferno, virou mundano novamente. A Clave já não era legal com o garoto, Magnus sabia que o lugar onde os filhotes de Caçadores de Sombras treinavam também não seria ainda mais agora.

— Obrigado por ajudá-lo a restaurar a memória — Alec dissipou sua linha de pensamento.

— Por quê? E ele não restaurou sua memória completamente — Magnus se fez de desentendido. Ele sabia bem o motivo de Alec estar agradecendo. Ele amava demais a irmã e sabia que Isabelle estava sofrendo com o fato de Simon não se lembrar dela.

— Eu sei, mas mesmo assim obrigado — Alexander não explicou o porquê. Ele sabia que não era preciso.

Depois de tomar a agradável bebida quente, eles seguiram pelo seu percurso na cidade. Magnus percebeu o quanto a cidade tinha mudado, se ele fechasse os olhos ele ainda poderia ouvir os sons das carruagens e dos sapatos andando pelo asfalto de pedra. Se ele fosse mais a fundo em sua memória, ele ainda poderia ver um jovem com os mesmos olhos azuis vibrantes de Alec implorando por ajuda...

— Magnus? — uma voz feminina fez com que ambos os homens parecessem de andar.

Bane voltou seu corpo para a voz e confirmou quem tinha o chamado.

— Lacey — foi tudo o que ele disse.

Magnus percebeu que Alec olhou para Magnus e depois olhou para Lacey com uma cara interrogativa. O feiticeiro parou por um instante para ver a aparência da mulher.

Ela, como sempre, tinha a mesma aparência com seus olhos azuis e cabelo loiro tão claro que parecia branco, a única diferença era que agora poucas mechas rosas eram vistas nas pontas de seu cabelo. Desde que ele tinha conhecido ela, Lacey era muito bonita.

— Há quanto tempo — ele terminou sua linha de pensamento.

A jovem feiticeira bufou e foi andando até ele com passos pesados como se estivesse tentando impor medo, mas como Magnus era tão poderoso quanto ela, ele sabia que ela só estava mostrando sua chateação.

— Sabe, Magnus, nós do Submundo também podemos utilizar uma coisa chamada celular, computador...

—Ainda bem que você sabe, pensei que tinha passado esses últimos séculos se comunicando através de cartas.

Lacey revirou os olhos.

— E também você é um feiticeiro, poderia me visitar.

— Você também.

Lacey fechou a boca numa linha fina. Magnus suspirou, ele sabia que, na verdade, Lacey nunca sairia de Londres, não por enquanto pelo menos e...bem, Magnus não a contatou, pois sabia que ele não poderia ir à Londres.

— Hm... — Alec pigarreou ao lado de Magnus. — Oi.

Lacey voltou seu olhos azuis para o lado, como se tivesse reparado em Alec só agora. Seus olhos azuis claros arregalaram quando percebeu quem Alec era, ou melhor, o que ele era.

A jovem lançou um olhar de “Precisamos conversar” para Magnus antes de se virar para Alec.

— Olá — ela pegou a mão de Alexander num aperto e começou a balançar. — Sou Lacey. Sou a esposa de Magnus.

Alec abriu a boca e a fechou e fez isso novamente. Ele olhou para Magnus que balançou a cabeça negativamente e bufou. É claro que Lacey faria uma coisa dessas.

— Pare de contar mentiras, Lacey.

Ela sorriu e colocou os braços atrás do seu corpo.

— Você sabe que eu só estava brincando, Magnus — ela deu de ombros. — Bem, eu tenho muitas coisas para contar e você — ela apontou para ele. — Tem muitas coisas para me contar. Então que tal isso: vamos tomar um chá na minha casa.

Dizendo silenciosamente que ele iria explicar tudo à Alec, Magnus deixou ser levado por Lacey.

***

A casa dela tinha mudado, porém não muito, afinal Lacey morava numa parte de Londres que ainda era preservada.

Fazia séculos que ele não via a feiticeira. A última vez foi no começo do século XVIII quando eles estavam ouvindo um concerto de Mozart na Áustria, foi quando Lacey tinha decidido que não conseguiria fugir dos acontecimentos na Inglaterra e voltou para sua terra natal. Até mesmo durante todos os acontecimentos envolvendo o Instituto de Londres e Tessa, Magnus não tinha ouvido falar em Lacey. A feiticeira, que estava sempre procurando por encrenca e se metendo em conflitos, sejam eles mundanos ou do Submundo, tinha desaparecido.

Lacey abriu a porta de madeira deixando o casal entrar. Algumas coisas nunca mudaram e provavelmente não mudariam: um quadro que deveria valer milhões na sala de estar, um candelabro do século XVII de Paris pendurado, talheres dados pela família real espanhola e uma medalha de ouro dada pessoalmente pela Rainha Elizabeth I à mostra no buffet.

Magnus percebeu que Alec estava chocado, pois era óbvio que tudo aquilo era autêntico. Alexander provavelmente também estava chocado porque Magnus era o único feiticeiro que ele tinha visto a casa. E, diferente de Lacey, Magnus não era de guardar muitas recordações, as suas únicas poucas estavam bem lacradas numa caixa.

— Aceitam chá ou café? — ela pausou para pensar. — Tem suco também.

— Chá está ótimo — Magnus disse e Alec assentiu.

Ambos sentaram no sofá de veludo preto e esperaram Lacey com o chá. A loira rapidamente entrou na sala com a bandeja e dispensou a ajuda de Alec. Ela sentou-se em frente ao casal e começou a servir a bebida.

— Então... como anda o mundo lá fora? — Lacey perguntou para ambos.

Os dois homens estavam confusos quanto a sua pergunta.

— O que quer dizer? — Magnus perguntou. Lacey deu de ombros.

— Ah, você sabe. Toda essa história de Caçadores de Sombras matando Caçadores de Sombras. E também teve todo aquele conflito com os vampiros e as fadas...

Magnus fez um rápido resumo de tudo que aconteceu: A Guerra Mortal, o retorno de Sebastian, os Crepusculares...

Quando o feiticeiro falou sobre a Taça Infernal ele percebeu que Lacey pressionou os lábios com força, ela sempre fazia isso quando alguma coisa acontecia que ela não gostava.

— Bem — Magnus suspirou. — Foi tudo isso que aconteceu.

Ela não disse nada.

— Me espantou, você sabe — ele olhou atentamente para ela. — Que você não tenha se intrometido. Você sempre foi a primeira de nós a querer ajudar e a se meter em encrencas.

Lacey sorriu fracamente.

— Passei meu cargo para você — ela disse, Magnus riu.

Ela suspirou e levantou, parando em frente à janela.

— Eu prometi à ele que eu não arriscaria minha vida... muito — ela riu. — Sem contar que eu não posso olhar para algum Nephilim sem pensar nele. Você sabe disso Magnus.

O feiticeiro ficou quieto. Será que ele ficaria assim quando Alec morresse? Diferente de Tessa que tinha uma família para olhar e tinha Jem para esperar, Lacey e Magnus não tinham nada nem ninguém. Apenas o vazio de um coração em luto.

— Você era apaixonada por um Caçador de Sombras — Alec disse suavemente, entendendo a situação.

Lacey virou-se para ele e sorriu.

— Sim. Eu ainda sou — ela sentou-se em frente à Alec ainda sorrindo. — Sabe, foi uma história um tanto engraçada.

Alec deu um olhar para ela, assentindo silenciosamente que ela poderia continuar.

— Como Magnus disse e você provavelmente deve ter pensado, eu sempre fui uma encrenqueira. Sabe, eu sou mais velha que ele, mesmo não parecendo — ela riu. — Eu tinha uns quarenta anos quando eu conheci Magnus que tinha seus...

— Dezenove — Magnus disse.

— Sim, exato, dezenove. Pois então, eu sempre me metia em encrencas. Participei de conflitos dos Nephilim quando eles estavam assinando os primeiros Acordos, já impedi conflitos entre vampiros e lobisomens e já briguei com muitos humanos que caçavam fadas.

Ela respirou fundo antes de começar.

— No século XVII, foi quando eu o conheci. Durante o apogeu da Caça às Bruxas. Eu, sendo a feiticeira inconsequente que era, protegia muitos de minha espécie e por isso, chamei muita atenção Nephilim e mundana. Eu estava fugindo de uma perseguição quando um cavalo preto parou na minha frente e me fez tropeçar.

Alec estava ouvindo atentamente, observou Magnus.

— Ele saiu do seu cavalo e pensei que ele iria me matar ali mesmo, mas não — ela sorriu se lembrando. — Ele me ajudou a ficar de pé e se ofereceu para me auxiliar. Ele era arrogante e bonito e ele sabia disso — ela bufou. — Eu fiquei com raiva então briguei com ele e segui meu caminho. Ele ficou me seguindo à distância o que me fez tentar transformá-lo em um sapo. Porém ele conseguiu me dominar numa luta e pediu, como recompensa, que me encontrasse naquele mesmo lugar no dia seguinte.

Lacey parou para ver se ambos estavam prestando atenção.

— E assim foi indo. Todo dia nós nos encontrávamos, escondido da Clave e de todos. Eu tinha que mentir também, sabe? Estava numa época tensa entre os do Submundo e os Nephilim, se eles descobrissem que eu estava vendo algum Caçador de Sombras, provavelmente eles iriam tentar me matar ou me excluir de tudo — ela suspirou. — E, como feiticeira, eu não queria viver na solidão pela eternidade — ela parou e olhou atentamente para Alec. — Sabe, seguidor de Raziel, por mais que nós do Submundo não nos damos bem, você pode ver muito bem pelas intrigas dos vampiros e lobisomens, além das fadas com os feiticeiros, nós nos aturamos e, na medida do possível e tolerável, nós nos auxiliamos. Diferente de muitos, naquela época eu não conseguia me ver sozinha, sem ninguém. O único que sabia de tudo isso era Magnus.

Lacey tomou um gole de seu chá enquanto olhava para Magnus.

— Enfim, nós continuamos a nos encontrar até que nos apaixonamos e foi justamente na época em que a Caça às Bruxas estava enfraquecendo. Nós nos mudamos para a Inglaterra e Nikolai, esse era seu nome — ela falou como se doesse pronunciar o nome dele. — Acabou desistindo de sua vida de anjo.

Ela olhou para Alec para ver se ele tinha entendido.

— Então... — ele engoliu seco. — Ele perdeu suas marcas e abandonou a família?

Magnus fechou os olhos tentando tirar da sua mente a terrível tortura que é para um Nephilim perder suas marcas. Ele lembrou-se de Edmund Herondale e de como ele tinha se apaixonado perdidamente. Magnus ainda podia se lembrar de ouvir os gritos e os soluços do jovem enquanto ele estava naquela grande mesa ouvindo os Caçadores de Sombras falarem um monte de besteira.

— Sim e não — Lacey respondeu engolindo seco. — Ele não tinha família. Toda a sua família tinha morrido numa batalha num covil de demônios Raum*. Entretanto, sim, ele teve que ter suas marcas retiradas.

O silêncio prevaleceu, pois ambos os feiticeiros sabiam do quão tortuoso era, mas nenhum dos dois fez alguma menção disso, era melhor deixar Alec sem saber de tudo.

— Pois bem — Lacey suspirou. — Compramos essa casa e vivemos bem felizes aqui, houve uma época em que eu fiquei extremamente depressiva, afinal nós feiticeiros somos estéreis, mas Nikolai não se importou, para ele eu era suficiente.

A voz dela foi enfraquecendo.

— Ele morreu um pouco antes de fazer sessenta e nove anos, uma idade até que avançada para a época — ela sorriu, mas o sorriso não chegou a seus olhos. — Eu o enterrei perto de sua família, lógico que escondido da Clave, e todo mês eu deixo uma camélia para ele — ela riu quando se lembrou de algo. — Camélias simbolizavam nosso amor porque todo aniversário ele me dava uma de recordação, tínhamos um jardim cheia delas e ele sempre retirava uma no meu aniversário. Então eu sempre coloco lá, todo mês.

Ela olhou para o teto como se estivesse se lembrando de algo.

— Eu conheço muitos mundanos aqui, alguns até sabem o que eu sou — ela olhou de soslaio para os dois. — No século XIX, quando lançou o livro A Dama das Camélias*, todos os moradores por aqui começaram a brincar falando que, por mais que eu seja totalmente diferente de Margarida*, eu era a Dama das Camélias.

Magnus sorriu, lembrando-se de passear com Lacey e uma mulher acenar para ela e chamá-la de fato desse nome.

— Você disse que se envolveu em muitos conflitos... quais exatamente? — Alec perguntou, curioso. — Você falou Caça às Bruxas e conflitos do Submundo, mas você disse que tinha outros mundanos...

Lacey riu.

— Eu poderia lhe dar uma lista, jovem, porém alguns que você deve conhecer foram: A Revolução Francesa, a Guerra das Rosas — ela fez um aceno como se a lista continuasse. — Eu prestei também serviços para a rainha Elizabeth I. Ela precisava de uma certa mãozinha para ajudá-la numa batalha marítima e eu, naquele tempo, conhecia muitas sereias...

Magnus sorriu, lembrando-se de Lacey vir lhe pedir ajuda para chamar uma sereia.

— Porém muitos dos conflitos que eu participei, acabaram rápido, afinal estamos falando da Inglaterra, toda Guerra acaba da mesma forma.

— E como acaba? — Alec perguntou, confuso.

— Em chá — Magnus e Lacey falaram em uníssono.

— Mas agora, paremos de falar de mim. Estou cansada disso! — ela exclamou. — Quero saber sobre a história de vocês.

Magnus percebeu que Alec estava bastante à vontade com Lacey e ficou feliz por isso, afinal ele estava com saudade da feiticeira.

— Você sabe — Magnus falou, cortando Lacey que estava reclamando da Rainha de Seelie para Alec. — Você não precisa usar um glamour entre nós, Lacey.

Ela fechou a cara.

— Eu não gosto de deixar aquilo aparecendo, Magnus.

— Qual é a sua marca? — Alec perguntou curioso e, como se tivesse percebido sua intromissão, pigarreou. — Me desculpe, você não precisa mostrar.

A jovem – não tão jovem – suspirou.

— Está bem, está bem.

E num passe de mágica – literalmente – Magnus e Alec podiam ver duas orelhas rosas pontiagudas.

Alec riu.

— Não é ruim. Eu soube de casos piores.

Lacey revirou os olhos sorrindo.

— Eu sei. Mas mesmo assim eu não vou ficar andando com isso como se fosse orelhas de plástico de Halloween.

Depois de terem passado a tarde inteira conversando, Magnus decidiu que era hora de ir.

— Nós já vamos, Lacey.

Ela suspirou.

— Tudo bem, só não desapareça mais.

Ele riu.

— Certo, certo. Então, prometa-me uma coisa.

— O quê?

— Prometa-me que você vai deixá-lo ir.

Lacey congelou. Magnus sabia que ela tinha entendido o significado, ele estava pedindo à ela para voltar a ter uma vida, para tentar seguir em frente. Não de uma forma romântica, ele não estava pedindo para ela arranjar outro amor – Magnus mesmo sabia que era provavelmente impossível – porém, ele estava pedindo para ela parar de se prender à Inglaterra. Parar de se prender às suas lembraças.

Lacey era exatamente o contrário de Magnus. Enquanto Magnus fugia da maioria de suas memórias, Lacey se prendia, tentando lutar em vão com o passado. De todos os feiticeiros, Lacey era a que mais era parecia com Magnus e o entendia, e vice-versa.

Assim como Magnus, Lacey não teve uma infância boa, ambos tinham nascido numa época religiosa. A mãe de Lacey tinha sido morta em sua frente por ter tido relações com um demônio disfarçado, quando foram matar Lacey, a menina liberou todo o seu poder nocauteando metade dos homens de sua vila. Ela fugiu e achou refúgio numa igreja – por mais irônico que fosse. Quando tinha idade suficiente, ela saiu da igreja e foi aprender à controlar seus poderes. Quando Lacey tinha quarenta anos, foi quando Magnus tinha feito sua grande aparição como Magnus Bane e começou sua vida como feiticeiro. Lacey o encontrou e o ensinou muitas coisas, como: fingir que sua idade é bem mais alta para impressionar mais ou até mesmo como avaliar o cliente para cobrar um preço justo.

— Eu... — ela disse gaguejando. — Eu não sei, Magnus...

— Você não vai estar mais sozinha, sabe — ele falou suavemente. — Você terá a mim, Tessa – quando ela não estiver com o marido dela, é claro –, Catarina...

Lacey grunhiu.

— Catarina é sem graça. Ela não sabe se divertir e é fria.

— Bem, ela é uma enfermeira — Lacey revirou os olhos quando Magnus disse isso.

Alec pigarreou ao seu lado, chamando a atenção de ambos.

— Eu... acho... não, eu tenho certeza que Nikolai não gostaria que você passasse a eternidade presa pelo seu túmulo e lembrança — Alec estava meio sem graça enquanto falava, mas mesmo assim continuou. — Ele gostaria que você vivesse, afinal ele te ama.

— Como você sabe disso? — Lacey perguntou segurando as lágrimas.

— Porque — ele respirou fundo. — Eu penso e faria o mesmo — ele deu uma rápida olhada para Magnus que o fez prender a respiração.

Como não amar Alec?

Até então, Lacey já estava chorando e os dois homens não sabiam o que fazer. Alec ficou desesperado pensando que foi algo que ele tinha falado, mas a feiticeira apenas balançou a cabeça tão forte que Magnus ouviu até um estalo em seu pescoço e abraçou o Nephilim.

Alec ficou surpreso, mas não se soltou de Lacey.

— Agora que toda a guerra acabou — ele falou como se estivesse falando com uma criança. — Você poderia aproveitar bastante Nova York. Tem um bando de lobisomens que eu acredito que você iria se dar bem.

Além disso, tinha também o problema com as fadas, Magnus pensou, porém não falou nada.

Ele ainda se lembra de como aquela fada olhou com remorso contido para todos do Conselho e de como a tensão estava muito espessa pelo fato de que as fadas tinham ajudado Sebastian na guerra.

Lacey seria muito útil contendo algumas fadas com seus contatos. Ela era uma das únicas pessoas que Magnus viu ter encontrado a Corte Unseelie* ao vivo e não ter sofrido nada.

A feiticeira loira sorriu para ambos e assentiu.

— Acho que eu vou dar uma passadinha em Nova York, ver como os americanos estão agora.

— Acredite, minha querida, eles não mudaram em nada quase — Magnus resmungou.

Lacey riu.

— Certo, certo. Porém, eu não terei um lugar para ficar. Vou ser sua responsabilidade, Magnus.

— Eu não devia ter convidado — o feiticeiro resmungou novamente ganhando um tapa de leve no ombro pela garota.

— Bem, o problema é seu. Agora — ela virou-se para os dois. — Vão. Acredito que já tomei muito do tempo de suas férias.

Eles se despediram e Lacey chamou Magnus quando ele tinha se virado.

— Magnus!

Ele olhou para ela, Lacey sorriu.

— Fico feliz por você ter achado uma boa paixão. Ele é um bom garoto.

Magnus sorriu e assentiu. Lacey ficou séria.

— Não se preocupe, Magnus, por mais que o luto e a dor sejam grandes, eu não trocaria nada por esse mundo pelo tempo que eu passei com Nikolai.

Magnus ficou chocado com a declaração, mas concordou com a cabeça da mesma forma e acenou uma despedida.

Quando ambos os homens estavam andando novamente pelas ruas, Alec parou.

— O que foi? — Magnus perguntou.

— Tem alguma coisa no meu bolso — Alec começou a remexê-lo.

Foi então que o jovem Nephilim retirou de seu bolso uma linda Camélia Branca. Ambos sorriram. Parecia que na flor estava uma promessa. Uma promessa de se encontrarem de novo.

*****

Glossário:

(*) Demônio Raum, segundo O Códex dos Caçadores de Sombras (página 73), é um demônio intimidante e perigoso, incapaz de falar, mas que, apesar disso, é um adversário inteligente. Eles são, aproximadamente, do tamanho de um homem, de pele branca e escamosa e olhos negros sem pupilas e esbugalhados, com uma boca circular e tentáculos no lugar de braços com ventosas venenosas.

(*) A Dama das Camélia, ou La dame aux, é um romance do escritor francês Alexandre Dumas Filho, publicado em 1848. O Nome Dama das Camélias é devido ao fato de Margarida passear por Paris com Camélias Brancas e Vermelhas.

(*) Margarida é o nome da principal personagem do romance A Dama das Camélias, a mais cobiçada cortesã parisiense.

(*) Corte Unseelie, como diz o nome, seria a Corte das Fadas contrária à Seelie. Essa Corte é conhecida por representar "o lado negro" das fadas. Enquanto você tenta não ofender alguém de Seelie, você não pode nem cogitar ofender alguém de Unseelie, essas fadas são fechadas e seguem as próprias regras.

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Notas finais do capítulo

Como é óbvio, Lacey é uma personagem criada por mim e vai ter mais alguns que serão como ela: são personagens secundários por isso eu não incluí na lista, assim como os outros personagens dos livros originais que também vão ter suas aparições ;)
Bem, é isso (*_*)
Espero que tenham gostado!!!
Comentem, por favor, que acharam!!!
Byebye