P.O.V. Hector Aaron Montër Schreave

Minhas malas já estavam prontas, as criadas o fizeram com antecedência. Era difícil precisar fazer algo aqui, com todos sempre me servindo... aliás, eu nunca precisei fazer nada. Não era nem o herdeiro.

Eu sou o terceiro de quatro filhos do casal real Margareth e Anthony. O terceiro na sucessão da linha para o trono de Illéia. Meu irmão mais velho é o herdeiro. Richard tinha 23 anos, já teve sua Seleção e ainda parece viver numa lua de mel. Ele ainda não assumiu o trono, pois papai não confiava nele o bastante para o deixar no comendo enquanto a guerra ocorria. Mas logo, logo ele será o rei de Illéia.

Depois vem minha irmã Melissa, de 21 anos. Ela é ela mesma, sem qualquer coisa relevante. Educada e refinada, como qualquer princesa. Está prometida para o herdeiro de Itália. O que a tornara rainha de qualquer jeito.

Então vem eu. 19 anos e nada mais a ressaltar. Nunca tive uma atenção muito grande, mas também, não é tão fácil cuidar de três crianças e um reino em guerra. Mas até que estava bem, eu era o caçula, e sempre recebemos um certo carinho especial. Mas quando completei doze anos, eu perdi esse posto. Meu irmão caçula, hoje com 7 anos, foi anunciado. Diego encantava a todos com aqueles olhos verdes e o sorriso infantil. E é difícil resistir quando ele lhe olha com tanto carinho.

E assim, eu fiquei para escanteio. Me dedicava aos estudos e a sempre tentar me superar, mas nunca era reconhecido. Comecei a não me importar mais. Mas agora, com a minha maior idade, e a paz entre alianças, a Seleção veio; e com isso a atenção se voltou para mim.

Iriamos partir para a Alemanha, passar o natal com outras famílias reais. Era isso que a imprensa sabia. Mas logo iriamos anunciar o concurso pelo meu coração e o do príncipe da Alemanha.

– Ansioso? – meu pai pergunta. Ainda estava na entrada do castelo, preso nos meus pensamentos.

– Não sei. – respondo sinceramente.

– Vai tudo dar certo. Sempre deu. – ele fala sorridente olhando para o casal que corria pela entrada; meu irmão e sua escolhida.

A Seleção parecia fantástica do modo que ele falava e ainda do modo que vi meu irmão escolhendo. Meu pai conheceu minha mãe na Seleção e juntos eles vivem felizes e apaixonados até hoje. E meu irmão estava aí, estampando um sorriso de pura felicidade no rosto. Enquanto sua escolhida, Aline, o olhava com os olhos afetuosos.

Eu só me perguntava se aquilo poderia ser possível comigo...