Blondie and Cotton Candy escrita por Boo


Capítulo 4
Capítulo 3 — Confusão Mental


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura.



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Capítulo 3 — Confusão Mental



Anteriormente:

Mas o quê?! O que você está fazendo, Dragneel?! - berrou ao perceber de quem se tratava.

Eu disse que se te encontrasse continuaríamos de onde paramos. E digamos que eu não sou de voltar atrás com minhas palavras.

[…]

O que foi, Lisanna? - perguntou baixo.

Eu o fiz assim. Ele era alguém tão gentil com todos. Não trocou palavra comigo hoje e agora já está se agarrando com uma qualquer.

Ciúmes? Sabe que essa uma qualquer poderia ser você há algum tempo atrás, não? As mãos dele estariam no seu corpo, te deixando louca...

[…]

Ela queria respostas. E ele não poderia dá-las, não sem explicar o papel de Lisanna nisso tudo e se entregar. Então a única solução era... mentir. Não que não estivesse acostumado.

____x____



Em poucas horas o sol já iria aparecer para dar início ao dia, mais especificamente um sábado. A maior parte das pessoas que se localizavam na cidade de Magnólia, e no país, estavam confortáveis em suas respectivas camas, com o melhor dos sonos, e ali estava Lucy Heartfilia sentada em sua cama, com insônia e apenas uma coisa em sua mente: Natsu Dragneel.

Como diabos ela poderia pensar tanto naquela pantera cor de rosa, mais precisamente durante toda uma madrugada, quando tinha um namorado perfeito? A resposta para essa questão nem mesmo a loira sabia. Bufou frustrada com isso, ele era um idiota, uma total perda de tempo, mas ainda podia sentir o cheiro de seu casaco em si, o calor de seu corpo e... Cortou os pensamentos, chocada, e sentiu as bochechas esquentarem, obviamente ficando ruborizada. Ter tais pensamentos durante uma noite em que deveria estar é pensando no seu aniversário de namoro com Loke, que estava chegando, como nos outros anos, era impensável.

Virou-se na cama pela enésima vez, tentando finalmente pegar no sono, o que nesta hora da manhã talvez fosse impossível, sua mente estava entorpecida com tantos pensamentos e a cor que não saía de sua cabeça era o rosa. Que idiota, sentia-se como a protagonista daquela HQ francesa. Como era mesmo? Azul é a cor mais quente? Discordou nesse segundo, lembrando-se do calor corporal que aquele homem exalava. Nunca gostou muito dessa tonalidade, preferia azul, verde ou talvez até o vermelho, mas rosa? Se sentia tão menininha com essa cor e ela era justamente o tom de cabelo de Dragneel. E que homem pinta o cabelo de rosa, pelo amor?

Um suspiro. Lucy olhou para o relógio verificando a hora, era tarde. Para ser mais exata eram 4 horas da manhã, pelo menos eram férias e não teria aulas, ou trabalho para fazer. Mesmo assim, costumava dormir mais cedo, pois sabia que não costumava acordar muito tarde e preferia ter disposição para encarar o dia. Mais uma vez bufou, com raiva de si mesma por não dormir, de raiva por pensar em alguém totalmente desconhecido para a loira, de alguém... Como ele.

Se achava quase tão idiota quanto ele. Onde já se viu pensar em outra pessoa que não é o Loke?, questionou-se, logo você que odeia esse tipo de pessoa e agora está se tornando uma!. Gritava em mente consigo mesma, possessa. E era verdade. A loira simplesmente odiava com todas as suas forças quando seu namorado ruivo olhava para outras garotas ou pensava nas mesmas, o que era frequente. Segundo Lucy, ela deveria ser a única na mente de Loke, pois eles estavam em um compromisso. Apaixonada por um conto de fadas.

Estava tão frustrada consigo mesma que pegou seu laptop e o ligou. Quando não conseguia dormir, ainda que estivesse sonolenta, fazia uma coisa bem relaxante. Conversar. Amava escrever e navegar pela internet, mas para essas horas sua diversão maior, vinda de uma infância solitária, era o uso de bate-papos online. Colocou seus fones de ouvido e começou a ouvir as músicas de sua playlist, recheada de rocks melódicos e músicas pops que tendiam ao jazz. Enquanto isso, entrava no tão conhecido site que usava praticamente todas as férias.

Parou na página inicial pensando em um usuário para usar hoje, como era um site para conversar entre estranhos, podia ser quem quisesse ali. Era esse o ponto, ser outra pessoa, sonhar e ter liberdade. Era quase como escrever, mas fluía ainda mais facilmente e era menos trabalhoso. Finalmente decidiu seu nome para agora, não era muito criativo, mas era o melhor que conseguiu em tamanha confusão mental. Heartstar. A loira amava estrelas, e o sobrenome, que apesar de não gostar pelo que trazia, mas achava bonito, se encaixava. Se o tal “estranho” fosse amigo de Lucy, facilmente saberia que era ela, mas seus amigos não utilizavam esse tipo de site, consideravam bobo.

Esperou mais um pouco por a pessoa com quem conversaria, esperava não ser algum psicopata que nem da última vez. Foi uma confusão, quase chegou aos ouvidos de seu pai. A sorte é que Lucy convenceu o namorado a ficar quieto, apesar da irritação com o fato do rapaz pedir seu endereço. Loke se zangava com a namorada por falar com desconhecidos pela internet, os perigos de encontrar um estuprador e acabar nos jornais era pequeno, mas mesmo assim, nunca se sabe. Depois de ficar encarando a tela de “carregando”, o computador finalmente selecionou seu parceiro desta noite.

Salamander.

Essa era nova. Nunca viu alguém com um nome desses e a loira já tinha visto de tudo naquele lugar, desde tarados a crianças de 8 anos. Esperava não ser mais um menino de 12 anos querendo dar uma de machão, aquilo a irritava. Na verdade, pelo nome, supôs que fosse um do tipo, mas talvez mais velho, daqueles que só frequentavam academias. Ou talvez um nerd. Ou até mesmo uma menina que adorasse ficção. Nunca se sabe.

Como de costume deixou com que a outra pessoa iniciasse o assunto, não queria ser incômoda, então melhor ficar na sua. Em um piscar de olhos ele já havia começado a conversa, surpreendendo-a com sua interessante maneira de apresentar um tema, ironicamente:

Salamander: Você é gostosa?

A loira não conteve uma risada, não muito alta para não acordar a casa toda, mas uma regular porque isso estava sendo engraçado. Se ela era gostosa? Que perguntasse para todos os rapazes que caíam aos seus pés e para seu namorado, sem dúvida diriam que sim. Apesar de não se importar tanto com as opiniões alheias, tinha que admitir que adorava a sensação de ser admirada, porque ela mesma não gostava do seu corpo. Achava-se feia e precisava que lhe dissessem repetitivamente o contrário. Respirou fundo, sorrindo, e digitou sua resposta, tentando fazer um jogo e não pensar em sua baixa autoestima.

Heartstar: Por que quer saber?

Alguns momentos de agonia enquanto Lucy via o “Salamander está digitando” no canto da tela, provavelmente era um texto grande, até que enfim a tal mensagem foi enviada.

Salamander: Porque eu estou entediado e queria alguém agora.

Isso pareceu carência. Ou esse cara deveria ser tarado por sexo ou muito carente. A coisa mais provável seria a segunda opção, pelo jeito que ele falou. Geralmente Lucy sairia na hora do chat, mas resolveu entrar no jogo deste cara, por que não? Iria ser divertido, estava entediada também. E verdade seja dita, ela também queria alguém. Seu namorado, pensou, você quer seu namorado.

Heartstar: Então depende... Você é gostoso?

Um sorriso malicioso surgiu nos lábios da loira enquanto via o aviso de que ele estava digitando, imaginava se esse tal de Salamander fosse um cara gordo sem vida social, aí sim ela sairia do chat.

Salamander: Eu sou o cara mais gostoso e desejado da cidade de Magnólia.

Agora isso sim era algo surpreendente. Além de este cara ser convencido morava na mesma cidade de Lucy, coloque coincidência nisto. Ficou encarando aquilo por alguns segundos, pensando se diria que também era dali ou se apenas ignorava este fato. Ah, a cidade era grande. Não fazia mal. Loke a mataria se soubesse, mas estava apenas se divertindo, não?

Heartstar: Ah é? Que coincidência. Eu sou a garota mais desejada de Magnólia também.

Suspirou e agora ficava mais inquieta ao ver que ele estava digitando, estava ferrada se ele descobrisse quem ela era porque provavelmente contaria a Loke e aí sim toda sua vida iria pelo ralo. Deveria ter ficado quieta. Riu brevemente, quebrando sua tensão, ao ver que tinha se nomeado como mais desejada. Nem de longe.

Salamander: Que coincidência, mesmo... Seria muito legal se você viesse aqui em casa agora então, os mais gostosos deveriam ficar juntos, não acha?

O cara mais gostoso de Magnólia é o meu namorado e nós já estamos juntos, você nunca chegaria aos pés dele, Salamander.”, quase digitou, enquanto revirava os olhos. Mas se controlou e apenas continuou jogando, não seria ela a desistir dessa conversa agora que estava ficando interessante.

Heartstar: Pois é. SERIA muito legal, pena que não vai acontecer.

Ficou orgulhosa de si mesma com isso, sempre fora boa em cortes. Sua língua era a mais afiada de todas, mas às vezes as pessoas se irritavam com isso e a loira acabava ficando excluída. Talvez esse fosse um resultado de uma infância recheada de maus tratos de outras crianças.

Salamander: Que língua afiada, hein... Isso até me lembra alguém.

Pronto. Lucy estava ferrada. Reconheceram ela, o melhor a se fazer era sair imediatamente da conversa, mas... Algo lhe dizia para não sair, para continuar falando com ele, por algum motivo ela não saiu. Por favor, poderiam ter milhões de garotas que agiam dessa forma, ela não era especial nem nada.

Heartstar: Sério? Deve ser apenas mais uma coincidência, eu certamente não sou ninguém que você conheça, ô salamandra.

Um sorriso vitorioso se formava nos lábios da loira, sempre conseguia sair dessas furadas, era um dom divino que recebera, tinha certeza. Riu.

Salamander: Deve ser mesmo, não sei como pude confundir você com uma loira convencida, idiota, infantil, gorda, mimada, esquecida e sem educação.

Agora isso era pessoal, como ele ousava insultá-la?! Não, espere, COMO DIABOS ELE CONHECIA ELA?! Pensou um pouco em que o tal Salamander poderia ser, quem em sã consciência iria falar essas coisas de Lucy? Aliás, ele obviamente tinha jogado verde. E ela não deixaria ele colher maduro.

Heartstar: Pois é, não sei como você pode ME comparar com alguém com essas características. Por favor. Eu sou uma loiraça, mas aprendi isso só depois que cresci. Eu sou superinteligente, adorável, confiável, divertida, tenho ótima memória e sou extremamente educada. Sempre me disseram isso. Garanto que só sou chata com quem mereça, Salamander.

Salamander: Ah, me desculpa. Também esqueci de mencionar que não reconhece os próprios erros. Ou talvez você realmente seja uma loiraça e eu me confundi. Desculpa mesmo, Luigi. Se esse é o caso, pode vir pra minha cama, já tô esperando.

Lucy sentiu o corpo queimar. Luigi. Era aquele maldito Dragneel! Ele repetiu que a queria em sua cama. Por um momento, desejou estar lá. Idiota. Deveria parar com esses pensamentos estúpidos. Agora que ele realmente sabia, para que continuar fingindo? Ia devolver, aquele babaca estava ofendendo-a.

Heartstar: Não precisa se desculpar tanto. Eu também achei que você fosse outra pessoa. Deve ter confundido, assim como eu confundi você com um algodão doce estranho, cosplayer da pantera cor de rosa, plágio da Sharpay que se acha o gostosão. E que, por favor, é um purpurinado que tinge o cabelo de rosa. Estranho, não?

Só podia ser ele. Natsu Dragneel, aquele que ao mesmo tempo tirava a paciência de Lucy e fazia com que ela passasse horas pensando no mesmo, em seu cachecol, músculos, cabelos, boca... Deu um tapa em si mesma para tirar tais pensamentos de mente. Ela tinha um namorado, oras. Quantas vezes tinha que se lembrar disso? Ele era tão gostoso que se desnorteava.

Salamander: Estranho mesmo, porque na verdade eu tenho cabelo rosa, só que natural, e sou um cara muito gostoso, desejado pelas garotas, gente boa, que não curte High School Musical, não é fã de doces e gosta de desenhos antigos e que por sinal também muito modesto.

As suspeitas de Lucy se confirmaram com essa mensagem, era mesmo o tal algodão doce, o tal maldito algodão doce que não saía de sua cabeça. Como as coisas podiam dar nisso, tanta gente para entrar no chat, logo ele...? Mas se ele era tão idiota... Como podia ter descoberto a identidade de Lucy tão facilmente? Ah, sim, o bustiê, ela falou que gostava de estrelas e que seu sobrenome era Heartfilia, que tolice de sua parte.

O que faria agora? Sair da conversa seria o mais sensato a se fazer, afinal a loira tinha um namorado, e que senhor namorado. Então por que pensava no rosado e não no seu gostoso parceiro? Enigmas eram o ponto fraco de Lucy e infelizmente este era mais para sua coleção de perguntas sem resposta, ou se preferir chamar deste jeito, coleção de charadas. Ficou alguns minutos dançando seus dedos sobre o teclado sem saber o que escrever, quebrava sua cabeça pensando nisso. Por fim, depois de apagar e reescrever muito, achou uma resposta à altura. Talvez ele mesmo tivesse pensado em sair depois de tanta espera.

Heartstar: Posso saber o nome desse garoto tão perfeito?

O que deu em sua cabeça era algo desconhecido pelo ser humano. Queria se enforcar por estar entrando neste jogo de sedução imposto por Natsu, garotas comprometidas deveriam estar trocando mensagens de amor com seus respectivos namorados e não sensuais com irresponsáveis, idiotas e infantis que odiavam pela internet. Segundos agonizantes esperando a resposta dele, agora saberia o óbvio e por fim poderia parar de pensar nele... Ou não.

Salamander: Não te culpo se você se apaixonar por mim, mas, por favor, não vire minha stalker nas redes sociais. O nome desse garoto tão gostoso, perfeito, lindo e modesto é Natsu Dragneel. Prazer, Heartstar. Ou melhor dizendo, Heartfilia.

Ele realmente sabia quem era ela, realmente Lucy nunca achou que ele seria tão esperto ao ponto de descobrir de cara quem era a “estranha” com quem estava conversando. Ou Dragneel era muito esperto ou tinha virado um stalker da loira, preferia acreditar na primeira alternativa. Com certeza a primeira, ele parecia odiá-la, afinal.

Heartstar: Descobriu rápido quem eu era, que intelecto, Dragneel.

Salamander: Foi fácil pelo fato de você não ter sequer um pingo de criatividade nessa sua cabeça oca.

Heartstar: Falou o cara que está usando o nome de um animal em inglês como usuário...

Salamander: Ei, ei! Você não sabe nem sequer o porquê desse animal!

Heartstar: Deixe-me adivinhar... Você gosta dele ou tinha um personagem baseado nele que você amava MUITO quando era criança.

Salamander: Além de ser cabeça oca é boa em adivinhação, como pode isso?

Heartstar: Eu pelo menos tenho um cérebro em minha cabeça, ao contrário de algodão doce.

Para falar a verdade Lucy não era boa em adivinhações, era péssima. Seu segredo era o bom e velho chute, ou simplesmente se baseava nas probabilidades mais possíveis e coerentes para a situação. Aquela era mais provável. Talvez nem fosse isso, talvez ele estivesse brincando com ela. Não, ele não era tão especial assim, devia ser só essa bobagem.

Olhou para seu relógio de cabeceira. Quase cinco da manhã. Já podia ouvir seus empregados se levantando para começarem os preparativos para o café da manhã de seu pai que acordava às 6h mesmo sendo um empresário de sucesso. Desviou seu olhar para sua varanda aberta dando vista para o céu estrelado que logo ficaria preenchido com o nascer do Sol. Estrelas. Esta era sua única conexão com sua falecida mãe, Layla, que contava histórias sobre quando pessoas morrem vão para o céu e se tornam um corpo celeste. Lucy sabia que isso era fisicamente e cientificamente impossível, mas de certa forma queria acreditar no conto de sua mãe. Tinha tantos segredos com ela, que tudo deveria ser guardado.

Quando voltou a olhar para a tela de seu computador a mesma piscava em tons de laranja avisando que Natsu tinha respondido suas mensagens, apesar de ser lerdo, então deveria ter demorado em devaneios. Sua atenção foi para o chat e parou de pensar nas estrelas.

Salamander: Então tá, já que você é tão superior a mim vamos fazer um jogo de adivinhação. Que tal?

Um sonoro “não” seria a opção mais favorável para a loira, mas isto parecia ser mais um desafio do que um jogo inocente, seu orgulho e dignidade pelo jeito estariam envolvidos nisto, e ele sabia disso.

Heartstar: O que eu ganho quando eu humilhar você?

Salamander: Eu paro de te irritar completamente, é isso o que você quer. Mas quando EU ganhar vou querer sair em um encontro com você, garota mais desejada de Magnólia.

Heartfilia pôde sentir a temperatura de seu rosto aumentar causando o rubor nas bochechas tão conhecido quando estava perto dele. Um encontro. Nem podia sequer imaginar como Loke se sentiria se soubesse disso, provavelmente Natsu sairia desta com no mínimo um nariz quebrado e ela... Sua mente estava mais confusa e desorganizada que o próprio quarto da loira, a correria de pensamentos estava pior do que um dia na bolsa de valores de New York.

O coração de Lucy acelerava cada vez mais, parecendo um carro de Formula 1, e tudo isso por quê? Por causa de Natsu?! Tinha de ser por aquele... Aquele... Aquele algodão doce?! Ficava com raiva de si mesma por estar deste jeito, estas reações e sensações deveriam ser exclusivamente causadas pelo namorado da loira e não por qualquer garoto de cabelos róseos. Tinha certeza que era apenas uma química muito intensa, coisa que pouco experimentara. Ele não era um garoto qualquer, afinal. Foi listando as qualidades, é bonito, másculo, misterioso, tem pegada e... Pera aí, isso não entra na lista. Bateu na própria face, irritada. Uma luz laranja atrapalhou seus raciocínios e voltou sua atenção para a tela do computador, Natsu havia mandando outra mensagem.

Salamander: Que é? Tá com medo daquele seu namoradinho ficar bravo com você? Tá com medo dele terminar com você por causa de um encontro comigo? Acha que eu tenho tanto poder assim?

Heartstar: Eu não estou com medo. Vamos começar logo esse jogo para eu ganhar e poder ir dormir.

Agora sua honra também havia entrado na aposta sem sequer perceber. Ela estava de certa forma confiante. Ele não deveria fazer perguntas muito elaboradas. Era inteligente e tinha sua habilidade com probabilidades e alguns chutes. Iria ganhar. Precisava ganhar.

Salamander: Quem disse que você vai ganhar?

Salamander: Tá se achando muito. Gorda.

Ela estava pronta para retrucar, ele era lento, mas surpreendentemente digitou rápido, já mandando uma nova mensagem.

Salamander: Tá, tá, vamos começar. Eu faço uma pergunta, se você acertar ponto para você, se errar ponto para mim. Melhor de cinco.

Heartstar: Fechado.

Salamander: Primeira pergunta: Qual o nome do meu gato?

Heartstar: Espere... Mas que tipo de pergunta é essa?! Não faz nem sequer sentido!

Salamander: É um jogo de adivinhações, loira, esperava que até mesmo você entendesse. Então, você sabe ou não a resposta?

Um pensamento só rodava pela cabeça da loira agora. Ela estava frita. Se ele iria fazer joguinhos pessoais, não daria certo. O justo é que ela também pudesse perguntar. Que garoto safado, golpe baixo. E agora?

Heartstar: Senhor Gato?

Heartstar: Não, desculpa. Salamandra rosa.

Foi um chute estúpido, tinha certeza. Mas talvez–

Salamander: Sabia que você não podia ser tão boa em alguma coisa útil. Ponto para mim. Vamos para a próxima pergunta, a não quer você queira desistir logo de uma vez e ir a um encontro comigo.

Heartstar: Diga logo a droga da outra pergunta, não sonha acordado.

Salamander: Segunda pergunta: Eu sou mais parecido com a minha mãe ou com o meu pai?

Heartstar: Você tem a cara do cachorro da família.

Não aguentou uma chance de irritá-lo discordando de que ele era gostoso — o que era um fato, mas ele não precisava saber que ela achava isso. Esperava que seus criadores não ouvissem as risadas altas que vinham do quarto de Lucy ao implicar com Natsu. Bosta. Usou duas chances.

Salamander: Ainda bem que você não é comediante, porque senão estaria falida. Ponto para mim. Mais uma errada e já pode ir se preparando para nosso encontro.

Heartstar: Sem graça. Mande a próxima pergunta.

Salamander: Terceira pergunta: Qual tipo de garota eu mais gosto?

Heartstar: Nenhum. Você fica com qualquer uma que te aparece, mas gosta de atormentar loiras inocentes.

Passou-se um tempo em que ele digitou sem parar. O que era isso, um testamento? Talvez ele estivesse pensando no que responder. Seria isso?

Salamander: Verdade, tá certo. Ponto para você.

Heartstar: Ainda posso ganhar esse jogo e te humilhar, mande logo a próxima adivinhação.

Estava tão confiante de si mesma, mais do que quando ia fazer provas de matemática, era ótima nesta matéria. Nunca tinha dúvidas, nem precisava estudar porque tinha facilidade. Seus colegas tinham raiva desta qualidade da loira, enquanto eles, burros, estudavam até caírem de cansaço e ainda ficavam de recuperação, Lucy simplesmente descansava e tirava a melhor nota da sala. Opa, esnobe.

Salamander: Quarta pergunta: Quantos anos eu tenho?

Opa de novo. Como saberia? Pelo estilo de feição, diria que ele tinha a mesma faixa etária de Loke. O ruivo completaria vinte anos esse ano. Não. Dragneel podia ser sério, mas ainda era imaturo. Charmoso. Dezenove, era um bom chute.

Heartstar: Dezenove.

Cruzou os dedos, apesar de não ser supersticiosa. Precisava acertar. Precisava. Se recusava a sair com ele.

Salamander: Ohoho. Parece que alguém andou stalkeando.

Heartstar: Faça-me o favor. É perceptível, não preciso ficar fuçando a sua vida. Anda, faça a última pergunta de uma vez, eu quero acabar com isso. E você vai me deixar em paz.

Salamander: Sabe que essa é a decisiva, né? Estamos empatados, com dois a dois. Vamos lá. Por que eu odeio o seu namoradinho?

Não sabia direito o que havia acontecido, não confiava 100% na versão que Loke lhe contara, tinha algo errado ali. Algum detalhe. Mas essa era a única versão que conhecia. Fitava a tela do computador e seus dedos dançavam sobre o teclado, não sabendo o que responder, essa pergunta seria o que a salvaria ou a condenaria a ir a um encontro com Natsu. Até que não parecia ser tão ruim assim. Não, não queria isso. Queria...? Balançou sua cabeça tirando a ideia de que sair com alguém quando era comprometida com outro poderia ser bom.

Pelo jeito seu tempo estava se esgotando, já podia ver o aviso de que o rosado estava escrevendo mais uma mensagem provavelmente dizendo para Lucy se apressar em responder. Teria de confiar na versão que lhe fora dita. Apressadamente escreveu o que sabia com muitos erros ortográficos causados na pressa e ainda sem querer digitou uma chave na hora de apertar o “enter”.

Heartstar: Lokw acolheu Lisamna depois que você,a agrediu por ela gostar de outrp garoto e voc~e ficou com raiva.]

Salamander:

Salamander: O quê?

Heartstar: Desculpe, você pareceu impaciente, acabei digitando errado. *Loke acolheu Lisanna depois que você a agrediu por ela gostar de outro garoto e você ficou com raiva.

Salamander: Eu entendi, loira.

Ô-ou. Sabia que estava ferrada. Errou, só podia ser isso. Sabia que a versão de Loke era estranha! Natsu fez questão de mostrar que estava ofendido, ou no mínimo irritado. Respirou fundo e respondeu, petulante.

Heartstar: É isso, ué. Já respondi.

Salamander: Foi ele quem te falou isso?

Heartstar: Foi.

Salamander: Aquele mentiroso...

Salamander: Bem, não importa o que ele falou ou deixou de falar. Está errada. Nosso encontro vai ser amanhã, vou estar te esperando na praça da cidade perto do lago às 15h. Esteja lá.

Salamander: Com amanhã eu quis dizer hoje.

Salamander se desconectou.

Queria dizer mais alguma coisa, perguntar o verdadeiro porquê dessa rixa entre os dois. E também o motivo de Lisanna estar envolvida em tudo isso, ainda mais depois que Mirajane — que parecia ser irmã da albina — disse que Loke e a tal menina eram bem próximos, Lucy praticamente nunca ouvia falar de Lisanna, nem sequer uma palavra. Será que Loke ficou com Lisanna quando eles namoravam? Não fazia sentido, se eles eram amigos, seu namorado nunca faria isso. Certo?

Suspirou, exausta de um dia como esse, e tirou seus fones de ouvido. A loira fitou o relógio de cabeceira checando a hora, já havia passado do tempo de ela ir dormir há muito. Desligou seu computador e colocou-o debaixo da cama como sempre fazia. O barulho dos criados trabalhando do lado de fora incomodava um pouco, mas era melhor do que ouvir os próprios soluços de choradeiras causadas pelo pai de Lucy. Deitou-se abraçando seu cobertor, o cheiro do casaco de Natsu por mais incrível que pareça ainda estava impregnado na loira, mesmo depois do banho. Esse cheiro deixava-a calma e feliz de alguma maneira, talvez fosse o sabonete dele.

Fechou seus olhos e tentou pensar no relacionamento maravilhoso que ela e Loke tinham, como eles se amavam, como eram perfeitos. Mas logo sua mente vagou em direção a Natsu e ali estava Lucy agora pensando exclusivamente no rosado, em seu cheiro, em seu calor, em seu cachecol misterioso e sua desavença com o ruivo que atualmente era o namorado da loira. Tudo nele fazia com que Lucy ficasse curiosa e quisesse saber mais sobre aquele garoto estranho.

Aquele sobre o qual não sabia praticamente nada. Aquele estranho que fazia o coração da loira acelerar. Aquele maluco que quase a estuprou duas vezes. Aquele desconhecido que provavelmente estava usando de Lucy para vingar-se de Loke.

Sim, ele devia apenas estar brincando com seus sentimentos, nada mais que isso. Além do quê, por que Lucy — namorando firmemente com um cara perfeito — perderia seu tempo pensando naquele rosado e no que ele poderia ou não estar fazendo com seus sentimentos?

Era isso. Curiosidade. Ele era misterioso demais e esse mistério rondava ela e a vida que conhecia. Era apenas isso. Amava Loke. Era ele quem lhe importava. Fariam aniversário de namoro logo. Eram perfeitos um para o outro.

E ele ainda não disse que a amava.

Agora isso pouco lhe importava porque teria de sair em um encontro com esse rosado no dia seguinte e estava exausta.


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Notas finais do capítulo

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