O assassino Lin Kuei sentou-se na sua confortável cama de penas, enquanto o luar escorria para dentro do quarto com uma luz cálida, fazendo os olhos azuis de Sub-Zero brilhar como dois diamantes. Diamantes frios e azuis.

A noite fora interessante, com a chegada de uma nova competidora. Sonya Blade parecia ser uma mulher forte, e seu temperamento não foi dos melhores durante o jantar. Teve que ser ameaçada pelos guardas para se calar, mas ela nem tocou na comida. Ficou dando olhares enfurecidos á todos que passam. Problema dela. Precisaria de toda a energia que pudesse reunir para o dia de amanhã, quando ela poderia ser escolhida para combater.

O ninja removeu as suas manoplas de ferro negro, cobertas por pano azul, e as deixou em cima de uma mesinha que estava do lado de sua cama. Ele também removeu a máscara, mostrando curtos cabelos negros e um rosto marcado por cicatrizes de muitas batalhas. Retirou as suas botas, mas manteve o seu peitoral e calças. Caso fosse atacado, seriam as suas partes mais úteis para se defender.

Ele se deitou, sentindo as suas pálpebras pesarem. Ele fechou os olhos, e se concentrou vagamente nos sons á sua volta. O pio de uma coruja ao longe, o ocasional marchar de botas de soldados e serviçais, alguém conversando. Logo, o Lin Kuei dormiu, embalado pelos sons suaves e reconfortantes da noite.

Porém, o seu sonho foi tudo, menos suave e reconfortante.

Sub-Zero se viu tragado pelos mares negros dos sonhos, flutuando suavemente em um espaço sem gravidade, sem sons, sem pessoas, sem limites, sem sentido. Era desse tipo de sonho que Bi-Han gostava. Os sonhos calmos, onde poderia descansar o máximo. Sonhos que logo seriam esquecidos ao acordar.

Porém, uma voz quebrou a paz. Não era bem uma voz, mas um rugido de raiva.

Ele foi desperto de seu entorpecimento no sonho, e se viu olhando ao redor, enquanto flutuava no vácuo.

– Quem está aí? – ele falou, e suas palavras soaram abafadas para si próprio. A mesma voz demoníaca respondeu furiosa:

– Sou a vingança! Sou o homem que veio em busca de seu sangue! O homem que veio arrancar o seu coração gelado!

Ele foi atirado nas memórias daquele demônio. Um cavaleiro trajado de roupas negras e azuis balançava uma espada longa de gelo, cortando de um lado para o outro. Pessoas caíam aos seus pés, enquanto outros cavaleiros seguiam o ninja azul e negro. Os cavaleiros o ajudavam na matança, disparando com bestas, rifles de um só tiro e arcos, exterminando qualquer um que estivesse no caminho. As memórias mudaram um pouco, quando um homem de cabelos e barba negros encarava o ninja com ódio, segurando uma katana que brilhava com o sangue de dois outros cavaleiros, tombados no chão, afogados em poças de seu próprio sangue. O guerreiro tinha uma faixa amarela amarrada no cinto. A faixa continha um símbolo gravado em ferro que Sub-Zero reconhecia. O clã rival dos Lin Kuei, os Shirai Ryu. Aquele guerreiro era um Shirai Ryu.

Porém, o ninja rira. E após uma longa troca de golpes, onde faíscas choviam sobre a terra vermelha de sangue enquanto a dança metálica prosseguia, até que o ninja esfaqueou o homem barbado com a lâmina gélida, o fazendo cair no chão, de joelhos. O ninja torceu a espada, abrindo ainda mais a barriga do guerreiro e fazendo sangue encharcar a terra. O homem, porém, viveu por tempo o suficiente para ver o mesmo ninja adentrando a sua casa. E ele distinguiu vagamente o ninja erguendo o a lâmina. E viu sua esposa e seu filho caírem no chão, mortos. O ódio, a frustração e a raiva que borbulhavam dentro do guerreiro surpreenderam Sub-Zero, e o fez se retrair. Aquelas emoções... Elas queimavam como o fogo do inferno.

– Isso tudo... VOCÊ causou isso tudo. Você irá morrer Lin Kuei! – o demônio urrou na sua mente.

Em sua frente, no meio de toda a carnificina, o guerreiro re-apareceu, só que agora, com roupas de ninja, com reforços metálicos nela. Porém, em vez de uma cabeça, o guerreiro possuía um crânio. Um crânio que ardia incessantemente por um fogo. O fogo do ódio.

Bi-Han não pôde fazer nada além de assistir com horror, enquanto chamas vermelhas e douradas corriam em sua direção, cuspidas pelo guerreiro, mais rápido do que seus olhos conseguiam acompanhar.

– Você irá queimar!

Quando as chamas o tocaram, Sub-Zero acordou em um sobressalto.

Ele arfou pesadamente, sentindo o – com o perdão da palavra – suor frio escorrer pelo seu corpo. Com mãos chacoalhantes, ele agarrou a jarra de água da mesinha e derramou um pouco de seu conteúdo em um copo de cobre, deixando um pouco de água cair sobre a mesa. Ele não ligou. Agarrou o copo e bebeu rapidamente, sentindo o tremor através do metal.

Sub-Zero aguardou uns minutos, antes de se deitar novamente, só para descobrir que tinha perdido o sono.

Decidiu meditar até a manhã seguinte. Era mais seguro. Melhor para o cérebro.

Mas ele prometeu uma coisa para si mesmo. Assim que encontrasse o tal demônio, o faria pagar em mil vezes a noite perdida de sono. Ah se ia. Bi-Han lhe ensinaria que nunca ninguém se mete com um Lin Kuei e espera sair vivo ou ileso disso.

Sub-Zero, porém. Tinha um mau pressentimento. O fogo. Não poderia significar nada de bom.

(...)

Na manhã seguinte, Sub-Zero trajou suas roupas novamente, após ter passado uma noite insone. Deveria ter tentado dormir de novo, mas não senti a vontade de repetir a experiência da noite passada. Aquele sonho poderia prejudicar mais a sua condição do que a falta de sono. Pessoas que vão lutar mentalmente perturbadas são pessoas que já deviam ter comprado o caixão.

Ao sair da sala para o desjejum, viu que a mesa estava abastecida com iguarias completamente diferente. Pão branco, manteiga, sucos, queijo e outros alimentos mais leves se encontravam na mesa. Supondo pela comida leve, Sub-Zero supôs que o próximo combate estivesse próximo.

Ele se sentou a mesa e removeu a sua máscara. Enquanto agarrava uma faca de aço e abria um delicado pão branco, Shang Tsung adentrou o salão, cortando as conversas.

Do lado dele, tinha um homem pálido com tatuagens vermelhas e negras sobre seu corpo, e seus olhos eram cobertos por delineador preto.

“Um feiticeiro” Sub-Zero pensou, reparando no padrão sinistro e demoníaco das tatuagens. “Mas o que faz aqui?”

– Kombatentes! – Shang Tsung exclamou, chamando a atenção de todos. – Gostaria de lhes fazer um anúncio. – Após uma breve pausa, o velho continuou: - Tenho duas notícias á vocês... Primeiro, o próximo combate se iniciará dentro de duas horas. Segundo, a ilha agora está aberta á visitantes que querem assistir o torneio. Dentre esses visitantes, temos conhecidos seus. Espero que gostem de rever seus companheiros!
As portas se abriram, e grupos de pessoas começaram á entrar no salão, olhando ao redor com surpresa e curiosidade. Bi-Han viu alguns monges Shaolin adentrarem o templo, além de dois policiais que olhavam ao redor, extremamente desconfiados. Atrás dos policiais, Sub-Zero avistou duas sombras. Duas sombras familiares, que reconheceu assim que a luz recaiu sobre elas.

O primeiro era um homem moreno, com olhos castanhos e cabelos pretos amarrados em um pequeno e duro rabo de cavalo. Uma faixa amarela com o símbolo Lin Kuei em cinza adornava a sua testa, e seu corpo musculoso estava coberto por uma túnica negra com detalhes amarelos, com o símbolo do Lin Kuei marcado no peito da camisa numa cor dourada. As calças estavam no mesmo estilo, e botas de metal branco, dourado e preto protegiam seus pés. Também usava luvas negras com placas metálicas.

O outro era um homem um pouco mais alto e magro, asiático, com cabelos lisos negros e olhos da mesma cor. Uma faixa vermelha apertava seu cabelo em um coque no estilo samurai. Uma barba negra condecorava seu queixo, e ele tinha um olhar afiado e anguloso como uma águia. Sua túnica e calças eram negras com detalhes vermelhos, e ombreiras de metal estavam acrescidos á armadura. Uma faixa vermelha atravessava o seu peito, com o símbolo Lin Kuei gravado em metal. Ele possuía um cinto metálico em negro, cinza e vermelho, e suas botas e manoplas eram iguais ao cinto: Metálicas e com o mesmo matiz de cores.

O homem moreno se aproximou dele, sorrindo.

– Bi-Han. É bom ver que está vivo.

– Você lutou ontem? – Sektor perguntou. Ele era o homem asiático.

– Não. Quem lutou ontem foram Johnny Cage e Ned Toxon. Um ator e um lutador de rua. – Sub-Zero disse com indiferença, os analisando friamente. – O que vieram fazer aqui? Certamente não foi pelo simples prazer de me ver de novo.

– Nós viemos aqui por dois motivos. – Cyrax, o homem moreno, disse. – Um, temos que checar o seu progresso. Ter certeza que tudo vai dar certo. Segundo, o torneio é uma coisa que só acontece uma vez á cada cinqüenta anos. É um evento digno de nota, e que não se repetirá tão cedo.

Sub-Zero concordou, e em sua mente, ele se perguntou o que os organizadores fariam quando Shang Tsung morresse.

– O Grande Mestre não confia em mim o suficiente para realizar essa tarefa? – Sub-Zero perguntou em um tom de voz neutro. Era o mais perto que conseguia em fazer uma piada... Pelo menos no estado em que estava. Com sono e pensamentos perturbadores. Se normalmente ele já era um homem frio e sem tempo para piadas, agora isso só tinha piorado.

– Confia sim, Bi-Han. Mas confiar é uma coisa, ser idiota é outra. Ele confia em suas habilidades, mas ele também sabe dos outros competidores. Raiden, o Deus do Trovão. Liu Kang, o monge mais habilidoso que o Templo tinha. Até Kano, um assassino frio e extremamente brutal. Não duvido que possa vencê-los, mas os riscos são altos. Você sabe disso. – Cyrax disse.

Sub-Zero balançou a cabeça com indiferença

– Alguma notícia?

Cyrax olhou para Sektor por um segundo, e respondeu, hesitantemente:

– Bem, sim...

Sektor continuou, notando que Cyrax estava hesitante:

– O Grande Mestre teve uma nova idéia para melhorar o desempenho dos assassinos. Está pensando em robotizá-los, algo que os privaria de todos – ou a maioria – de seus sentimentos e, simultaneamente, melhorasse suas habilidades e capacidades físicas.

Cyrax apertou os lábios e disse:

– Sei que o Grande Mestre é sábio, mas isso parece loucura. Privar um homem de seus sentimentos, sua honra, sua filosofia... Isso parece errado. Se fosse por opção, tudo bem, mas isso...

– Você fala de honra, mas me diga uma única coisa que traga mais desonra do que não obedecer ao seu superior? – Sektor perguntou, o encarando. – Me diga o que violaria mais a filosofia Lin Kuei do que desobedecer ao Grande Mestre? E sentimentos são coisas volúveis, que podem acarretar em traição, ou até coisa pior. Não são inúteis, não nego, mas são uma fraqueza na sua maior parte. Somente o companheirismo, sentido de disciplina, lealdade, a vingança e o patriotismo são os únicos sentimentos necessários. Todo o resto... Que se dane.

– E quanto á você, Sub-Zero? O que acha? – Cyrax perguntou suplicante por apoio, olhando para o ninja gélido.

Uma coisa na aura de Sub-Zero fez tanto o Cyrax quanto o Sektor ficarem assustados. Ele os olhou com olhos azuis como frias estrelas que anunciavam a morte á todos, sem piedade.

– Que seja feito o que o Grande Mestre quiser. – Sub-Zero disse rispidamente, seus pensamentos voando até seu irmão. Deveria conversar com ele assim que completasse a sua missão.

Sektor pareceu satisfeito, mas agarrou o ombro de Sub-Zero quando este subitamente se virou para andar para longe.

– Bi-Han, eu sei que está pensando no seu-

Sub-Zero virou a cabeça e o encarou, e uma nuvem de vapor gélido foi emitida de sua máscara negra, diretamente na cara de Sektor, o fazendo se retrair um pouco. Aquilo era apenas o Sub-Zero respirando profundamente.

– Não estou pensando em nada. – Sub-Zero disse. – Agora, me deixe ir meditar e treinar. Tenho um torneio no qual lutar.

E ele saiu do salão, para as florestas da ilha tropical, á fim de meditar um pouco, para relaxar.

Afinal, ele iria lutar hoje.

(...)

Os lutadores se reuniram novamente no pátio das lutas, e o último chegou em 10 minutos após o gongo (Aquele que chamava os lutadores) soar.

Quando todos os lutadores se reuniram, Shang Tsung exclamou como fizera na noite anterior:

– Kombatentes, eu espero que estejam prontos para matar e morrer, pois a luta irá começar agora!

Sub-Zero notou que Sonya Blade pareceu perplexa. Ela não tinha visto nada, ainda.

Segundos tensos se passaram por todos, antes que Shang Tsung gritasse:

– Nithya Singlh! – A mulher indiana se empertigou e caminhou á plataforma, levemente trêmula. Se ela tremia era de medo ou de expectativa, Sub-Zero não sabia.

A indiana olhou todos os lutadores com olhos tristes, e seus cabelos negros corridos caíam em suas costas como uma cortina. Ela usava roupas leves, um robe curto de seda fina pintada, sandálias de couro e um colar de prata fina. Seus brincos de ouro refletiram a luz do sol. Pelo menos, era uma escolha de roupas mais apropriada á uma luta do que o terno do Johnny Cage.

Uma pausa se seguiu, antes que Shang Tsung anunciasse:

– Sub-Zero, dos Lin Kuei!

O ninja negro e azul caminhou até a plataforma, silencioso como sempre. Ele encarou a sua oponente, com seus olhos que mais pareciam pálidas e frias safiras. Seu olhar não prometia misericórdia. Só prometia o gelo.

Dois segundos se passaram, até que Shang Tsung gritou:

– LUTEM!

Sub-Zero avançou até a oponente com passos rápidos, e disparou um soco pesado, que foi rapidamente evitado pela ágil mulher. Nithya abriu levemente a boca, como se fosse cuspir algo, e um projétil esverdeado e longo foi atirado de sua boca. Veneno corrosivo – Sub-Zero notou – assim que tocou o seu braço esquerdo, queimando a pele e o músculo que tocara, mesmo que apenas de raspão. Sub-Zero grunhiu com a dor e rapidamente a chutou na barriga, fazendo-a se curvar levemente, e ele prosseguiu com uma joelhada na cabeça que a fez se erguer, e finalizou com um potente soco, fazendo-a recuar três passos. Sangue pingava do nariz dela.

Nithya, porém, não ficou sem reação. Quando Sub-Zero veio novamente, pronto para atingi-la com seus punhos, ela revidou com um tapa com a parte de trás de sua mão, fazendo Sub-Zero parar por um segundo, dando tempo para ela socar as costelas dele e aplicar um golpe na sua face com o cotovelo. Ela era surpreendentemente forte, e Sub-Zero quase caiu com a força do golpe.

“Ela é forte” pensou o Lin Kuei, enquanto bloqueava um golpe dela. “Melhor acabar com isto logo”.

Ele subitamente congelou á si próprio em uma estátua de gelo. Quando ela o tocou com o punho da mão, o gelo rachou e se quebrou em milhões de pedaços, que se afixaram nela própria numa velocidade praticamente instantânea, a congelando e libertando Sub-Zero. O ninja criou um martelo de guerra usando o gelo, com um grande espigão na cabeça do martelo. Com um poderoso golpe, ele atingiu Nithya, partindo o gelo e a jogando voando para quase o outro lado da plataforma. Ela se ergueu praguejando, e Sub-Zero não perdeu tempo. Juntou as mãos em forma de concha, e ele acumulou energia e vapor gélido lá e atirou uma esfera de energia azul-gelo e vapor gélido, que foi rapidamente lançada em direção da mulher. Ela abriu a boca novamente, e cuspiu uma grande onda de fogo, que fez a energia gélida se dissipar em água fervente, que logo se vaporizou por causa das chamas.

“Fogo e veneno” Sub-Zero pensou, levemente irritado. “Uma combinação irritante, e infelizmente, efetiva”.

Sub-Zero avançou assim que a coluna de chamas se dissipou, e aplicou um poderoso golpe de karatê no pescoço da mulher, só que Nithya bloqueou o golpe com seu braço, que tremeu com a força do impacto. Sub-Zero tentou chutar a barriga dela, mas ela pulou para trás agilmente, evitando o chute.

Porém, Sub-Zero tomou isso como uma oportunidade. Ele criou uma esfera de vapor e energia gélida em suas mãos, e atirou a esfera congeladora na direção da indiana. A mulher, que estava perto demais, não conseguiu desviar. Nithya foi congelada como estava, erguendo os braços para bloquear a esfera, com uma cara de surpresa. O Sub-Zero deu-lhe um devastador soco na cara, quebrando o gelo e derrubando Nithya ao solo. Ele se curvou, agarrou-a e a botou de pé, onde criou uma wakizashi de gelo – uma espada curta ao estilo japonês – na sua mão direita, e esfaqueou-a na barriga. Ela curvou-se com a dor, e ele correu para as costas dela e a socou com brutalidade nas costas a derrubando no chão de novo, e a lâmina de gelo quebrou-se ao tocar o chão. O sangue escorria da barriga dela, mas isso não a parou. Ela se levantou com um pouco de dificuldade, e se virou para Sub-Zero, com um olhar mortal. Ambos se encararam. Fogo e gelo, assim que era o contraste dos olhos deles.

Porém, Sub-Zero decidiu finalizar logo com aquilo, de vez. Ela estava dando trabalho demais.

Ela avançou na direção dele, que simplesmente preparou uma esfera de gelo... Mas então, ela acumulou chamas na boca dela e cuspiu uma bola de fogo.

Sub-Zero, pego de surpresa, foi atingido e derrubado no chão, sentindo toda a sua carne, pele e roupas arderem com as chamas, e ele soltou um ruído de pura dor. O fogo rapidamente se apagou graças á sua natureza gélida, mas deixara marcas de queimadura visíveis e buracos nas suas roupas. O ferro de suas manoplas estava levemente mais avermelhado.

Ele começou á se levantar, mas ela já estava perto demais dele. Ela agarrou o pescoço de Sub-Zero com a mão esquerda e introduziu dois dedos em uma de suas queimaduras, provocando um grito de dor da parte de Sub-Zero, que só se intensificou quando ela mandou um veneno – veneno de víbora, considerando que seus tecidos já queimados ficaram completamente negros e se desfizeram em pedaços pútridos negros – extremamente doloroso. Bi-Han estava cego pela dor, e ela agarrou o seu braço direito e o ergueu.

Então, ela desceu com brutalidade contra o próprio joelho, e todos da arena puderam escutar um audível “crack”.

Sub-Zero ficou completamente cego pela dor e caiu no chão como uma pedra, agarrando o braço quebrado. Ele vagamente ouviu a voz de Shang Tsung exclamar:

– Acabe com ele!

Não, ele não tinha perdido. Ele não se permitiu perder.

Apesar da dor excruciante, Sub-Zero se pôs de joelhos e aplicou uma rápida rasteira, que pegou a indiana de surpresa. Ela perdeu o equilíbrio... E Sub-Zero rapidamente se pôs de pé, com a adrenalina correndo pelas suas veias, dando-lhe energia extra e aplacando a dor miserável em seu corpo inteiro. Ele socou a cara da mulher usando a mão esquerda, abrindo um corte no rosto dela graças ao ferro de sua manopla e fazendo o nariz dela estalar. Ele rapidamente prosseguiu o seu assalto com um chute no peito da mulher, a fazendo perder o equilíbrio novamente.

Sub-Zero avançou, e com a mão esquerda, agarrou a barriga dela. Conduziu a sua fria energia pelos dedos de sua mão, para dentro do corpo da oponente... E então espremeu, e sentiu o fígado da mulher explodir em cacos de gelo por dentro do corpo dela.

Ela arfou e tentou abrir a boca para gritar, mas a Dora fora tanta que não conseguia emitir nenhum som. Sub-Zero acabou com qualquer tentativa dela de falar dando uma cabeçada nela, rachando levemente o crânio dela.

Ela caiu no chão, praticamente inconsciente, e após um silêncio tenso na arena, Shang Tsung exclamou, com um leve toque de satisfação:

– ACABE COM ELA!

Sub-Zero pensou se ele continuaria tão satisfeito caso soubesse da missão do Lin Kuei.

O assassino agarrou o pescoço da mulher e a pôs de pé forçosamente. Ela bambeava e logo ia cair, mas Sub-Zero a firmou no chão com um repentino raio de energia congeladora nas pernas dela, criando um monte de gelo que cobria todo o seu corpo da cintura para baixo, em um pequeno monte. Ela ficou presa no chão, abraçada pelo frio. Sub-Zero canalizou a energia no seu braço quebrado, provocando uma dor imensa no mesmo enquanto forçava que o tal recuperasse o controle. Doía muito, mas pelo menos Sub-Zero conseguia movê-lo agora, ao congelar os ossos de seu braço e movê-los com a força de sua mente.

Ele agarrou a parte de cima da panturrilha da mulher, que estava livre do gelo. E seus músculos se retesaram ao trabalharem, e o braço direito de Sub-Zero ardeu com dor quase infinita. Mas finalmente, conseguiu, e um brutal som de rasgar ecoou no pátio.

Sub-Zero agarrava a parte de cima de Nithya, separada da parte inferior do seu corpo, com suas entranhas balançando de sua barriga rompida e sangue caindo como uma cachoeira das partes separadas.