Se Eu Pudesse Voltar escrita por keell


Capítulo 7
Um dia difícil


Notas iniciais do capítulo

O capítulo ficou realmente pequeno mas bastante revelador.
Acho que as coisas estão tomando um rumo diferente agora rs.
Espero que gostem...
Boa leitura a todos!



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Estava na minha segunda semana de férias e parecia que as coisas não poderiam estar melhores. Eu estava feliz namorando Eduardo, me sentia mais leve. Meus pais estavam de volta a nossa casa e me viram mais animado, mais cheio de vida. Chegaram a perguntar o que havia acontecido de especial para que eu mudasse assim tão depressa.
Apesar da vontade, não poderia contar a eles que eu estava namorando um homem, por mais que me amassem, eles não entenderiam. Para mim tava mais do que bom isso ficar entre eu e Edu. Mais ninguém precisava saber disso.
Era terça a tarde quando Eduardo me ligou dizendo que queria falar comigo logo depois do trabalho. Fiquei surpreso, pois ele nunca ligou pra dizer isso, a gente se via todos os dias depois que ele saia do serviço, mas mesmo assim concordei. No horário marcado fui ao seu encontro na praça principal.
_ Oi meu amor! Fiquei surpreso com sua ligação. Aconteceu alguma coisa? – perguntei curioso.
_ Olha Cássio, eu te amo muito, e estou muito feliz por estarmos juntos. E minha felicidade está transparente demais. As pessoas notam, perguntam.
_ Eu sei, meus pais me perguntaram a mesma coisa. – eu disse com um sorriso sincero no rosto.
_ A Débora sabe da gente!
_ O quê? – fiquei totalmente espantado com a notícia. _ Como assim sabe da gente? Ela nos viu? Ela tem a certeza?
_ Eu contei Cássio. – ele respondeu me olhando nos olhos.
_ Mas por quê você fez isso?
_ Ela via o quanto eu estava feliz, e eu confio muito nela, é uma grande amiga, ela sabe da minha opção, e eu acabei por mostrar uma foto sua no meu celular. Ela ate te achou gatinho!
Ele dizia com um sorriso no rosto. Mas eu fiquei apavorado. Existia uma pessoa que sabia que eu namorava um homem, e o pior é uma pessoa que eu nem conhecia.
_ Foi só pra ela que você comentou Eduardo?
_ Claro, ela é minha amiga, você ainda vai conhecê-la.
Eu realmente perdi todo o clima, não gostei da atitude dele, então quis ir pra casa. Ele entendeu perfeitamente minha reação, e foi embora também.
Ao chegar em casa deitei-me na cama, e tentei colocar os pensamentos em ordem. “Talvez essa Débora seja realmente de confiança. Caso contrário ele não teria comentado. Talvez o melhor que eu tenha a fazer é conhecê-la e ficar amigo dela, pra ela ver que sou um cara legal, e pra ela saber com quem o amigo dela está se relacionando.” Eu pensei muito, mas acho que a melhor opção era realmente essa. Deitado ali, mergulhado em meus pensamentos, eu adormeci. Acordei quase na hora do almoço com minha mãe dizendo que estavam me esperando no telefone. Era Polly.
_ Oi Cássio, me desculpe por te acordar, mas eu estava querendo saber se poderia vir almoçar comigo hoje, preciso lhe falar um pouco.
_ Claro, mas do quê se trata?
_ Eu prefiro conversar pessoalmente. Te aguardo no Prazeres da Carne, no meu horário de almoço.
Na hora marcada lá estava ela me esperando. Notei que ela estava sentada distante da mesa de Sabrina e Bruno, e que Eduardo não estava almoçando ali. Mesmo assim, fui até a mesa dos dois e os cumprimentei. Sabrina ainda forçou um sorriso, mas Bruno só me olhou. Achei a atitude um pouco estranha, parecia que tinham me visto a cinco minutos atrás. Eu os deixei ali, e fui até a mesa de Polly para que pudéssemos conversar.
_ Polly! Que saudades que eu estou de você. Como vão as coisas?
Polly sempre foi bem direta em suas conversas, não gostava muito de rodear ao falar. Então ela foi curta e grossa:
_ Está tudo bem, mas te chamei aqui pra perguntar se é verdade que você está namorando o Eduardo.
O meu coração realmente quase saiu pela garganta. Eu engoli a seco, meus olhos não sabiam pra que direção eu deveria olhar. Mas ela permanecia ali, me olhando profundamente nos olhos.
_ Que bobeira Polly, quem te disse isso?
_ O próprio Eduardo. Disse que já tem um tempo que estão juntos, e que foi por este motivo que você terminou com Marcela. Oh Cássio você é gay?
Eu realmente não tinha resposta, mas talvez nem precisasse, com o meu espanto ela mesma tirou suas próprias decisões. Disse que ela não tinha nada contra gays, mas ela gostava muito de mim, e que eu deveria escolher melhor as pessoas com as quais eu me relacionava. Como não tinha como mentir, e pela minha reação também, eu confirmei a história, e perguntei se tinha mais alguém sabendo disso.
_ Ele contou para todos nós da loja. Disse que já que trabalharíamos juntos não precisaria esconder isso de ninguém. E para nós não nos espantarmos se algum dia pegar vocês dois aos beijos no almoxarifado, ou em algum outro canto qualquer da loja.
Realmente meu mundo caiu. O que ele estaria pensando agindo dessa maneira? Porque ele estava fazendo isso. Naquela hora eu havia entendido a reação de Bruno ao me ver. Quis mostrar tranqüilidade a Polly. Almocei forçadamente, pois nada me descia na garganta. Fui a mesa de Bruno e Sabrina mais uma vez, tentei conversar um pouco, mas o clima estava super pesado. Eles sabiam da situação, eu sabia que eles sabiam, eles sabiam que eu sabia que eles sabiam, mas ninguém fez um comentário se quer. A tensão tomou conta de todos ali naquele momento.
Terminado o horário de almoço deles, eles voltaram ao trabalho e eu fiquei desesperado, comecei a ligar para Eduardo que não me atendia. Eu não quis ir pra casa, fiquei a tarde toda na praça principal, chorando e ligando pra ele. Ligava e chamava até cair a ligação e ele não me atendia, não me retornava. Não quis ligar pra loja pra falar com ele. Estava realmente desesperado, sem forças, os olhos inchados e vermelhos de tanto chorar, foi quando, no fim do expediente, ele me retornou:
_ Amor, aconteceu alguma coisa? Mais de cem chamadas suas aqui no meu celular.
Eu ainda em prantos, desesperado só consegui dizer:
_ Cara, vem direto pra praça pelo amor de Deus.
Não demorou ele chegar, me viu naquela situação e preocupado perguntou o que tinha acontecido, e eu o respondi nervoso:
_ O que você pretende Eduardo? Porque contou pra todos da loja sobre a gente?
_ Eu pensei que não tinha nada a ver, eles são nossos amigos, vamos conviver diariamente com eles, não tem porque esconder deles.
_ Porque você age sem pedir a minha opinião?
_ Você tem vergonha de mim? – ele sabia como me deixar confuso, sabia o que dizer para eu ser o vilão da história.
_ Vergonha? Claro que não, eu só acho que...
_ Então se não tem vergonha, porque pretende esconder que estamos juntos e nos amamos? Eu não vou espalhar pro mundo, só não quero ficar escondendo de pessoas que vão estar com a gente sempre. Pensa, a semana que vem você volta ao trabalho, e não vai ser fácil ficar resistindo. Vamos ficar juntos o dia inteiro, se eu não tivesse contado, não poderíamos nos abraçar quando tivéssemos oportunidade, não poderíamos nos beijar. Nada. Achei melhor assim, pensei na gente.
Fazia sentido o que ele me falava. Mas mesmo assim me senti muito incomodado. Mas ele pensou na gente afinal. Talvez ele não tinha agido de má fé. Me acalmei um pouco, fui até a casa dele. Conversamos um pouco em seu quarto e depois fui pra casa. Ao chegar minha mãe me disse que Marcela havia me procurado, e pediu que eu ligasse pra ela quando eu chegasse. E assim fiz:
_ Marcela, minha mãe disse que você me procurou. O que você queria?
_ Cássio, me responde com sinceridade. Você tem outra pessoa não tem?
_ Quem te disse isso Marcela? Porque isso agora?
_ Fala Cássio, seja sincero. Eu vou descobrir mais cedo ou mais tarde quem foi a vagabunda que te tirou de mim.
Marcela sempre foi muito decidida e determinada, sempre correu atrás do que ela realmente quis, então me preocupei mais uma vez. Seria extremamente vergonhoso se ela descobrisse que eu a trocara para ficar com um rapaz. Desliguei o telefone e liguei para Eduardo, expliquei a situação, disse que Marcela estava desconfiada que eu a troquei por uma outra pessoa e que ela iria descobrir. Ele por sua vez, me disse para ficar calmo, que tudo se resolveria. Disse que estaria do meu lado pro que der e vier, e que ele me ajudaria a resolver essa situação, e me ajudaria a me livrar de Marcela.
Fiquei aliviado com o apoio de Eduardo. Então naquela noite de quarta feira, eu fui dormir mais cedo que de costume. O dia tinha sido tumultuado, muitas confissões, muitas descobertas, foi um dia difícil. Eu me sentia cada vez mais envolvido com Eduardo, mas comecei a não concordar com algumas atitudes dele. De qualquer forma ele me confortou dizendo que era o melhor pra gente, e eu acreditei nele. Agora era só esperar e ver que rumo tomaria minha vida.

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Notas finais do capítulo

Gostaram?
Deixem reviews por favor...
Pontinhos de popularidade tbm sao bem vindos...
O clima ta esquentando hein, muita água ainda vai rolar.
Até o próximo capítulo.



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