Narrador observador

Semanas haviam se passado desde o início do namoro dos dois, e também pergunta inusitada de José Alfredo. Lucas deu um jeito na situação, explicando que os dois ainda eram muito jovens e mal tinham começado a namorar. Du corou mais ainda o rosto, escondendo-o entre as mãos. José Alfredo sorriu e retirou-se para os aposentos. Os dois viam-se somente nos fins de semana, e quando dava, no decorrer da semana. Mas raramente, o que era bem diferente quando eram somente amigos. Trocavam mensagens e memes pela redes socias e estava indo tudo bem no relacionamento.

— Lek, hoje eu fiz uma prova mega difícil na Universidade. Não sei se vou bem.

Du fechou os olhos e aproveitou o carinho do namorado em sua cabeça. Eles estavam na casa dela, onde Lucas iria passar a noite.

— Ei. Tu vai bem. Estudou pra burro pra essa prova. - deu um beijo na testa da ruiva - Relaxa.

Ouviram-se batidas na porta.

— Bom que estejam vestidos. Eu e Davi vamos entrando. - Theo falou por trás da porta -

— Idiota. - Du sorriu - Claro que estamos vestidos. Entra.

— Por que vocês não estariam vestidos? - Davi fitou Lucas e a irmã -

— Er... coisa do Theo. Bobeira dele. - Du mostrou a língua para o irmão mais velho - E a que devo a honra?

— Bom, como eu vou na casa dos pais da Andréia com ela, e a mãe não está em casa... o Davi vai ficar com vocês. Hoje vou conhecer os pais dela e não seria nada bom levar nosso irmão.

Finalmente chegou o dia da grande conversa de Theo com os pais da namorada. Sim, eles haviam reatado o namoro a pouco tempo. Ela ainda morava com ele na mesma casa, e embora não tivesse com os pais, sentia-se na obrigação de falar quem é o pai do bebê, já que na época do namoro, ela não o apresentou aos pais. A barriguinha já estava crescendo um pouco, mas dava para perceber a pequena protuberância.

— Claro que ficamos com ele. Vamos sair mais tarde para tomar um açaí. Que tal? - Lucas pegou o garoto no colo -

—Eba!

— Só não conta pra sua mãe que eu te dei, ok? - o mais velho sussurrou para o menino, que assentiu -

— Lucas fica um pouco com o Davi que vou aqui conversar com o Theo?

— Claro.

Du sai do quarto acompanhada do irmão e fica no corredor.

— A mãe foi ver os papéis do divórcio?

— Sim. Se tudo der certo, com a ajuda do advogado, sai em menos de um mês.

Du sorriu largamente. - Finalmente. Até que em fim vamos ser uma família normal, sem aquele crápula.

— Ele mandou uma mensagem, dizendo que vem buscar uns pertences mais tarde. Tudo bem? Estão numa caixa, na dispensa.

Faziam pouco mais de duas semanas que Alberto decidiu sair de casa, por livre e espontânea vontade. Ninguém se opôs, claro. A não ser o Davi, que ainda era uma criança e gostava do pai, o que é esperado, já que apesar de tudo, ele tratava o garoto bem. Ele decidiu morar com uma mulher que mantinha um caso, e anunciou isto num jantar em que João Lucas estava presente. Maria, ficou arrasada, óbvio. Mas como ja queria o divórcio até que aceitou bem. Seria bem mais fácil ele libertá-la e ela o desmascarar perante toda a empresa. O advogado já tinha em mãos muitas provas, que não eram suficientes sem uma declaração dele. E era isso que todos planejavam ter na manga: uma gravação dele assumindo, pronto para ir para trás das grades.

— Tá. Fazer o quê, né? Essa casa ainda é dele. Mas por pouco tempo. - Revirou os olhos -

— A Andréia ta tão feliz com o nosso filho, e eu sinto tanto pelo meu estar na reta, igual nosso pai. - Theodoro suspirou - Quando ele cair, eu caio junto. Questão de tempo.

— Quanto a isso, você vai pagar mesmo. Tem que ser feita a justiça, mesmo que você tenha se arrependido. - Du o abraçou - Mas fica frio, vai dar tudo certo.

— Amor, vamos? - Andréa apareceu no corredor, com um vestido na altura dos joelhos, rodado, sandália rasteirinha e cabelo solto com os cachos naturais bem bonitos -

— Meu, que sorte ter uma morena assim. - Ele a fitou e a pegou pela cintura dando um beijo em sua bochecha. A morena sorriu - Vamos indo. Até mais.

— Até. - Du observou o casal saindo e notou como eram lindos juntos -

— Agora, você pega o pato e bota no ninho com os ovos deles.

Du chegou no quarto e encontrou Lucas jogando um jogo de tabuleiro com Davi, que observava tudo atentamente.

— Ahn. Oi. - O rapaz sorriu - Aprendeu, tampinha?

O garoto fez que sim com a cabeça.

— Agora você mostra pros seus coleguinhas da escola como é fácil.

— Obrigado!

Davi recolheu o jogo da mesinha de estudo de Du, e saiu em seguida.

— Você leva jeito com criança.

— Elas me amam. Aliás quem não me ama?

— Convencido. - Du dá um tapinha no ombro do namorado -

— Realista. - A abraça - Agora vamos terminar o que nem começamos?

— Vamos sim.