O Anel Claddgh escrita por londonbaby


Capítulo 2
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Obrigada por estar aqui :)
Espero que gostem *-*



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O barulho do avião freando me despertou. Chegamos a Paris. Olho paro o lado e Liam ainda está sonolento. Ai. Meu. Deus. O pânico toma conta de mim e as frequências de minhas respirações aumentam fazendo-me ficar zonza. Liam agora já mais desperto, aperta minha mão “Está tudo bem baby?” olho para ele com um sorriso nervoso acenando positivamente, ele me olha confuso mas não para de fazer carinho em minha mão. Depois de uns minutos de desespero e com o carinho do meu belo noivo, me acalmo. Não tem porque ter desespero, eu já sou uma mulher adulta bem sucedida que não precisa da aprovação dos pais para se casar, a única coisa que eu preciso é que vó Moira concorde. Não me julgue, eu amo meus pais e sou filha única, mas eles as vezes querem se projetar sobre minha vida e eu não gosto disso. Gosto da minha liberdade, de poder fazer escolhas, o que justificou minha escolha de ir para outro país e fazer um curso de fotografia e não de gastronomia como o resto da família.

“Vou pegar nossas bagagens” disse Liam me despertando dos devaneios que a chegada a Paris me deu. Após pegarmos um táxi e enfrentarmos um pequeno trânsito, paramos em frente ao prédio que pertence a família O’Connel em San Germano des Pres. O prédio fica na típica esquina parisiense e o primeiro andar é o Bistrô que meu avô Patrick abriu quando veio da Irlanda. “Que Deus nos guarde” sussurro para mim mesma.

Apesar de ter deixado recado para meus pais, eu não os avisei a hora que chegaria pois sabia que se avisasse eles fariam uma festa para a qual eu não estava preparada. Dou as mãos a Liam e pego o elevador indo direto para o apartamento que meus pais moram junto com minha avó. Ao tocar a campainha, ouço um “Entre” feminino, tremendo eu abro a porta e abro um sorriso nervoso. “Vovó? Mãe?”, após passarmos o hall vejo as duas sentadas tricotando. “Querida! Porque não avisou que chegaria tão cedo? Teríamos preparado uma recepção melhor para você... Ah você deve ser o Liam! Muito prazer sou a Marie e esta é minha sogra, Moira.” Diz minha mãe apontando para vovó e abrindo um sorriso acolhedor. “Muito prazer senhora O’Connel, madame Moira”, Liam como sempre cavalheiro e educado, faz o sorriso de minha mãe aumentar. “Hã. Mãe. Vó. Não precisam se preocupar com nada, estamos muito cansados do vôo e queremos apenas dormir um pouco para descansar da viagem.” Pego a mão de Liam e o levo até o corredor que nos leva aos quartos. “Baby, como você deve imaginar, pelas tradições e para que meu pai goste de você, terá que dormir no quarto de hóspedes. O meu é o primeiro do lado direito, o da vovó é o segundo, no final do corredor tem um banheiro, no lado esquerdo temos os quartos de hóspedes e o quarto dos meus pais.” Falo tudo isso apontando, pego as minhas malas e deixo em meu quarto e depois o levo ao dele. “Agora descanse um pouco, porque com toda a certeza quando acordarmos toda a família estará aqui para conhecer você” dou um beijo nele e encosto a porta.

Caminho pelo corredor e quando estou chegando ao meu quarto ouço sussurros vindo da sala “Ele é um rapaz muito bonito e educado, mas não é irlandês, e você sabe muito bem o que isso significa Marie” O que isso quer dizer? Quando eu ia entrar na sala para questioná-las, ouço um barulho vindo do corredor da cozinha, era meu pai chegando. “Papai!” grito correndo até ele e o abraçando. “Kel... Minha filha não sabia que já havia chegado!” Sim, meu nome é Elizabeth Kelsey O’Connel, meu segundo nome é em homenagem à minha bisavó paterna, mas eu não gosto muito dele, apenas meu pai me chama assim. “Cheguei tem pouco tempo pai... Liam já está no quarto dormindo por isso ainda não te apresentei a ele”, falo sorrindo inocentemente. Meu pai não sabia que ia trazer meu noivo. Na verdade ele não gostou muito da notícia na época que liguei para eles contando a novidade.

Nas tradições irlandesas, quando um homem deseja casar com uma moça ele deve entregar a ela o anel Claddagh, que é constituído por um coração, uma coroa e duas mãos segurando. Cada item do anel simboliza, respectivamente, o amor, a lealdade e a amizade deste a ela. O anel, quando é feita uma declaração de amor, deve ser usado na mão direita com a coroa virada para fora, já quando acontece o pedido de casamento deve ser usado na mão esquerda com a coroa também para fora. Este anel é uma herança familiar e o homem deve dar a sua mulher quando é feito o pedido. Para que o casamento seja bem sucedido e tenha bons frutos, este anel deve ter essa ‘carga familiar’, pelo menos é isso que vovó sempre me disse. Eu não ligo muito para as tradições, mas meu pai e a vó Moira sim. Por isso, quando disse que fiquei noiva de Liam, meu pai não gostou muito.

Sempre que penso no quanto minha família segue as tradições irlandesas eu relembro como conheci Liam. Estava na Península de Coromandel, conhecida por suas praias paradisíacas, tirando fotografias para a agência que trabalho quando sou atropelada por um Golden Retrivier de cor caramelo. Até hoje não sei o que deu nele para pular em mim daquele jeito, só sei que ele tinha um dono muito bonito. Loiro, olhos azuis, barba falhada nos lugares certos e um sorriso tímido. Ao olhar pra ele fiquei sem palavras mas ele me olhou de um jeito preocupado e estendeu a mão “Você está bem?” acenei positivamente e sorri “Estou. Apenas me assustei e desequilibrei”. Se antes, com o sorriso tímido ele era bonito, com o sorriso totalmente aberto de modo sem vergonha não tive palavras. “Sinto muito pelo Luke, ele é hiperativo” falou acariciando o Golden. Quando processei suas palavras abri um sorriso tímido “Ah! Tudo bem, já me recuperei” ele me olhou e estendeu a mão “Liam Green, muito prazer” apertei sua mão “Elizabeth O’Connel, prazer”. Dali pra frente ficamos conversando e falando sobre nossas vidas até o pôr do sol, trocamos telefone e no dia seguinte ele me ligou convidando para almoçar. E agora quase um ano depois estamos noivos.

É muito complicado sempre ser contra a corrente e o fato de amar muito minha família, e principalmente ter respeito e admiração por minha avó, torna tudo mais difícil. Tenho certeza que serei feliz com Liam e espero que todos entendam isso, especialmente meus pais e minha avó.

“Ah papai não faça essa cara! Liam é um bom rapaz e eu o amo. Ele me faz feliz e me aceita como eu sou. Nunca brigamos e temos os mesmos objetivos na vida” digo para ele com certa impaciência.

Não sei se vou aguentar ficar um mês aqui...


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Notas finais do capítulo

Vejo vocês no próximo capítulo
beijos



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