O dia está chuvoso, os céus estão negros, mas nada se compara a como todos estamos, finalmente depois de derrotar a Tartarus, estamos em casa, nos recuperando de tudo que aconteceu... Foram tantas coisas... No fim, ninguém saiu ileso... O que dizer quanto à mim e Natsu?-Suspiro-. Tanta água desce dos céus, mais não importa mais, afinal de que adianta tanta água se não posso chama-la? Aquarius... Como sinto sua falta! Pego a chave que já foi de minha querida mama, sinto seu metal, que antes era quente e confortável e que agora está frio , sem vida. Levo a chave ao coração e então varias lembranças me preenchem, enquanto o precipício de saudades aumenta, me sugando. Até que no sumo desespero, o que me resta é lamentar.

– Aquarius, sinto muito sua falta, minha amiga!- Gritei, engasgando graças a vontade de chorar, que neguei.

– Por favor, me mande um sinal de que ainda se importa comigo!- Disse soluçando baixo, sem que uma única lágrima escorresse

A chave de Aquarius começou a brilhar em meio a meu peito, finalmente a velha sensação da chave voltou, tudo o que conseguir fazer foi pressiona-la contra o peito, enquanto a chave brilhava cada vez mais, até que um globo de luz se forma em torno da chave e solto-a, vendo flutuar bem à minha frente.

– Estenda sua mão, pirralha!- Disse Aquarius, com uma voz engasgada por solidão

Aquela era a voz de Aquarius?! Finalmente ouvi a voz de minha amiga novamente! Meu corpo se moveu sozinho e quando dei por mim, estava abraçando o globo de luz, mas a voz ressoou.

– Lucy... Por favor, não tenho muito tempo, apenas estenda as mãos.- Disse com voz de cansada

Novamente meu corpo se movia só, talvez porque meu coração sabia que aquilo poderia ser seu último pedido. Minhas mãos estavam estendidas, minha cabeça abaixada, não iria aguentar me despedir novamente. Um pequeno brilho se formava em cima de minha mão, até que um pequeno peso caiu sobre minha mão direita.

– Levante essa cabeça, droga!- Disse com voz de choro.- Senão será impossível aproveitar meu sinal!- Disse com uma voz de sorriso amargo

Meu coração desparrou, ela havia me ouvido e dado um jeito de se manifestar...

– Obrigada.- Disse levantando a cabeça, apenas para contemplar o brilho sumir e encarar a carta que estava em minha mão

De imediato resolvi abri-la.

Para minha querida, pirralha!

Lucy, como é solitário estar sem você.- Para mim também, Aquarius!–. Por vezes desejei não tê-la como dona, que morresse.- Não ligo, sempre te amei e sempre vou te amar!.-, que não fosse tão parecida com sua mãe...

Quando sua mãe morreu, meu coração morreu junto.- Sei como se sentiu, afinal também me senti assim.-, ela simplesmente, não tem como descrever, foram anos sem ser invocada, sem ter um mestre, anos de solidão, todo esse tempo que passei só, foram péssimos, á fim de suprir essa solidão, comecei a namorar Scorpio, era uma ótima escapatória, amar.- Tudo o que conseguir fazer foi apertar a carta com a ponta dos dedos. Todos os sentimentos estão fluindo até mim, era esmagador.- Daí, quando menos esperava, enquanto contemplava o céu. Uma doce e sútil voz me chamava, meu coração só ardeu assim duas vezes, a primeira foi quando você me chamou pela primeira vez.- Minha garganta doía, as lágrimas lutavam para conseguir liberdade, mas impedia-as.- Assim que passei pelo portal, uma surpresa, mista de alegria e tristeza me olhava com olhos cheios de entusiamos e alegria.- Você lembra.....- Pela primeira vez a voz de Lucy muda da amargura para felicidade emergida em nostalgia.- Ao olhar para você, tive certeza que meu último contrato havia valido à pena. Jurei por toda eternidade proteger os descendestes da Layla.- Minha garganta fechou e esquentou, algo gritava em meu subconsciente, mas eu abafava o grito.- Quando criança você vivia me chamando, mesmo nos dias que não deveria! Mas quer saber? Adorava passar aquele tempo com você.- A confusão me consumia, jurava que ela odiava ser chamada, mas parece que no fim, estava errada.- Um sorriso amargo se forma no rosto de Lucy. Mas ao mesmo tempo doía, doía muito. Ver seu rosto, que é a copia de sua mãe. Muitas vezes tive vontade de passar a mão em seu rosto, mas isso apenas iria me ferir mais.

Os anos se passaram, e vi você crescendo, se tornando uma ótima pessoas, um pouco chata, mimada, chorona, mas mesmo assim, minha melhor amiga.- Aquarius...- Choramingou.- Muitas batalhas vencemos juntas, ou melhor todas, certo?.- Sim, todas!- Disse Lucy, perto do seu limite.- Lucy, quero me desculpar por todas as vezes que saía... Simplesmente era doloroso, mas devo admitir, toda vez que era invocada, me sentia orgulhosa, pois você me chamava de sua aliada mais poderosa, como aquilo me enchia de orgulho!.- Ainda hoje você é!- Murmurou Lucy.- Claro, nunca te abandonei, só saía quando achava que o trabalho era pequeno e que os outros espíritos conseguiam dar conta! Porém, quando via que a situação era perigosa, entrava em ação, com a fúria de todos os oceanos, afinal, ninguém te bate sem ser eu!.- Só você mesmo para dizer isso, Aquarius.- Sorriu Lucy, como válvula de escape, enquanto a voz de seu subconsciente gritava cada vez mais alto.- Como já disse antes, vi você crescer e evoluir, como fiquei feliz quando vi que você podia chamar dois espíritos, aquilo significava que você estava se tornando cada vez mais forte! E é assim que você tem que ser, para representar a magia celestial! Sabe, sempre ficava com ciúmes quando você conseguia outro espírito estelar, aquilo significava para mim o esquecimento, sempre ficava como última escolha, porque você tinha medo!.- Nunca te esqueci! Não tem como esquecer minha melhor amiga, certo?- E pela primeira vez um sorriso se forma em seus lábios.- Era ótimo ver o tamanho de confiança que você tinha em mim, sempre que era invocada, suas esperanças dobravam e aquilo me dava forças.- Corrigindo: a confiança que ainda tenho!- Disse Lucy sarcasticamente.- Um pouco de felicidade estava tomando conta de Lucy.- Lucy, vou lhe contar meus últimos pensamentos.- Meu coração gelou.- Quando vi aquele demônio e o que ele pretendia fazer à você, não conseguir ficar parada! Meu braço ardia e estava dormente, aquela foi a primeira vez que aquilo me acontece em décadas, mas não se culpe. Você já não tinha poder mágico, mesmo assim, com todo meu próprio poder iria te proteger! Infelizmente, aquele maldito era muito forte! Droga! Não havia outra solução senão chamar o espírito Rei. Acredite ou não, pensei muito antes de te dizer que era possível chama-lo... Não iria aguentar ver você se culpar, por sacrificar algum de nós. Então pedi para que sacrificasse minha chave....- E então finalmente o grito foi ouvido. O grito que dizia que ela havia se sacrificado por amor.- Acredite, aquela foi a decisão mais difícil que já tomei! Quando vi que você aceitou, fiquei feliz. E pela segunda e última vez meu coração ardeu, porque seria aquela a última vez que veria você, a minha despedida. Para dizer a verdade, aquela foi a primeira vez que chorei... Acho que a solidão é meu castigo. Primeiro foi quando sua mãe morreu, a segunda quando você ficou sete anos dormindo!.- Aquarius... Não foi porque quis.- Disse com tristeza.- E a última, foi quando vi pela última vez. Lucy, nunca deixei de pensar em você, espero que saiba disso! Porque fazer essa carta e traze-la para ti, foi uma missão quase impossível!

Quando finalmente minha chave foi quebrada, enquanto voltava para o mundo celestial com o coração em chamas, todos me esperavam no entrada do portal, mas não queria falar e nem pêsames de nenhum deles, sabe por quê? Porque sei que um dia você vai dar um jeito de concertar as coisas! Afinal, você é Lucy, minha mestra, filha de Layla e minha melhor amiga. Nada é impossível para você, minha pirralha.

E assim a carta começou a brilhar e a desaparecer, enquanto Lucy tentava inutilmente agarrar a luz e refaze-la como carta, até que finalmente foi possível ver lágrimas em meio as gotas de chuvas.