Pokémon: O Primeiro Treinador escrita por Rovnost


Capítulo 2
Olhos de Cor Cinza


Notas iniciais do capítulo

O Hall de Lavender era um espaçoso caminho de concreto bem detalhado, à oeste da cidade, onde todas as principais lojas da cidade colocavam-se ao redor, junto com algumas casas, incluindo a de Maple. Seu centro possuía no chão um espaço amplo, pintado em cores vinho vários desenhos populares: Emblemas, artes culturais e até mesmo raros Pokémon faziam parte das pinturas em vinho à mostra no Plaza. Elas traziam um ar de elegância e espaço ao lugar, menos naquele particular dia, onde, com tantas pessoas, tudo parecia um verdadeiro aperto ao jovem.



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O barulho da multidão que estava no Hall de Lavender estremecia com maior intensidade.

De fato, não era algo que Maple tinha visto ou ouvido falar alguma vez em sua vida. Suas escamas alaranjadas e suas asas grandes traziam um ar de monstruosidade à besta, mas seus olhos de cor cinza demonstravam uma inconfundível serenidade ao monstro, carregados de uma dor que o jovem não pôde reconhecer.

Maple tentou olhar para as outras pessoas entre a multidão. Nenhuma delas pareceu ter percebido tudo o que aqueles olhos indicavam. Será que ele estava imaginando coisas daquele monstro?

...Não. Aqueles olhos não podiam ser inventados. Aquela dor não podia ser inventada.

Era a dor da iminência da morte. A criatura parecia ter perdido as esperanças. Amordaçado e acorrentado pelos membros, acima de um carro de ferro, não se mexia diante daquela barulhenta multidão. Maple, quase tão imóvel quanto o monstro, estava preso aos olhos dela. A súbita piedade e o desejo de libertação daquela alma tomavam conta de seus pensamentos, quanto mais Maple olhava para ele.

“O que é isso?” Maple pensou para si mesmo. “Por que este monstro tem olhos tão humanos?” Era uma das primeiras vezes que ele havia visto um animal vivo que não tivera sido domesticado.

O barulho da multidão que estava no Hall de Lavender estremecia com maior intensidade.

—Pobre criatura... —Maple se surpreendeu ao ouvir uma voz feminina entre todos dizer em baixo tom. De onde ouvira aquilo?

Não sabia se pensou ter ouvido ou ouviu de verdade alguém dizer isso. Ele tentou encontrar a pessoa que havia dito isso dentro de todo o barulho, mas um súbito disparo silencia por inteiro a multidão.

...

Passaram-se alguns instantes de silêncio. O tiro havia sido dado por um dos caçadores, que havia apontado para o chão e disparado sua arma, perfurando o concreto bem detalhado do chão do hall. Seu olhar sério pôs tranquilidade na multidão e sua aparência o traziam certidão de que aquele seria o líder dos caçadores.

O homem se aproximou da irreconhecível espécie e humildemente pediu pela atenção da multidão, parecendo pedir perdão pelo susto.

—Estamos aqui para ver a Professora. —Falou o líder em bom tom. —Trazemos uma criatura nova.

Estas palavras foram o suficiente para que alguns saíssem em busca da Professora que ele havia mencionado. “Devem estar falando da Professora Aspen.” Aspen era uma das maiores especialistas em tipos de monstro em Kanto. Tinha seus trinta anos de idade e, suas habilidades em várias áreas a traziam grandes prestígios, a fazendo uma das vanguardistas em inovações da época. Era dona e professora de uma escola para menores, próxima do Hall de Lavender, onde ela certamente estaria lecionando a esta hora do dia.

Não demorou para que a professora chegasse e entrasse no meio da multidão, junto das pessoas que a acompanhavam. Ela olhou nos olhos do caçador líder de forma que deixou suspeita à Maple que assistia. Sem dizer coisa alguma, ela dirigiu-se à criatura e começou a fazer seus exames.

A professora a analisou por um longo tempo, não parecendo espantada com a criatura estranha, nem ao menos surpresa com sua raridade. A atendia, porém, calma e gentilmente, como se fosse uma das criaturas mansas, o que trouxe grande alívio a Maple.

Ela tirou da sua bolsa um estranho líquido de coloração verde armazenado em um pote, o dando à fera, que permaneceu imóvel aos cuidados da professora. Ela virou-se ao líder dos caçadores e começou a falar.

—Não é uma criatura nova, é um Dragonite. O nome levantou alguns sussurros entre a multidão, mas nunca tinha Maple ouvido falar dessa espécie de criatura. —É a evolução dos Dratini e dos Dragonair. Onde vocês o encontraram?

—Encontramos este sozinho junto de alguns Sandshrews na Rota 11.

—E o que fizeram aos Sandshrews?

—Eliminamos todos e deixamos suas peles na entrada da cidade, mas poupamos o tipo dragão.

—... Entendo. —A professora virou-se para trás por um momento.

Aspen tinha cabelos longos e escuros, com franjas e suas pontas sempre bem arrumadas. Sua pele branca fazia contraste com seu cabelo. Tinha alta estatura, quase a mesma do líder caçador e era comum ser vista usando sua jaqueta de laboratório, mesmo enquanto estivesse em sua escola. Costumava aparentar sonolência, trazendo olheiras que vêm provavelmente das noites que passava com suas pesquisas.

O líder dos caçadores tinha cabelos curtos escuros, com algumas mechas brancas em sua parte de trás. Sua estrutura física o mostrava estar nos seus trinta e cinco anos, com grande resistência para trabalhos pesados. Seu olhar sério carregava grande disciplina, coragem e uma certa compaixão, incomum de ser vista entre os caçadores. Usava uma jaqueta longa escura, uniforme dos caçadores de Lavender. Seu uniforme possuía um detalhe dourado de um Gengar na parte do peitoral, símbolo dos líderes do grupo de caça.

—Esta espécie está em ameaça de extinção. Sugiro que o libertem. —A Professora disse em tom sério, virada ao grupo de caçadores.

—Conheço pessoas que pagariam bem por estas escamas no mercado...

—Mais vale a sobrevivência desse Pokémon do que o dinheiro que vocês ganhariam da pele dele.

...”Pokémon?”

—Será dinheiro o suficiente para que possamos fazer as reformas necessárias nos hospitais e na sua escola. Poderá até sobrar.

—Você não viu os olhos dele, Clian? —A Professora falou sussurrando e se aproximando do caçador, com um tom sensibilizado. —... Isso parece justo para você?

Os dois se entreolharam firmemente por alguns momentos. As conversas entre a multidão se restabeleceram.

—... Não cabe a mim decidir, Aspen. Preciso ver com o prefeito o que devemos fazer com ele.

As conversas da multidão, agora mais barulhentas, não mais permitiram que Maple ouvisse o que os dois discutiam. O caçador e a professora conversaram por mais algum tempo, em seguida, o líder sussurrou algo para a professora e voltou-se a tomar seu caminho, trazendo o Dragonite consigo e seus homens. A Professora parece ter insistido em acompanhá-los, seguindo próxima do Dragonite e de seu parceiro. A criatura continuava imóvel, como se estivesse morta.

O espetáculo havia terminado. Após mais alguns barulhos oriundos da multidão, todos lentamente saíam de cena e permitiam que o grupo de caça e a professora seguissem o seu caminho.

Maple, assim como eles, dispersou-se após esta cena, dirigindo-se de volta à sua casa.

Porém, o olhar daquela criatura, não mais uma criatura, um Dragonite, com toda aquela alma transmitida por um deles, permaneceu na mente de Maple.

"O que é um Pokémon?" Maple pensou para si mesmo.


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Notas finais do capítulo

Obrigado por acompanhar este capítulo! Tentarei trazer o próximo o mais rápido que eu pretenda. Fique bem!



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