Alguns dias depois...

Educação Física é a terceira pior aula já inventada, perdendo apenas pra Química e Matemática. Sr. Whithmore, nosso treinador, basicamente um velho carrancudo, é o pior professor que você pode imaginar. Com uma aparência um tanto intimidadora e um olhar afiado, ele é capaz de te mandar fazer cem abdominais, apenas por distração. Izzy e Maia me acompanhavam e praticamente todas as garotas estavam na nossa frente, exceto Lyssa Bow, loira dos olhos azuis, e Anna Farmer, morena dos olhos claros, da aula de Biologia. A única parte boa dessa bagaça toda, era poder ver os garotos jogando basquete na quadra ao lado. Jace estava excepcionalmente bonito.

– Não aguento mais - eu disse, interrompendo a corrida e me jogando no gramado.

– Eu vou morrer – Izzy disse ao meu lado.

– Vou matar aquele professor – Maia disse. – Estrangulá-lo com a cordinha do seu apito.

– Conte comigo – Izzy disse, sentando-se.

– Comigo também – eu disse, repetindo o seu gesto.

Ouvi o sinal tocar e quase gritei de alívio. Aquele som era algo similar a anjos cantando, na minha opinião. Corremos em direção ao vestiário sem nem esperar a dispensa do treinador. Fiquei para trás, porque minhas pernas eram muito curtas. Enquanto as xingava mentalmente e tentava alcançá-las, senti alguém atrás de mim e me virei assustada, pensando que fosse Sebastian. Nos últimos dias, ele vem me observando de longe. Mas vi Jace extremamente suado. Ele é lindo. E meu. Sorri.

– Tá fazendo o quê aqui? – eu perguntei.

– Eu não posso ir atrás da minha bela namorada? – ele rebateu, sorrindo torto.

Ao ouvir a palavra namorada, minha mente vagou a noite mais perfeita de toda minha existência.

Flashback on

Um dia depois dos meus "probleminhas" com Aline e Sebastian, Jace me chamou pra ir ao Taki's.

– O que é Taki's? – eu perguntara.

"O melhor restaurante de Nova York", foi o que ele disse.

Jace iria até o minha casa para me buscar, então eu espero que ele venha preparado para um interrogatório, porque é isso que vai acontecer quando Luke por os olhos nele.

Entrei no chuveiro, deixando a água gelada apagar todos os meus pensamentos. Após alguns minutos saí, sentindo-me renovada. Escolhi uma calça jeans pré-rasgada e uma regata simples. Calcei sapatilhas e penteei os meus cabelos e os prendi em uma trança lateral. Abri a janela do meu quarto e um lufada fria invadiu o cômodo, me fazendo tremer. Resolvi colocar um casaco simples, para o caso de sentir frio. Peguei a minha bolsa favorita e passei um pouco de gloss. Pronto!

Abri a porta do quarto e vi Jace sentado no sofá e ao seu lado Luke e Jocelyn. Eu quase podia imaginar tudo que ele deve ter ouvido.

Caminhei até eles e vi Jace ficar levemente ruborizado. Ele sorriu.

– Você está linda – ouvi ele dizer.

– Obrigada – eu disse. Ele levantou do sofá sorrindo e estendeu o braço para mim. Aceitei.

– Vamos? – ele perguntou. Eu assenti imediatamente e nós fomos até a entrada da casa. Me despedi rapidamente de Luke e Jocelyn. E enquanto meu pai me abraçava, o ouvi sussurrar "Tem um spray de pimenta na sua bolsa. Use se necessário". Me afastei dele incrédula. Luke não pareceu se importar, pois apenas deu de ombros. Jace pareceu ouvir tudo e deu um meio sorriso. Dei uma leve cotovelada nas suas costelas e o ouvi rir. A risada mais perfeita que eu já ouvi.

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– Bem vinda ao Taki's – Jace disse empurrando a porta do suposto restaurante.

– Você tem certeza que isso é um restaurante? Parece uma prisão – eu comentei entrando.

– Não julgue o restaurante pela decoração – ele disse apontando pra uma das mesas no canto. Nos sentamos e Jace me mostrou o cardápio. Ele chamou a garçonete. Uma loira tingida de olhos castanhos apareceu e eu li o seu crachá "Tyna Lee". Ela pousou o seu olhar em Jace e com um súbito interesse e um sorriso cafajeste, a garçonete se apoiou na mesa, ignorando completamente a minha presença. Fiquei com vontade de agarrá-la pelos cabelos tingidos e jogá-la na mesa mais próxima. Sorri com meus pensamentos.

– O que vai querer, Jace? – ela perguntou, piscando. Ele pareceu se divertir ao ver a minha súbita irritação. Como ela sabia o nome dele?

– O que vai querer, Clary? – ele perguntou, ignorando a garçonete exibida.

– Um cheeseburger, batatas fritas e um milk-shake de baunilha. – eu disse. A garçonete reparou finalmente na minha presença e me lançou um olhar surpreso e se ajeitou desajeitada. Dei um sorrisinho.

– Eu vou querer batatas fritas e um milk-shake de chocolate – Jace disse sorrindo.

A garçonete visivelmente envergonhada anotou o pedido e saiu rapidamente, quase tropeçando nos próprios pés.

– Quem é ela? – perguntei curiosa.

– Uma garota qualquer que eu já fiquei. – ele disse e ao ver a minha careta, riu. - Você ficou com ciúmes. – ele afirmou, com um sorriso vitorioso.

– Claro que não! Isso é ridículo – eu disse cruzando os braços. Meu coração vacilou e isso só acontecia quando eu mentia.

– Ah claro... Então tudo bem pra você se eu chamar ela de volta e... – ele disse, mas eu o calei com um selinho.

– Cale a boca.

Ficamos conversando sobre amenidades até a garçonete aparecer com nossos pedidos. Ela ainda parecia constrangida. Dei um risinho.

Mordi o meu cheeseburger e aquilo era simplesmente divino.

– Isso é maravilhoso – eu disse, mordendo outro pedaço. Jace sorriu.

– Eu sempre tenho razão – ele disse, bebendo um gole do seu milk-shake.

– Convencido – eu disse dando língua, arrancando um sorriso de Jace.

– Se eu não fosse convencido, eu não seria o Jace.

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Após comer o melhor lanche de todos os tempos, nós fomos ao Central Park.

– Eu realmente não acredito que você, Jace Herondale, têm Anatidaefobia. – eu disse, enquanto caminhávamos de mãos dadas.

– Nunca confie num pato. Eles são perigosos, cruéis e dominadores – ele afirmou, me fazendo rir. – Não ria – Jace disse, puxando-me para um banco. Nos sentamos e ainda de mãos dadas, ele sorriu. – Você sabe que eu te amo né?

Eu corei e assenti, mas mantive o olhar no chão, subitamente interessada na grama. Ele ergueu o meu queixo, fazendo-me olhar para seus olhos dourados, que brilhavam na escuridão. Verde encontra o dourado.

– Eu não fiz um pedido oficial, você sabe – eu assenti - Eu nunca fiz isto antes, pra deixar claro. Mas como eu sou fabuloso em tudo... – Ele se ajoelhou, atraindo atenção das poucas pessoas que passavam por ali. – Clarissa Adele Fray, você quer namorar comigo, o cara mais gato de toda Nova York?

Embora a sua expressão continuasse a mesma e ele usasse um tom divertido, eu conseguia ver a tensão nos seus ombros. Como se eu pudesse dizer qualquer coisa além de "Claro, que sim".

– Claro que sim, seu idiota – eu disse rindo, enquanto o puxava na minha direção. - Meu idiota.

Flashback off

– Claro que pode, bobinho. – eu disse, dando um selinho rápido nele, contendo o desejo de aprofundar o beijo. – Mas tenho que ir, estou atrasada.

– É realmente uma pena, eu não poder entrar no vestiário feminino - ele comentou e ao ver meu rosto corado, se corrigiu - Não por esse motivo! Por causa de Sebastian - ele explicou e assenti em concordância. Sebastian era alguém que eu poderia não ver mais na vida e eu nunca reclamaria. - Embora seja bastante atrativo te ver no vestiário - Jace disse com um sorriso malicioso.

Fiquei da cor do meu cabelo. Ele parecia divertido. Para encerrar o assunto constrangedor, dei um selinho de despedida e corri atrás das garotas que já estavam longe. Estava tão preocupada em não tropeçar nas próprias pernas que não percebi Sebastian, escondido entre dois armários, com um sorriso frio e expressão calculista.