A Ascensão de Caos I escrita por Kayumi


Capítulo 1
I - Shade


Notas iniciais do capítulo

XEEEEEMT

FAZ TEMPO QUE EU NÃO POSTO NENHUMA FIC

A INTERNET DAQUI TA COISADA

TIVE QUE EXCLUIR OUTRAS FICS :(

XÊRÃO



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O dia de Shade estava ruim antes mesmo de ser atacado por uma matilha de lobos.

O garoto dormia no banco do passageiro do carro de sua mãe, um Fiat branco, há dias os dois fugiam do padrasto de Shade, Mark. Sonya Lewis havia se casado com ele porque ela e Shade não tinham mais nenhuma opção a não ser dormir em um carro.

Mark tendia a ter certos ataques. Vez ou outra, ele bebia e espancava a mãe de Shade, ou até mesmo o próprio garoto.

Nada se sabia sobre o pai biológico de Shade, apenas que ele tentava o máximo ser um bom pai, mas acabara abandonando-os quando Shade era apenas um bebê.

– Dormiu bem, querido? – perguntou sua mãe, seus olhos amendoados, inchados e vermelhos de tanto chorar o fitavam, esboçando preocupação.

– Não... – ele murmurou esfregando os olhos e se endireitando no banco – Aquele mesmo pesadelo...

– Entendo... – Shade pôde ver que ela tentava forçar um sorriso, mas sem sucesso.

Sonya parou o carro no estacionamento de um McDonald's.

– Quer falar sobre o que está acontecendo? – perguntou Shade, sua mente estava embaçada, o garoto mal conseguia pensar

– Mark está... – começou ela – Mark passou dos limites...

Shade observou com atenção o rosto da mãe, havia um corte bem abaixo da bochecha, na lateral

– Ele sempre lhe fez tão mal... – murmurou – E você fez isso para que eu vivesse bem... Você sofreu todos esses anos por mim...

– Seria capaz de morrer por você, meu garotinho... – disse ela abraçando-o

– Nunca mais repita isso – Shade levantou a cabeça para encarar a mãe – Não quero que você morra por mim...

Sonya deixou um sorriso escapar

– Venha, está com fome?

– Não... – ele respondeu, mas seu estômago roncando o denunciou – Um pouco...

Eles sentaram em uma mesa próxima à janela. Mãe e filho estavam fugindo de Mark há uma semana, e ele os perseguia todos os dias.

Sonya continuava olhando nervosamente para a janela, talvez esperando que a qualquer momento a camionete de Mark parasse no estacionamento.

Shade olhou o seu cheeseburguer e ao ver a tensão da mãe, perdeu a fome.

– Ele não virá atrás de nós – ele tentou transmitir confiança pela voz.

– Meu maior medo é que ele lhe faça algum mal... – Sonya estava com os olhos marejados novamente.

– Devíamos ligar para a polícia... – Shade bufou com raiva

– Acho que ele já fez isso... – a mãe indicou a televisão que estava no noticiário local, o repórter falava como um louco e mostrava as fotos dos dois, como se fossem fugitivos.

Mark descrevia Shade como um meliante drogado, o que fez o garoto bater com o punho na mesa

– Que idiota... – ele dizia mexendo na rodela de tomate no seu sanduíche – Devíamos tê-lo denunciado a muito tempo...

– Tenha paciência, Shade – disse a mãe bagunçando os cabelos negros do garoto enquanto procurava a chave do carro na bolsa – Vamos, estamos quase chegando...

– Chegando aonde? – ele perguntou enquanto comia as batatas uma por uma. Realmente, Shade não comia a bastante tempo, estava começando a pensar que se comesse muito fast-food, iria morrer com as artérias entupidas

– Oakland Hills – disse ela e Shade engasgou e começou a tossir

– Tudo bem... – disse ele entre uma tosse e outra – Por que vamos até lá?

– É o único lugar que você vai ficar totalmente seguro... – Sonya tirou a chave do carro da bolsa e tentava destrancar a porta do veículo – Temos que encontrar os lobos...

– Lobos? – dessa vez, Shade achou que sua mãe tinha enlouquecido, quando ouviu o uivo de lobos e um bando de animais negros saíram do mato, com uma figura quase humana entre eles.

– Não são esses lobos... – o rosto de Sonya Lewis ficou pálido – Corra, Shade! Corra!

O garoto contornou o estabelecimento e correu para o matagal dos fundos, Shade correu como nunca havia corrido antes, sua mãe o puxava por entre as árvores, vários lobos os perseguiam, ainda tinha aquela silhueta que os seguia rosnando e dizendo provocações

– Eu sinto seu medo, semideus... – disse o homem – Você não pode escapar de mim...

– Não dê ouvidos a ele! – gritou sua mãe – Venha!

Os dois correram por volta de cem metros, quando um lobo agarrou a perna de Shade. O garoto foi arrastado pelo animal, quando os outros estavam se aproximando, sua mãe pegou um galho e nocauteou os lobos.

– Minha perna... – ele grunhiu, o lobo havia mordido o seu calcanhar, a dor se espalhava pela área. Shade conseguia sentir o sangue pingar

– Vamos! – Sonya pôs um de seus braços sobre seus ombros, ele era grande demais pra ser carregado, a visão de Shade estava turva e distorcida

– Não pode esconder a verdade dele, Sonya Lewis... – o homem emitiu um riso que ecoou por toda a floresta

– Mãe, do que ele está falando? – perguntou – Ele me chamou de... Semideus?

– Não tenho tempo de explicar – disse ela com lágrimas nos olhos, ela o entregou um anel com um crânio minúsculo de ônix – Isso era do seu pai... Use-o com sabedoria...

O anel parecia dar forças a Shade, o garoto levantou-se e segurou o braço da mãe

– Vamos! – disse ele, ignorando a dor no tornozelo, Sonya se recusou a andar mais um passo

– Encontre os lobos... – disse ela – Os lobos de Lupa

– Lupa? – então Shade lembrou-se da história de Rômulo e Remo, Lupa era a loba que os alimentara

– Corra para o túnel, meu garotinho – disse sua mãe ficando entre os lobos e ele – Corra o mais rápido que puder! E jamais olhe para trás!

Os olhos de Shade se encheram de lágrimas, começou a correr então sentiu sua cicatriz, que atravessava a sobrancelha, latejar, como se tivesse acabado de ser feita

Sua mãe dizia que havia sido um lobo que o atacou quando era menor.

Enquanto corria, Shade tinha vislumbres de sombras o seguindo, os lobos ainda estavam em seu rastro

– Por que não para de fugir, pequeno semideus? – disse a criatura atrás dele, Shade parou bruscamente, mesmo apavorado, encarou a criatura e quase engasgou-se novamente.

Era exatamente igual ao homem que ele via em seus pesadelos, a cicatriz começou a queimar, como um alerta. Fuja!

– Você é... – Shade murmurou

– Chega, Licáon... – disse uma voz feminina, Shade olhou na direção da voz e viu outra matilha de lobos, dessa vez eram lobos cinzentos, no centro estava uma loba, ele a reconheceu de imediato. Lupa, a deusa-loba – Você está seguro agora, criança

– Você é Lupa... – Shade se sentia atormentado – A loba que alimentou os gêmeos Rômulo e Remo...

A loba assentiu, enquanto seus companheiros rosnavam para Licáon

– Dessa vez vou matar uma de suas crias, Lupa... – ele deu um sorriso de escárnio – Você não pode evitar isso

Lupa rosnou

– Não se meta em meus assuntos!

O homem se curvou bruscamente e nasceram pêlos, então Shade se engasgou pela terceira vez, Licáon era um híbrido

– Um lobisomem... – murmurou o garoto

– Na verdade o primeiro – gabou-se Licáon

– Foi como surgiu o termo licantropo – disse Lupa – Venha, criança de Roma, logo você irá descobrir quem você realmente é...

– Quem eu sou...? – disse Shade – Minha mãe... Ela..

Lupa o encarou e negou com a cabeça, os olhos do garoto voltaram a lacrimejar...

– Ela morreu? – perguntou ele

– Temo que sim – disse a loba e Shade limpou o rosto, ele não gostava de chorar na frente de ninguém, nem de uma deusa – Venha, seu destino o aguarda...

O garoto seguiu a loba por entre as árvores até chegar a um túnel de manutenção

– Que lugar é esse? – disse ele com a voz embargada

– Roma, criança – respondeu Lupa – Roma

A loba correu para a floresta e desapareceu, deixando Shade sozinho com uma espada dourada apontada para seu peito

– Alto! Quem é você? – disse a dona da espada, ela usava uma armadura completa dourada e era mais baixa que Shade, ele não conseguia ver seu rosto pelo elmo dourado, via apenas algumas mechas do cabelo vermelho da garota e seus olhos, cor de âmbar, como se dissessem "Caia fora ou eu chuto a sua bunda!"

– S-Shade Lewis... – ele gaguejou evitando contato visual com ela – Lupa me... Salvou de Licáon

A garota abaixou a espada, ela parecia ter a mesma idade de Shade, quinze anos, tinha um olhar basicamente maligno

– Algum lobo de Licáon o seguiu? – ela perguntou olhando o perímetro

– Acho que não, mas... – Shade tentou evitar pensar na mãe, ela se sacrificara para que ele chegasse ali são e salvo – Apenas isso...

– O que aconteceu na sua viagem até aqui? – perguntou a garota

– Nada... – ele mentiu

– Mentiroso... – ela soltou um risinho – Desembucha

– Os lobos de Licáon... – Shade tentava ao máximo não chorar, principalmente na frente de uma garota que tinha acabado de conhecer, ele nem ao menos sabia seu nome – Mataram a minha mãe

A garota tirou seu elmo, ela era até bonitinha, tinha o rosto afinado, pele quase tão clara como a sua, tinha olhos perfeitamente desenhados, seus cabelos eram medianos e pintados de vermelho-vivo

– Sei como você se sente... – disse ela – Me chamo Jill, Jill Walker, sou filha de Marte

Ela mostrou a tatuagem em seu antebraço, SPQR, duas lanças cruzadas e cinco traços

– Não querendo me gabar, mas os outros do acampamento me chamam de Jill das Mil Armas – ela disse sorrindo

– Por que? – perguntou Shade e ela tirou seis adagas do peitoral da armadura

– Por isso – ela disse guardando as adagas – Consigo esconder quantas armas eu quiser, até a minha maça.

Da armadura ela tirou uma corrente dourada com uma bola dourada de metal na ponta, repleta de espinhos de metal

– Foi uma pequena benção do meu pai – ela girou a massa e a guardou – E você? É filho de quem?

Jill puxou o braço de Shade, talvez em busca da tatuagem, mas não encontrou nada

– Ah, você não foi reclamado... – disse ela – Tudo bem, você será bem acolhido aqui no Acampamento Júpiter!

– Acampamento Júpiter? – ele perguntou

– É onde pessoas como nós ficam seguras – ela disse abrindo o portão de ferro, dando acesso a um túnel de terra – Os deuses descem à terra e têm filhos com mortais, então nascem...

– ... Os semideuses... – completou Shade – Então, me conta... O que é essa tatuagem?

– É o que se ganha quando é reclamado por seu pai divino – Jill explicou mostrando o braço – SPQR significa Senatus Populusque Romanus, ou "O Senado e o Povo Romano", As lanças são o símbolo de Marte Ultor e as linhas são os anos que servi para a legião, sou da Quinta Coorte

– Hum... – Shade murmurou enquanto observava a passagem

– Você parece ser filho de algum deus forte – ela disse, com uma expressão como se estivesse decifrando um enigma – Mas não me parece ser filho de Marte... Geralmente, meus irmãos são muito parrudos... Você é um pouco... – Jill murmurou uma palavra em latim, mas Shade conseguiu traduzir com perfeição

– Me chamou de apático? – ele perguntou e ela riu

– Certo, você é definitivamente um semideus – disse Jill – Tem TDAH? Dislexia?

– Sim e sim – ele disse revirando os olhos ao se lembrar das inúmeras consultas aos psicólogos e psiquiatras

– É porque o seu cérebro está ligado ao latim – ela sorriu – Mas não sou eu quem vai lhe explicar isso, deixe que você descubra, espero que você consiga entrar na Primeira ou na Segunda Coorte!

– Por que eu não posso entrar na Quinta com você? – Shade perguntou, quase triste por não poder ficar junto de Jill, sua primeira "amiga" em anos

Ela suspirou, Jill parecia cansada de repetir a mesma resposta

– A Quinta é a coorte mais azarada – disse ela – Não desejaria o mesmo azar para você... A Quinta foi grandiosa no antigo Império Romano, mas hoje...

– Certo... – Shade sussurrou, mas ao ver toda a vista do acampamento, perdeu o fôlego – Uau...

– Incrível, não? – disse Jill tirando a armadura, revelando a blusa roxa do acampamento, jeans surrados e tênis All Star, se a encontrasse na rua, podia jurar que ela não era mortífera – Enfim, vá até a principia, Reyna deverá lhe interrogar

– Não conheço o acampamento... – ele murmurou

– Ah, esqueci, foi mal... – ela forçou um sorriso – Venha, você vai conhecer melhor tudo isso aqui, tem a Via Principallis, as Casas de Banho, os templos

Por um segundo, Shade se perdeu enquanto Jill falava, tudo aquilo parecia um sonho

– Você está me ouvindo? – Jill perguntou o encarando

– Hã... Sim – mentiu, mas seus pensamentos estavam distantes

– Você é um péssimo mentiroso – ela deixou escapar um sorriso – Eu sou tediosa? É isso?

– Não! Não! Você é legal! – ele agitou os braços

– Calma, não precisa disso! – Jill soltou uma risada – Não banco a valentona como os meus irmãos!

– Tudo bem... – ele murmurou – Marte é o deus da guerra, não é

– Sim – ela assentiu – Mas deixe que Reyna lhe explique isso...

– Esse negócio está me deixando confuso... – Shade mexeu no anel e Jill arregalou os olhos

– Esse anel... – disse ela – Aonde você o conseguiu?

– Minha mãe me deu antes de morrer – ele disse olhando o anel e observando os olhos de rubi do crânio – Disse que pertencia ao meu pai...

– Será que... – antes que Jill terminasse a frase, Shade foi envolto por uma sombra, ele apenas conseguiu ouvir o grito abafado da filha de Marte a gritar seu nome


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Notas finais do capítulo

E A? GOSTARU?
MINHA PRIMEIRA FIC COM ROMANOS :3
A JILL TIRA ARMAS DE ONDE O CJ TIRA A BAZUCA NO GTA SAN ANDREAS... e.e
HSUAUAHUAUAHUSAHUSH



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