Nephilins - Interativa escrita por Rorschach


Capítulo 6
Capítulo 6 - Despedidas


Notas iniciais do capítulo

Já sei que o galerê vai ficar puto comigo porque esse capítulo nem teve personagem de ficha direito, BUT, eu sou assim galerê, entendam s2
As vezes acabo me focando muito na história e acabo deixando alguns personagens pra outros capítulo. Pra vocês terem noção, teve personagem que nem apareceu ainda, e a fic já ta no capítulo 6(puta recorde pessoal -q).
Anyway, espero que gostem do capítulo õ/



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Assim que Zach saiu do prédio onde morava Alice, ele olhou para o céu e percebeu como o tempo havia fechado somente em um ponto em específico. Ele estava caminhando pelo terreno do prédio — felizmente Alice morava em um condomínio de luxo, e por isso haviam várias áreas verdes no local.

As meninas estavam no terraço do prédio, observando enquanto ele andava. Liev estava sentada na cadeira de praia em que estava Alice anteriormente e ela por sua vez estava em pé juntamente com Nora, que logo depois saiu novamente para se encontrar com Zach.

Mas antes que ela pudesse chegar, um forte raio atingiu o chão a poucos metros de Zach, fazendo com que ele levasse a mão aos olhos, se protegendo do clarão. Quando ele voltou a abri-los, ele viu a figura de Miguel, no entanto, bem diferente da habitual. Ele usava a armadura celestial dos anjos cobrindo o seu tórax, mas tinha os pés descalços e os braços nus, estava coberto de poeira, suor e sangue demoníaco, viscoso e preto sobre a armadura.

Zach se esqueceu de que agora eles eram inimigos e correu em sua direção, quando percebeu o quão fraco Miguel estava. Grandes olheiras se projetavam ao redor dos seu olhos e ele apresentava sinais de cansaço, assim como os talhos de espada em sua armadura. Mas antes que Zachary pudesse se aproximar de Miguel, ele levantou uma das mãos, pedindo para que ele se afastasse, Miguel era um guerreiro afinal, e como igual, deveria ser orgulhoso sobre seus ferimentos em batalha.

— Ei, o que aconteceu? — Perguntou Zach, desesperado.

Antes de responder, no entanto, Miguel suspirou, dando uma olhada mais profunda nos olhos de Zach, e depois estalou os dedos, fazendo com que uma cadeira de praia azul e branca surgisse as suas costas, e sentou-se. Esticou o braço para o lado, fazendo surgir uma garrafa de uísque em uma pequena mesa de centro, era uma garrafa preta, com detalhes em dourado.

— Uísque, envelhecido cinquenta anos — Disse Miguel, levantando a garrafa e enchendo dois copos com o líquido. — Me acompanha?

Zach não havia entendido nada, por um momento achou que Miguel estivesse delirando, mas quando o arcanjo estalou novamente seus dedos, fazendo outra daquelas cadeira de praia, Zach se sentou pegando o copo, e deu um gole na bebida. Sentindo o gosto forte do álcool na boca, ele olhou para Miguel.

— O que aconteceu? — Perguntou, curioso.

Miguel não respondeu de imediato, apenas olhava para a lua no céu por cima do prédio onde as meninas estavam, e nesse momento Zach se perguntou o que elas estariam pensando ao ver dois anjos conversando enquanto bebiam uísque sentados em cadeiras de praia. Mas tirando isso, a paisagem era realmente bonita.

— Nada importante.

— E você viria até aqui, para falar com um caído, por nada? — Questionou Zach.

— Na verdade não, mas já que você se importa tanto, eu vou dizer. — Ele deu mais um gole, sentindo o álcool passar pela garganta, forte demais. Era relaxante. — A notícia da sua queda se espalhou, sabe? Querendo ou não, você tinha muita influência no céu. Os anjos gostavam de você e abraçavam seus ideais.

— E o que isso tem a ver com sua aparência?

— Muita coisa. Eu disse, não disse? Você era influente. Quando os demônios souberam da sua queda, eles souberam imediatamente que essa seria a melhor hora de atacar os que haviam ficado fracos com a sua queda, e isso me inclui. E a propósito, quantos anjos você trouxe com você? Sei que a Bina veio. Droga, ela era uma das nossas melhores estrategistas. — Riu Miguel.

— Três vieram comigo, eles vieram mais cedo e reuniram os nephilins, eu só consegui vir mais tarde, quando realmente não havia chance de convencer o conselho. Mas isso não vem ao caso — acrescentou rápido — você não disse o que aconteceu ainda.

Miguel olhou bem fundo nos olhos de Zach, antes de mudar sua atenção para o copo em sua mão, e logo depois depositá-lo na mesa junto a garrafa, ele cruzou os dedos, e disse:

— Uma emboscada dos Sete enquanto eu vinha para cá. Nada que eu não daria conta. — Miguel piscou para Zach e ele soube que era verdade, Miguel era um dos arcanjos mais fortes, ele havia expulso o próprio Lúcifer do céu, durante a grande guerra. — Apesar de que, não eram mesmo sete, foram somente quatro dos príncipes que me atacaram, e a Estrela da Manhã nem estava entre eles.

Zach agora olhava para a lua, observando o astro enquanto dava pequenos goles na bebida e ouvia as palavras de Miguel, e este, prosseguiu:

— Eu estou cansado, Zachary.

Zach voltou seu olhar para Miguel, e percebeu que o arcanjo estava sendo sincero, provavelmente as olheiras que o arcanjo tinha eram causadas pelo stress, e não pelas batalhas. Anos e mais anos haviam se passado desde a grande guerra da Estrela da Manhã, mas mesmo assim eles nunca haviam parado de batalhar, era uma guerra que já havia durado o que tinha que durar, mas que a cada dia parecia ser mais e mais prolongada, e assim ela ia se arrastando.

— Eu sei, Miguel, eu também, mas eu sinto que posso pelo menos proteger essas pessoas! — Falou Zach, se referindo aos Nephilins. — A guerra não chegou para elas ainda, eles são frutos da nossa guerra, eles não fizeram nada!

Miguel sorriu ouvindo as palavras de Zach, um sorriso fraternal, que os pais dão para os filhos quando percebem que eles fizeram a coisa certa.

— Eu sei disso, Zach, eu sei. Mas não é sobre isso que eu vim falar com você, eu vim como irmão e amigo, não como comandante das tropas celestiais.

Zach olhou para Miguel mais uma vez, ele mantinha seu olhar na mesma direção que antes, mas quando Zach virou o olhar em sua direção, ele percebeu que Miguel não olhava para a lua, e sim para Liev. Zach olhou ambos, e deu um ligeiro sorriso.

— É ela, não é? — Perguntou Zach.

— Sim... Ela se parece muito com a Vicky.

— E como parece, ela tem a personalidade da mãe.

— Sério? — Perguntou Miguel, como se dissesse que aquilo era impossível.

— Muito, ela me conhece a menos de uma hora e acho que já me odeia.

Ambos riram quando Zach disse aquilo, foi um momento de descontração que acontecia poucas vezes em um momento como aquele, era necessário aproveita-lo.

— E imagino que aquela deva ser a Alice? — Perguntou Miguel, apontando o indicador para a menina de cabelos roxos.

— Sim... — Diferente de Miguel, apenas um sorriso fraco e um olhar triste podia ser visto no rosto de Zachary.

— Imagino o que os anjos diriam se soubesse que um dos melhores comandantes do céu se tornou um caído e evitou um massacre por causa de uma única garota. Você ainda lembra de como chamávamos você no início?

— Ah, se lembro. Zachary, o Impulsivo. Esse apelido me faz rir até hoje. Mas você sabe muito bem que eu não evitei nada, e muito menos por causa de uma única garota. Mas você sabe, Miguel, eu fiz uma promessa, e devo cumpri-la.

Miguel nada respondeu a isso, apenas continuou com um pequeno sorriso no rosto, e assim permaneceram por algum tempo, bebendo e lembrando-se do passado, o bom de ser um anjo era nunca ficar bêbado, Zach percebeu isso depois de alguns copos de uísque.

Miguel se levantou da cadeira, e Zach fez o mesmo. Com ambos em pé, Miguel deu alguns passos, sentindo a grama e o vento ao seu redor. A única iluminação no local além dos postes de luz eram as asas de Miguel, que ele havia aberto agora mais uma vez.

— Bem, Zach, isso foi divertido, há anos eu não fico relaxado assim.

— Sim — Zach começou a andar ao lado dele — com tudo isso acontecendo, a gente acaba esquecendo dessas pequenas coisas. É irônico, não? Nós vivemos anos e anos, e mesmo assim aproveitamos tão pouco.

— Verdade... — Miguel olhou para Zach mais uma vez, que mantinha seus olhos em Alice. — Sabe, Zach, Salatiel falou comigo.

Zachary não esperava isso, Salatiel era um dos arcanjos que havia sido também contra a guerra, mas desde a batalha da Estrela da Manhã, ele não era mais visto por ninguém no céu, os anjos nem mesmo sabiam de seu paradeiro, e diziam que ele havia abdicado de seu lugar na hierarquia angelical, assim como uma vaga no conselho, e então foi as terras além do sétimo céu, onde as guerras ainda não haviam atingido, e lá ele passava a eternidade orando pelo povo, tanto da terra quanto os anjos do céu.

Zachary ficou perplexo no início, e pensou em perguntar do que se tratava, mas após pensar um pouco, ele nem precisava, conhecendo Miguel, sabia muito bem sobre o que Salatiel havia conversado com ele.

— E você pretende aceitar a proposta? — Perguntou Zach, voltando a olhar a lua.

— Sim, na verdade, Zach, eu só vim me despedir, só peço que não conte pra ninguém o que eu vou fazer, você sabe como as informações correm por aqui. — Ele sorriu e se aproximou de Zach, colocando os braços nos ombros do garoto. — Eu vou sentir sua falta, Zach, você era como um irmão pra mim.

— Eu também, você sempre foi como um irmão mais velho, sabe, de verdade. — Eles se abraçaram, e Zach se permitiu chorar pela primeira vez em muitos anos.

— Vamos lá Zach, isso não é uma despedida de verdade, você pode me visitar se quiser, eu sei que Salatiel vai permitir. — Disse Miguel, sorrindo.

Eles se afastaram, com Zach secando as lágrimas com as costas da mão, se sentindo um pouco culpado e envergonhado por chorar logo agora.

— Sobreviva, irmão. — Disse Miguel, apertando fortemente a mão de Zach e começando a se afastar.

Miguel parou pouco antes do lugar onde ele havia chegado, se virando, como se esquecesse de algo.

— A propósito, como você soube que Salatiel havia me feito uma proposta? — Perguntou ele sorrindo, curioso.

— Algum tempo atrás ele havia me feito uma, mas — Zach se virou, olhando para uma menina sonolenta de cabelos roxos que observava a cena, sem a animação e a adrenalina inicial — eu tenho coisas que me prendem aqui. — Finalizou, mas quando se virou para olhar Miguel novamente, ele já havia ido.

Zach soube que dificilmente ele encontraria Miguel outra vez, ele tinha ido ao encontro de Salatiel nas terras além dos sete céus, um lugar onde somente aqueles que eram escolhidos pelo arcanjo poderiam entrar, era um lugar de paz, sem a violência e a guerra que cercavam os homens e os anjos. “Talvez ele possa finalmente ser feliz” pensou Zach, enquanto sorria, ele deu mais uma olhada em Liev, que parecia desinteressada com a situação, “não é, Vicky?”, Liev lembrava muito uma pessoa para Zach, mas não era hora dela saber disso ainda, a hora certa chegaria.

***

— Você tava chorando? — Perguntou Liev quando viu os olhos vermelhos de Zach, assim que ele havia acabado de voltar para o terraço, encontrar com as garotas.

— Quê? Nada a ver, você tá vendo coisa. — Respondeu Zach, sem jeito.

— Ei, ei, Alice, acorda, o seu anjo estava chorando. — Exclamou Liev, cutucando uma Alice sonolenta deitada em uma cadeira de praia.

— Hã? Ah, bom, sim, Live, muito bom. Continua. — Alice disse, mexendo-se na cadeira, provavelmente ela não havia ouvido nada que Liev tinha dito.

— Eu já disse que não tava chorando, tá bom? Já deu. A propósito, o que você tá tomando aí? — Zach tratou logo de mudar de assunto quando percebeu o copo sobre uma pequena mesa ao lado dela.

— Não que te interesse, mas é só refrigerante.

— Me dá um pouco aí. — O gosto do whisky na boca de Zach estava começando a incomodar, era um gosto forte, de álcool e despedida.

— Eu não, vai buscar. — Respondeu ela, de imediato.

“Previsível” pensou Zach, sorrindo.

— A propósito, você não me é estranho, assim como o cara que acabou de sair.

— É mesmo? Eu acho você bastante estranha, se quer saber.

Liev respondeu dando um soco no braço de Zach, embora não com a intensidade que ela poderia, mesmo assim havia deixado o braço dele dolorido.

— É sério. A propósito, você não se apresentou, isso é uma puta falta de educação.

— Negar comida é pecado. E aí? Chegamos num impasse.

Liev limitou-se a rir, assim como Zach deu um ligeiro sorriso, ele olhou para Liev e Alice outra vez, e depois voltou seu olhar para a lua novamente, mas Liev tinha razão, com tudo aquilo que estava acontecendo, ele não se lembrou de se apresentar, ele pensou por um momento, pesando se ele deveria realmente fazer isso, mas por fim, ele se apresentou devidamente.

— Zachary. Meu nome é Zachary.

A visão da lua de Zach foi mudada rapidamente quando o copo de Liev caiu e se estilhaçou pelo chão. A cabeça dela latejava e parecia que iria explodir, Liev levou ambas as mãos à cabeça, como para impedir isso, e por fim, ela se lembrou de fragmentos de memórias que não pareciam nem mesmo pertencer a ela.

Se lembrou de uma imensa mansão, as paredes eram brancas e decoradas com imensos quadros assim como vários vasos de flores decoravam o salão, mas ela não reparava nisso, e sim na imensa figura que se erguia sobre ela, Liev soube por algum motivo que ela não estava vendo o futuro — ela não tinha essa habilidade —, e sim o passado, o seu passado, de alguma forma.

A imensa figura que se erguia à sua frente tinha a aparência totalmente coberta pela sombra da noite, mas ela conseguia distinguir a silhueta, e ela soube, tinha total certeza de que era a silhueta de um anjo. Aos seus pés, ela viu um corpo de uma mulher com seus vinte e cinco, talvez trinta anos, seu corpo jazia inerte sobre o chão, e o sangue extremamente vermelho escorria sobre o piso fazendo um contraste com o enorme vestido branco que usava.

Apesar da cena, a única coisa que ela conseguia ouvir era os gritos desesperados de dois jovens do outro lado da sala, quando ela se virou, conseguiu ver que eram Zach e Miguel, estavam tentando se desvencilhar do aperto de seis enormes anjos que os seguravam, dois seguravam Zach, enquanto haviam sido necessários quatro para segurar um Miguel furioso.

Quando ela olhou diretamente para o rosto de Zach, ela conseguia sentir todo o desespero em suas feições e sua voz enquanto ele gritava, mas nada podia fazer. Quando ela voltou sua visão para o anjo a sua frente, ele brandia uma espada que parecia jorrar fogo da lâmina, e ele desceu a enorme arma sobre ela, e então, escuridão.

Liev acordou com o som de uma Alice desesperada que dizia que deveriam leva-la ao hospital, ela se levantou um pouco, ainda com a cabeça doendo, e respondeu que não precisava de nada disso, ela estava bem. De alguma forma, ela estava bem.

Quando ela olhou para o outro lado, conseguiu ver o rosto de Zach e Nora, eles pareciam preocupados com o que havia acontecido com ela. Eles suspiraram aliviados quando ela se levantou totalmente, e ela percebeu que continuava a encarar Zachary, por isso mudou seu olhar de direção e sentou-se na cadeira de praia de Alice.

— O que aconteceu?! — Perguntou Alice, ainda preocupada.

— Nada, não aconteceu nada. — Liev olhou de relance para Zach, e percebeu que ele conversava com Nora, e pelo o que viu, parecia ser importante. Ambos vieram em direção a Liev e Alice, preocupados.

— Não sei o que aconteceu com você, mas temos que sair daqui. — Disse Nora, tentando ser o mais gentil que pudesse.

— Porquê? — Perguntou Alice.

— Enquanto o Zachary conversava com o Miguel, eu recebi uma ligação da Base, parece que um grupo de nephilins foi atacado por um príncipe do inferno, e um deles está bastante ferido, nós precisamos ir até eles imediatamente.

— Base? Onde fica essa base? — Recrutou Alice.

— Não é longe daqui, são algumas horas de viagem, mas temos que ir, é o único lugar seguro agora. A Liev pode se recuperar no trajeto. — Nora se virou novamente para Zach. — Parece que a guerra já começou. — Disse, preocupada.

— Sim... Já começou.


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Notas finais do capítulo

“Tio Rorschach, anjos não iam beber, eles são símbolos de pureza e etc.” Filhão, na minha história eles tem o direito de tomar uma bebidinha, faloussssss.
Mas sério agora gente, não sei se vocês perceberam, então vou deixar mais claro aqui: nessa história em específico, os anjos possuem personalidade(principalmente), história, sentimentos e uma sociedade diferente. Ponto. Então, para se divertir com a história, imaginem que eles são humanos, só que mais fodas, sacaram? –q
Principalmente porque eu não escrevo sobre religião, eu tô escrevendo uma ficção, e graças ao ser superior em que vocês acreditarem(ou não), isso dá ao autor a liberdade de escrever o que quiser, e liberdade é a melhor coisa que existe, por isso eu posso escrever sobre anjos e demônios com personalidade, que é algo que não existe na bíblia, torá ou corão, bjs õ/
Comentem, críticas são sempre bem vindas e também serve pra eu ter uma noção das pessoas que estão acompanhando a história de verdade, flw õ/