Cendrillon escrita por Simmons


Capítulo 1
Prólogo




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Guyancourt, 18 de agosto de 1719.

Provavelmente de manhã.

— Isabella, venha cá! — chamou uma jovem mulher docemente — Nós precisamos conversar, querida.

— Sobre o quê, mamãe? — perguntou a menina de não mais que seis anos inocentemente.

A mulher sorriu com a inocência de sua filha, em tempos como aquele isso era realmente necessário.

— Filha, a mamãe precisa ir... — falou a mulher e foi impedida por um ataque de tosses, rapidamente se recuperou — Existe um lugar, não muito longe daqui, para onde as pessoas boas vão. Assim como a vovó.

— Para o céu, mamãe?

— Sim, minha pequenina — a mulher disse e a criança sorriu com o apelido — A mamãe precisa ir ficar com os anjinhos e com a sua avó, entende?

— A senhora vai voltar?

— Não aos seus olhos, Ella — disse Genevieve sorrindo cansada — Mas sempre estarei contigo, em seu coração.

— Você está morrendo, mamãe? — perguntou tentando segurar o choro inutilmente.

— Eu estou, filha — disse tristemente enquanto mexia no cabelo loiro da filha — Você é tão linda e tão doce, mas ninguém pode ser só isso.

— E eu serei o quê mais, mamãe? — perguntou a menina confusa.

— Você já é — corrigiu a pacientemente — Você só precisa continuar assim, inteligente e forte. E principalmente, boa. Nunca se esqueça disso Ella, você é boa e ninguém pode tirar isso de você.

— Eu sou boa e ninguém pode tirar isso de mim — repetiu a menina como se estivesse decorando alguma coisa — Mamãe, você me acha boa?

— Você é uma menina boa, minha filha — disse — Mesmo em más situações, não deixe tirarem isso de você. Porque a bondade verdadeira é uma coisa rara no mundo em que vivemos. Não deixe que a ganância e a luxúria destruam você, Isabella. Não deixe que pessoas ruins retirem sua essência, você é boa e pessoas boas merecem o melhor que há no mundo inteiro. O amor. Seja boa e ame, Isabella.

— Amar como você ama o papai? — perguntou a menina em expectativa.

— Sim, mas você ainda é muito nova. Um dia entenderá do que falo.

— Eu espero, mamãe — disse sorrindo sonhadora enquanto abraçava sua bonequinha, Angelique — Eu espero!

Genevieve sorriu fracamente para a filha e pediu para que Anete, sua empregada mais querida, levasse Isabella para brincar. Chamou seu marido para se despedir.

Chegou a hora.

— Vieve — Marco, seu marido sentou ao lado dela tristemente — Sentirei tantas saudades... Como eu te amo!

— Eu também te amo meu amor — Genevieve respondeu e selou os lábios com Marco que retribuí — Eu te amo tanto, e dói tanto ter quer partir!

— Isabella...

— Reagiu bem — disse Genevieve chorando um pouco — Ela é forte, como você. Mas precisamos tratar de um assunto, meu querido.

— Sobre o quê?

— Ela ficará sem mãe, preciso que se case de novo. Ela precisa crescer com um apoio materno que não poderei dar.

— Não sei se conseguirei colocar outra mulher que não você aqui em casa, Vieve.

— Você colocará — disse Genevieve em suplica — Case-se com minha irmã, Antonieta. Seu marido morreu há alguns anos, e sei que ela cuidará bem de minha filha.

— Você tem certeza, querida? — perguntou receoso — Era para eu ter desposado Antonieta quando jovem, porém me apaixonei por você e não fui capaz... Ela pode ter guardado rancor, afinal.

— Dessa forma ela encontrou Joseph, seu grande amor. E, além disso, ela me prometeu assim que descobri que morreria.

— Você já a comunicou?

— Sim, ela disse que se casaria com você. — comunicou Genevieve — Ela trará suas duas filhas, Lisbeth e Ivone, para morar com vocês.

— Pobre mulher, cria duas filhas sem um marido? Há anos?

— Papai deixou uma boa herança para ela — confidenciou Genevieve — Tudo está perfeito, estou nos braços do meu primeiro amor e de quem eu sempre amarei. Eu te amo. Não fique preso a mim, viva. Serei só a lembrança de uma mulher que lhe deu muito amor, e tente encontrar isso em Antonieta. É o que peço.

— Farei o possível, minha doce Vieve — sorriu Marco com lágrimas ameaçando cair.

— Ei, não chore — disse Genevieve e limpou as lágrimas de Marco — Irei dormir, estou cansada.

— Durma com os seus iguais, os anjos.

Isabella brincava no jardim com Anete e seu pai a observava da janela. Pelo menos sua filha não tinha perdido o brilho no olhar que Genevieve tinha. Ele faria tudo pela cópia fiel de sua esposa, inclusive casar com uma mulher que sempre considerou detestável para garantir uma boa educação a Ella.

A caminho de Guyancourt estava Antonieta com suas duas filhas que reclamavam de ter que abandonar a mansão em que viviam para morar ali. Não que o lugar fosse ruim, claro. Mas elas eram detestáveis demais para elogiar um novo lar. Antonieta só sorria com escárnio ao lembrar-se da sonsa irmã que agora estava morrendo. Céus, meus desejos foram todos realizados, casarei com Marco e a idiota da Genevieve está à beira da morte. Só tenho um problema, claro. A sonsa mirim, mas nela, eu darei um jeito. Pensou satisfeita.

Não muito longe dali, um marido desesperado e uma criança chorando constaram que Genevieve não acordou de seu sono.

Ela estava morta.


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