Observe-me escrita por Sammye


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Como dito anteriormente, nunca havia conseguido escrever uma oneshot, pois histórias resumidas com um enredo são tão difíceis de se escrever com poucas palavras ç.ç



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Estava sentado debaixo de uma árvore, as folhas caíam lentamente conforme o vento gélido soprava. Aqueles galhos caídos ao meu lado faziam-me recordar de momentos alegres os quais passei anos atrás.

Aquele sorriso doce e gentil voltava em minha mente, como pude ser tão tolo?

Lembro-me de vê-la cantando em volta daquele pequeno broto — Observe-me Lyan! Veja como eu posso ser rápida – exclamava alegremente, estendendo os braços e apressando os passos.

Sorri — Vá mais devagar Mia, senão irá cair! – alertei inquieto.

Fiquei observando-a se mover de um lado para o outro. Pousei minhas mãos nos bolsos da jaqueta e esperei com que ela parasse, mesmo que isso levasse algum tempo.

Mia continuou seu “ritual” de crescimento das plantas enquanto eu a aguardava. Desajeitada como sempre, acabou por tropeçar numa pequena pedra. Pude vê-la caindo lentamente, corri o mais rápido que pude.

Sua face estava colada na grama verde, deslizei pela mesma e me ajoelhei à sua frente — Você está bem? – indaguei aflito.

— Grrr – emitiu, erguendo a cabeça e fitando-me. Suas bochechas estavam sujas e ruborizadas — Grama não é legal! – resmungou, fazendo bico.

Segurei suas mãos e a levantei — Se você não tivesse corrido, não teria caído e engolido mato que nem um...

— Coelho! – interrompeu-me, sorrindo — Coelhos são fofos e você disse que eu era fofa.

Senti minhas bochechas queimarem — N-Não era isso que eu ia dizer – respondi constrangido.

— Eu prefiro acreditar que sim – respondeu, sorrindo novamente — Vamos indo? Minha mamãe me aguarda – pediu, segurando minha mão.

Assenti e descemos o morro de volta para nossas casas. Mia era minha amiga de infância, era ela quem alegrava os meus dias frios de inverno, enchendo-os com a sua graça.

— Um dia aquela plantinha estará enorme como um eucalipto. Sabe por quê? – questionou-me ela, parada em frente à sua casa. Neguei — Porque ela fora plantada com o nosso amor e ele há de crescer cada vez mais – respondeu-me, beijando minha face — Até mais.

Fiquei imóvel por alguns minutos, balancei a cabeça atônito e segui para minha casa como sempre, joguei-me na cama macia, caindo no sono logo em seguida.

Os anos passaram rapidamente e a graciosidade da pequena Mia apenas aumentara. Depois do colégio, passamos por perto de nossa árvore — Uau, como ela ficou linda! – exclamou admirada.

— Não é? Parece que foi ontem que a plantamos – comentei, recordando-me do dia.

Ela voltou-se para mim — Nossa amizade era tão linda, como fomos nos distanciar tanto assim? – seus olhos encheram-se de lágrimas, não podia imaginar que ela sofria tanto quanto eu.

— Talvez fosse pelas novas circunstâncias... – comentei — Sinto falta de quando éramos unidos, sinto muito ter deixado isso acontecer.

— Não é culpa sua Lyan – respondeu — Eu gostaria de...

— Podemos ser amigos novamente? – interrompi.

O vento forte balançava seus cabelos — Amigos? – repetiu quase que num sussurro. Seu cachecol desprendeu-se de seu pescoço e voou.

Corri para pegá-lo e saltei, caindo na grama. Grunhi irritado — É muito escorregadio, sabia?! – questionei ao ver que ela ria.

— Sei... Quando era eu quem caía, as coisas mudavam – disse, virando a face.

Levantei-me — Você que era muito desastrada – respondi, colocando o cachecol envolto de seu pescoço — Pronto, dessa vez eu o coloquei direito para que não aconteça o mesmo novamente – disse calmamente, ajeitando-o em seu pescoço — Você está linda como sempre! – arrependi-me de ter dito tal frase, minhas bochechas arderam.

Ela deu um leve sorriso e posou a mão na boca — Obrigada – disse-me ela.

Respirei fundo e baixei os olhos, ficar ao seu lado me deixava inquieto. Desde quando sua presença me deixava tão aturdido?

Senti suas mãos pequenas tocarem nas minhas, ergui a cabeça e a fitei. Seus olhos brilhavam intensamente e suas bochechas estavam ruborizadas — Lyan – chamou-me, dando um passo à frente.

— S-Sim?

Segurei firmemente em suas mãos e me aproximei, tocando meus lábios nos seus. Aquela fora a melhor sensação do mundo, esperei tanto por aquele momento que mal poderia acreditar que estivesse se tornando em realidade. Seus lábios eram tão delicados quanto ela.

Afastei-me aos poucos e a contemplei envergonhado. Pensei que fosse levar um tapa, mas aconteceu ao contrário. Recebi um abraço inesperado — Lyan, eu tive tanto medo de te perder de verdade – disse-me, deixando as lágrimas caírem.

Afaguei-a — Não vai me perder nunca, eu sempre estarei com você – respondi enquanto a acariciava.

Ele levantou a cabeça e me fitou — Promete?

Prometo. – disse convicto.

Pude sentir novamente a leveza que seu beijo apaixonado me causava, gostaria de poder eternizar aquele momento.

Prometemos nos encontrar todos os dias em frente à árvore, que segundo Mia, representava o nosso amor. Continuamos juntos durante meses, mas o meu egoísmo acabou por estragar tudo. Passei a me atrasar em nossos encontros, deixando-a plantada à minha espera. Na friagem.

Desculpava-me pelos atrasos e ela sempre me perdoava, Mia era tão compreensiva comigo que eu mal podia pensar em viver sem ela.

Fui egoísta o suficiente para deixa-la à minha espera enquanto conversava com meus amigos. Sabia que estava errado, só que eu precisava de um tempo para eu mesmo.

Numa tarde fria, fui ao seu encontro atrasado. Passei horas esperando-a. Voltei para casa, irritado pelo seu atraso — “Como ela pode ter feito isso?” – questionei-me indignado.

No dia seguinte aconteceu a mesma coisa. Fui até sua casa e encontrei sua mãe chorando devastada — O que houve senhora Turner? – indaguei confuso.

Recebi um olhar ameaçador de volta — A minha filha! – disse furiosa — A minha pobre Mia! – repetiu, caindo no choro.

— O que tem Mia?! – questionei aflito.

Ela olhou-me nos olhos e sibilou algumas palavras, caí no chão e entrei em pânico. Mia sofrera um acidente ao tentar escalar nossa árvore. O galho em que ela se apoiava partiu ao meio e ela caiu barranco abaixo.

Sua mãe voltou a berrar:

Ela estava lá, a sua espera!

Senti meu mundo desabar, pela minha irresponsabilidade a pessoa que eu mais amava se machucou. O que seria de mim sem Mia?

Fechei o álbum de fotografias e suspirei melancólico. O vento derrubava as folhas assim como meus olhos derrubavam as lágrimas. A árvore que representava nosso amor, hoje estava seca, quase morrendo.

— Perdoe-me, Mia. Prometi que sempre estaria com você – pedi angustiado. Meu coração estava apertado, jamais amarei alguém como a amei um dia.

O vento ficou mais forte, meu cachecol quase que se vai junto dele. Algo tocou em minha face, tampando-me os olhos.

Você não está sozinho! Eu estarei sempre com você, Lyan.

Um arrepio percorreu-me pela espinha ao ouvir aquele sussurro. Pude novamente ouvir sua voz doce e calma.

Eu estou aqui, a sua espera!

Dizia-me a voz. Voltei-me rapidamente para ela e pude ver seu espectral se desfazendo — Mia não vá! – supliquei.

Recebi aquele seu sorriso meigo e carinho como resposta, entendi o que ela queria dizer. Meu coração voltou a ficar aquecido conforme sua aura se esvaía gradativamente.

Novamente o vento soprou, mas tão forte que quase levou todas as folhas restantes. Olhei para cima e avistei um broto se formando, ele era verde como a grama no dia em que plantamos. Possuía um brilho intenso e especial, como os olhos de minha amada.

Sorri esperançoso — Não importa o que aconteça, nosso amor sempre irá renascer e assim esta árvore, nunca há de morrer – disse por fim, pousando a mão no coração e contemplando a primeira fotografia do álbum.

Estava estampando Mia dizendo alegremente: “Observe-me Lyan”.

Hoje em dia, quem me observa é você, Mia.


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Notas finais do capítulo

Então é isso, obrigada por quem chegou até aqui *u* Espero que tenham gostado :3*Repetindo, também postada no Social Spirit ^~^



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