Se Eu Pudesse Voltar escrita por keell


Capítulo 8
A mascara caiu


Notas iniciais do capítulo

É gente parece que Cássio está em uma enrascada ne?
Seu amigo, ou seu amado? Quem está de fato mentindo???
Boa leitura para todos!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/58529/chapter/8

Naquela segunda feira eu voltaria a trabalhar, encararia todas as pessoas do meu serviço juntos, e Eduardo. Nossa, não seria fácil. Acordei extremamente desanimado, tomei café, me despedi de minha mãe, entrei no carro e fui, pensando no que dizer, e como eu deveria agir com aquela situação desagradável.
Cheguei na loja, cumprimentei a todos, Bruno não me deu muita moral, as meninas estavam agindo como se tudo fosse normal. E finalmente encontrei-me com Eduardo que agiu como se nada tivesse acontecido. Me cumprimentou como se eu fosse um mero conhecido, sorriu, me deu bom dia e iniciamos nossa jornada de trabalho naquele dia.
Eduardo quase não falou comigo, acredito que por causa da situação constrangedora, eu acho que ele finalmente percebeu que não deveria ter dito nada a ninguém. Aquela semana toda ele ficou assim meio estranho comigo na loja, mas a noite ele mudava, me tratava muito bem.
Na quinta feira daquela semana estávamos sentados na praça principal a noite conversando quando tocou meu celular, era Marcela. Ela estava chorando, disse que estava com saudades, me pedia para voltar, não sabia viver sem mim. Eu tentei acalmá-la e disse que não voltaria, e que essas coisas não é bom falar pelo telefone. Ao desligar contei tudo a Eduardo, afinal ele era meu namorado, mas ele deixou claro em uma expressão facial que não gostou nada do que havia acabado de acontecer.
Conversamos muito tempo até que ele começou a perguntar se eu ainda tenho as mensagens que ele me mandava. Eu disse que sim e ele pediu pra ver. Peguei meu celular, e fui mostrando pra ele, nós rimos juntos de todas elas, e me lembro que ele pediu que eu fosse comprar refrigerante enquanto ele terminava de ver as mensagens. Eu me levantei, deixei com ele o celular e fui. Ao voltar ele ainda estava vendo as mensagens, rindo.
A hora passou, fomos pra casa, e na sexta no trabalho ele me tratara frio como nos outros dias. Eu realmente não entendia o porque ele me tratar assim mas respeitava e não insistia em saber, talvez ele achava melhor dessa maneira. Aquele dia Eduardo disse que iria almoçar em casa pois tinha que resolver uns problemas. Nós fomos ao restaurante de sempre, e foi quando Bruno pela primeira vez naquela semana disse que precisava me falar. Nos sentamos em uma mesa afastada das meninas e ele começou:
_ É verdade mesmo que você está com o Eduardo?
_ Você já sabe a resposta, porque está me perguntando isso agora?
_ Vocês se conhecem a muito tempo Cássio? Você sabe da vida dele? Da história? – ele me perguntou olhando profundamente nos olhos.
_ Não nos conhecemos a muito tempo não, mas nos gostamos, nos amamos.
_ Eu espero sinceramente que ele tenha mudado.
_ De onde você o conhece Bruno? – finalmente eu tive a coragem de perguntar, já tinha tempo que aquilo me incomodava.
_ Olha, vou ser sincero. Ele é a pior pessoa que eu já conheci. Não sabe o que é descrição, não conhece essa palavra. A gente se envolveu um tempo atrás, e ele espalhou pra quem quisesse ouvir que eu não era aquilo tudo que ele pensava, não era bom de cama, e quando eu fui tirar satisfação ele disse que é porque ele me amava e estava com medo de me perder.
Fiquei pasmo, não acreditava que estávamos falando da mesma pessoa. O Eduardo que eu conheci nunca seria capaz de agir daquela maneira. Eu não tinha palavras pra falar mais nada no momento. A única coisa que tive forças pra perguntar era quanto tempo eles ficaram juntos.
_ Seis meses. – respondeu Bruno com os olhos cheios de lagrimas.
Um mundo de dúvidas começara a surgir em minha mente. Seis meses? Quando eu o conheci ele estava a um mês na cidade. Tinha alguma coisa errada, Bruno não era o tipo de pessoa que inventava as coisas, ainda mais isso, mas Eduardo era o homem que eu amava, eu não conseguia acreditar em Bruno.
_ Eu terminei com ele porque percebi que ele é um desequilibrado, ele confunde carência com possessão, ele quer as pessoas só pra ele, e faz de tudo pra conseguir.
Eu estava totalmente confuso, minha mente distante, me levantei da mesa e nem me despedi de Bruno. Passei na loja em prantos, e pedi para ser dispensado o resto da tarde e consegui a dispensa. Fui pra casa, Eduardo me ligou algumas vezes aquela tarde mas eu não quis falar com ele. Não quis vê-lo. Aquele dia eu realmente não estava bem.
No sábado ele foi a minha casa. Chegou com aquele jeito de que estava muito preocupado comigo e nos sentamos em meu quarto para conversarmos.
_ O que foi que aconteceu ontem? Você saiu da loja, não me atendeu, aconteceu alguma coisa?
_ Eu não estava muito bem, uma dor de cabeça infernal cara, fiquei tonto. Deve ser esse calor que me causou um mal-estar. – achei melhor não abrir o jogo ainda, pelo menos até ter certeza de quem estava mentindo.
_ Olha Cássio, eu espero que você melhore logo amor, não gosto de te ver pra baixo, nem mal. Hoje a noite eu vou a uma festa com uns amigos meus, você quer ir?
_ Onde é? Que amigos, quem são? – ele nunca tinha me dito que tinha amigos, na realidade naquele momento eu me dei conta de que eu não conhecia praticamente ninguém do ciclo de amizades dele.
_ São velhos amigos, acho que você não os conhece. A festa é no bairro Vila Rica, na rua Euros. – ele me respondeu baixo, parecendo que não queria que eu entendesse, ou que não fosse.
_ Eu não vou não Eduardo, pode ir, divirta-se. O que faremos amanhã?
_ Amanhã eu ligo pra você e combinamos alguma coisa. – parecia aliviado ao ouvir que eu não iria. Ele disse isso, me deu um beijo e saiu.
Aquele dia eu não comi nada, não falei com ninguém, fiquei o dia trancado no meu quarto pensando no que Bruno havia me dito. Me deu medo, se fosse verdade e eu quisesse terminar Eduardo poderia me fazer mal, mas se fosse mentira eu nunca mais poderia confiar em uma palavra de Bruno. Mas daquele jeito não poderia continuar. A noite me arrumei e liguei pro Bruno convidando-o pra sair comigo, e me lembro que era por volta das 23:15 quando saímos de casa. Fomos até a festa onde Eduardo estava, mas Bruno não sabia disso.
Tinha muita gente na festa. Era em uma casa grande, um grande jardim na frente, dois andares. Eu não conhecia ninguém dali e adentrei bem atendo para ver Eduardo antes que ele me visse. Estava torcendo para que tudo aquilo fosse mentira e colocaria um na frente do outro para esclarecer a situação.
_ Você são? – um garoto de cabelos vermelhos, alto, magro me perguntou curioso.
_ Eu sou Cássio e esse é Bruno? E você quem é?
_ Pode me chamar de Pitu. Querem algo pra beber?
Seria aquele o dono da casa? Me pareceu bastante simpático e educado, então eu disse que sim e perguntei-lhe onde ficava o banheiro. Ele pediu que eu o acompanhasse enquanto Bruno me esperava na sala. Quando estava voltando, ao passar pela área da piscina eu vi minha ex namorada. Sim, era Marcela aquela que até aquele momento ainda não tinha me visto, mas ela não estava sozinha. Estava com um rapaz de pele morena, ele usava boné, estava de costas não deu para ver seu rosto, mas fiquei aliviado ao vê-la beijando-o.
Voltei pra sala, Bruno ainda lá meio que sem entender o porque estávamos ali se não conhecíamos ninguém. Eu o chamei para conhecer a casa para não ficarmos sobrando na festa. e começamos a andar, cumprimentando a todos e fomos para beira da piscina. As pessoas já bem alteradas por causa da bebida. Queria que Marcela me visse para que ela soubesse que eu a vi com um rapaz. Então Bruno e eu fomos ao encontro dela. Ao nos aproximarmos notei-a totalmente corada, sem reação. Deu para ler os lábios dela falando com o rapaz “Não foi nada” abaixando os olhos.
Me aproximei mais e meu sorriso foi se desfazendo aos poucos quando o rapaz se levantou e virou-se de frente para Bruno e eu. Era ele mesmo, Eduardo estava com Marcela. O meu namorado aos beijos com a mulher que eu terminei pra ficar com ele.
_ Cássio eu posso explicar tudo. – ela me disse já com os olhos lacrimejando.
_ Explicar o quê? – eu disse com meio sorriso no rosto. – Não precisa se dar ao trabalho Marcela, eu já estou vendo tudo.
Eu falava com ela, mas não conseguia tirar os olhos dele que não tinha dito uma palavra até então.
_ Olha Cássio, você não me quis, então fui tentar tocar minha vida, Tony me ligou ontem dizendo que queria me conhecer, que era um admirador e...
_ Tony? – eu disse interrompendo-a e me dirigindo a ele. – É esse o seu nome rapaz?
_ Você não ouviu o que ela disse? Esse é meu nome sim. – falou aquilo em um tom totalmente grosseiro comigo, como seu eu fosse o errado da situação.
Virei as costas e saí, Bruno veio logo atrás. Eu estava nervoso, muito nervoso, Bruno pediu para voltar dirigindo e assim foi feito. Bruno foi até a praça principal da cidade, era madrugada, não havia ninguém, e cinco minutos mais tarde Eduardo estava encostando seu carro ali e vindo em nossa direção:
_ O que você foi fazer lá na festa? – gritou Eduardo totalmente nervoso.
_ Como assim? Você me convidou pra ir, lembra? Aí você aproveitou que eu não iria pra ficar aos beijos com a Marcela, Tony? – respondi com um tom de ironia.
_ Escuta aqui cara, não me venha com lição de moral. Primeiro que você me disse que a Marcela estava te procurando, então se você soubesse que ela estava com outro cara seria uma carta a mais para jogar na cara dela. Aí você deixa de sair comigo pra sair com aquele viadinho ali? – apontando o dedo pra Bruno que até então não havia se manifestado.
_ Viadinho? Cala essa boca palhaço, me respeita, eu não tenho nada a ver com vocês. – Bruno respondeu cruzando os braços e tentando se afastar para não se envolver mais.
_ O Bruno é meu amigo, e você sempre soube disso. Sua justificativa é totalmente inaceitável.
_ Eu sei bem o que esse Bruno ta procurando com você. – ele disse olhando pra mim, e virando-se pra ele, completou sua fala. – mas o Cássio é meu, você não vai tê-lo nunca otário.
Bruno parecia ser o ódio em pessoa, ao ouvir aquelas palavras ele fechou os pulsos, rangeu os dentes e antes que Eduardo pudesse continuar ofendendo-o, ele o socou no rosto, fazendo Eduardo cair no chão com a boca sangrando.
_ Tem muito tempo que eu estava te devendo isso. Você é um crápula, um canalha, o Cássio infelizmente não sabe o tipo de pessoa que ele está se envolvendo. Eu estou indo embora.
E assim fez, nem se despediu, foi embora andando enquanto Eduardo se levantava. Eu pedi que ele fosse embora também, já não tinha o que ser falado, eu já havia entendido tudo, dei-lhe as costas e entrei em meu carro, só o ouvi dizendo que aquilo não iria ficar assim.
Ao chegar em casa, fazendo barulhos minha mãe acordou e veio me perguntar o que estava acontecendo, e eu aos prantos não tinha cabeça pra pensar em desculpas, mentiras, então abri o jogo com ela, contei tudo, e ali naquele momento me senti uma criança indefesa, eu precisava de colo, pois eu estava totalmente sem chão.
_ Venha meu filho, eu te amo, e te aceito como você é.
Foram essas as palavras dela abrindo os braços e esperando que eu a abraçasse. Minha mãe pela primeira vez chorou na minha frente. Era um choro de desabafo, ela tentava contê-lo mas não conseguia. Nós choramos muito, e ficamos muito tempo abraçados. Aquele momento pra mim foi de extrema importância, o apoio de minha mãe me faria ter mais forçar pra enfrentar quem quer que fosse, qualquer situação. Aquilo ali me fez entender que eu tenho que amar quem me ama de verdade, tenho que dar valor a quem me valoriza, e quem me quer bem. Que existem pessoas que podem sim nos fazer mal e tentar nos deixar pra baixo e tentar tirar nossa felicidade de alguma forma, seja com pequenos gestos, palavras com duplos sentidos ou ofensas diretas. O importante era que minha mãe poderia não gostar, mas não me discriminava. Ela disse que iria deitar. Me levantou do colo dela, segurou em meu queixo erguendo minha cabeça, seus olhos ainda molhados com lagrimas ela me disse:
_ Levante essa cabeça rapaz, estamos juntos nessa, você é sangue do meu sangue.
Me deu um beijo na testa e foi-se, me deixando ali sozinho. Bom eu não tenho filhos, mas acredito que se eu os tivesse agiria da mesma maneira, o mundo já é tão preconceituoso, o ser humano em si leva consigo um pouco de preconceito, todo mundo tem que encontrar amparo, apoio, refugio na família. Acredito que todos buscam proteção dentro da família, e se não encontram ali, procuram um amigo ou alguém que possa oferecer o que não encontraram em seu leito familiar. Aquela noite me fez refletir muito, como pode uma família renegar um membro só por ele é diferente dos demais? Eu não pedi pra ser assim, isso não é como a droga que você tem o livre arbítrio de escolher. Eu nasci desse jeito, eu sou gay.
Acredito que se minha mãe me virasse as costas as coisas seriam muito mais difíceis, talvez eu não a quisesse ver mais, pois se minha própria mãe me critica, não me aceita, se minha família não me ampara, eu não tenho que estar onde não me querem bem, mas só de saber que eu teria ela do meu lado minhas forças se tornaram maiores para enfrentar o que ainda estaria por vir.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Gostaria de sugestoes para que eu possa melhorar, particularmente estou achando um pouco sem graça minha historia.
Vale ressaltar que eu nao tenho experiencia alguma com isso e estou tentando aprender em cima das críticas construtivas que eu recebo.
Estou aguardando.
Pontinhos de popularidade fazem bem ao ego do autor.
Até o próximo capítulo. Recomendem minha fic para outros leitores, eu ficarei feliz =]



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Se Eu Pudesse Voltar" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.