Mortal Kombat - Uma Novelização escrita por EliminatorVenom


Capítulo 2
Capítulo 1: A Ilha Yin-Yang Johnny Cage


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoal! Finalmente a série REALMENTE começou! O que acharam dos lutadores? Qual é o seu favorito? Bem, de qualquer jeito, agora é a hora da viagem até a ilha!
A viagem iria correr normalmente, não fosse por um ator que acha que o torneio é apenas uma "competiçãozinha". Pobre coitado.

Boa leitura.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/584996/chapter/2

– Não acredito que você vai viajar NISSO. – disse o secretário de Johnny, fazendo uma careta.

Johnny analisou o “navio” que ia viajar. Não era nada mais do que uma barca, velha e cheia de cracas no casco. A barca era grande, isso o Johnny tinha que admitir, mas não parecia resistente.

Para manter qualquer intempérie afastada, foi construído um toldo de pano resistente sustentado por grandes varas de madeira. Embaixo desse toldo, tinham barris entupidos de víveres, bancos e algumas poucas mesinhas firmemente afixadas na madeira. Pratos, talheres e taças vulgares feitas de madeiras estavam guardados dentro de um armário de madeira apodrecida.

Algumas pessoas já tinham chegado lá. Johnny vislumbrou um rapaz asiático com bandana vermelha na cabeça, um cara fantasiado de ninja de cor preta e azul (“Algumas pessoas querem dar uma boa impressão” pensou Johnny), um homem mal-encarado com um implante cibernético no lado direito do rosto e um cara de moicano verde, que parecia ser punk. Outra coisa que Johnny reparou era que, enquanto todo mundo estava vestido de forma simples ou para combate, ele era o único que estava vestido arrumado: Johnny usava seu melhor terno: Terno, calças e sapatos azul-claros e uma camisa branca por baixo, além de uma gravata preta.

– Olha só, Johnny, lá só tem gente mal-encarada! Vamos embora... – insistiu o secretário.

– Eu só vejo companheiros de viagem. – disse Johnny, com decisão e certeza, sorrindo. O secretário grunhiu.

– Por que será que tenho a impressão que vai ser sequestrado?

– Por que será que tenho a impressão que você está paranoico? – ironizou Johnny, e em seguida sorriu. – Ah, calma aí Doug. O que será que pode acontecer comigo? Você me conhece, e sabe que minhas técnicas de chi não são falsas! Você pode ir embora, quando eu ganhar o torneio, eu te ligo!

O secretário olhou feio para Johnny, que sorriu. O secretário então entrou na Ferrari de Johnny e saiu dali.

(...)

Johnny descobriu o que poderia acontecer com ele, mais ou menos entre o espaço de tempo de quando foi chamado de “cachorro de Hollywood” e quando foi socado.

Ele tossiu sangue quando aquele homem de cabelos castanhos, que disse se chamar Kano, socou seu estômago com brutalidade. Ele não conseguia escapar, pois um dos amigos de Kano seguravam seus braços.

– Deixe de acanhamento, Cage! – debochou Kano – Mostre aí aquele chutinho seu... Como é o nome? Shadow Kick. – Kano riu, e seus outros dois comparsas riram também.

– Eu mostraria, se o idiota soltasse meus braços. – grunhiu Johnny, fazendo com que Kano lhe estapeasse a cara. Johnny cuspiu sangue, e voltou á encarar Kano.

– Ouvi dizer que toda a sua masculinidade vem dos seus óculos escuros, Cage! Isso quer dizer que nem tem saco, então não tem problema eu chutar a área, não é?

Os outros ocupantes do navio olhavam. O homem de chapéu de palha observou Cage, como se o analisasse. O ninja azul e preto ficou imóvel, observando a cena. O homem de moicano observou a cena, reprimindo risinhos.

– Claro que não tem... Desde que eu possa chutá-lo primeiro, imbecil! – exclamou Johnny, tentando chutar Kano. Mas Kano segurou-lhe a perna e deu uma cotovelada nesta, provocando um grito de dor da parte de Johnny.

– Heheh... Pelo jeito, é verdade o que dizem que atores só são fodas dentro dos filmes, pois você não deu desafio nenhum!

Um filete de sangue escorreu da boca de Johnny, e ele se sentiu enfurecido pelo o que Kano disse. Aquele idiota iria pagar caro pela ousadia... Mais tarde, mas, por enquanto, era Johnny que ia sofrer. Kano socou sua cara com força, e Johnny conseguiu desviar o rosto, mas o soco acertou-lhe a lateral da cabeça e o deixou zonzo, além de quebrar seus óculos.

– Sem palavras, atorzinho de meia-tigela? Deixe eu te dar mais algumas palavras, ou melhor: Gritos! – Kano ergueu a mão para socar Johnny, mas então, surpreendentemente, ele caiu sobre Johnny como tivesse sido lançado. O impacto derrubou tanto Johnny quanto o comparsa de Kano que o segurava. Johnny empurrou Kano para fora do caminho, e viu quem foi que atacara Kano. Era aquele asiático. Agora, o outro comparsa de Kano sacava uma faca e grunhiu:

– Vou destripá-lo, filho da...

Antes que terminasse a frase, Johnny se aproximou dele por trás e disse:

– Você não queria ver meu ataque? Aqui o meu... FLIPKICK! – no momento em que o homem começava á se virar, Johnny saltou, girando o corpo para trás e brilhando em energia verde brilhante. Ambos os pés de Johnny atingiram o queixo do homem, e este soltou um grito fraco e foi lançado ao ar enquanto grossas gotas de sangue saíram de sua boca, e ele acabou batendo a cabeça no chão da borda da barcaça. O ninja azul teve que desviar do homem, que voara em sua direção, e pareceu ligeiramente irritado por isso, mas se manteve quieto. Johnny então prosseguiu: - Não gosto de vulgaridade por aqui. Mantenha a boca limpa.

Kano e o seu companheiro restante começaram á se levantar, xingando. Mas o asiático correu até o homem e exclamou uma série de sons estranhos, como “IÁÁÁÁÁ!”.

Ele saltou até o homem, chutando o ar num movimento semelhante ao pedalar de uma bicicleta. O pobre infeliz foi atingido por múltiplos chutes seguidos e caiu no chão, muito baqueado para se levantar. Kano, vendo seus dois companheiros derrotados, tentou correr, mas Johnny bloqueou seu caminho e exclamou:

– Espere aí, vai sair na hora do melhor da festa?

Kano tentou empurrá-lo, mas Johnny chutou-lhe o estômago, o fazendo arfar, então Johnny gritou:

– Experimente a técnica mais poderosa do mundo! Chamo-a de Nut Cracker, a técnica Quebra Nozes!

Antes que Kano pudesse reagir, Johnny se abaixou rapidamente e socou sua virilha com toda a força.

Kano imediatamente levou as mãos até a área, soltando um grito fraco de dor, enquanto tremia por causa da agonia da dor. Johnny então se ergueu com um soco ascendente, que estalou no queixo do Kano e fez sangue sair de sua boca enquanto voou por alguns segundos, só para cair e atingir o solo com brutalidade.

O homem asiático que o ajudou se aproximou de Johnny e perguntou:

– Você está bem?

Johnny olhou-o e sorriu.

– Claro que estou... – mal disse isso, e seus óculos quebrados caíram no chão, divididos em dois. Por um momento, Johnny fez cara de desânimo até que se lembrou que estava preparado para uma situação como essa. Levou a mão até o bolso e pegou mais óculos escuros, e os colocou.

– Oh yeah! – ele disse, feliz.

O asiático o olhou, arqueando uma sobrancelha. Então ele estendeu a mão e disse:

– Sou Liu Kang, e você?

– Johnny Cage. Obrigado pela ajuda. – Johnny apertou a mão de Liu Kang.

– Não há de quê. Achei que precisaria de ajuda. – sorriu. – Ah, agora que lembrei. Você é aquele astro que fez sucessos de filmes de luta, não?

– Exato! É por isso que entrei no torneio, porque a mídia não larga do meu pé e todo mundo acha que minhas técnicas de chi são falsas. Mas eu digo que são verdadeiras! Se eu ganhar esse torneio, eu provarei que minhas técnicas são de verdade, e que não são efeitos especiais! EU sou os efeitos especiais! – ele disse a última parte desnecessariamente alto.

– Eu entrei para salvar o planeta de uma grande ameaça... – O rosto de Liu Kang ficou sombrio. – O torneio vai decidir o destino de Earthrrealm... E temo que, se não conseguir vencer o torneio, o nosso mundo esteja condenado.

Johnny o olhou, surpreso.

– Que brincadeira é essa, rapaz? – por um momento, Johnny ficou surpreso. Então ele pareceu ficar perplexo.

– Então... Então... Quer dizer que...

– Sim, Johnny. O planeta est-

– Então isso aqui tudo não passa de um filme de atuação! – Johnny exclamou, então riu. – Como fui idiota de não perceber isto antes! Tenho que admitir que o diretor foi um gênio! Devia ter percebido isso quando me convidaram, isso é um novo filme de luta! Aqueles caras que me espancavam deviam fazer parte do time de atuação, e eu devo ser o protagonista! E você deve ser o meu amigo ninja que vai me ajudar em todas as situações problemáticas! Nossa, como demorei para sacar isso! Acho que temos que chamar o diretor para repetir a cena, pois eu não sabia...

– Johnny. – Liu Kang o interrompeu, completamente perplexo. – Isso aqui é sério. É um torneio de combate mortal, que estamos arriscando as nossas vidas.

– Gostei do enredo! – disse Johnny, sorrindo. “Cara, eu devia ter tido uma ideia dessas antes! É genial!” – Bem, cadê o diretor?

Liu Kang pareceu estar meio divertido, meio irritado.

– Johnny... – Liu Kang disse lentamente. – Se isso aqui fosse um filme de verdade, você acha que os ajudantes de Kano o espancariam com tanta força assim?

Johnny parou e refletiu. Bem, era verdade. Então, isso queria dizer que...

–... Então isso aqui é um reality show de luta! – Johnny disse, finalmente entendendo. Liu Kang aplicou a palma da mão na própria cara.

“Esse facepalm foi merecido. Puxa, fui idiota de não ter percebido! Se isso fosse uma atuação, eles teriam batido em mim de levinho ou nem teriam” ele pensou “Um reality show de luta, com competições do mesmo gênero. Tenho que reconhecer que a ideia é original”.

– Reality show ou não, o que importa é que esse torneio é muito importante! – disse Liu Kang, parecendo frustrado. – Além disso, podemos sair mortos daqui.

– Bem, todos têm que correr riscos, não? – perguntou Johnny á Liu Kang. – E, de qualquer jeito, este reality já está no papo! De todos aqui, sou o mais charmoso, forte e hábil. Na porrada ou na cantada, eu me saio o melhor.

Liu Kang sorriu, divertido.

– Bem, mas a modéstia não está entre os seus talentos.

– Aí que você se engana! Posso não ser modesto, mas não exagero: Eu sou realista!

Desta vez, Liu Kang riu.

Ambos voltaram á se sentar nos bancos, sob os olhares curiosos de outros passageiros. A maioria os olhava de forma curiosa, mas o homem de chapéu de palha parecia estar levemente interessado, e o homem de moicano verde pareceu estar surpreso. Mas o ninja azul era completamente indiferente; No momento em que a luta acabou, ele simplesmente voltou a sua atenção ao mar.

– E então... – Johnny perguntou á Liu Kang. – Conhece algum desses nossos companheiros?

Liu Kang analisou os outros, e á alguns franzia a testa.

– Bem pelo o que pude ver, temos 10 neste navio. A maioria eu não conheço, mas reconheço ali uma mulher que já tinha ouvido falar. Um prodígio da Índia. Consegue cuspir fogo e veneno, pelo que ouvi dizer. E tem um ali que, pela armadura, parece ser um dos assassinos Lin Kuei. E aquele... – então ele arregalou os olhos, boquiaberto. O Johnny perguntou:

– O que foi?

Ele seguiu a linha de visão de Liu Kang, e olhou para o homem de chapéu de palha. Agora que Johnny o olhava direito, ele percebia que aquele homem tinha poder. Para reforçar as impressões de Johnny, ele tinha olhos que brilhavam em azul-elétrico.

– Quem é esse? – perguntou Johnny.

– R-Raiden! – disse Liu Kang, estupefato. – Reconheço-o dos desenhos shaolin. Ele é o aspecto japonês do deus dos raios.

– Peraí... – Johnny olhou para Liu Kang, incrédulo – Quer mesmo que eu acredite que ele é um deus?

– Lorde Raiden é um deus. E um poderoso, pelo o que ouvi falar. Seus poderes ultrapassam os poderes dos deuses dos quatro elementos... – Liu Kang começou á murmurar para si mesmo, e Johnny franziu a testa.

– Você realmente acredita que ele seja um deus? Cara, pensa aí. Você pode ter visto ele nos desenhos shaolin, e ele pode também ter visto, e então decidiu se fantasiar como esse Raiden, para dar boa impressão.

– Então explique os olhos dele e a aura de poder! – desafiou Kang. Johnny pensou um pouco, e então disse:

– Lentes especiais cheias de líquido fosforescente, e o poder, bem, ele pode ser alguém que treinou muito ou nasceu com talento, tipo eu! – Johnny falou com confiança, certo do que disse.

– Os humanos comuns sempre tentam arranjar explicações para as coisas sobrenaturais. – disse Liu Kang calmamente. – Mas as coisas são como são.

– Ei! – exclamou Johnny, indignado. – Não sou comum! Sou um superastro, rico e...

Antes de continuar á falar o quanto era legal e poderoso, Johnny foi interrompido quando a porta que levava ás cabines inferiores se abriu. De lá de dentro, um homem pálido, cheio de tatuagens saiu. O homem tinha um sorriso leve, mas ameaçador e perturbador. Seu sorriso não era sádico ou sequer psicótico, mas era perturbador por algum motivo.

Os poucos passageiros que conversavam ficaram em silêncio para ver aquela figura. O homem disse:

– Eu escutei certa agitação vinda daqui de cima. Gostaria de saber o que aconteceu, exatamente.

Seu olhar vagueou-se pelo barco, e viu um homem nocauteado, outro que lutava para se levantar, e Kano, que parecia estar um pouco machucado, mas mais enfurecido do que dolorido. E viu Johnny, que estava com manchas de sangue nas roupas e um lábio inchado.

– Vejo que aqueles quatro foram os feridos. – ele voltou sua cabeça para o convés inferior, e gritou: - DALLA! TRISTAN! Venham aqui! Tem quatro pessoas precisando de um pouco de ajuda. Dois estão razoavelmente bem, mas não posso dizer o mesmo sobre os outros dois! – então ele se virou novamente para os que estavam presentes. Seu olhar recaiu-se primeiro á Kano, depois á Johnny. – O que aconteceu?

– Nada demais. Estes três senhores aqui tentaram me espancar até a morte. – Johnny disse, apontando para o homem nocauteado, para o que lutava para ficar em pé e para Kano. – Fora isso, não houve nada demais.

– Compreendo. E não creio que sozinho tenha derrotado esses três? – o homem disse, analisando-o, enquanto Kano lançava um olhar de fúria para Johnny.

– Não mesmo. – concordou Johnny. – Eu poderia ter lutado contra os três, é verdade. – alguns passageiros deram risinhos, outros permaneceram indiferentes e Kano ficou indignado. – Mas tive a ajuda do meu bom amigo aqui. – ele deu tapinhas nas costas de Liu Kang.

– Já está fazendo amizades? – perguntou o homem pálido, com um minúsculo sorriso. – Se eu fosse você, não faria isso. É arriscado fazer amizades com potenciais inimigos. Por falar nisso, posso saber seu nome?

– Sou Johnny Cage, o cara mais ninja que você já viu!

– Ninja? – repetiu o homem pálido, como se isso o divertisse. – O conteúdo dos vasos sanitários parecem ser mais ninjas do que você aparenta... – alguns passageiros soltaram risinhos. – Mas, como dizem, as aparências enganam. Desejo boa sorte á você, Cage. Já que proporcionou um pouco de liberação do tédio que é esta viagem, o que ocorreu aqui não alcançará os ouvidos do anfitrião. Pelo menos, da minha parte. – mal terminou de falar isso, e Raiden ergueu-se, olhando para o homem pálido com desgosto.

– Quan Chi. Eu não esperava vê-lo aqui. – disse Raiden, com desgosto óbvio na voz.

– Nem eu esperava vê-lo, deus do trovão. Mas ambos estamos aqui, não? – disse o homem pálido, que pareceu estar ligeiramente surpreso e satisfeito pelo fato de Raiden estar lá.

– O que está fazendo aqui, feiticeiro? – perguntou Raiden, franzindo a testa.

– Ora, vim trazer um competidor do torneio. Vindo de Netherrealm, favorecendo o Outworld. – Quan Chi sorriu. – Não vou dizer mais nada. Quero fazer surpresa.

– Imagino quem seja. Algum daqueles dois fiéis cachorrinhos que mantém com você no Netherrealm?

Antes que Quan Chi respondesse, dois dos mais estranhos guardas que Johnny já viu apareceram. Vestiam túnicas, calças e botas beges de pano, e máscaras de metal divididas diagonalmente, com um lado negro, e outro lado branco. Ambos tinham lanças amarradas firmemente ás costas, e espadas curtas e curvas pendiam em seus cintos de couro.

Quan Chi olhou para os guardas, e disse:

– Levem os quatro feridos para serem tratados. E, Cage... – ele olhou para Johnny. – Você não deve fazer a menor ideia do que está acontecendo. Muito bem, só vou te dizer uma coisa: Lute bem, ou sua morte estará mais do que garantida. – com isso, Quan Chi se virou e entrou novamente no convés inferior. Os guardas ergueram os dois companheiros de Kano, e fez sinal para que Johnny e Kano os seguissem. Os guardas adentraram as cabines inferiores.

Lá era escuro e úmido, com a pouca luz vindo do sol que já estava se pondo, fazendo finos raios de luz adentrar o local através de frestas nas tábuas.

Os guardas prosseguiram, com as tábuas rangendo sob o peso de seus corpos. Os dois guardas os guiaram pelo corredor escuro até chegarem á uma porta desgastada e velha, com uma velha placa de bronze cheia de símbolos estranhos no batente da porta.

– Entrem. – disse um dos guardas, com uma voz cheia de sotaque. O sotaque dele era diferente de todos que Johnny já ouvira. Lembrava um pouco o sotaque japonês quando tentavam falar inglês, mas, mesmo assim, o sotaque era único. Johnny empurrou a porta, fazendo as dobradiças enferrujadas rangerem. A porta finalmente cedeu, e Kano passou por ela, pisando no pé de Johnny com todo o seu peso. Os guardas o seguiram, e depois que Johnny passou, a porta rangeu e fechou-se sozinha.

A sala a qual entraram cheirava á putrefação e á remédios. Uma mesa de madeira estava estendida no centro da sala, e alguns bancos estavam encostados nas paredes, e um armário estava cheio de bandagens e remédios.

“Pelo menos os remédios não parecem estarem estragados. Espera aí, então de onde vem esse cheiro?” Johnny decidiu não querer saber.

Depois de ter seus ferimentos tratados junto com os outros, Johnny saiu dali, aliviado por poder respirar ar puro de novo.

Johnny saíra por último, portanto, Kano e seus amigos já estavam quase na saída. Johnny continuou caminhando, até que escutou vozes vindas de uma das cabines. Normalmente, Johnny não se metia em assuntos alheios. Mas a conversa despertou a sua atenção:

–... Já sei disso, Shang Tsung. – disse uma voz, que Johnny reconheceu ser do homem pálido. O tal do Quan Chi.

– Espero que saiba mesmo, Quan Chi! – sibilou outra voz, que devia ser a do Shang Tsung – Se nós perdermos esse torneio...

– Sei o que irá acontecer, Shang Tsung. – disse Quan Chi. – Precisamos ganhar esse torneio, não importa o que aconteça. Muito bem, já tomei as medidas necessárias da minha parte. Convoquei um dos guerreiros mais ferozes do Netherrealm...

– Isso bastará contra o deus dos raios? – questionou Shang Tsung, interrompendo Quan Chi – Eu respondo: Não bastará. Devemos ser cautelosos, Quan Chi. Se Lorde Raiden ou aquele monge shaolin Liu Kang vencer, estaremos condenados!

– Primeiro não me interrompa. – disse Quan Chi, com a voz dura e fria como gelo. – Segundo, você superestima o deus dos raios. Na sua forma humana, ele é como qualquer outro. Terceiro: Você se esquece de todos os outros competidores.

– Os outros não são importantes. – retrucou Shang Tsung – Vão ser esmagados como insetos.

– Você é um imbecil se acha que isso é verdade. – disse Quan Chi irritado – O assassino Lin Kuei já derrotou os quatro deuses elementais. O ator faz parte de um antigo clã celta que fazia sacrifícios á deuses que, como recompensa, davam energia á eles.

Johnny congelou. Como assim, ele fazia parte de um clã celta que fazia sacrifícios?! Que ele tinha raízes celtas, ele sabia disso. Mas que fazia parte de um clã sinistro que fazia macumbas para ganhar poderes? Disso ele não sabia.

Então ele se lembrou de que aquilo era um reality show. Provavelmente, era uma história inventada pelo tal de Quan Chi.

Porém, como é que ele sabia que Johnny tinha origem celta, sendo que perguntara qual era o nome dele, ou seja, nem conhecia Johnny? Decerto Johnny parecia celta ou tinha sequer sotaque celta. Ele era americano, e tinha o inglês americano. A única explicação para que o cara, chamado de feiticeiro pelo Raiden, soubesse disso era...

–... Ele me pesquisou no Google. – Johnny murmurou entredentes, baixo demais para Quan Chi ou Shang Tsung o escutarem.

A partir daí, começaram á conversar sobre competidores, sobre como as lutas provavelmente seriam. Johnny viu que não adiantava mais ficar lá. Talvez Liu Kang se interessasse por aquelas notícias.

Quando voltou á sentar no banco, do lado de Liu Kang, ele o olhou e perguntou:

– O que foi Johnny? Não está com uma cara muito boa.

Johnny olhou ao redor, e ao ver que ninguém prestava atenção á conversa, ele confidenciou á Liu Kang tudo que escutara. Liu Kang ficou em silêncio na maior parte da narrativa, e ao terminar, ele pareceu estar preocupado.

– Devíamos falar isso para Lorde Raiden.

– Falar com o carinha de chapéu de fazendeiro? – Johnny olhou para Raiden – Você acha que ele vai nos ajudar?

– Lorde Raiden é bondoso, e irá nos ajudar como puder. – assentiu Liu Kang, sério.

– Okay, se você acha que irá nos ajudar... – disse Johnny, em dúvida.

Eles caminharam até Raiden. Ele estava olhando para mar tranquilamente, parecendo sereno. Johnny pigarreou, chamando a atenção de Raiden. Raiden virou a cabeça, e olhou para os dois.

– Lorde Raiden. – disse Liu Kang, fazendo uma reverência. Johnny continuou olhando para Raiden. Johnny ficou imaginando se um cara que parecia tão poderoso, altivo e sem idade poderia mesmo ser um deus.

Ele decidiu que não.

– O que desejam? – perguntou Raiden, curioso.

– Lorde Raiden, Johnny Cage, este que está do meu lado, ouviu algumas coisas bastante... Interessantes sobre o torneio. Diga para ele, Johnny.

Johnny hesitou por um momento, e então falou tudo. Raiden ficou em silêncio, sem sequer piscar, enquanto Johnny prosseguia com a história. Ao terminar, Raiden ficou em silêncio por alguns momentos e disse, com ar sombrio:

– Isso apenas confirma o que eu desconfiava. – Raiden os olhou, parecendo ficar subitamente decidido – Nós precisamos nos unir. Earthrrealm não terá chance nenhuma contra Outworld se eles continuarem á arranjar lutadores para eles. Johnny, você tem alguma noção de quem seja esse lutador? Alguma menção, qualquer coisa?

Johnny pensou um pouco.

– Acho que não. E, de qualquer jeito, você não acha que esse lutador já não pode ser um dos que estão aqui presentes?

Raiden refletiu. Então assentiu lentamente.

– É possível... Nenhum dos que estão aqui presente parece com algum edeniano, tarkatêano ou qualquer outra raça de Outworld. Mas tudo é possível em Outworld, e alguns edenianos parecem-se muito com humanos comuns.

Para Johnny, aquilo tudo era grego.

– Agora, você pode me fazer o favor de me explicar o que diabos ele falou? – ele perguntou para Liu Kang. Obviamente, ele foi ignorado.

A viagem prosseguiu com calma. Conversando, Johnny descobriu que Liu Kang realmente era um monge shaolin, que Raiden era o guardião de Earthrrealm (“Ideias boas para um reality” pensou Johnny), que Quan Chi era um homem nascido no Netherrealm, uma dimensão infernal, e que Shang Tsung, o anfitrião do torneio, era um feiticeiro que roubava almas.

Em um determinado momento enquanto Johnny gabava-se de um dos filmes que fizera, Liu Kang estreitou os olhos e se levantou e disse entredentes:

– Ei, pessoal, vejam só...

Johnny e Raiden se levantaram indo ver o que estava acontecendo. Alguns dos outros já tinham se levantado, e o restante começava á perceber que todos se levantavam.

Johnny agarrou-se á amurada, e ficou boquiaberto.

– Caralho... – Johnny murmurou, sem palavras. Já anoitecera, e á frente deles, não muito distante do navio, se encontrava uma ilha. A ilha parecia um típico paraíso californiano: Árvores e plantas recobriam a maior parte da ilha, montanhas perfuravam a ilha. Detrás de uma das montanhas, fumaça se elevava até o céu, e uma grande mansão era visível, bastante próxima do local de onde a fumaça se elevava. A praia era bastante simples, mas bonita á seu próprio modo. A praia era bastante simples, parecida com as praias comuns, exceto por um cais tão velho e gasto quando a barcaça na qual navegavam.

O luar refulgia sobre as montanhas, e fazia a ilha inteira brilhar com beleza. Johnny murmurou:

– Que lugar é esse?

Raiden respondeu:

– Esta é a Ilha Yin-Yang. A Ilha onde a maioria de nós irá morrer.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E aí, o que acharam? Deem suas opiniões!

No próximo capítulo, com o POV de Johnny Cage (ainda):
"... Johnny podia se enganar, mas o homem lá sentado era um velho"

"- Você trincou meus óculos! - queixou-se Johnny"

"- Nunca vi alguém mais cara de pau do que você, Johnny - Liu Kang disse sorrindo"



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Mortal Kombat - Uma Novelização" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.