– Vejo que nos encontramos novamente -disse com seu típico sorriso que eu já conhecia muito bem.

– Pois é, a gente não escolhe quando as desgraças que vão acontecer em nossa vida - disse no mesmo tom que ela.

– Mas Angie nós éramos tão amigas -disse com um tom falso de tristeza na voz - não sabia que a minha presença em sua vida havia se tornada algo tao ruim.

Minha paciência havia ido para o espaço. Minha grande vontade era de voar nela e acabar com aquele sorriso falso em seu rosto, mas sabia que se eu fizesse isso a culpa recairia toda em mim.

– Amizade? Ah sim, a amizade entre você e seu ego não? Porque essa é a única que existe - minha raiva aumentava com cada palavra que saia de sua boca, e a vontade de acabar com ela carecia junto.

– Angeles, Angeles, como você era inocente - o sorriso em seu rosto aumentava cada vez mais - você é ou era a única que não sabia do que as pessoas são capazes de fazer por amor.

– Eu duvido que você saiba o que significa o amor Priscilla - o ódio borbulhava em meu interior como um vulcão prestes a explodir - a meu ver víboras como você não são capazes de amar ninguém além de si mesma. Eu não aguentava mas nem um minuto perdi dela, sai o mais rápido possível daquela cozinha que já estava me causando claustrofobia, para dar de cara logo com German.

– Angie - me chamou.

Não respondi, continuei o caminho para meu quarto rapidamente sem nem reparar se me seguia ou não. Entrei no meu quarto o mais rápido possível trancando logo em seguida. Precisava falar com alguém, alguém que soubesse o que eu havia passado, e no momento Fran e Cami eram as mais indicadas para aquilo. Enviei uma pequena mensagem para as duas pedindo para que viessem para minha casa. Meus de dez minutos as duas se encontravam no meu quarto, matando o tempo comendo comigo e me fazendo esquecer de meus problemas.

– Então - Fran começou a dizer - planos para amanhã?

– Faculdade - eu e Cami dissemos ao mesmo tempo, nossa animação estava ao extremo, principalmente a minha.

– Além disso - Fran disse rindo de nossa empolgação.

– Podemos ir ao shopping - Cami sugeriu

– Não - começou Fran - quero algo diferente - disse pensativa - que tal cinema?

– E o cinema fica aonde - eu disse rindo de Fran

– Ah, tanto faz gente, quero ir ao cinema -disse decidida.

Ficamos horas conversando e de novo eu não havia descido para jantar, Olga o havia trazido em meu quarto. Algum tempo depois minha mãe apareceu em meu quarto. Ela se aproximou de mim e se sentou na beirada da cama.

– Como você está se sentindo? - Perguntou com a expressão preocupada. Eu sabia do que ela estava falando, quando tudo aconteceu minha mãe foi meu porto seguro, eu não podia arriscar contar a meu pai, ele com certeza faria um escândalo. Os papéis aqui eram sempre invertidos.

– Eu não sei - as lágrimas já ameaçavam a descer por meu rosto, mas eu não faria aquilo, de novo não - acho que nunca conseguirei esquecer totalmente isso, não sou a pessoa mais fácil para perdoar -disse com um riso fraco.

Logo que disse aquilo, senti minha mãe ficar tensa.

– Mãe - disse calma - a senhora está bem?

– Sim, claro meu amor - o tom de sua voz a denunciou, havia algo de errado, mas preferi não discutir aquilo no momento -bom, amanhã você tem que levantar cedo -disse com um enorme sorriso - boa noite -deu um beijo em minha testa e se foi.

Naquela noite tomei uma decisão, Priscila não me afetaria novamente, provaria a mim mesma que a Angeles boba de antes não existia mais.

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Meu despertador tocou as 7:00 em ponto. Nem o sono que tomava conta de meu corpo foi capaz de diminuir minha empolgação. Tomei um banho na esperança de minha preguiça desaparecer. Resultado, plano falhado.

Depois de meia hora me arrumando fui tomar café da manhã, com os dedos cruzados para que Priscila não estivesse lá. Eu disse que não a deixaria me afetar, não que eu iria querer ver a cara dela todos os dias. Para minha sorte ela não estava.

Dei bom dia a todos e me sentei na cadeira de sempre, em frente a German. Querido destino, pode me fazer um favor? Pare de me arrumar mais problemas. Obrigado.

A fome me atingiu no momento em que pus os olhos na salada de frutas. Não que eu fosse o tipo de pessoa que não comesse nada que não fosse saudável, muito pelo contrário, eu comia de tudo, é quando digo tudo é TUDO mesmo. Mas minha relação com salada de frutas era quase um caso amoroso. Me servi rapidamente antes que perdesse o horário. Mas a paz que eu estava sentindo dentro de mim mudou no instante que minha querida mãe abriu a boca.

– German, já que você é Angie vão para o mesmo lugar poderia dar uma carona a ela? - Disse o olhando.

Pois é, estávamos indo para o mesmo lugar, German iria estudar na mesma universidade que eu, e acreditem se quiser ele iria fazer curso de medicina. A sorte realmente não estava a meu favor. Aquele iria ser um longo ano.

Mas nao foi German quem respondeu, antes que ele pudesse falar seu previsto não me antecipei.

– Não precisa mãe - disse a encarando -posso ir com a Fran.

Mas por ironia do destino o certinho resolveu falar.

– Pode deixar que eu a levo - disse encarando minha mãe - não vai ser trabalho nenhum - dessa vez foi a mim que ele encarou.

Cretino, idiota e vários outros palavrões passavam por minha cabeça naquele momento. Uma hora ele me odeia e na outra se dispõe a me dar uma carona, ele era bipolar ou o que?

Teimando o café, eu e German fomos direto para o carro. Me apossei do banco da frente, e seguimos para a faculdade. O silêncio naquele carro era agonizante, mas era muito melhor do que ser obrigada a falar com ele.

– Angie - German disse com calma -podemos conversar?

Sério mesmo? Ele queria conversar comigo? Duvidava muito que daquela cousa pudesse sair coisa boa.

– Não - disse friamente.

– E porque não - a indignação em sua voz foi perceptível, mas eu não queria ter uma conversa com ele, não naquele momento.

– Porque não estou a fim de estragar meu dia - disse em um tom cansado.

Ele não disse nada, apenas seguiu o restante do caminho em silêncio. Quando chegamos vi Francesca me esperando, sai o mais rápido possível do carro deixando German para trás, foi aí que tudo aconteceu, não vi o garoto a minha frente, bati com força no peito dele, fazendo com que nós dois acabassemos esparramado no chão. E só para completar minha sorte o garoto era lindo.