Incoherence escrita por Eduardo Mauricio


Capítulo 2
Capítulo 01 - Luzes Brilhantes




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Minutos depois, a noite já havia caído e a estrada estava escura e deserta. Desta vez, Chloe estava na parte de trás do furgão e Brad permanecia dirigindo, sozinho na parte da frente.

– Tem energia lá, né? – Perguntou Justin.

– É claro que tem – Respondeu Kitty, colocando algumas pastilhas na boca – Que pergunta óbvia.

– Quer dizer, na cabana não, lá eu sei que tem, mas na estrada para chegar lá deve ter algum poste, né?

– Não, por quê?

– Sei lá, isso é assustador.

– Tô brincando, tem até vizinhos.

– Ah, que droga, eu queria nadar pelado – Brincou Brad.

– Fica pra outro dia, então, queridinho.

Chloe olhou pela janela, a escuridão. Uma floresta imensa cercando-os.

– Essa estrada é assustadora – Falou ela.

– Imagina se o carro quebrasse, o lugar mais perto daqui é aquele posto, há uns seis quilômetros – Disse Kitty.

– Vire essa boca pra lá, menina – Falou Layla.

– Seria pior se déssemos uma carona a um estranho e ele tentasse nos matar – Comentou Justin.

– Você gostou mesmo do novo “A morte pede carona”, não é? – Perguntou Kitty.

– Superou o original, queridinha... E quando uma refilmagem supera o original, é porque é boa mesmo.

– Tipo “O Chamado” – Falou Chloe.

– Ah, não, aquela porcaria não chega nem aos pés do original – Disse Kitty.

– Não precisa mentir só porque você tem descendência asiática, meu amor, nós sabemos que você ama a refilmagem desse filme – Brincou Layla.

– Idiota.

– Não me venham com a briga “O chamado versus Ringu” de novo, da última vez eu quase briguei com vocês... E só pra completar... Ringu samba na cara de O Chamado sem dó nem piedade – Disse Justin.

– Parem com essa briga gente – Disse Brad – Os dois têm suas qualidades, cada um gosta do que quer.

– Sr. Brad Morrison admitindo imparcialidade na grande briga entre refilmagem e original? Se me lembro bem, você foi o primeiro a dizer que o remake é melhor.

– Era brincadeira, o original é uma bosta mesmo.

– Ah, fodam-se – Disse Kitty.

Enquanto olhava pela janela para a escuridão total, Chloe viu alguns pontos luminosos no meio das árvores.

– Vocês viram aquilo? – Perguntou ela.

– O que?

– Tinha alguma coisa na floresta, uma luz – Chloe estava assustada.

– Tá doida? – Perguntou Mark.

Kitty estava sorrindo.

Ela não demorou séria por muito tempo e caiu na risada.

– Vadia! – Gritou Layla, que estava acreditando.

– É sério, eu vi alguma coisa, mas a sua cara de medo foi muito engraçada!

– Acho que eram vagalumes – Disse Kitty.

– Vagalumes, por aqui? – Perguntou Justin.

– Ou era isso ou eram fantasmas – Brincou ela.

Neste momento, Brad freou bruscamente.

– Droga! – Exclamou Mark, quando uma peça de metal caiu em sua cabeça – O que foi?

– Tinha alguém na estrada – Respondeu ele, assustado.

– O que? – Perguntou Justin, começando a sorrir.

– Eu tô falando sério!

Ele desceu do carro e os outros se entreolharam, estranhando.

– O que ele tem? – Perguntou Chloe.

– Eu não sei – Respondeu Layla.

– Ele só é um bom ator, gente – Concluiu Mark.

– Eu não sei – Falou Justin, saindo do carro.

Os outros desceram também e foram até a parte da frente do carro, onde pouca parte da estrada estava iluminada pelos faróis da van.

– O que houve com você? – Perguntou Kitty.

– Eu vi alguém – Ele respondeu, com medo nos olhos.

– Fala sério, cara – Disse Mark.

– Eu tô falando sério!!! – Ele gritou, fazendo seus amigos perceberem que não estava brincando.

– Vai ver era algum animal – Disse Layla.

– Era alto e tinha duas pernas, não era um animal qualquer!

– Vai ver você só pensou que viu alguma coisa – Chloe tentou acalmá-lo.

Neste momento, eles ouviram as folhas balançando na floresta, como se alguém estivesse lá.

– Tem alguma coisa ali – Disse Brad, ainda muito assustado.

– Vamos entrar no carro – Kitty concluiu, com medo, e correu para a van. Chloe e Justin fizeram o mesmo.

Eles apertaram os olhos para tentar enxergar alguma coisa na floresta, quando começaram a perceber vários pontos luminosos, como pequenos faróis azuis.

– O que é isso? – Perguntou Mark.

Quando eles viram várias silhuetas bem perto de sair da floresta, perceberam que os sinais luminosos eram os olhos de algo incrivelmente assustador.

Quando o primeiro deles saiu da floresta, vestindo um manto preto, eles se desesperaram.

– Caralho, corram de volta pra van! – Gritou Brad e eles entraram no veículo.

As criaturas estavam em grande número, saindo da floresta aos montes. Todas elas ficaram na beira da posta, nem sequer avançaram. Em pé, exibindo seus olhos aterradores, como membros de uma seita.

Brad acelerou rapidamente e o pneu queimou no asfalto. Então eles foram embora, em alta velocidade.

– O que merda era aquilo? – Perguntou Layla.

– Eu disse que tinha visto alguma coisa!

Todos estavam assustados, só queriam sair dali.

Brad olhava com atenção para a estrada deserta e escura. Só podia ver alguns metros iluminados pelo farol, o resto era um grande mar de escuridão.

Ele andava com rapidez. Já tinham se afastado daquelas coisas, pois não tinha nenhum sinal delas.

No meio da escuridão da estrada, ele viu quatro fracas luzes azuis saindo da escuridão, e quando a lanterna dianteira finalmente iluminou o caminho mais à frente, ele viu dois deles parados no meio da estrada. Vestiam o mesmo manto negro dos outros e seus olhos eram tão brilhantes quanto, mas dessa vez ele viu algo mais. Viu seus rostos. Pareciam humanos, só que sem expressões nos rostos e com peles extremamente pálidas.

Brad virou o volante para tentar desviar e ouviu um pneu estourando, juntamente com os gritos de alguns dos amigos. Logo em seguida, o carro capotou várias vezes até parar no acostamento, praticamente em pedaços.

Sentindo seu sangue subir para a cabeça, ele sentia dores muito fortes no rosto e nas pernas. Estava muito fraco, mas conseguia ouvir um choro que vinha de trás, um choro de mulher. Provavelmente era Chloe ou Kitty, ou até mesmo Layla, a qual ele nunca havia visto chorar. Ela provavelmente sentia dores tão terríveis quanto as dele.

De repente, ele escutou um barulho alto, como se alguém estivesse arrancando a porta traseira com força e, segundos depois, o choro parou.

Ele não podia virar para trás, pois sua posição e as dores o impossibilitavam, mas ele conseguiu ver quando a porta ao seu lado foi arrancada em um impressionante golpe e uma das criaturas se ajoelhou ao seu lado.

Os olhos fluorescentes o encaravam e a mão pálida dele se aproximava do rosto de Brad.

A criatura tocou a sua testa. A pele gélida foi a última coisa que sentiu antes de apagar.


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