Sabe aquelas tias que todo fim de ano lhe fazem a mesma pergunta: "E os namoradinhos? Já está na hora né, Lizz!". Então, eu convivo com uma "tia" dessas. O único problema é que essa "tia" é a minha mãe.

* * *
Já estava escurecendo e a droga do mercado estava fechado. Que tipo de mercado fecha em plena quinta-feira? Agora tenho que procurar outro, acho que tem um virando a próxima esquina.
– Elizabeth!! É você mesma?! Há quanto tempo!
Uma onda de nostalgia invadiu meu corpo, eu conheço essa voz. Me virei para a sua direção e disse:
– Hmm... Guilherme? Giovanni? George! - ele me olha meio decepcionado - idiota, acha mesmo que eu me esqueceria de você, Gabriel?
– Vai saber! - nos olhamos e rimos.
Eu conheço o Gabriel desde pequena, ele era meu vizinho e brincávamos todos os dias. É como um irmão mais velho para mim. Porém desde que ele se mudou há mais ou menos um ano não tive notícias dele.
– Ei, tem muita coisa pra gente conversar, topa tomar um café? Tem uma padaria perto daqui.
– Claro, mas eu preciso comprar alguma coisa pra janta, senão minha mãe me mata.
Andamos até a tal padaria, entramos e nos sentamos. Eu percebi que ele atria olhares, muitas vezes não tendo essa intenção; era alto e loiro. Seu cabelo era um pouco comprido demais para o padrão dos homens, mas isso não importava.
– Eu quero um café e um pão de queijo, por favor. - o garoto fez seu pedido e me olhou, me esperando.
– Só um cappuccino, obrigada.
– Deixa que eu pago, afinal fui eu quem te convidei. - eu ia falar que não precisava ser cavalheiro, mas não tinha muito dinheiro, então concordei.
– Fico te devendo uma. - ele ri.
– Você não mudou nada Lizz. - ele também não havia mudado nada, o que era bom.
Nossos pedidos chegaram e eu tomei meu cappuccino enquanto conversávamos sobre tudo, ficamos conversando por um bom tempo, ele contou que já estava fazendo cursinho para passar no vestibular, ainda tinha dúvidas sobre o que fazer, mas seria algo relacionado a arte, como artes cênicas.
Até que ele me perguntou se eu estava namorando.
– Ah Gabriel, até você! Por que todo mundo se preocupa tanto com isso? Ainda não, mas minha mãe vive enchendo meu saco pra eu arrumar um, deveria ser ao contrário, não? Ela não deixar eu namorar. - falei mais do que deveria, mas foi um desabafo.
– Sabe Lizz, eu te entendo. Meus amigos também pegam muito no meu pé, só porque eles tem namoradas querem ficar arranjando pra mim também. Nossa...
– O que foi? - perguntei curiosa.
– Nada, uma ideia idiota - ele diz.
– Da gente namorar? - falei meio nervosa - bom, não é tão idiota assim...
– É... Seria como matar 2 coelhos com uma cajadada só. Se é que essa comparação faz sentido.
– Mas você teria que tomar cuidado pra não se apaixonar por mim - digo brincando.
– Idiota, nem se eu quisesse. Bom, estamos de acordo então.
– Sim, amor.
Não sei o que esperar, só sei que agora tenho um "namorado".