After escrita por J N Taylor


Capítulo 5
Chapter 4 - Coincidence?




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O acaso é talvez, o pseudônimo que Deus usa quando não quer assinar suas obras.

T. Gauther

John se sentou ao lado da mãe. Fez menção de dizer algo, mas ficou quieto. Apos um silêncio constrangedor entre os quatro, ele se levantou.

–Vou sair. Já volto. - falou enquanto dava dois passos.

–Certo, vamos com você. - disse Alice, sorrindo.

–Não. - ele fez um gesto para que ficassem – Tomem conta da minha mãe. Não vou demorar.

–Onde você vai? - Ryan andou na direção dele.

–Já volto! - repetiu, mais rispidamente – Confiem em mim.

–Mas, John! Você tem que dizer pra sua mãe… - ele já havia saído – …para onde vai.

Ele saiu da casa. Andou até a rua. Atravessou para o outro lado e andou pela calçada por duas ou três ruas. Parou quando um mendigo o chamou.

–Garoto. - disse ele.

–Não tenho dinheiro. - e deu um passo, ignorando o homem.

–Não quero seu dinheiro. - o sangue de John congelou. Ele engoliu em seco e olhou para o homem. Eles não se conheciam, ele tinha certeza.

–O que você quer, então? - sua voz tremeu um pouco.

–Isso que você sente, vai passar. Não perdoar é um erro.

–O que?

–Você precisa perdoar, garoto. Qual seu nome?

–Não interessa.

–Interessa, John. - ao ouvir o próprio nome, o garoto ficou pálido – Surpreso?

–Como sabe meu nome?

–Não interessa. - o mendigo permaneceu deitado.

–Qual seu nome?

–Eu estou aqui porque nunca aprendi a perdoar. Eu juro por Deus que meu maior erro foi esse. - ele ignorou a pergunta.

–Você não me respondeu.

–Por que é tão difícil? Você não pode ver a verdade ainda, garoto. Mas você verá, eu acredito.

–Me responde: qual seu nome? - ele tentou controlar a voz, mas quase gritava.

–Sabe, se eu tivesse alguém assim no meu caminho, me avisando, eu ignoraria também.

–Por que está dizendo isso? - então ele percebeu melhor o homem. Apesar de parecer estar na rua por muito tempo, ele mantinha um certo orgulho. O cabelo dele era preto, oleoso, e estava sujo, como todo ele. As roupas eram um número maior que ele, provavelmente ganhara em uma doação.

–Você, John. Pode, por favor, dizer o que eu digo? - ele se levantou e deu um sorriso com os dentes sujos – Eu perdi meu irmão. Dois irmãos, homens. Entendo sua dor.

–Como você sabe sobre isso? - os olhos do garoto estavam marejados de lágrimas, mas ele não sabia se eram de medo ou de vergonha. Ele se sentia submisso. Era uma sensação indescritível. Ele se sentia envergonhado, com medo, com raiva, culpado. Uma explosão de sentimentos complicados.

–Eu apenas sei. E não foi por meio de alguém. Bom, de certa forma. - John percebeu que o jeito dele, a voz, o modo de falar, tudo nele estava deslocado daquele lugar.

–Eu perdi meu irmão, sim. Ele se matou. Culpado pelo acidente com minha irmã.

–Meus dois irmãos morreram por minha causa. Mas minha dor é pior que a sua.

–Como assim?

–Quando eu era mais novo, tinha sua idade, eu era orgulhoso. Um deles odiava isso em mim. Ele me batia sempre que podia. Um dia, meu outro irmão cansou de me ver apanhando e eles brigaram. Um matou o outro. Eu sou culpado até hoje com isso. Eu nunca me perdoei. Assim que cheguei aqui. Não perdoei uma vez, eu nunca mais perdoei ninguém. Eu recusava o perdão, mesmo que você se arrastasse. E assim eu vou cavando minha cova. Estou deitado nela.

–Por que está me dizendo isso? Por que eu? Aqui e agora!

–Ninguém é totalmente independente do mundo quanto você quer ser. Você precisa das pessoas e as pessoas precisam de você. A vida é um negócio. Ninguém faz um acordo sozinho.

–Mas… - ele não conseguia argumentar.

–Mas? Você quer saber meu nome. Eu não vou te falar. É totalmente irrelevante para a situação. Por que você? Boa pergunta. Alguma coisa me disse para te dizer isso. Qual sua religião?

–Eu não tenho.

–Nem eu. Você pode dizer que foi Deus que me mandou. Pode dizer que foi apenas coincidência. Um golpe de sorte. Chame como quiser.

–O que quer dizer com isso?

–Me diga você.

–Quem é você?

–Eu sou você, John. Isso que você é.

–Eu não preciso dessa visão de mim. - ele tirou uma nota do bolso e jogou para ele – Pegue.

–Eu não quero. - e devolveu. John colocou a nota no bolso, e se virou para sair.

–Acho que o mínimo era me dizer seu nome.

–Seria. - o garoto deu um passo, mas o homem o agarrou pelo pulso – Hoje é que dia?

–Dia 5.

–Antes do fim do mês, você vai mudar sua opinião.

–Me solte!

–Você vai precisar do seu pai. Você vai aprender a perdoar, mas pode ser tarde. Ele daria a vida dele por você, John.

–Você não sabe de nada.

–Você não sabe de nada, John. Me escute, pode ser tarde. Perdoe agora.

–Me solte! - ele gritou. O mendigo soltou o pulso dele – Obrigado. - e se afastou.

–Até o fim do mês. - ele ouviu o homem dizer. John se virou, ele não estava mais lá.

–O que foi isso? - ele murmurou para si próprio e afastou todas as teorias da cabeça.

***

–Cadê o George? - perguntou Marco, saindo do mercado. Então deduziu onde o amigo estava. Andou até o bar. Encontrou ele lá, sentado, jogando cartas.

–Marco! - ele disse quando o amigo bateu no ombro dele.

–Está jogando?

–Ahn? Sim, por quê?

–Nada. Cadê a nossa cerveja?

–Não comprei. - falou ao perceber que havia feito algo errado – Desculpa.

–Não, tudo bem. Só me dá o dinheiro, eu compro.

–Eu… Apostei.

–Não importa o que você faça, dê um jeito de me pagar. Se ainda precisar de um lugar para passar a noite, tem a minha casa.

–Marco, desculpa. Eu perdi o controle.

–Eu percebi, George. Você me decepcionou.

–Mas… - não falou, apenas viu o amigo se afastando silenciosamente.

–Seu amigo? - perguntou Ralph.

–Eu acho que era. Eu vacilei, não?

–Você tem a gente. - disse Marvin dando um tapinha no ombro dele.

–Pode contar com a gente quando precisar. Somos seus amigos, não?

–Bom, acho que sim.

–Você acha? - sussurrou Stu.

–É, vocês estão certos.

–Você não precisa dele, Mark.

–Para de me chamar de Mark. Meu nome é George.

–Certo. - disse Ralph, rindo – Como eu acabei de dizer, você não precisa dele.

–É, eu não preciso. - o defeito de George era ser facilmente influenciado.

–Eles estão certos, George. - Marco estava de pé atrás dele. Os outros três homens deram um leve sorriso, era fácil conquistar ele.

–Você entendeu errado, Marco. O que… O que você está fazendo aqui?

–Eu voltei pra te avisar que talvez eu não estivesse em casa quando você voltasse. Mas não preciso.

–Por que?

–Você não vai dormir na minha casa. Pode voltar para sua casa. Ou ficar na casa deles. - e saiu.

–Marco! Marco! - ele deu um soco na mesa – Eu posso dormir na sua casa, Ralph?

–Não hoje, vou sair com minha noiva.

–Stu? - ele implorava com os olhos.

–Desculpa, cara. Eu não te conheço direito.

–Marvin? Por favor, eu ajudo com as despesas ou…

–Vou sair, tenho uma festa para ir. - cortou ele - Desculpa.

–Vocês disseram que eu poderia contar com vocês!

–Hey, não se estresse, certo? - rosnou Ralph.

–Vocês disseram. Bom, desculpe, interpretei vocês errado. - ele puxou uma nota de cinquenta de cima da mesa.

–Você não ganhou, isso não é seu.

–Por favor, rapazes.

–Não! - Ralph deu um soco na mesa e se levantou.

–Como quiser. Aqui. - George guardou a nota no bolso e pegou duas garrafas de cerveja, uma em cada mão, e derramou o que sobrou em cima do pequeno bolo de notas – Tchau. - e saiu, deixando todos parados e sem reação. Marvin mantinha uma expressão de incredulidade.


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