– Elena! – Caroline gritou correndo atrás da amiga com uma bola de neve em cada mão

Bonnie riu se aconchegando mais ao cobertor observando as amigas brincando com bolas de neve, ao seu lado Matt lhe deu uma caneca de chocolate quente antes de ir se juntar á sua irmã que fazia um boneco de neve completamente deformado, Tyler não se demorou á juntar-se ao melhor amigo no trabalho de zombar do boneco de neve feito por Vick. Jeremy gritava para Elena acertar Caroline pela janela do seu quarto, ele estava de castigo e não podia brincar na neve, mas isso não o impedia de participar da bagunça. Estava tudo normal, Bonnie sorriu, não havia vampiros e todos seus entes queridos estavam vivos novamente. Ela deixou o copo de lado e se levantou juntando um pouco de neve que lançou contra Caroline.

Então tudo mudou, o frio ameno sentido por baixo de camadas de agasalhos se tornou insuportável, o boneco de neve desapareceu assim como seus amigos, ela estava sozinha ali. Gritou por eles indo até o meio da rua, onde estavam todos? Então uma sombra se moveu, ela se virou assustada seguindo a pessoa que se movia quase tão silenciosamente quanto o vento. Mandou que aparecesse e finalmente Elena saiu de trás de um carro coberto de neve.

– Bonnie, Bonnie. Sonhando com uma vida normal ainda? Quando vai entender que nada mais será como foi um dia?

De repente ela tomou consciência de que tudo fora um sonho.

– O que quer?

– Apenas conversar, sinto falta de nossas conversar chatas e longas. Não sente falta de minha companhia também, Bonnie?

– Sinceramente? Não.

– Magoou! – replicou a vampira fazendo bico – Já que não quer conversar, vai me escutar.

Bonnie revirou os olhos, detestava aqueles truques de vampiros. Entrar na mente das pessoas enquanto elas dormiam era realmente pior que saber que eles sobreviviam consumindo sangue. Mas pelo menos ali ela sabia que Elena não podia fazer nada, apenas perturba-la, seguiu-a pela rua deserta e coberta de neve.

– Él-Lir me mostrou o futuro Bonnie, terrível. Mystic Falls queimando e todos nossos amigos mortos para tentarem te proteger.

– Eu já conheço essa visão – interrompeu a bruxa em tom seco.

– Él-Lir me contou sobre o que leva á cidade ás chamas – prosseguiu Elena ignorando o comentário de Bonnie – Você vai procura-lo e se entregar á ele, vai dar seu coração por vontade própria e se tornar um ser imortal de sombras e fogo. É você quem vai queimar Mystic Falls e não Él-Lir, ele é apenas um condutor para a destruição que você vai causar. Uma pena que esteja causando tantos problemas sendo que no fim irá se transformar naquele monstro caótico.

A vampira olhou a expressão de indiferença da bruxa com curiosidade, tinha algo errado com Bonnie e então ela compreendeu:

– Você sabe. Conhece essa versão do futuro, sabe que não importa o que façam no fim se tonará aquela coisa.

– Infelizmente não posso fugir do destino – concordou a bruxa colocando as mãos nos bolsos – Lamento Elena, mas eu avisei que vocês deveriam ter me deixado em coma. Agora aguentem as consequências.

Elena que fora ali para atormentá-la ficou chocada com a frieza da ex melhor amiga.

– Vai destruir tudo o que jurou proteger? Realmente uma reviravolta considerando que você até pouco tempo se sacrificava por todos, finalmente as mascaras estão caindo.

Bonnie parou suspirando o ar gelado de inverno parecia tão real que ela chegava a sentir o frio tocando sua pele. Sorriu.

– Sabe Elena, eu não costumo quebrar uma promessa. Foi minha amiga por tantos anos que fico surpresa por cometer um erro desse tipo. Agora faça-nos o favor de não entrar mais em meus sonhos.

A bruxa se sentou ofegante despertando Damon ao seu lado.

– O que ouve?

– Caroline! – sussurrou se levantando e vestindo a camisa do vampiro que estava no chão

O pressentimento de que havia algo errado com a loira era tão forte que ela sentia o coração pesando á cada passo que dava até o quarto de Stefan que ficava quase do outro lado da casa. Bateu na porta chamando ela amiga, Damon a observava confuso, conhecia Bonnie e suas bruxarias o bastante para saber que algo muito ruim estava acontecendo. Stefan abriu a porta, preocupado, ao ouvir a cunhada chamando aflita.

– O que houve? – perguntou

Bonnie o ignorou indo direto para a cama e tentando acordar a loira.

– Ela não esta respirando – disse olhando para eles

– Somos vampiros Bonnie, respirar é uma das muitas coisas que não fazemos – debochou Damon recebendo da bruxa um olhar severo.

Então Caroline se moveu, escolheu-se e esticou-se na cama começando a ter convulsões, somente então Damon e Stefan se preocuparam. Tentaram acordar a loira, mas ela parecia lutar contra alguém invisível na cama, um corte raso rasgou seu braço e mais outro rasgou a fina camisola que vestia furando-lhe a barriga, Bonnie intercedeu usando um feitiço que deveria dar choques na vampira, mas nada aconteceu. Ela estava presa em algum pesadelo terrível.

Elizabeth trançava os cabelos da filha para seu primeiro dia de aula, Caroline estava ansiosa iria para a escola pela primeira vez, imaginava quem seriam seus colegas e seus professores, torcia para que pelo menos a filha do doutor Greyson estudasse com ela, Elena Gilbert. Tinha achado a garota um pouco apagada quando a conhecera no natal passado, mas preferia estudar com ela do que com o filho do prefeito, Tyler Lockwood. Elizabeth terminou a trança dando um beijo no topo da sua cabeça, animada a menina se virou para ver como ficou a trança. Mas não era mais uma menininha de seis anos indo para seu primeiro dia de aula, era uma mulher morta-viva de vinte e dois anos que pareceria sempre ter congelado em seus dezoito incompletos. Zangada com o próprio reflexo quebrou o espelho com um soco. Ouviu um risada e se virou, Elena estava sentada em sua cama a observando.

– Ah! é você então. Sai de minha cabeça – mandou

– Por que tanta hostilidade Car? Estou apenas fazendo uma visita á meus amigos.

Caroline decidiu sair dali, mas havia uma barreira na porta. Se esforçou para acordar e surgiu no dormitório de Withmore. Elena acenou para ela da porta do quarto, Caroline correu até ela a jogando contra a parede.

– Me tire daqui Elena – mandou zangada

A morena jogou Caroline pela janela saltando sobre ela, a loira usou um caco de vidro para se defender o enfiando no olho de Elena que grudou no cabelo da outra batendo sua cabeça na parede. Caroline girou se soltando de Elena e tentando fugir, precisava acordar. Tudo mudou de repente e eles estavam no Mystic Falls High School, vestida de líder de torcida no meio do campo de futebol. Ela olhou de um lado para o outro, por um instante pensou que estava sozinha, mas então uma lança de madeira voou em sua direção, ela desviou, mas foi atingida de raspão no braço, outra daquelas estacas improvisadas a acertou na barriga antes que ela notasse.

– Não seja covarde, apareça – gritou tirando a estaca da barriga.

Elena apareceu no alto da arquibancada se divertindo em controlar a loira lhe causando medo, mas Caroline estava furiosa demais para pensar em medo. Ela subiu a arquibancada com a estaca em mãos, estava cansada de ser tolerante com Elena, sentiu-se se afogando. E tudo mais uma vez desapareceu.

– Tyler! – gritou abrindo os olhos.

Estava no quarto de Stefan deitada na cama, completamente encharcada. Olhou para os três, Bonnie e Stefan pareciam aliviados enquanto Damon com um balde na mão mais parecia uma pessoa tentada á fazer de novo.

– Jogou água em mim? – perguntou acusadora ao cunhado enquanto se levantava.

– Você não acordava e já tínhamos tentado de tudo – informou Stefan apontando a camisola rasgada e ensanguentada que ela vestia – Com que estava sonhando?

– Elena, ela estava tentando me matar. Tyler, ela vai atrás dele agora.

– Tyler? Tem certeza – perguntou Bonnie já ligando para o lobisomem – Caixa postal.

A loira entrou rapidamente no banheiro e saiu usando um vestido. Pegou o celular e ligou para Matt que ainda morava com Tyler. O humano atendeu sem demoras e com voz sonolenta.

“O que vocês querem ás quatro da manhã, Caroline”.

– Vá acordar o Tyler – mandou a loira – Ele está em perigo.

...

Matt vestiu uma camisa e fora acordar o amigo, não seria algo fácil de fazer por que Tyler parecia se desligar do universo quando dormia. Mas ao sair do quarto ouviu os gritos sufocados e as batidas abafadas, correu para o quarto do amigo. Fumaça escapava pelos vãos da porta, o quarto estava pegando fogo. Matt ouviu o característico som de vidro se quebrado juntamente com um grito, depois não ouviu mais os gritos de Tyler, ele ligou para emergência e depois para Caroline.

“Como ele está?”

– Não sei – respondeu nervoso – O quarto dele está pegando fogo e não consegui arrombar a porta, acho...

Ele ficou mudo olhando para a quina da casa, aonde o amigo vinha com queimaduras leves em processo de cicatrização e todo sujo de fuligem.

– Tyler? – O rapaz parecia em choque, do outro lado da linha Caroline dizia algo – Tyler está vivo, te ligo depois.

Matt se aproximou de Tyler que caiu de joelhos chorando pela namorada. Por alguns minutos o rapaz humano apenas o observou em silêncio, então Tyler ergueu a cabeça olhando para o carro que se aproximava, era uma ambulância, secando o rosto manchado por fuligem e lágrimas, informou:

– Foi a Elena.

– Como? – perguntou Matt confuso

– Elena estava no meu sonho, me falou sobre um incêndio que Bonnie causaria e mataria á todos na cidade, então senti cheiro de fumaça e calor. Acordei e Liv se debatia ao meu lado pegando fogo. Tentei ajuda-la, mas o fogo se espalhou pelo quarto e quando não consegui sair pela porta, pulei a janela. Não sei como ela conseguiu, mas a Elena colocou fogo na Liv.

Matt ficou em silêncio enquanto a ambulância parava e os enfermeiros informava que os bombeiros estavam á caminho e examinavam Tyler. Precisou informar á um policial sua versão dos fatos, omitindo a ligação de Caroline e o sonho e Tyler, ia ligar para a vampira para informar o que havia acontecido, mas viu os carros de Damon e Stefan se aproximando ao mesmo tempo em que os bombeiros.

– O que aconteceu? – perguntou Caroline correndo até Tyler

Tyler não disse nada, então Matt explicou a versão resumida dos acontecimentos, disse que Tyler sonhara com Elena e depois deu um modo de incendiar Liv, informou que Tyler sobreviveu por ter pulado a janela.

– Estou ficando farta da Elena e dos truques que aquele Q’rey ensinou para ela – disse Caroline olhando para a casa os Lockwood em chamas – Está na hora de revidar.

– Mas não hoje – pediu Bonnie ligando para Alaric – Acho que Jô e a gemini precisa saber o que aconteceu com Liv.

– Não é uma boa ideia, Bonnie, a gemini vai atacar a Elena quando souberem – informou Matt

A bruxa apenas o olhou como se informasse que era exatamente o que ela esperava que fizessem.

...

Em menos de seis horas os irmãos de Liv, Luke e Jô, e seu pai chegaram e Mystic Falls. A médica fora diretamente para o hospital para cuidar da burocracia para levar os restos da irmã com eles, enquanto isso Luke e seu pai estavam trancados na biblioteca da mansão Salvatore com Tyler, exigiram saber tudo o que havia acontecido.

– Não posso ouvir nem as conversar dentro da minha casa – reclamou Damon que tentava inutilmente ouvir o que os três conversavam

– Se dois bruxos quisessem que ouvíssemos a conversa deles, estariam aqui e não trancados lá dentro – replicou Caroline pacientemente brincando com as gêmeas Selina e Sienna, filhas de Alaric e Jô.

Alaric e Stefan estavam igualmente impacientes, o ex-vampiro ainda menos feliz em saber que Elena estava entrando em colapso e que esconderam dele esse fato. Damon olhou ao redor e perguntou sobre a namorada que desaparecera de repente assim como Matt que á pouco estava tomando uísque com eles em nome da bruxa loira. No leste de Mystic Falls, na casa da bruxa, Matt auxiliava Bonnie no preparo de uma poção.

– Um pouco do meu sangue e pronto – informou a bruxa

– Isso é veneno – disse o rapaz enchendo as ampolas de dardo tranquilizantes – Onde foi que aprendeu a fazer veneno para vampiro?

– Anos de convivência me forçaram a aprender coisas Matt – a bruxa informou enfaixando a mão onde se cortara – Tem certeza que quer usar isso?

– Tenho, se a Elena quisesse voltar a ser humana eu seria o primeiro á salvá-la. Mas...

Ele desviou os olhos voltando ás ampolas. O veneno criado a partir do sangue de Bonnie não curaria o vampirismo, os mataria. Era estranho ele saber disso e não se sentir culpado ou triste ia matar Elena, um dia fora completamente apaixonado por ela, depois aprendeu a ser seu amigo. Agora ia mata-la e ele não estava nem um pouco nervoso com isso, apenas tranquilo, como ficara quando soube que Vick estava morta e não desaparecida e drogada em algum lugar perigoso. Era uma dor boa, triste mais feliz, diferente.