–Claro que tem. –eu grito o empurrando. –Eu sou namorada do seu irmão.

–E? –ele franze a testa.

–Eu não sou uma VADIA! –grito. –Nunca trairia o Pietro, ficando com o próprio irmão dele, isso seria uma sacanagem sem tamanho.

Ele me olha de cima abaixo e dá os ombros, ele abre a boca como se fosse dizer algo mas a fecha, seus olhos estão tensos, eu falei algo errado? Creio que não, eu estava certa, querer ficar com a namorada do irmão é uma sacanagem. Meu corpo ainda quente, essa aproximação toda foi muito estranha e eu não estava me sentindo bem. Ele ainda está na minha frente, a uns três passos de distancia.

–Oi estrelinhas. –olho e vejo a Jenni e o Tadeu na soleira da porta, Jenni ainda está usando o kimono do karatê.

–Oi loira. –Arthur a abraçou. –E ai mano? –ele cumprimentou o meu irmão.

–O que estavam fazendo? –Tadeu pergunta nos analisando.

–Eu estava procurando a limonada de ontem. –respondo e ele assente.

–Cadê a Isa? –Jenni pergunta.

–No quarto com a Mille. –Arthur responde.

–Vou lá ver a se a baixinha está melhor. –Tadeu diz dando um selinho na Jenni e subindo as escadas.

–Por que vocês estão com cara de que comeram limão azedo? –Jenni pergunta.

–Nada. –respondo pegando o Doritos e o abrindo.

Ela estreitou os olhos visivelmente desconfiada, ajeita o coque e passa a língua nos lábios.

–Se vocês dizem. –ela dá os ombros. –Vou ver a minha cunhadinha. –ela diz subindo as escadas. E novamente fico sozinha com o Arthur, aquela tensão ainda não dissipou, abro a geladeira novamente e finalmente acho a limonada, pego o copo e o encho, percebo que Arthur está acompanhando todos os meus movimentos. Parece que ele está assistindo um jogo de tênis.

–Anjo. –ele diz baixinho, olho pra ela e vejo que seus olhos estão colados em mim.

–Sim? –digo colocando o copo de volta no balcão.

–Eu nunca tentaria te seduzir sabendo que você namora. –ele diz.

Ele estava falando sério? Ele acha mesmo que conseguiria me seduzir?

–Eu nunca seria seduzida por você. –digo com desdém.

–Duvida? –ele arqueia a sobrancelha.

–D-U-V-I-D-O. –digo rindo, ele vem andando em minha direção e me encurrala novamente contra geladeira. A droga do meu coração acelerou novamente e a minha cara esquentou novamente.

–Não devia ter duvidado de mim, docinho. –ele sorri maliciosamente. Ele me aperta na geladeira e me olhou intensamente, meu coração estava batendo loucamente, ele colocou o nariz no meu pescoço e me cheirou ele me CHEIROU?! –Que cheiro bom. –ele sussurrou aquilo me arrepiou mais ainda. –Eu vi isso, docinho. –ele me encara. –Tô tendo um autocontrole do caralho pra não te beijar. –ele diz passando os dedos nos meus lábios. Minha respiração se descompassou, mas que diachos. Que raios de sensações são essas?

–Por quê? –perguntei com a respiração acelerada.

–Porque eu não sou um babaca e quando eu te beijar, você que vai pedir. –ele diz sorrindo. –Você vai pedir muito e eu vou adorar beijar você. –ele diz no meu ouvido.

–O que é isso? –ele me solta e eu vejo a Mille nos encarando com a testa franzida.

–Nada. –Arthur diz rápido. Ele está muito vermelho.

–Nada? Por que você estava cheirando a Sofia? –ela pergunta.

–Que? Eu não estava fazendo isso. –ele diz com a voz fina. –Você está enxergando demais, Mille.

–Você está mentindo. –ela o encara séria.

–Eu não. –ele continua com a cara vermelha e a voz fina. Impressão minha ou ele está com medo da Mille?

–Está sim, sua voz está fina. –ela veio andando até nós. –E a sua voz só fica fina quando você mente.

–Camille Menezes fique quieta. –ele diz. –Vamos embora?

–Já?

–Já.

–Tá, tá. –ela diz bufando. –Só vou me despedir da Isa.

–Eu vou com você. –ele diz subindo as escadas e me deixando sozinha na cozinha com o coração acelerado e com os pensamentos confusos. Mas que raios acabou de acontecer aqui? Que droga! Que droga, Sofia! Você é idiota? Pietro não pode saber disso... Ah mas que saco! Que merda! Bebo o resto da limonada em um gole só e subo pro quarto. Arthur está enchendo a Isadora de beijos.

–Para Thur, você vai pegar gripe. –ela diz rindo.

–Bah, sou um homem com boa imunidade. –ele diz beijando a testa dela e se levantando da cama. –Amanhã quer ver você boa, viu minha princesa?

–Viu. –ela sorri pra ele.

–Tchau Isa. –Mille a abraçou. –Amanhã você tem que estar boa, os testes para o recital é amanhã e você precisa fazê-lo.

–Eu vou estar lá. –Dora ri.

–Assim espero. –ela vai pra perto do Arthur.

–Tchau pessoas. –Arthur diz.

–Tchau cara. –Tadeu dá uns tapinhas nas costas dele.

–Tchau Art. –Jenni diz sorrindo.

–Art? –pergunto franzindo a testa.

–É o apelido que dei pra ele. –ela ri.

–Ah. –assinto. –Tchau Mille.

–Tchau Sofia. –ela me olha de cima a baixo desconfiada. Droga acho que ela está pensando que sou uma puta de alta classe.

–Camille. –Arthur olha com a cara feia pra ela. –Tchau Sofia.

–Tchau. –digo sem graça. Depois que eles foram embora, Tadeu saiu pra comprar comida e eu fiquei sozinha com a Jenni e a Dora.

–O que rolou entre você e o Arthur? –ela perguntou. Estávamos no quarto do Tadeu, a Dora estava dormindo por isso estávamos lá.

–Que? –me sobressaltei. –Não rolou nada.

–Ah Sofia, conta outra. –ela diz. –Eu percebi o climão entre vocês quando cheguei com o chuchu.

–Tá percebendo demais. –eu rio tentando disfarçar.

–Aham sei. –ela ri. –O aniversário do Tadeu está chegando.

–Verdade, é no feriado de pascoa. –digo. –Provavelmente vamos pra casa de campo da mãe do Brand.

–Sei disso, vocês vão pra lá desde que sua mãe casou com o Brand. –ela sorri. –Queria fazer algo especial pra ele.

–Tipo? –pergunto encarando os portas retratos na mesinha do Tadeu, agora tem um com ele e a Jenni.

–Taí, não sei. –ela suspira. –Queria fazer algo bem especial pra ele.

–Podemos fazer uma festinha surpresa lá. –eu digo. –Vai ser só a gente, mas garanto que ele vai gostar.

–Tem razão. –ela tira a faixa preta do kimono. –O Markus vai?

–Vou perguntar pra mamãe se posso leva-lo. –digo. –Ela deve deixar, já que o Tadeu vai no carro dele com você.

–Só nos dois? –ela pergunta. –Gostei. –ela sorri maliciosa.

–SAFADA. –jogo uma almofada nela.

–Amiga, seu irmão é muito gostoso, não sei como ainda não o ataquei. –ela diz.

–Ai meu Deus! Não sabia que você era uma safada.

–Você é muito ingênua minha linda. –deito no colo dela.

–Algum problema com isso? –pergunto.

–Sim. –ela diz. –Tenho medo de que se aproveitem dessa sua ingenuidade.

–Não vão. –garanto.

–Não tenho tanta certeza disso, mas vou tentar acreditar. –ela beija minha testa.

–Te amo loira. –sorrio.

–Te amo mais, anã.

Fechei os olhos quando a Jenni começou a fazer carinho no meu cabelo, e a primeira coisa que pensei foi: eu fui seduzida pelo Arthur?