O cursor piscava na tela branca e as horas pareceram voar. Minha cabeça latejava de tanto pensar em ideias cabíveis para uma fanfic sobre Loki, principalmente depois que meus amigos disseram que jamais conseguiria capturar o deus Asgardiano em um momento romântico com qualquer que fosse a personagem, já que em todas as fanfics anteriores o descrevi como inescrupuloso e cruel, um homem sem capacidade para amar.

-Merda, Merda – descanso a testa sobre o teclado do Notebook, várias letras diversificadas surgem na tela.

Já havia escrito e reescrito diversas fanfics sem que nenhum Loki fofinho aparecesse, acabando sempre em sadomasoquismo ou coisa pior – para a personagem que estava com ele, é claro.

Devone, meu irmão, já havia passado várias vezes em frente ao meu quarto na esperança de ler algum rascunho, pois ele é o meu beta, sempre corrigindo os erros ortográficos, expressões errôneas e palpitando. O último agradaria muito, mas ele não o fez.

- DESISTO – fecho o notebook com raiva e jogo-me na cama com a cara no travesseiro. Urro sentia revolta naquele momento pela falta de inspiração que me tomava. Em todos esses anos, essa era a primeira vez que isso acontecia.

- Desistir não ajuda em nada – uma voz grossa toma o quarto, sento na cama e deparo-me com ele, Loki, parado próximo a estante de livros folheando o exemplar de 50 tons de cinza.

-Ler pornografia também não – franzo o cenho confusa e fico em pé - O que faz aqui?

-Você me chamou e então atendi ao seu pedido, estou aqui – ele sorri sarcástico, colocando o livro de volta no lugar e andando em minha direção – Agora se me faz o favor, comece a escrever sua história, tenho mais o que fazer.

-Estou delirando, bem que minha mãe falou para sair do quarto e jantar – riu sem humor e fecho os olhos – Vou contar até três, a hora que abrir os olhos você terá desaparecido. 1...2..3...

-Ainda estou aqui – suspirou.

- Percebi – coloco a mão na testa e caminho em direção ao notebook outra vez – Okay, vamos terminar essa merda, antes que eu fique mais louca do que já estou. Por que o Wolverine nunca aparece como você?

- Pois você tem um péssimo gosto para fantasias – ele ri colocando as mãos sobre meus ombros, ficando atrás de mim no computador. O encaro séria – Quer uma massagem?

-Não, não quero uma massagem – volto a encarar a tela do notebook. O Word estava da mesma forma que deixara anteriormente.

-Por que essas incongruências?

-Por que você apareceu pra mim e não para uma pessoa que goste de você? – pergunto no mesmo tom de voz e apagando as letras que apareceram quando coloquei a testa sobre o teclado mais cedo.

-Pois você esta desesperada, e acredite li suas fanfics anteriores e adorei o modo como me colocou um vilão sem alma.

-Vou aceitar isso como um elogio – sorriu irônica. – Então, vamos começar, que tal você e a Darcy Lewis? A muita fanfic sobre isso, mais uma não faria mal a ninguém.

Ele resmunga, reviro os olhos e dou inicio a uma fanfic.

-Não, para, para, para – ele enfia o braço em minha frente, clicando com o dedo indicador no backspace.

-Merda, eu estava quase conseguindo – resmungo irritada tentando empurrar seu braço do local.

-Conseguindo fazer Merda, isso sim – riu e bagunçou meus cabelos – Tenta outra coisa.

-Okay, que tal você e Thor? – ameaço a regressar a escrever, porém ele segura minhas mãos forçando-me a ficar de frente para ele. – Entendi, nada de você e Thor, irritadinho.

-Mais uma ameaça de pornô gay e acabo com você – tentava não rir da situação inusitada, naquele momento tinha dúvida se era real ou não, ele segurava firme de forma que não conseguiria escapar.

-Está bem, mas saiba que existe fanfics assim – deixo um riso escapar.

- Quem era aquele idiota que estava relatando no primeiro projeto de fanfic?

-Era você – sorriu dando com os ombros – Você fofinho.

-Por favor, eu seria um Don Juan, e não um babaca – ergueu uma das sobrancelhas sorrindo de forma sedutora.

-Aham – olho para os pulsos que ele segurava. – Sabe, não sei o que minhas amigas vêem em você.

- Sou incrível – ele solta meus pulsos e me abraça firme pela cintura, sinto seu hálito fresco e perfume, mas finjo não gostar, estava começando a entender o que elas viam nele.

-Um completo narcisista – respiro fundo e riu.

-Como você quer essa história? – perguntou como se importasse.

-Você fofinho, um beijo, algo meigo e delicado, diferente do que costume escrever – desvio meus olhos e encaro o chão.

-Você esta me achando fofo?

-Bem, de certa forma sim. Acho fofos os rapazes implicantes, menos quando eles me grudam pelo pulso – riu baixo e o encaro.

- Interessante – coloca ambas as mãos sobre minha cintura e me põem sentada sobre a mesa de escritório, ficamos quase da mesma altura.

-O que é interessante?

- Agora só falta o beijo – ele sorri.

-Bem... – começo a falar, mas sou interrompida por seus lábios sobre os meus.

Um beijo calmo, delicado e romântico da início. Coloco minhas mãos ao redor de seu pescoço enquanto ele me abraça pela cintura. O beijo foi findando aos poucos, honestamente, não queria que tivesse um fim.

-Agora você já tem uma história – sua voz foi afastando enquanto abria os olhos lentamente.

Ao abrir os olhos me deparei na mesma posição inicial, deitada na cama com a cara no travesseiro. Olho para o exemplar de 50 tons de cinza, ele estava da mesma forma que eu havia arrumado mais cedo, como se ninguém tivesse mexido. Corro até o notebook e o abro, no Word constava as letras que escrevera com a testa. Aquele havia sido o sonho mais real e impressionante que já aconteceu em toda minha vida. Consegui compreender o que minhas amigas viam no Loki e pela primeira vez ele não seria o vilão da história.