Festa Surpresa escrita por Enchantriz


Capítulo 1
Capítulo 1: Festa Surpresa




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Naquele dia, Ionia amanhecia com seu claro céu azul de poucas nuvens que escondiam um enorme templo sob uma bela ilha flutuante... ali, descansava a Soberana Sombria em seu quarto cheio de papeis com escritas mágicas por todos os cantos.

– Que droga é essa agora!? – disse o Mestre das Sombras ao entrar no cômodo vendo a maga dormir de bruços na cama com uma curta camisola branca de alça, o cobertor jogado em seus pés. – Ei, por mais quanto tempo você pretende ficar nessa cama? – perguntou ao se aproximar retirando do rosto despreocupado alguns fios de seu cabelo branco.

Zed deslizou as pontas dos dedos lentamente pelas costas da jovem, a fazendo se remexer um pouco antes de piscar os olhos sonolenta.

– Me deixa... – resmungou ela ao se virar para o outro lado da cama, sem se importar com uma parte da sua calcinha preta amostra.

O ninja bufou irritado cruzando os braços com a cena provocativa.

– Tsc! Você testa os limites da minha paciência. – reclamou. – Levanta, já são duas horas da tarde.

– Não quero saber as horas, quero ficar sozinha. Vá encontrar outra pessoa para brincar, Zed. – gesticulou com uma das mãos antes de se cobrir por inteira.

Ele suspirou pesado, se aproximou da maga retirando seu cobertor e a pegou colocando em um dos ombros.

– E-ei! O que pensa que esta fazendo!? Me põe no chão! – vociferou de cabeça para baixo ao ser levada para fora do quarto. – N-não! Zed! Eu não posso sair daqui! – disse preocupada ao chegar perto da porta, debatendo-se em meio ao alto corpo masculino. – Zed para! – berrou ao atravessarem a porta.

E de repente, a pressão do ar caiu drasticamente fazendo o ninja arregalar os olhos e largar a maga no chão o vendo imobilizado pela densidade de seu poder que o impedia de respirar. Rapidamente, ela o empurrou para dentro do quarto o ouvindo cair no chão feito pedra antes respirar ofegante ao retirar a mascara de ferro.

– Mas que diabos esta tentando fazer!? – vociferou ao se sentar olhando para Syndra se levantando do outro lado da porta, abraçando o corpo com um sorriso pequeno nos lábios.

– Eu sabia que você viria, – iniciou. – provavelmente se eu não tivesse passado a noite fazendo esse feitiço você estaria morto agora. – entrou no quarto. – Você esta bem? – perguntou ao se agachar em frente ao ninja.

– Eu quem devia te perguntar isso. Seu poder esta em um nível insano! – disse impressionado. – Você não pode estar viva com um poder desses...!

Ela abaixou a cabeça abafando um riso.

– A tendência é piorar daqui pra frente, não? – comentou sem se importar com o fato.

– Você vai enlouquecer se continuar assim, Syndra.

– Eu vou ficar bem. – voltou a sorrir. – Sabe que posso controlá-lo perfeitamente.

Syndra era a única maga cujo poder é ilimitado, provocando muitas vezes desordem no conselho mágico que não entendiam a causa de tanto poder, assim como o temiam com o passar dos anos que aumentavam de uma forma quase absurda. E ano após ano, Syndra o controlava com perfeição se tornando uma das magas mais poderosas de toda Runeterra. Zed sabia o potencial incrível que a jovem tinha com a magia, mas algo perturbava sua mente, era obvio que a cada ano que passava Syndra corria cada vez mais perigo. Ele deslizou os dedos pelo rosto feminino.

– Você realmente se tornou uma maga incrível. – elogiou a olhando diretamente nos olhos prateados que piscaram surpresos.

As palavras ecoaram na mente do Mestre das Sombras que se lembrava do ocorrido mais cedo, voltando a se concentrar ao ouvir o tilintar alto das espadas no silencio da floresta. O ninja se divertia em meio a um treino com Yasuo, o Imperdoável.

– Que tal mais uma partida? – desafiou Yasuo ofegante, apoiando a espada no ombro.

– Não vai dar. – respondeu sem muito interesse. – Tem algo que eu preciso fazer.

– Aconteceu alguma coisa?

– Não. – respondeu direto, os olhos vagos para o céu que escurecia. – Mas hoje é o único dia do ano que ela fica instável. – suspirou pesado sem gostar do fato. – Tsc! Ela só me dá trabalho, garota tola...! – comentou baixo para si mesmo antes de dar as costas para o samurai, se despedindo com um breve aceno.

E olhando para aquele mesmo céu noturno repleto de estrelas, estava a Soberana Sombria sentada na sacada da janela de seu quarto com um cobertor em suas pernas enquanto segurava uma xícara de chá quente.

– Não me diga que pretende ficar a noite trancafiada aqui também? – ouviu a voz de Zed que encostou na porta com os braços cruzados.

– Você sabe que não é como se eu tivesse muita escolha. – explicou normalmente. – Aqui é o lugar mais seguro para eu ficar longe de você e os outros lá embaixo. Não me importo de ficar aqui, sempre foi assim... – olhou para o seu reflexo na xícara branca. – e sempre vai ser. – murmurou tomando um gole do liquido.

Syndra realmente não se importava de passar aquele dia sozinha, já estava acostumada com a situação caótica oferecida pela data. Apesar de saber lidar com a ocasião, a única coisa que a preocupava todos os anos era a presença de Zed por perto, temia que algo saísse de controle e atingisse o ninja que a ignorava quando avisava para se manter longe.

– Então, – iniciou o homem abaixando um pouco a cabeça, tomando coragem. – você vai recusar se eu te chamar para jantar?

– Huh!? – ela piscou os olhos surpresa pelo convite. – A-ah... – gaguejou sem saber o que dizer. – Eu não sei se seria uma boa idéia. – respondeu meio tristonha por ter que recusar. – Desculpe...

– Certo. – ele se recompôs. – Você tem vinte minutos para se arrumar e sair desse quarto. – avisou antes de dar as costas fechando a porta.

– O que!? N-não! Zed! – chamou sendo ignorada. – Aaah... – bufou massageando a têmpora. – Odeio quando faz isso. – murmurou emburrada ao se levantar.

Alguns minutos se passaram enquanto o Mestre das Sombras esperava pacientemente no salão principal observando um enorme quadro do mapa de Runeterra ocupar toda uma parede.

– Você tem que aprender a me ouvir, sabia? – voltou a ouvir a voz da maga.

Ele olhou para a escadaria ao centro com um sorriso bobo por baixo da mascara ao ver Syndra descendo os degraus com o salto baixo da curta bota roxa batendo contra o piso, a jovem estava com uma saia pregueada preta combinando com a blusa de manga comprida e o cabelo preso como o de costume sem o elmo.

– Melhor fechar a boca, vai acabar sujando meu chão de baba. – provocou com um sorriso sínico cruzando os braços em frente ao homem.

– Ha! Muito engraçada. – ironizou antes de sair andando até a porta. – Vamos logo, você já me fez esperar demais.

– C-como é!? – exclamou irritada seguindo o ninja. – Você me chama para sair do nada e ainda espera que eu me arrume em vinte minutos!? Você só pode estar brincando! – reclamou.

– Não imaginei que você fosse tão lerda. Estou com fome, eu já estaria no terceiro prato agora se não fosse por você. – queixou-se a fazendo bufar, mas antes que ela pudesse dizer algo, ele reparou em suas mãos encobertas por escritas mágicas. – Ei, o que é isso?

– Ah, apenas selei meu poder, – tentou esconder os dedos atrás do corpo. – vai funcionar por um tempo...

– Hunm.

Eles foram até as profundezas de uma floresta onde tinha um pequeno estabelecimento conhecido escondido por entre alguns galhos velhos, a entrada coberta por uma cortina vermelha. Os dois discutiam quando entraram no local e ouviram:

– SURPRESA! – todos berraram ao mesmo tempo em que um monte de confetes coloridos caiu em cima da maga boquiaberta.

Syndra olhou a sua volta impressionada, sem acreditar no local que estava todo decorado com balões e algumas faixas roxas. Não conhecia muita gente, mas o pouco a quem confiava estavam ali...

– Parabéns! – desejou Ahri, a Raposa de Nove Caldas saltando animada para sua frente com um bolo repleto de morangos, as velas no centro soltando uma chuva de estrelinhas.

– Como vocês sabiam... – ela perdeu a fala ao olhar para Zed atrás de si.

– Feliz aniversário, Syndra. – desejou ele afagando os cabelos prateados com um sorriso sincero por trás da mascara de ferro.

A maga sentiu os olhos encherem d’água, mas sorriu abaixando a cabeça engolindo o choro, passando os dedos pelos olhos impedindo das lagrimas escorrerem. Desde que se conheceram, Zed sempre esteve ao seu lado, e ele melhor que ninguém sabia de seu aniversario e que não o comemorava, porem se preocupava por ela se trancar do mundo.

– Aah, que gracinha... – Ahri entregou o bolo para Yasuo antes de abraçar a amiga. – Vamos comemorar! Afinal, se não fosse por você eu não estaria aqui agora. – sorriu gentil puxando a jovem para o enorme balcão no centro.

As duas garotas sentaram perto do grupo noxiano que disputavam animados quem bebia mais, juntando-se a eles.

– Ela parece contente. – comentou Yasuo para o ninja de vermelho. – Você fez bem em trazê-la para cá.

– Sim. Isso vai distraí-la um pouco. – cruzou os braços observando a maga rir em meio a conversa.

– Porque não diz a ela o que sente? – disse o samurai sendo direto.

– Do que esta falando? – perguntou sem entender.

– Não precisa mentir para mim, esta estampado na sua cara que você gosta dela.

O Mestre das Sombras voltou a parar os olhos na Soberana Sombria. Não poderia se dar ao luxo de ouvir seu coração e admitir o que realmente sentia, de aceitar o desejo de poder te-l a para si. O amor e o afeto era arriscado no mundo em que viviam, se descobrissem o usariam contra ele, e perdê-la não era uma opção.

– Isso é impossível. – respondeu normalmente. – Acho que você esta enxergando demais, Yasuo.

– Se esta dizendo... – abafou um riso.

As horas se passaram trazendo o tardar da madrugada, todos haviam ido embora deixando o local silencioso com apenas Yasuo vendo um filme de terror sentado no sofá acompanhado de Riven e Diana enquanto Zed assistia sentado no outro sofá ao lado de uma poltrona, e não demorou muito até Syndra flutuar para a pequena sala com um pote de pipoca, juntando-se aos seus amigos. A maga parou em frente à poltrona reparando na sombra de Zed que estava sentado em seu lugar, irritada, colocou os pés no chão apontando para a sombra ao mesmo tempo em que olhou para o ninja de vermelho se divertindo com a situação batendo a mão no sofá onde estava para que ela sentar-se ao seu lado. Syndra suspirou dando de ombros, virou-se e sentou no colo da sombra viva cruzando as pernas e passando os braços por seu ombro, olhando para Zed com um sorriso provocativo nos lábios quando sentiu as mãos do clone descansar em sua coxa e cintura.

– Vai ter que fazer melhor da próxima vez. – provocou.

E em questão de segundos, ela arregalou os olhos prateados surpresa ao perceber que o Mestre das Sombras havia trocado de lugar, vendo no sofá a sua sombra com os braços cruzados e o rosto virado para o outro lado como se estivesse chateado. Por um momento, tinha esquecido as habilidades do homem. Syndra sentiu as bochechas esquentarem e o coração acelerar ao ouvir a sonora risada de Zed perto de seu ouvido, a fazendo se arrepiar.

– Acho que é você que precisa fazer melhor da próxima vez. – respondeu convencido.

– Você é realmente irritante!

– Foi você quem decidiu sentar no meu colo. – a provocou ainda mais.

Syndra virou o rosto emburrada apertando os dedos levemente no ombro do ninja, tentando se acalmar ao perceber o quão perto estavam. Percebendo a inquietação da jovem, Zed sorriu por debaixo da mascara com a vermelhidão de seu rosto.

– Ei, do que você est--

Interrompeu as palavras da maga que caiu sentindo o acolchoado da poltrona quando o Mestre das Sombras voltou a trocar novamente de lugar com sua sombra viva, a fazendo desaparecer. Zed não tinha mais que a intenção de provocá-la, estranhamente, gostava de vê-la irritada, mas a respeitava acima de tudo. Syndra o olhou confusa por voltar para o outro sofá sem dizer uma palavra. Não era como se não tivesse gostado daquela aproximação, de alguma forma, gostava do jeito como o ninja mexia com ela. Então, ela levantou caminhando calmamente até Zed e sentou-se ao seu lado colocando as pernas em cima das dele.

– Você é bem indecisa, não?

– Não enche. – respondeu de mau humor trazendo a pipoca que flutuava para sua mão, oferecendo para o ninja que recusou balançando a cabeça.

Os dois voltaram a assistir o filme em silencio embora não se sentissem interessados pela historia fraca que chamava a atenção de seus amigos. De repente, Syndra piscou os olhos embaçados.

– ...agora não. – murmurou quase inaudível forçando a visão em meio à forte dor de cabeça.

As luzes até então apagadas começaram a piscar junto com a imagem da TV que falhou.

– O que esta acontecendo? – se perguntou o samurai sem reparar no descontrole da maga.

E antes que alguém desconfiasse, Zed passou o braço pelos ombros da jovem e colocou a mão em sua cabeça para deitá-la em seu ombro.

– Feche os olhos. – ele sussurrou em seu ouvido vendo umas das escritas mágicas desaparecer das mãos feminina. – Respire fundo e concentre-se.

– Não dá... minha cabeça parece que vai explodir! – disse com a voz baixa escondendo o rosto no peito do homem, apertando os dedos em sua veste. – Eu preciso sair daqui... – murmurou desesperando-se.

– Se acalma, você consegue. Eu estou aqui com você. – tranqüilizou a envolvendo em seus braços, afagado os longos cabelos brancos.

Syndra respirou fundo sentindo o suave cheiro bom que emanava do corpo de Zed, concentrando em se acalmar em meio aqueles braços quentes que a envolviam em um abraço. Não demorou muito para que tudo voltasse ao normal e passasse despercebido, porém a respiração da maga se tornou fraca após pegar no sono pelo cansaço, seus dedos deslizando lentamente pela roupa vermelha do ninja.

– Ei, Syndra? – chamou sem resposta. – É melhor eu tirá-la logo daqui. – pensou ele a pegando nos braços ao se levantar.

Zed saiu sem dar uma palavra carregando a maga adormecida nos braços. Apressou-se em levá-la para seu templo, deitando cuidadosamente o corpo frágil na cama bagunçada. Ele observou por um instante o rosto despreocupado no travesseiro antes de segurar a delicada mão da jovem que não tinha mais o feitiço.

– Humpf... – abafou um riso aproximando os dedos de sua mascara, como se encostasse os labios. – Como pode um coração como o seu, amar um coração como o meu. – se perguntou em voz baixa, sem acreditar que ela havia se controlado ao maximo para ficar ao seu lado. – Durma bem, Syndra... – desejou deixando os dedos da jovem escorregarem pelos seus.

Logo amanheceu em Ionia, e ainda sonolenta, Syndra abria os belos olhos prateados quando os esfregou sem acreditar no que via. Seu quarto estava repleto de bouquets azuis e roxos de diversas flores que enchiam seu quarto com um fraco aroma agradável. Ela se sentou admirando o sol que batia nas plantas, suspirando baixo ao apertar os dedos no lençol.

– Eu realmente odeio quando você faz isso... Zed. – murmurou em meio a um sorriso gentil.

Não podia deixar de sorrir com o gesto do ninja, ele sabia exatamente como agradá-la embora nenhum dos dois soubessem como chegaram até tal nível de confiança. E em meio os seus pensamentos, reparou no chão perto da cama uma caixa branca com um laço vermelho contendo um pequeno cartão. A maga sentou na beirada da cama colocando os pés no chão frio antes de pegar o embrulho e ler o cartão.

– “...você o queria tanto, estará mais seguro com você do que comigo.” – estranhou as palavras tentando descobrir o que era. – Não pode ser...! – murmurou desfazendo o enorme laço vermelho do centro antes de abrir a caixa. Um enorme sorriso contente tomou conta de seus lábios ao ver um enorme livro de aspecto velho e cheirando a mofo, o qual continha mais que as técnicas ninjas secretas e proibidas. – Eu não acredito! – disse a si mesma animada, folheando as paginas amarelada que ao toque de seus dedos revelava as escrituras antigas. – ...obrigada. – sussurrou vendo o desenho de um ninja na folha.


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Notas finais do capítulo

Quando vi a tirinha não pude deixar de pensar em uma historia para fazer, XD ... espero que gostem. =)



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