Sos mi más bello error escrita por Giih Santiago


Capítulo 26
Make it easier


Notas iniciais do capítulo

Oi gal, sei que demorei mas tem motivos, me perdoem. Estou postando 1 por mês, sei que ja é dia 30 mas enfim...
Esse capítulo é presente pra Line pq foi bday dela esses dias!!
Gente, escrevi com sono e não revisei portanto ignorem os mil erros de gramática/coesão/coerência. Beijos.



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Acredite se quiser, três meses voam. Eu tinha a sensação de que não haviam se passado nem quinze dias desde que voltamos de Sevilla, quando na verdade passaram-se três meses. Os últimos dias foram pura correria. Era festa, roupa, comida, decoração, local, viagem e mais quinhentos detalhes para organizar o casamento. Sem contar a surpresa que eu andei preparando para German.

É, foram dias cansativos sim, mas felizes. Passei horas e horas com German em seu escritório, assim como também em agências de viagem, confeitarias e salões de festa. Organizávamos e escolhíamos quase tudo juntos. Apenas o vestido que fomos apenas eu e Janette escolher, claro. Fora isso, eram raros os dias que não tínhamos nada para fazer. Hoje era um deles, afinal, estávamos na véspera do grande momento.

Amanhã eu me caso. Sim, amanhã tudo aquilo que eu sempre sonhei se concretizará. Amanhã eu selarei o meu amor com Castillo na frente de toda uma igreja e de Deus. Tem coisa mais importante que isso?

Meu coração pulsava acelerado só em imaginar. Minha mente simplesmente não conseguia pensar em outra coisinha sequer, nem mesmo no filme que corria pela TV diante de meus olhos. Naquela manhã, sabendo que eu estava dando crise de ansiedade, German me buscou em casa junto com uma sacola cheia de filmes de romance e chocolates para me acalmar. Então ele me levou até a mansão. Fomos ao seu quarto e colocamos um filme para rodar. Desde então, não saímos dali.v

Não devia passar nem das duas da tarde. Lá fora claramente estava quente, mas eu e German estávamos bem confortáveis no ar condicionado do quarto. Eu estava deitada de costas para meu noivo, enquanto seus dedos faziam leves desenhos pelas minhas costas, como um carinho suave. Aquilo estava gostoso, eu não ousava nem me mexer para que ele não parasse. Então, junto com o carinho, Gxerman se aproximou de minhas costas e começou a beijar meu ombro. Sorri. Os beijos desceram todo meu braço e pararam em meu pulso. Assim, ele pegou minha mão e me puxou para que eu ficasse de frente para si.

— Oi - sorriu quando me virei.

— Oi - mordi os lábios, cruzando os braços.

— Tá gostando do filme? - German fez cara de curioso. Acho que ele percebeu que eu não estava prestando muita atenção.

— Desculpa, meu amor - fiz bico - Eu não estou muito atenta ao filme. Não consigo parar de pensar em amanhã.

Ele riu. - Imaginei. Tudo bem, gatinha. Eu também estou meio assim. Vem cá.

Meu noivo se aproximou de mim na cama e colou nossos corpos. Seu rosto se aproximou e eu recebi um selinho. Depois outro. Então um beijo curto. E finalmente um beijo apaixonado. As mãos de German entravam dentro da minha blusa sem malícia alguma, e nossas pernas se cruzavam de forma engraçada. Quando nos separamos, recebi um beijinho no queixo e meu noivo saiu de cima de mim.

— Volta aquiii - bufei, estirada na cama - Odeio esse gostinho de quero mais.

German riu.

— Eu amo esse gostinho. Mostra que eu te amo tanto que sempre vou querer mais. - ele acarinhou meu rosto. Abri um sorriso.

— Bem, olhando por esse lado... - mordi os lábios e o encarei.

— Sabia que eu amo quando você me olha assim? - German se ajeitou sentado na cama, virado-se pra mim.

— Assim como? - estranhei.

— Toda apaixonada - ele soltou uma risada. Fiz careta e joguei o travesseiro nele.

— Não te olho assim - rolei os olhos. Meu noivo ainda ria.

— Você nem imagina - o homem se inclinou para beijar rapidamente meus lábios mais uma vez e então se levantou da cama. Espreguiçou-se e estendeu a mão para me levantar também.

— Que foi? - segurei sua mão e ele me puxou para cima. Manhosa, fiquei de pé a sua frente.

— Vamos ensaiar nossa dança. - German disse todo empolgado e me puxou até o meio do quarto. Soltei uma risada.

Havíamos escolhido uma música para dançarmos na festa do nosso casamento. Todo casal sempre dança uma valsa. Mas no nosso caso, seria uma valsa um pouco mais rápida, já que a música não era totalmente lenta. Era uma música muito especial para nós. Pode-se dizer que era a nossa música. Jason Mraz nos escreveu ao compor Lucky. De um tempo para cá, conhecemos a música e a escutamos tantas vezes juntos que ela se tornara nossa. Íamos dançá-la amanhã. A coreografia estava toda preparada com a ajuda de Gregório, seria uma valsa diferente e gostosa de dançar. Creio que aquele seria nosso último ensaio. German me posicionou no meio do quarto e segurou minha cintura com uma mão. Com a outra, pausou o filme e colocou Lucky para tocar em seu celular. Assim, deixou o aparelho no móvel e segurou minha mão com a sua livre.

Sorri. Começamos a dar os passinhos de acordo com a melodia da música e com a coreografia que tínhamos montado. Eu amava dançar com ele.

— Hm, está ficando boa nisso - German falou baixinho, me puxando para mais perto. Soltei uma risadinha. Estava começando o refrão.

— Quem é que ficava pisando no meu pé toda hora mesmo? - retruquei divertida, apertando sua mão.

— Eu que não era - ele se fez de desentendido e aproximou o rosto do meu. Comecei a dar passos fora do ritmo da música, pois sua respiração próxima me fez perder o controle. Eu tinha certeza que ele ia fazer isso comigo na hora da festa. - Opaaa!

— Idiota - rolei os olhos, rindo. A essa altura, já estávamos totalmente fora do ritmo. Piorou quando aquele homem encostou nossas bocas e brincou com meus lábios, mordendo e beijando. Fomos diminuindo a velocidade da dança conforme o beijo passava de uma brincadeira para algo mais sério, todavia, antes que pudéssemos aprofundar de fato, meu celular começou a tocar.

— Sério? Agora? - German sussurrou quando eu desgrudei nossos lábios.

— Preciso atender - sorri triste, dando-lhe um selinho. Me desvencilhei de seus braços e corri até o meu aparelho, que estava jogado na cama.

Vi o nome de minha mãe brilhar junto com o toque, o que me trouxe uma sensação esquisita no peito. Que estranho. Por que ela estaria ligando? Suspirei já tomada pelo medo, e então a atendi. Andei com o celular até perto da varanda e admirei a paisagem.

— Oi, mãe - falei prontamente.

— Angie! - ela pareceu contente. Mas eu senti um pingo de receio em sua voz. - Como você está?!

— Nossa, você nem tem ideia, mãe. Estou tão nervosa, ansiosa, assustada, feliz, tudo junto - soltei uma risada fraca. Minha mãe usava um tom esquisito, por isso não a respondi com toda a animação que gostaria. Olhei para German e o vi sentado na cama, me olhando. Pisquei para ele e voltei a prestar atenção na ligação.

— Eu imagino, filha - pude sentir o sorriso dela. - Era justamente por isso que te liguei!

— Ah, mamãe, bem lembrado! Eu precisava mesmo falar com você para saber que horas você chega amanhã. Dependendo do horário eu posso te buscar no aeroporto. Mas se for muito tarde, terá que ser o Ramalho...

— Angie - minha mãe me interrompeu. - É sério, como eu ia dizendo, eu queria falar mesmo com você sobre isso.

— Ué - respirei fundo, estranhando. Me encostei na parede ao lado da janela e comprimi os lábios. - Fale, então.

Minha mãe tomou fôlego.

— Eu não poderei ir amanhã, Angie. - ela desabafou sem pestanejar. Sem medo de me atingir com suas palavras afiadas. Não poderá vir?! Como assim?!

— Quê? - indaguei, quase gaguejando. Pisquei rapidamente meus olhos e me posicionei sem me encostar mais na parede. - Como assim não vai vir, mãe?

— Filha, peço que entenda. Tive alguns imprevistos aqui na Espanha. Um colega de trabalho faleceu esta madrugada e..

— Mãe, eu não estou acreditando nisso. - minha respiração começou a falhar. - Você está dizendo que não vem no casamento da sua própria filha por causa de um colega que morreu?!?! - aumentei o tom de voz.

— Angeles, eu não posso ir, não tem como, compreenda isso, por favor...

— Compreender isso? Como você quer que eu compreenda?! É o meu casamento! - exclamei, sendo tomada pela raiva. German se levantou e se aproximou de mim, preocupado. - É simplesmente o dia mais importante da minha vida!

— Eu sei, meu anjo, eu sei disso! Por isso estou aqui tentando te dizer que eu quero te desejar muita sorte!

— Não, você não está dizendo isso. Não está falando sério. - pronunciava minhas palavras da forma mais incrédula de todas. Como uma mãe resolve com tanta naturalidade não comparecer no casamento da filha? - Isso é ridículo, mãe! - minha voz embargou. German segurou minha mão livre, tentando me acalmar.

— Meu anjo...

— Não me chama de anjo - retruquei com desdém. - Eu não acredito que você está fazendo isso comigo. Você é a minha mãe!

— Angie, por favor... - ela tentava contornar. Mas eu não cederia. Meu mundo de fantasias havia se desfeito ali mesmo. Casamento feliz? Com mãe e família presentes e felizes? Com crianças correndo e se divertindo? Não. Simplesmente não. Simplesmente porque sua mãe pode ter outra prioridade na vida a não ser você. Simplesmente porque o egoísmo predominava cada vez mais a humanidade. Eu duvido que ela realmente tenha tido algum imprevisto. Eu tinha certeza de que inventara uma desculpa só porque era contra me ver casar com o Castillo. Ódio. Raiva. Decepção. Ele não merecia que ela guardasse tanto rancor dele. Ali estava aquele homem em minha frente, com o olhar desesperado por me ver chorar, segurando minha mão da forma mais firme que podia, demonstrando apoio e amor sem nem abrir a boca, e minha mãe ainda era incapaz de aceitar que German era uma boa pessoa.

— Não quero mais ouvir suas desculpas esfarrapadas, mãe. - falei após segurar a raiva. E o choro. Eu não ia me mostrar fraca na frente dela. - Eu pensei que pelo menos dessa vez você escolheria a mim do que a si mesma. Você mais do que nunca sabe o quanto eu sonhei com isso durante toda a minha vida. E você deveria ser a última a me desamparar no auge de todo o nervosismo. Eu não quero mais ouvir nada de você. Eu não consigo. Então, sinto muito, mas tchau. - desliguei o celular e o joguei no tapete.

— Meu amor... - German me olhava como quem não sabia o que dizer. Sua mão esquerda ainda segurava a minha direita. Meus olhos marejados se entregaram ao choro naquele exato momento. E foi aí que eu o abracei.

— Eu não acredito nisso - murmurei baixinho em meio a lágrimas. German correspondia o abraço, transmitindo uma segurança inabalável. - Ela não vai vir, Ge, ela não vai vir!

— Não precisa dizer, meu anj.. amor - gaguejou. Sorri em meio ao choro, pois percebi que ele havia notado quando eu disse para minha mãe não me chamar de anjo.

— Você pode me chamar de anjo. - o abracei mais forte. - Ela que não. Eu não estou acreditando que ela está fazendo isso comigo. É minha mãe! Não é qualquer uma, caramba! - chorava.

— Angie - German se afastou de mim e segurou meu rosto com suas duas mãos. - Por mais que eu também tenha um pai ausente, eu já estou acostumado. Portanto não tenho ideia do tamanho da sua dor. Mas eu tô aqui, ta bom? Fica calma. Eu odeio te ver chorar.

Com ele falando desse jeito tão cuidadoso, eu só consegui chorar mais. Meu noivo então me puxou até a cama, onde me sentou em seu colo e me abraçou mais uma vez. Enquanto eu enterrei o rosto em seu ombro e continuei o choro, eu senti a mão de German acarinhar meu cabelo. Uma atitude que me consolou por si própria. Não acreditava como em meio a tanto barulho ele ainda conseguia ser o que me tranquilizava. Sem nem se incomodar, meu noivo ficou minutos incontáveis naquela posição comigo.

Tudo o que eu conseguia pensar era na raiva que eu estava sentindo de minha mãe. Como ela conseguia ser tão insensível? Como ela não se importava de não ir ao casamento da própria filha? Como ela queria que eu me sentisse naquele momento? Deus, eu saí do ventre dela! Ela me gerou! Ela é uma das pessoas que eu mais amava no mundo, e, ignorando tudo isso, ela decidiu que não viria ao dia mais especial da minha vida por simples capricho. Me senti uma órfã naquele instante. Eu não tinha mais uma mãe.

— Você já está sensível por conta de toda ansiedade de amanhã, e ela ainda vem com essa... - German suspirou com raiva após um tempo.

— Ge - ergui a cabeça. As lágrimas cessavam gradativamente, conforme o susto ia passando - Eu não quero ser assim com os nossos futuros filhos. Eu não quero.

— Se acalma, amor, ó - ele colocou uma mecha de meu cabelo para trás. - Você não vai ser. Você tem um coração gigante. Você foi capaz de despertar paixão em um homem carrasco como eu. Você viu algo bom em mim quando eu me esforçava ao máximo para esconder toda minha bondade à sete chaves. Mesmo se você quisesse, você jamais faria algo assim com nossos filhos. - recebi um beijinho no queixo.

— Eu te amo. Desculpa por chorar na sua frente. - enxuguei as últimas lágrimas e suspirei.

— Angie, vamos nos casar - ele riu baixo - Ainda vou te ver chorar muitas vezes.

— Eu sei, mas ah - abaixei o olhar. - Eu juro que não estou acreditando nisso. - ameacei voltar a derramar lágrimas, mas logo meu noivo se impôs.

— Nananinanão. Quero ver minha mulher bem, cada lagrimazinha que sai dos seus olhos verdes dói como um tiro na testa.

Respirei fundo e fechei os olhos. Encostei minha testa na dele e beijei seus lábios duas ou três vezes.

— Linda - German sussurrou e me encheu de selinhos. - Vamos lavar esse rosto, vem - nos fez levantar e puxou-me pela mão até o banheiro do quarto. Então, me ajudou a lavar o rosto. Cuidou de mim como se eu fosse uma joia frágil. Depois que eu me enxuguei com a toalha, voltei para os braços do meu homem e o abracei mais uma vez.

Estávamos no meio do banheiro nos abraçando. Eu não queria me soltar dele. Queria ficar em seus braços para sempre, parecia o único lugar no mundo onde ninguém poderia me machucar mais.

— Vem cá - German me guiou até o quarto novamente. Deitou-se na cama e me fez deitar em seu peito. Me aninhei a seu corpo, escondendo o rosto em seu pescoço. - Queria que amanhã fosse um grande dia. Mas eu sei o que é não ter a presença de alguém especial.

— Ei! - ergui o rosto. - Amanhã será um grande dia. O melhor da minha vida toda. Por causa de você. - beijei o cantinho de sua boca. Depois seu queixo. - Eu não vou deixar aquela mulher estragar nosso dia, meu amor. - sorri para ele. Sua mão acarinhava minha cintura.

— Eu prometo me esforçar para fazer dele o melhor dia - German sorriu, e levou a mão livre para acariciar meu rosto.

— Vou me casar com você - soltei uma risadinha, ainda um pouco desanimada - Não acredito que isso tá acontecendo.

German sorriu. Ele me olhava um tanto hipnotizado, de um jeito que inconscientemente me atraía para si. Então, ele aproximou-se rapidamente e me beijou. Sorri durante o beijo e correspondi lentamente.

— Tia! - Violetta entrou no quarto sem bater, se deparando com a cena. Ela sempre fazia isso, não tinha nem mais como ficar envergonhada.

— Filha - German parou de me beijar, bufando. Eu ri da cara dele. - Quantas mil vezes eu vou precisar te mandar bater antes de entrar?

— É que a Janette tá aí na porta. Ela veio buscar a Angie pra festa de hoje. - minha sobrinha respondeu sem graça.

Eu havia esquecido completamente da minha despedida de solteira de hoje. E ir para lá era tudo o que eu menos queria agora. Depois do que aconteceu com minha mãe, tudo o que eu queria era ficar com German e sentir seus mimos. Ele também teria sua despedida de solteiro hoje, mas o que custava ficarmos ali mais um pouquinho? Suspirei.

— Fala pra ela que eu já vou - falei baixo, tentando não olhar diretamente para minha sobrinha.

— Você estava chorando, Angie? - ela percebeu mesmo assim. Desviei o olhar. Odiava como minha cara pós-choro me entregava tanto.

— Depois a gente conversa, tudo bem? - abri um sorriso torto. Violetta correspondeu com outro da mesma maneira e assentiu. - Avisa a Jane que eu já estou indo, me dá cinco minutinhos.

— Claro - a menina sorriu e se retirou.

Me virei para German e deitei o rosto em seu peito novamente.

— Não quero ir. - murmurei.

— Vai ser divertido, quem sabe você não distrai um pouco a cabeça.

— Quero ficar com você. Eu vou chorar de novo. - senti as lágrimas preencherem meus olhos novamente.

— Angeles! - German exclamou, me fazendo olhá-lo. - Sua mãe não merece seu choro. Você é um anjo e não pode deixar que o que ela fez mova sua vida da alegria para a tristeza do dia para noite.

— Desculpa - sussurrei, olhando para na o chão. - Eu ainda não acredito.

— Nem eu, meu amor, mas eu to aqui com você - German suspirou. - E tem a Vilu e as meninas lá fora prontas para fazerem sua noite esquecível. Não deixa isso passar não!

Continuei encarando o chão.

— Prometo tentar - murmurei, tentando parecer mais animada.

— Ei - meu noivo me fez olhá-lo. - Se estiver muito chato, você corre para o banheiro e me liga, ok? - segurou minhas mãos. Abri um sorrisinho.

— Tá bem, farei isso - acariciei seu rosto. - Eu tô é ficando com ciúme aqui - mudei de assunto, me ajeitando em seus braços - Se os meninos te levarem para alguma boate, eu exijo que toda vez que você olhar para uma mulher bonita você pense em mim - mordi os lábios, sorrindo pequeno.

— Se é assim, eu também quero que você me prometa uma coisa! - ele sorriu - Quero que você não fique bêbada. Por favor.

Soltei um risinho. - Fica tranquilo, eu prometo. Mas eu também não quero que você fique bêbado! - exclamei.

— Não ficarei, prometo também. - German me deu um beijinho. - Será um grande exercício de fidelidade.

— Ow! - virei-lhe um tapa no ombro. - Não tô gostando disso, vou cancelar essa despedida agora! - bufei. Meu noivo começou a rir da minha cara.

— É brincadeira, gatinha - ele me puxou para si e me encheu de beijos. - Olha isso, Angie. Eu te amo tanto que por mim ficar o dia inteirinho deitado só conversando e trocando carinho com você é motivo para ficar com um sorrisão na cara. Eu não sou capaz de olhar pra qualquer outra mulher depois disso.

— Alguns meses atrás você e eu parecíamos crianças quando davam o primeiro beijo - sorri, me lembrando da noite do baile do Studio.

— Era legal sentir aquele friozinho na barriga - German me apertou.

— Eu também gostava. - suspirei. - Ge, eu tenho que ir. A Jane deve estar me esperando há maior tempão. - Me sentei na cama e ajeitei minha blusa.

— Verdade. Vai lá. - ele me observou. - É a última vez que te vejo antes do casamento?

— Sim - sorri torto - Nossa jornada de namoro acaba aqui.

— Vem cá, então. - German me puxou para um beijo intenso. Sorri no meio. Senti o gostinho de despedida na maneira com que ele me tocava, e fiquei arrepiada. Era o nosso último beijo como namorados.

— É pra não esquecer nunca mais? - sussurrei, quando nos afastamos.

— Nunca. O próximo agora só quando casados. - ele riu. Eu também. Respirei fundo e me levantei.

— Então é isso. - mordi os lábios. Ele também se levantou.

— Eu acho que devemos dar mais um, só por precaução. - o homem abriu um sorrisinho.

— Hum.. Concordo. Só por precaução. - assenti rindo, e no mesmo instante recebi um dos beijos mais apaixonados de todos. Durou tanto tempo que eu podia até escutar a voz de Janette me dando uma bronca pela demora.

Quando nos separamos, estávamos extasiados. Tudo que eu pude fazer foi lançar-lhe um sorriso e dizer antes de sair pela porta:

— Adeus, namorado.

— Adeus. - German riu, e eu saí.

XX

Quando Janette me buscou, fomos direto para minha casa. No final das contas ela não reclamou da minha demora, e disse que foi pior no dia da sua despedida. Amei saber a história da preparação para o casamento dela, Janette me contou que estava tão nervosa que vomitou antes de entrar na igreja. Depois dessa, me senti até consolada. Ela também disse que o nervosismo foi inútil, pois estava se casando com aquele que já a tinha por inteiro. Não tinha por que ter tanto medo de atravessar um corredor enfeitado.

Em casa, ela ainda me contou um pouco mais das dificuldades que encontrou quando era recém-casada. Eu podia imaginar o quão diferente seria a experiência, e que seria difícil me acostumar inicialmente. Mas Jane disse para eu não me preocupar, no começo estranhar era normal, afinal, você deixava de viver independente para viver em conjunto com outra pessoa. Comecei a rir ao imaginar as brigas que eu teria com German por ele puxar o cobertor demais para si à noite ou por eu ocupar muito espaço no guarda-roupa.

Pensei sobre essas coisinhas na maior parte do tempo enquanto nos arrumávamos. E por mais que tenham desafios, fiquei morrendo de vontade de começar logo essa aventura. Quando ficamos prontas, senti que estava ainda um passo mais perto do grande dia. Ansiosa, fui para o carro com Jane e então fomos finalmente buscar as outras.

xx

— Chegamos! - Janette estacionou o carro. Respirei fundo, olhando pela janela do banco do carona. Eu enxergava tudo escuro, era tarde da noite. As três mulheres que se encontravam no banco de trás riam do meu nervoso.

— É só uma despedida de solteiro, Angie! - Renata mordeu os lábios. - Prometemos fazer dessa noite uma das melhores da sua vida.

Eu não tinha dúvidas que elas se esforçariam ao máximo para isso. O que me angustiava era o que German estaria fazendo em sua despedida. Eu ficava imaginando e, então, sentia vontade de vomitar. Mas eu não diria isso a elas.

— Vocês estão muito animadas - soltei um risinho, enquanto todas desciam do carro - Já aviso que não vou ficar bêbada. Prometi ao German.

— Poxa, aí que graça tem? - Cris mordeu os lábios.

— Lembrem-se que seus filhos não devem vê-las bêbadas, portanto vocês também não podem voltar bêbadas para casa - sorri, vitoriosa.

— Uns goles não fazem mal pra ninguém - Cris continuou, fazendo todas rirem.

Entramos na boate pouco iluminada e eu já fiz careta por conta do barulho insuportável que preenchia o pequeno ambiente.

— Eu não venho num lugar assim desde os meus 17 anos - gritei, para que elas dessem conta de me escutar. A música era ao vivo, tornando-a infinitamente mais alta.

— A minha última vez foi na despedida da Melissa - Janette gritou de volta.

— Pena que ela não pode vir hoje.. - Bel fez bico.

— Eu entendo, tadinha. É péssimo quando nossas crianças ficam doentes... - Jane comentou, andando em direção a uma mesa mais distante do palco. A seguimos.

— O que a Lua tem afinal? - me sentei na primeira cadeira que vi, e perguntei sobre a filha de Mel que estava doente.

— O médico disse que é uma virose comum - Renata também se sentou. - Mas a Lua está vomitando muito, aí a Mel preferiu ficar em casa.

— Ela está certa - sorri - Eu também ficaria.

— Hummmmmm, olha a Angie já querendo ter filhos... - Janette me cutucou. Soltei uma risada.

— Eu já disse pra vocês que eu sempre quis - suspirei feliz. - Quantos vierem.

— Chega de falar de filhos! - Renata bateu palminhas, para chamar nossa atenção - O que querem comer? - ela apontou para o garçom, que estava parado ao lado de nossa mesa.

— Hm... - sorri. - Me vê uma porção de fritas e.... - respirei fundo. Eu prometi que não ficaria bêbada. Mas não que eu não beberia nada. - Uma batida de maracujá. - decidi começar com algo mais leve, e mesmo assim as meninas comemoraram.

Certo. Eu aproveitaria esta noite. Elas estavam se esforçando tanto que eu não deixaria meus pensamentos sobre minha mãe ou German atrapalharem esta noite. Respirei fundo e joguei o celular na bolsa. Aquela era a minha hora. As meninas fizeram seus pedidos e o garçom se retirou.

— Ah, Angie! - Bel bateu palminhas - Estou muito feliz por você. Como está se sentindo?

Não sabia ao certo. Estava magoada pela minha mãe, mas sabia que isso não diminuía nem um pouco da minha felicidade por estar me casando amanhã.

— Ah, Bel - soltei uma risadinha - Tenho a sensação de que meu coração vai explodir de tão acelerado que ele está pulsando. Estou tão nervosa. Não aguento mais esperar esse relógio, o tempo não passa!

— Não passa mesmo - Renata riu. - Na véspera do meu casamento, eu fiquei o dia inteirinho sentada olhando para o relógio da minha cozinha. Foi o dia mais agonizante da minha vida inteira.

Todas riram. Eu ficaria louca se fizesse isso.

— Na véspera eu não estava nem aí, não tinha caído minha ficha - Cris sorriu com a memória. - Mas quando acordei no dia do casamento, eu travei. Não conseguia pronunciar uma palavra sem gaguejar.

— Eu me lembro disso - Janette ria. - Você me tirou do sério naquele dia, amiga. Tenho que ser sincera, você deu um trabalhão.

— Ow! - Cris se defendeu - Isso porque no seu casamento quem foi que teve que ficar segurando um balde de vômito mesmo, hein?!

Todas nós rimos mais, menos Janette, que fez uma careta.

— Você sabe que eu te amo, Cris. - Jane deu a língua para a amiga. - Nossa, nem me lembrem disso. Eu não consegui comer o dia inteiro, até hoje não sei o que exatamente eu vomitei naquele balde.

— Vocês estão me assustando, sabia? - mordi os lábios.

— Não liga para elas, Angie - Bel sorriu. - Esses dias são uma loucura mesmo. Parece que tudo vai dar errado, mas quando tudo passa você enxerga que até os mínimos detalhes foram perfeitos. É emocionante.

— Já estou começando a sentir a emoção. - senti meu estômago contrair, era o que normalmente acontecia quando eu ficava nervosa ou ansiosa.

— Caaaalma, mulher! - Janette ma abraçou - Ainda tem muito a se viver até lá. Está só começando.

Todas assentiram, rindo. O bom humor que elas tinham me encorajou um pouco. Mal podia esperar para o dia de amanhã chegar.

XX

Pov Off

— Wow - os olhos de German brilharam ao verem a mesa de sinuca imensa instalada no meio do bar que seus amigos o levaram. Ele sempre adorou jogar isso.

— A atração principal da noite - Davi se aproximou da mesa e batucou com as mãos em sua borda.

— Como eu estava com saudade disso - Tiago pegou um taco. - Até hoje não acredito que a Cris vendeu minha mesa sem minha permissão.

— Mulheres... - Rodrigo riu - É o seu destino, German - bateu no ombro do amigo.

— Angie é tão atenciosa. Do jeito que ela é, é capaz de comprar uma pra mim. - os olhos do homem brilhavam ao falar dela.

— Que gay, amigo - Mario fez careta - Sai dessa fase.

Todos riram, inclusive German.

— Eu encontrei a mulher certa, caras - German pegou um copo de cerveja que o garçom lhe serviu e se apoiou na parede. - Não tem sensação melhor que essa.

— Finalmente, já tava na hora de parar de fugir dos sentimentos pela Angie. Você é um retardado, cara - Davi olhou para o amigo, e todos riram mais uma vez.

— Eu sei que sou - German rolou os olhos. - Sei que fui covarde. Vocês não precisam jogar isso na minha cara o tempo todo!

— Uh, a margarida ficou sentida? - Tiago soltou uma risada, preparando a mesa de sinuca para jogarem.

German fez careta. - Não. Só acho que por mais que eu tenha enrolado o quanto for, as coisas foram perfeitas dessa maneira.

— Nós sabemos que foram, cara - Rodrigo sorriu. - Era uma brincadeira.

— Sim, Castillo - Davi deu um tapinha no braço do amigo - Estamos orgulhosos de você. - então Davi apertou as bochechas de German, arrancando gargalhadas dos outros.

— Sai pra lá - German riu, empurrando Davi. - Vou falar para a Janette que você estava me assediando, vamos ver se ela vai gostar disso.

— Nem brinca, pensa numa mulher ciumenta. - Davi arregalou os olhos, rindo ainda mais.

— E aí, caras - Jefferson apareceu, era o único que faltava chegar.

— Sr. Relógio! Como sempre atrasado - Tiago cumprimentou o amigo com um toque de mãos.

— Me perdi nesse bairro. Nunca vim para esse lado da cidade. - Jefferson cumprimentou os outros até chegar em German. - Ahá, então quer dizer que a mocinha dos cabelos loiros é aquela que te tem nas mãos, Castillo? - o marido de Renata abraçou German com força, como um parabéns. German riu.

— Fazer o quê - respondeu, dando de ombros. - Sempre tem alguém que cause esse efeito em nós.

— Parabéns, cara. Estou muito feliz por você.

— Valeu mesmo, Jeff.

— Galera, quero propor um brinde - Rodrigo pegou a garrafa de champanhe que pediu ao garçom - Um brinde à liberdade! Estamos livres da Priscilla!

Os homens todos riram nesse momento. Priscilla nunca deixava German sair com os amigos.

— VIVA A SAÍDA DA PRISCILLA, VIVA A ANGIE! - Tiago gritou, eufórico. Rodrigo abriu a rolha e o champanhe foi espirrado para todo lado. Os homens gritaram em comemoração.

— Fez boa escolha, Castillo - Mario comemorou, tomando o champanhe. - A Angie é um amor de pessoa.

— Ow! - German jogou um salgadinho em Mario. - Só eu posso elogiar minha mulher.

— Oloco, machão - Tiago sorriu - Que tal descontar a euforia numa partidinha de sinuca, amigos? - ele estava todo empolgado com o jogo, e saiu distribuindo os tacos para os outros.

— Aí sim - Davi sorriu. - Vamos jogar o clássico?

— Ah, o clássico sempre faz bem - Jefferson esfregou as mãos.

— Voto no clássico! - Rodrigo exclamou.

— Clássico, então - German confirmou.

O clássico era a maneira que os amigos chamavam a distruibuição de times padronizada que tinham. Quando falavam que jogariam o clássico, significava que eram German, Davi e Tiago contra Mario, Rodrigo e Jefferson. Assim, desta forma, os seis homens se posicionaram em volta da mesa para iniciar a primeira partida de uma longa noite.

XX

Duas horas haviam se passado. Na boate, as mulheres já haviam comido e agora se encontravam na pista de dança, gritando e dançando até as pernas não aguentarem mais. Cris tinha uma câmera profissional, então ela fotografava tudo. Eram infinitas as fotos que as cinco tiravam juntas. Tiraram várias delas carregando a Angie, e outras várias fazendo pose ou dançando mesmo. Era tanta euforia que Angeles não estava mais pensando em sua mãe, e seu coração se tranquilizara em relação a German. Estava se divertindo com suas amigas, no final das contas.

Pov Angie

A banda que tocava músicas ao vivo era sensacional. Eu não lembrava que gostava tanto disso quando eu era uma adolescente. Me senti alegre, me senti solteira pela última vez. Eu gostava de estar podendo viver tudo aquilo por uma última vez. Era algo sem limites, meu diafragma até doía de tanto que eu ria e pulava ao mesmo tempo.

— JÁ JÁ A CRIS VOMITA, MENINAS! - Renata gritava dançando, rindo da cara de nojo de Cris após experimentar uma bebida horrorosa.

— É a pior coisa que eu já tomei na vida - Cris bufava.

— Você não tem mais idade, amiga - Janette ria sem parar.

— Tô começando a aceitar esse fato - Cris retrucou, fazendo-nos rir mais ainda.

— GALERA, precisamos achar alguém pra dançar com a Angie! - Bel veio correndo ao nosso encontro. - Ela precisa dançar com outros caras pela última vez!

— Ah, meu Deus, precisa mesmo disso? - fiz careta.

— Lógico! Tive uma ideia! - Renata arregalou os olhos e saiu correndo em direção ao palco. Não a vimos quando seu corpo sumiu em meio a quantidade de pessoas, mas no fundo eu tinha certeza do que ela ia fazer, e quis matá-la por isso.

Quando Renata voltou até nós, eu nem tive a oportunidade de ir perguntar a ela, pois no mesmo instante o vocalista da banca anunciou meu nome.

— Eu gostaria de chamar ao palco Angeles Carrara, que está aqui hoje em sua despedida de solteira com suas madrinhas! - o vocalista todo tatuado gritava no microfone.

Janette e Bel começaram a rir muito do tom vermelho que meu rosto adquiriu. Elas me empurraram à força até o palco, e eu jurei puxar os cabelos de cada uma delas depois que isso acabasse.

Todos me aplaudiram.

— Você é Angeles? - o cara tatuado passou o braço pelo meu ombro, casualmente.

Assenti com a cabeça, estava envergonhada demais para falar.

— Angeles, podemos ver que a senhorita é tímida. - ele falava de forma engraçada. - Mas nós gostaríamos de saber sobre o seu futuro marido. Está ansiosa para o seu casamento?

— Ahm.. sim, muito. Eu o amo. - falei tudo o que me veio a cabeça, e em seguida todos que estavam na pista gritaram em comemoração, como se me conhecessem há anos.

— Ótimo, ótimo! E gostaríamos de saber ainda outra coisa! - o cara dizia extremamente entusiasmado - Seu noivo é ciumento?!

— É - soltei uma risadinha - Digamos que sim, um pouco.

— Angeles, você acha que ele se importaria se escolhêssemos três rapazes aqui deste lugar para dançar uma música com você esta noite?

— Er... - olhei as quatro mulheres me encarando e rindo, e quis socá-las naquele exato momento. Eu não queria dançar com desconhecidos! - N-não, creio que não teriam problemas.

— Incrível! - o tatuado gritou, e tiveram mais comemorações. - Pois bem, rapazes! Todos os que desejarem uma dança com esta bela dama aqui, compareçam em frente ao palco. A própria Angeles irá escolhê-los.

Quê? Eu teria que escolher?! Sem chance, jamais faria isso! Meu rosto deveria estar mais vermelho que sangue, de tão nervosa que eu estava naquele momento. Os rapazes se posicionaram ali, e então eu os observei um por um. Nenhum deles era German. Eu não queria dançar com nenhum deles.

— Muito bem, rapazes! Está na hora da escolha! - o vocalista esquisitão voltou para perto de mim. - Quem são seus três escolhidos, Angeles?

— E-eu não sei...

— Nós vamos escolher para ela! - escutei uma voz gritar, virei-me e vi Janette e as outras subirem ao palco comigo. Me senti aliviada por me livrarem disso, mas então pensei que elas com certeza escolheriam os piores para me zoar. Droga, tudo menos isso.

— Mudança de planos, são as madrinhas as selecionadoras! Que comecem os jogooooos! - o tatuado berrava no microfone. Qual a necessidade daquele teatro todo?

— Pois bem - Janette pegou o microfone para falar. As meninas cochicharam algo no ouvido dela e então Jane foi falando. - Vamos ficar com aquele de óculos ali, com o gordinho ali e com o arrumadinho ali - ela ia apontando e os homens iam se aproximando. O de óculos estava com certeza chapado. O gordinho estava suado. O arrumadinho era até que bonito, mas nada comparado ao meu noivo.

Fuzilei as quatro com o olhar, de uma forma que as fazia rirem muito. Eu não estava rindo, eu estava brava! Droga. Sem muita escolha, desci do palco e fui para as minhas "incríveis" três danças.

O gordinho não sabia valsa. E ficar perto dele era estranho, havia uma poça de suor manchando as mangas de sua camiseta. Aqui foi detestável, desagradável, desconfortável. Eu tinha ainda mais certeza de que bateria nas meninas assim que isso acabasse.

O bêbado fedia a não somente álcool, mas também a maconha. Ele não conseguia dar um passo na dança sem cambalear, e ficar inalando seu cheiro estava me deixando enjoada. Por sorte, a segunda música acabou rápido.

Agora era a vez do rapaz bonito. Pelo menos, este não fedia a nada.

— Meu nome é Lucas - ele se apresentou.

— Angie - sorri, já cansada daquilo. - Perdoe-me, armaram para mim. Não queria estar fazendo isso.

— Fique tranquila, eu gosto de dançar - ele sorriu. Por sorte, a música dessa vez era agitada. Nada de contato físico com estranhos. - Vai se casar amanhã?

— Sim, senhor - sorri. Dançávamos meio timidamente.

— Imagino sua alegria. Você o ama muito?

— Sou apaixonada naquele homem. - mordi os lábios.

— Meus parabéns, madame - Lucas era simpático. Pelo menos um tinha que prestar. - Eu também sou apaixonado por uma mulher. Infelizmente, ela não sente o mesmo.

— Você parece gente boa - tentei ser simpática também. - Não desista. Ela pode se apaixonar por você também.

Lucas sorriu tímido, assentindo. Continuamos a dançar sem muito papo. Quando a música acabou, ele ainda foi legal em me desejar sorte amanhã. Suspirei, aliviada, e voltei correndo para a mesa.

— Eu vou pegar vocês - cheguei exaltada, e elas começaram a rir da minha cara.

— Como foi? - Renata perguntou,

— Horrível! Que vergonha, suas loucas! Nunca mais façam isso!

— Todo mundo precisa passar vergonha alguma vez na vida, Angie. Pelo menos deixamos um bonitinho pra você! - Bel ria.

— A gente te ama, amiga. - Janette me mandou um beijo.

Rolei os olhos, e então comecei a rir junto com elas. Inacreditável como elas conseguiam ser tão sem vergonhas a esse ponto. Mas agora, que já havia passado a pior parte, eu ria junto também. Sentei-me novamente na mesa e, depois de contar minhas experiências com três homens diferentes, voltamos a falar de qualquer coisa e seguir com a noite gostosa que estávamos tendo.

XX

Pov Off

Os homens não saíram de volta da mesa de sinuca a noite toda. Eram jogos, pausas para beber, jogar conversa fora, e zoar German, obviamente. A noite foi passando e até que se fez necessário as festas acabarem. Amanhã era um dia muito importante e era bom nenhum deles estar com olheiras.

Para as meninas, a mesma coisa. Todos foram embora praticamente no mesmo horário. German chegou antes em casa, e apenas colocou o pijama e se jogou na cama. Quando Janette deixou Angie na porta da casa dela, esta entrou correndo e mandou mensagem para German dizendo que já tinha chegado.

A loira trocou de roupa e também se jogou entre os seus edredons. Tendo visto a mensagem, então, seu noivo a ligou.

Pov Angie

— Alô - sorri ao atender.

— Oi, amor - respondeu.

— Está sóbrio? - murmurei rindo, enquanto me encolhia nos cobertores.

— Como prometido, e a senhorita? - German disse em tom de divertimento. Mordi os lábios.

— Estou. - respondi prontamente.

— Certeza? Está falando meio enrolado. - eu podia sentir um sorriso em sua voz.

— É o sono, meu amor - suspirei, fechando os olhos. Abracei meu travesseiro e me ajeitei em uma posição confortável.

— Acho bom. - falou mandão. Sorri boba. - Que horas é o casamento amanhã? - perguntou de repente. Franzi a testa.

— Como que horas, German? - falei mais alto. Ele deveria saber disso, não deveria?

— Eu sei as horas. Estou te testando para ver se você está mesmo sóbria. - ele riu.

— Se eu estivesse bêbada eu ainda saberia a hora do meu próprio casamento. - fiz careta mesmo sabendo que ele não veria.

— Não sei não... quando você está bêbada você não raciocina muito bem. - German disse divertido.

— Como assim?

— Quando ficou bêbada, transou comigo. - ele lembrou, fazendo-me rir.

— Não diria que isso seja não raciocinar muito bem... - sussurrei.

— Não começa - ele riu. - Você está fugindo do assunto!

— E você não acredita em mim! - falei manhosa.

— Que horas é o casamento, Angie? - ele insistiu.

— 19 horas. Eu sei, viu? - bufei, mas ri.

— Obrigado. Agora sim.

— Ridículo - resmunguei.

— Linda. - ele riu.

— Não quero mais falar com você, eu vou dormir - fechei os olhos, voltando a falar meio enrolado. Bocejei.

— Ah, fica aqui comigo - German falou da mesma maneira, para me imitar.

— Não, eu não te amo mais... - falei a primeira coisa que veio na minha cabeça. Meu noivo riu.

— Que pena. Eu te amo tanto.. - suspirou profundamente. Mordi os lábios. - Podia te fazer tão feliz.

— Eu amo outra pessoa - tentei soar séria, mas era óbvio que eu não conseguiria. - Não posso fazer isso, desculpa.

— Está tudo acabado então? - German entrou na brincadeira.

— Sim, senhor. Sinto muito. - suspirei.

— Tudo bem. Seja feliz. - ele não falou mais nada. Ficamos em silêncio por algum tempo e então ele desligou o telefone. Comecei a rir descontroladamente. Que palhaço!

Apenas aguardei. Menos de um minuto depois, German ligou novamente. Atendi quase rindo.

— Alô? - mordi os lábios, sorridente.

— Casa comigo amanhã às 19 horas? - perguntou rapidamente.

— Caso. - soltei uma risada. German riu junto e assim ficamos. - Seu idiota.

— Você quem é! - ele ainda ria. - Argh, estou apaixonado por você.

— Tenso isso, né? - murmurei. - Também estou.

— Meu amor. - German falou bobamente. - Você está melhor?

— Ah, Ge - sorri triste - Não vou dizer que estou bem. Mas estou tentando deixar isso pra lá. Não vou deixar minha mãe estragar o nosso dia, ok?

— Eu sei o que você está sentindo, Angie. Também gostaria que meu pai estivesse aqui. - ele respirou fundo. Engoli em seco, tentando disfarçar.

— Pois é. Mas eu e você estaremos, isso que importa.

— Isso é o que importa. - ele sorriu. - Você vai acordar cedo amanhã?

— Sim, a Jane e a Bel vão passar aqui 10 horas para irmos ao salão.

— Então vai descansar, meu amor. Você já está morrendo de sono e eu tô aqui te atrapalhando.

— Estou acostumada - soltei uma risadinha - Gosto de ficar no telefone com você nessas horas. Mas acho que hoje vou aceitar sua proposta.

— É bom mesmo, não quero ninguém dormindo na hora dos votos - ele falou rindo, e eu o acompanhei.

— Canta pra eu dormir, então. - sorri divertida.

— Deixa eu pensar no que eu canto... - ele falou pensativo. E depois de alguns segundos, começou baixinho. - Do you hear me? I'm talking to you. Across the water, across the deep blue ocean... under the open sky, oh my, baby i am trying.

German foi cantando na maior suavidade possível. Eu fechei os olhos. Escutar sua voz era como adentrar o sonho mais profundo e bonito de todos. Mas o refrão era muito agudo para ele alcançar, então quando chegou no refrão, sua voz suave começou a falhar de um jeito engraçadinho. Abri os olhos e soltei uma risada.

— Ge! - mordi os lábios.

— Outch, como o Jason Mraz consegue cantar algo tão agudo? - ele começou a rir. - Que vergonha.

— Por que vergonha, seu bobo?

— Você é professora de canto. Que mico. - ele ria. Comecei a rir junto.

— Para de frescura. Eu não sei ver erros no que você faz. - murmurei sorridente.

— Sabe sim - tinha certeza que se estivéssemos pessoalmente, ele mostraria a língua para mim.

— É sério! Foi engraçadinho você desafinando. Ah, você sempre me deixa melhor, Ge. Torna tudo mais fácil, sabia?

— Você está me dando vontade de te beijar. Para com isso. - fez bico, eu pude perceber.

— Tá bom - sorri. - Agora vou dormir de verdade.

— Dorme, bebê.

— Boa noite, amor. - respirei fundo.

— Boa noite, Angie. Te amo.

— Te amo mais. - sorri apaixonada e enfim desliguei.

Deixei o celular de lado e me ajeitei para dormir. Mas era véspera do meu casamento. Eu estava infinitamente ansiosa. Acham mesmo que eu consegui dormir fácil assim?

A insônia veio. Fiquei pensando em German, em amanhã, em hoje, no futuro, no passado, em tudo. Eu não aguentava mais esperar, queria meu casamento logo! As horas não passariam nunca hoje, eu tinha certeza. E se eu não dormisse, demoraria mais ainda. Bufei.

Levantei da cama. Eu precisava dormir. E só tinha uma maneira de conseguir isso. Fui ao banheiro e peguei um comprimido que me fazia dormir profundamente. Tomei-o, voltei para cama e então foi fácil. Dormi rápido e profundamente. Força, Angeles. Amanhã é o grande dia.


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Notas finais do capítulo

É isso!!! Comentem e ate maio



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