“Não é preciso ter olhos abertos para ver o sol, nem é preciso ter ouvidos afiados para ouvir o trovão. Para ser vitorioso você precisa ver o que não está visível.”
―Sun Tzu

— Ok então será isso! Atacaremos a entrada, assim que a Raven destruir os geradores que estão na represa. — Passamos mais de cinco horas pensando e planejando o plano de ataque.

A arca iria ajudar já que ainda temos algumas pessoas presas dentro do Mount West, só faltava a Lexa concordar com o plano. Se tudo desse certo, os dois lados sairiam ganhando, mas tinha alguma falha, eu sinto que está faltando algo. Alguma coisa que não percebemos.

— Tem algo faltando... não sei o que é, mas estamos deixando passar algo...

— Como avisaremos todo mundo? — É isso que falta, um informante!

— Obrigada Bel, é isso precisamos de alguém infiltrado. Eu já estive lá, eles iriam saber. Já me conhecem.

— Eu posso ir Clarke. — Finn diz virando-se de frente para mim.

— Você está louco. Quase te perdi uma vez, não irei jogar sua vida fora pra nada.

— Isso é guerra princesa. Podemos só fugir a vida toda, ou fazer acordos e no final não restará ninguém. Eu já fiz tanto estrago aqui que acho que seria uma forma para me redimir comigo mesmo. — Seus olhos me prendem com um intensidade incalculável, agora só para que eu possa escutar, ele sussurra — Eu carrego todas aquelas mortes, não consigo esquecer, e não ter você do meu lado está me matando. Eu preciso fazer isso!

Passo a mão por meu cabelo escovando-o. Aperto minha têmpora, massageando-a. Não posso tirar esse fardo dele, sei que ficou perdido tentando me achar. Na verdade ele se perdeu por completo, como se uma parte boa dele morresse. Olho para todos que me encaram com expectativa, esperando o plano “brilhante”. Bellamy parece estar pensando, decidindo-se se falaria ou não.

— Eu posso ir também! Seríamos dois, mais fácil se fosse apenas um.

— Vocês dois têm certeza disso?

— Sim Princesa — Dizem juntos.

Depois de despedir de todos subo no cavalo e volto para o acampamento. Nyko me seguiu o tempo todo em silêncio, à um passo atrás de mim. Apenas saiu quando ordenei, pois queria estar sozinha com Finn.

A floresta começa a ter mais sentido para mim desde que desci da arca. Nem de longe tão assustadora como era antes. Enquanto adentramos alguns param para olhar e logo em seguida viram a cara com desdém, alguns me cumprimentam como se eu realmente fosse importante. As crianças se empolgam com a minha volta.

Atravesso o acampamento com a cabeça erguida e entro sem pedir por permissão na tenda da comandante.

— Vejo que voltou cedo, algum problema?

— Já sei do que precisamos. Temos que reunir meu povo com o seu. — Alguns terra-firmes que se encontram aqui, começaram a protestar. Lexa sem paciência grita algo e todos saem. Menos uma mulher, a general morena.

— Explique.

Conto todo o plano, desde de Raven à Finn e Bellamy. Ela escuta tudo e me analisa por fim. Seus olhos se fecham enquanto ela medita. Seu rosto é belo, com traços suaves. Ela seria uma linda menina se não tivesse toda essa tinta na cara e fosse mais feliz, ou melhor mais menina em vez de uma soldada.

— Tudo bem, iremos nos reunir lá, enquanto criam a bomba. Escute bem: Te dou apenas dois dias. Clarke — Ela se levanta e vem em minha direção, coloca sua mão em meu rosto e se aproxima — Vejo uma grande líder em você, na verdade vejo uma Princesa. Tem grande capacidade para ser seguida, apenas não deixe-se ficar chega por algo tão medíocre como um “amor”.

°°°

Passei o resto do dia e à noite arrumando o meu povo e o dela. Reagrupando todos na arca, e todos os generais que a Lexa havia chamado ficaram no acampamento, aonde eu deveria estar também.

Avistei Finn e Bellamy se preparando para partir, eles teriam apenas doze horas para se infiltrarem e mandar o sinal. Bellamy sorri assim que me vê.

— Finn, você tem certeza?

— Por favor, confie em mim! — Beijo-o apaixonadamente, como se fosse um beijo de despidida. — Irei voltar, prometo.

Abraço ele um última vez e me direciono ao lugar onde o Bel se encontra. Ele está arrumando o armamento. Sua postura parece relaxa, mas o conheço o suficientemente bem para saber que ele está temendo por sí.

— Hey príncipe, olhe pra mim, se quiserem não precisam ir.

— Não se preocupe.

Quando Finn já se localiza fora da arca, corro até Bellamy:

— Prometa que vai cuidar dele! — Digo puxando-o pelo braço.

— Eu vou, prometa que vai cuidar da Octávia.

— Eu vou, tentarei mantê-la longe do fronte.

Vejo os dois meninos mais importantes para mim partirem. Assisto com um peso no coração. Sinto que algo está errado, tenho um mal pressentimento dessa mini guerra que iremos criar. Não quero perder mais ninguém.

Deixo-me fechar os olhos por um momento imaginar um lugar inimaginável, onde não tivéssemos que ir para o espaço, que não houvesse guerra nem morte. Começo a pensar em como Lexy seria sem essa fachada de intocável dela. Sem essa melancolia constante. Assim que abro os olhos encontro-a em frente à mim.

— Lexa, do que precisa?

— “Esforce-se para viver ou esforce-se para morrer!”, não fique no meio termo Clarke. Porque quando assustar terão decidido por sí. Prepare-se, pois amanhã partiremos para a Guerra. Agora descanse. “Nada vale um homem cansado, um morto é melhor”.