The suicide Generation. escrita por Anna Englert


Capítulo 4
Family Reunion.


Notas iniciais do capítulo

Agora o circo está se fechando, e como à pedido de Effy, todos os quais era ligada estarão presentes no mesmo lugar. Mas e depois? Qual é o seu desejo? O que ela quer, afinal?



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Narração por Sketch.
Me levantei bem cedo, lá pelas 05:40. Não conseguia mais dormir, minha cabeça girava e meu corpo pedia arrego, mas nem o sono poderia ajudar no momento. Maxxie dormia tranquilamente ao meu lado, e por alguns segundos eu me dediquei à observar seus músculos se contraindo conforme se mexia, e a diferenciar o intervalo entre a respiração.
É estranho falar de Maxxie como meu namorado, porque sinceramente, a última pessoa do mundo que até então eu teria certeza que eu nunca me envolveria, serie ele. Ele é constante, diferente, e desde o Ensino Médio, fugia de mim, da minha personalidade. De repente, de um dia para o outro, em uma tarde de Outono, Maxxie bateu na porta do meu apartamento, me puxou pela cintura e começou a me beijar com paixão, fizemos sexo ali mesmo, no chão da sala e, desde então, ele nunca mais foi.
Senti a água quente tocar meus ombros e se espalhar pelo meu corpo, causando uma sensação de conforto interior. Me lavei, e não demorei à sair.
Assim que voltei para o quarto, Maxxie já não estava na cama, fui até o guarda- roupa e procurei por uma calcinha, peguei a primeira que vi, me vesti com uma de suas blusas e fui até a cozinha, e lá estava ele, com o cabelo bagunçado, calças abaixo da cintura, sem camisa e com um sorriso encantador.
–Bom dia!- Ele me disse. Parecia entusiasmado.
–Bom dia. - Eu respondi, me sentando na cadeira mais próxima.
– Dormiu bem?- Ele me perguntou. Ainda com um tom de entusiasmo.
– Dormi. - Dei uma risadinha. - Você parece animado. O que foi?
– Nada, é.. que. - Ele parou e retirou o coador. - Só estou me sentindo melhor depois da noite passada. - Ele me fitou.
–Entendi. -Eu disse, por final.- Acho que a ligação do Tony te fez bem, não é?
–Até que sim, querida. Mesmo a voz de Tony ter saído com desconfiança pra mim, eu sei que ele precisa de todos agora mais do que nunca.
– O que aconteceu? - Peguei a xícara que ele me oferecera. Aspirei o cheiro do café. Maxx pegou uma segunda xícara e se pôs de frente pra mim, encostado na mesa, apoiando um braço acima do outro.
– A irmã dele, Effy. Se lembra dela? - Ele me fitou.
–Claro que me lembro. Ela estava na casa da Michelle, quando fui ver vocês pela primeira vez, ela se drogava, não era? - Ele suspirou calmamente e colocou a xícara na mesa.
– Sim, ela se drogava. Mas segundo autópsia, não foi encontrado vestígio de nenhum medicamente alucinógeno no corpo dela.
–Então como foi que ela se matou? - Dei mais um gole no café.
– Não sabemos. - Ele ficou sério, agora. - A polícia apenas diz que encontrou o corpo dela ao lado de uma carta dizendo o que havia acontecido. - Eu o fitei, sem entender. - Tá, mas aonde ela estava na hora?
– Parece que em um galpão, na casa do ex namorado.
– Uau... Enrubesci. Comecei por um acaso à fitar o creme em cima do meu café. Mas logo eu senti as mãos de Maxx em meu queixo.
–Ei, ei. - Ele levantou meu rosto. - Vai ficar tudo bem! - Ele sorriu, aquele sorriso com o canto da boca, aquele sorriso que era único. - Bom! - Ele bateu palmas. - Vou indo, preciso encontra-los na antiga casa dos Stonem. Você quer vir? - Ele me olhou.
–Ah... Não, eu fico bem aqui. Só me ligue se não for voltar. - Ele balançou à cabeça. - Ligo, ligo. - Me deu um beijo de leve e saiu da cozinha.

Narração por Antony Stonem.
Cheguei em Bristol, por volta das duas da manhã, estacionei o carro em frente à minha antiga casa, que continuava ali, sem comprador, ou imobiliário. Subi os primeiros degraus e tirei do bolso minhas antigas chaves. Será que entrarão? A coloquei na fechadura, apertei e rodei, empurrei com força a porta para que eu desse espaço, e ela abriu com facilidade, apenas dando um pequeno rangido. Pisei firme no velho assoalho, acendi as luzes, e entrei na casa.
Parecia assustador, várias lembranças vindo de uma vez, assim sem mais nem menos, todas vindo de uma vez. Era quase como um dejavú, só que eu tinha certeza de que havia vivido várias vidas aqui.
Passei por entre a sala e a cozinha, a poltrona de papai no centro de frente para a tevê, foi bem ali onde a Effy deu seus primeiros passos. Desviei os pensamentos da minha cabeça e fui para cozinha, abri as janelas e procurei no armário, se havia algo que eu pudesse comer, até porque meus pais viveram aqui até poucas semanas. Achei cereal, leite e algumas latas de atum que provavelmente estragaram, decidi que iria dormir com fome.
Subi até meu quarto, mas antes que eu pudesse entrar nele, vi que a porta dela estava entreaberta e havia cacos de vidro por entre o tapete, provavelmente coisa dela. Caminhei até a porta, segurei na maçaneta e respirei fundo, meu coração apertado sem saber se entrava ou não, se queria se lembrar ou não. Optei por não entrar, dei meia volta e fui para meu antigo quarto, abri a porta e olhei em volta, continuava do mesmo jeito que deixei à 2 anos atrás, a única coisa que diferencia o quarto, é que meu edredom não estava mais ali, deixei- o com a Effy, e sabe lá Deus o que ela fez com ele.
Me sentei, tirei os meus sapatos e abri o cinto, tirei do bolso meu celular e decidi ligar para Chelle. Disquei, e começou à chamar.
–Alô. - Uma voz masculina tomou conta do ar.
– Alô, eu poderia falar com a Chelle?
–Quem quer falar com ela? - Ele perguntou, sua voz saía grossa, como se estivesse descontente.
– É o Tony, um velho... - Pausei. - Um velho amigo. - Suspirei.
– Tudo bem, vou chamar. - Houve silêncio. Logo senti um barulho e a voz de Chelle surgiu.
–Tony?
–Alô, tits. Você er.. Você está bem? - Gaguejei.
–Estou, e meu Deus, é você mesmo? - Ela riu. - Está tudo bem?
–Não muito. - Eu ri. - Mas até que estou bem, vivo. - Suspirei.
– O que há, Ton?
– Minha irmã morreu, Chelle. - De repente eu ouvi gritos do outro lado.
–Ai meu Deus, Tony... Eu.. Eu sinto muito mesmo. Já vai! - Ela gritou para o cara do outro lado da linha. - Olhe Ton, você está em Bristol? Quer que eu vá te ver?
–Estou, estou sim. - Só de lembrar que poderia vê-la novamente todo meu corpo se contrai.
–Onde cê tá? - Ela pergunta afobada.
–Na casa dos meus pais, Chelle.
– Perfeito, amanhã eu passo aí. Às dez. - Se ouviu um barulho de batida, e o telefone ficou mudo.
–Às dez. - Repeti em voz alta, só. - Às dez. - Me deitei de lado, e adormeci.
Sonhei que estava em um campo, sozinho, e vinha uma pessoa na minha direção, mas não conseguia discernir quem. De repente tudo ficava escuro, como se tivessem apagado a luz, e quando eu abro os olhos, estou no mesmo campo, mas tem um ônibus vindo rápido na minha direção. Não tenho tempo de correr e me desespero, paraliso, e uma mão me puxa, e com o baque, sou derrubado ao chão com violência, suspiro aliviado e quando abro meus olhos, Effy está de pé me estendendo a mão.
– É só sua cabeça, Tony. Não dê ouvidos à ela.
Acordo em sobressalto, com frio e com medo. Quando meus ouvidos param de apitar fortemente, me dou conta que o despertador está tocando, estendo minha mão até ele e aperto o botão de parar, 09:42, já já Chelle estará aqui, e não apenas ela, me certifiquei de que todos que conheciam Effy, ou eram nossos amigos estivessem aqui.
Me levanto, calço meus sapatos, vou até o banheiro e arrumo meu cabelo, decido ir comprar um café e quem sabe me acalmar. Desço calmamente as escadas e passo pela sala sem olhar em volta, empurro com cuidado a porta e saio à fora. Enquanto desço os últimos degraus para rua, me deparo que tem outros carros na minha porta, e me assusto, paro de costas pra rua e olho para os lados sem entender, e decido então ir até á padaria, mas antes que eu atravesse à rua, uma mão toca meu ombro, congelo, e olho para trás.
–Eu não acredito!- Exclamo. - Sid! Meu Deus. - Puxo ele para um abraço apertado e sinto uma nostalgia me invadir. - Tony. - Ele fala baixinho. E me aperta contra seu corpo. Quando nos soltamos percebo que tem mais um rapaz com ele, ele está parado apoiando sua perna na parede da casa.
–Alô. - Ele me diz, com um sorriso sínico, soltando a fumaça do cigarro pelas narinas.
– Hey. - Digo, estendendo a mão para cumprimenta-lo. - Sou o Tony.
–Eu sei. - Ele ri. - Sou o Cook, já comi sua irmã. E me olha atentamente.
–Pelo visto Effy tinha vários amigos, não é? - Digo, debochando. - Ele ri e solta a minha mão.
–Sou um amigo muito próximo, só voltei aqui por causa dela. - Eu balanço a cabeça em concordância. - Todos nós. - Digo por fim.
– Vou tomar um café, querem vir? - Pergunto olhando para Sid que assenti afirmando.
– Não, tudo bem. Vou ficar e esperar pelo resto do pessoal.
– Que pessoal? - Indago. Até porque eu não os conhecia.
– Os amigos mais próximos da Effy. Naomi, Emily, JJ e Freddie. - Ele acrescenta.
– Entendo. - Digo. - Desses eu só conheço o último namorado, Freddie.
–É, acredito que sim. - Ele diz, pisando na bituca do cigarro. - Vão, eu fico e espero.
– Tudo bem, então. - Sid, se apressa em dizer.
– Voltamos já. - Eu digo, olhando pra Cook. -Ele assenti. - Beleza, cara.
Atravessamos a rua, e viramos no segundo quarteirão, em silêncio, até que eu decido falar.
– Sid. - Solto.
– Oi, Ton. - Ele vira o rosto, olhando pra cima, como sempre.
– Onde conheceu o cara? - Vou direto ao ponto.
– Em um hotel, cara. Cass e eu estávamos hospedados lá à uns dias. Eu dei a sorte de pegar o mesmo voo que ele.
– Ah! - Exclamei. - Mas quem ele é? Parece que conhece bem a buceta da minha irmã. - Sid ri, ajeitando os óculos no rosto.
– Ele veio no caminho, me contando. - Acrescentou.
– Contando o quê? - Pergunto, empurrando a porta da padaria.
– De como eles se conheceram, os amigos deles. Sabe como é, todos queriam transar com a Effy, e ele conseguiu, não é.
– É, Effy não mudou nada então, a mesma vadiazinha psicótica. - Resmungo.
–Ele se apaixonou por ela, Tony. - Sid disse se sentando com um copo de café com leite.
– Ah, foda-se, Sid. - Digo, acendendo um cigarro. - Ela está morta agora, e mesmo assim gosta de brincar com a vida das pessoas.
–Exatamente como você. - Ele franze o cenho e me olha. - Exatamente como você, Tony. - Diz de novo.
– Eu sei, eu sei... É que, argh.. Por que ela sempre se mete em encrenca? E depois sou eu que limpo a merda. Isso me irrita demais. - Ele balança a cabeça e toma um gole do café.
–Hmmm. - Resmunga. - Mas sempre teve alguém pra limpar as suas, Tony. Assim como ela, não é? - Ele sorri. -
–Sid, seu virgem. - Solto uma risada. - Vamos voltar, não quero perder o que ela tem pra esse pessoal.
– Nem eu, cara. - Ele se levanta, tira a carteira do bolso e tira uma nota de 20 e a deixa sobre a mesa. - Vam bora!
– Vamos. - Digo, e saio em seu encalço.
Seguimos novamente pela rua, agora conversando sobre a nossa vida antiga, e como era na época da escola, e em como tudo mudou.
–Cara, lembra de quando você me pegou transando com a Chelle? - Ele disse.
–Eu lembro! - Rio alto. - Foi engraçado e ao mesmo tempo assustador, sua bunda branca à mostra, e você fodendo a minha garota. - Acrescento.
– Eu era á fim dela faz um tempo, oras. Mas gostava mesmo da Cassie. - Ele diz.
– Gostou tanto que ficou até hoje, não é? - Atravessamos a rua, e quando nos deparamos tem umas 5 pessoas mais o cara estranho de mais cedo. Reconheço dois deles, a garota retardada que minha irmã era amiga, e o namorado alto.
– Finalmente, cara. - Cook diz, rindo. Olho em volta e aceno com a cabeça para todos.
– Oi. - O cara alto diz. - Você deve ser o Tony, não é?
– Eu mesmo. - Aperto sua mão. - E você deve ser mais um que comeu minha irmã, certo?
– Certo. - Ele diz, sério. Ele dá um giro e estende o braço. - Esses são Pandora, Naomi, Emily e JJ, e o Cook você já conhece.
–Oi, gente. - Digo, balançando a cabeça. Conheço você. - Digo, apontando para a garota loira com um olhar perdido. - Minha irmã falava muito de você. Pandora? - Ela estende a mão e sorri abobalhadamente. - Eu mesma. - Aperto a sua mão. Na hora em que eu abro a boca pra dizer que Effy gostava muito dela, uma voz ecoa atrás de mim, e eu escuto um grito alto. Me viro e me deparo com Chris segurando um baseado e apontando para mim.
– E AÍ, SEU MANÉ? VEM ME DAR UM OI. - Ele abre um sorriso, e eu também. Corro em sua direção e o levanto em um abraço de urso. Ele me aperta e bate com a mão livre em minhas costas.
–Meu Deus, você continua o mesmo canalha arrumadinho de sempre. - Ele diz, rindo.
– E você, o mesmo drogado, não é? - Bato com a mão em seu ombro.- Onde estão os outros?
– Logo atrás, ele aponta com o dedão por cima de seu ombro. Eu desvio o olhar dele para trás e me deparo com Jal, Chelle, Maxxie e Anwar parados um ao lado do outro.
– Bem vindos de volta! - Grito. E eles riem.


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