O Último Desbravador do Leste escrita por Jel Cavalcante


Capítulo 22
O seu segredo tá muito bem guardado


Notas iniciais do capítulo

~ Anteriormente em OUDDL ~

1- Os participantes do jogo são divididos em quatro grupos: (capítulo 2)
* Água - Mili, Bia, Marian, Fábio, Janjão e Janu
* Fogo - Mosca, Binho, Vivi, Samuca, Maria e Neco
* Terra - Rafa, Bel, André, Ana, Dani e Teca
* Ar - Duda, Cris, Pata, Thiago, Tati e Tatu

2 - Primeiro conselho dos desbravadores: (capítulo 5)
* Duda trama a eliminação de Thiago para enfraquecer Pata
* Tati e Tatu aceitam participar do plano de Duda
* Duda convence Cris a participar do plano
* Thiago é eliminado com 4 votos (Duda, Cris, Tati e Tatu)

3 - Janjão encontra um colar de imunidade (capítulo 6)

4 - Segundo conselho dos desbravadores: (capítulo 8)
* Marian trama com Janjão e Janu para eliminar Mili
* Marian engana Mili e Bia
* Marian engana Fábio e o convence a votar em Mili
* Mili é eliminada com 3 votos (Fábio, Janjão e Janu)

5 - Cris acha um colar de imunidade enquanto gravava um vídeo (capítulo 9)

6 - Cris e Duda se beijam durante a prova de encontrar os líderes e ele pede para ela manter segredo (capítulo 10)

7 - Dani põe fogo no acampamento do grupo Terra (capítulo 11)

8 - Vivi e Samuca encontram um colar de imunidade (capítulo 11)

9 - Terceiro conselho dos desbravadores: (capítulo 12)
* Ana trama a eliminação de Teca para conquistar a confiança de Dani
* Ana se alia a André para eliminar Teca
* André convence Bel a votar em Teca
* Ana convence Teca a votar em Dani
* Teca é eliminada com 3 votos (André, Bel e Dani)

10 - Quarto conselho dos desbravadores: (capítulo 12)
* Samuca elabora um plano pra eliminar Binho e salvar Vivi
* Vivi e Samuca tentam convencer Maria a entrar no plano
* Maria trama a eliminação de Samuca e faz com que Vivi use seu colar de imunidade em vão
* Samuca é eliminado com 4 votos (Mosca, Binho, Maria e Neco)

11 - Quinto conselho dos desbravadores: (capítulo 12)
* Pata e Cris decidem votar em Tatu
* Tati e Tatu decidem votar em Pata
* Duda decide votar em Tatu
* Tatu é eliminado com 3 votos (Duda, Cris e Pata)

12 - Bia e Janjão se beijam numa caverna durante a chuva (capítulo 13)

13 - Vivi assiste o beijo de Duda e Cris durante a prova das bandeiras e ameaça contar a todos (capítulo 16)

14 - Janjão trai a confiança de Bia na prova das bandeiras (capítulo 17)

15 - Duda e Cris se separam na prova por causa de Vivi (capítulo 17)

16 - Janjão se acidenta na prova e é deixado para trás. Por conta disso, sua perna precisou ser engessada (capítulo 18)

17 - Ana e Dani procuram um colar de imunidade no antigo acampamento do grupo Terra mas só encontram um buraco recém cavado (capítulo 18)

18 - Maria percebe que seria um problema estar no mesmo grupo que Dani e faz com que Neco vá no lugar dela (capítulo 18)

19 - Os vencedores da prova das bandeiras formam o grupo Sol: (capítulo 18)
* Bel, Cris, Binho, Rafa, André, Janu, Ana, Dani e Neco

20 - Sexto conselho dos desbravadores: (capítulo 18)
* Marian se alia com Janjão e Duda para tentar sobreviver no jogo
* Mosca perde a cabeça por conta da eliminação de Mili e cai na armadilha de Marian
* Fábio é eliminado com 4 votos (Marian, Janjão, Duda e Mosca)

21 - Os sobreviventes do conselho dos desbravadores formam o grupo Lua : (capítulo 18)
* Mosca, Pata, Vivi, Tati, Maria, Bia, Janjão, Marian e Duda

22 - Cris sofre por estar separada de Duda (capítulo 19)

23 - Bel e Rafa escondem seu relacionamento secreto e formam uma aliança com Cris (capítulo 20)

24 - Marian engana a todos do grupo Sol, encontra o colar de imunidade sozinha e o esconde próximo a uma árvore (capítulo 20/21)

25 - Sétimo conselho dos desbravadores (capítulo 21)
* Ana coloca Dani contra Bel
* Dani faz o maior escândalo no acampamento e se revolta contra Bel e Rafa
* Ana convence André a participar do plano contra Rafa
* Rafa empata com Janu na votação com 4 votos cada
* No desempate, Rafa é eliminado com 5 votos (ainda não se sabe exatamente de foram os 5 votos)
* Todos, menos Cris, acreditam que Bel eliminou Rafa para salvar Janu
* Rafa pede para Cris fazer "aquilo que foi combinado"



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/584064/chapter/22

Após a eliminação de Rafa, as coisa ficaram bastante confusas no acampamento do grupo Sol. Bel se isolou de todo mundo no meio da floresta para tentar entender o que tinha acabado de acontecer. Além de não conseguir parar de chorar pela perda do seu grande aliado no jogo, ela também teve que fugir para evitar os olhares de reprovação de todos. Sua maior preocupação, no entanto, era o fato de estar no meio da floresta, sozinha e à noite. Porém o medo do escuro e dos bichos era menor que o de encarar a toda aquela situação de frente.

Tudo aconteceu muito rápido. Primeiro, teve o escândalo causado por Dani depois de ter descoberto, misteriosamente, seu plano de eliminá-la, ainda por conta do incêndio no antigo grupo Terra. Em seguida teve o conselho dos desbravadores, onde seus amigos, Janu e André, se aproveitaram da situação para tentar colocar o grupo inteiro contra Rafa. Dessa forma, a votação ficou empatada entre Rafa e Janu. O grande problema da questão foi que, no final das contas, ela preferiu eliminar a própria amiga, o que lhe pareceu certo na hora, porém na contagem final dos votos, o seu amigo continuou na frente, sendo eliminado do jogo. 

"Alguém tramou pra cima de mim, só pode ter sido isso. Mas quem? A Cris não pode ter sido, até porque nós fizemos uma aliança hoje mais cedo. Hm… Eu sei que a Janu, o André, a Dani e o Neco votaram no Rafa, então o quinto voto só pode ter sido ou do Binho ou da Ana. Mas qual deles teria a coragem de cometer uma traição dessas? E ainda por cima tentando colocar a culpa pra cima de mim… " - sua cabeça começou a doer de tanto pensar.

"Eu preciso manter a calma e descobrir qual desses dois está enganando todo mundo."

Nesse momento, Bel ouviu um barulho de passos se aproximando.

— Posso sentar aqui com você? - perguntou Cris num tom de voz ameno.

— Claro. Mas eu vou logo adiantando que eu não tô nada bem com tudo o que aconteceu.

— Eu imagino. Até agora eu ainda não entendi nada desse conselho maluco - disse Cris, oferecendo ombro para a amiga se apoiar.

— Ainda bem que você tá do meu lado. De agora em diante eu só tenho você. Se é que você acredita em mim... - falou Bel encostando a cabeça no ombro de Cris.

— É claro que eu acredito. Eu vi o quanto vocês dois estavam apaixonados. Parecia quando eu e o…

— Quando você e o Duda… Pode falar, Cris, eu já sei de tudo, esqueceu? - Bel pôde notar a tristeza nos olhos da amiga.

— Quando a gente tava junto… Os nossos olhos brilhavam assim como os seus e os do Rafa. Então eu realmente sinto que não foi você. Seria impossível para uma garota apaix... - Até aquele momento, ainda era difícil para Cris assumir o que estava sentindo.

— Você tá mesmo apaixonada por ele né... Acho que eu e o Rafa nem tivemos tempo direito pra saber o que a gente sentia um pelo outro. Mas com certeza era algo muito forte... Tanto que, se você não tivesse aqui comigo, agora, eu juro que desistiria desse jogo estúpido.

— Não diz uma bobagem dessas, Bel, por favor. Eu preciso de você aqui. Além do mais o Rafa nunca ia me perdoar se eu te deixasse desistir por causa dele - Cris enxugava as lágrimas que escorriam no rosto de Bel.

— Mas, e agora? Vai ser nós duas contra o resto do grupo, até o fim? Eles nunca vão acreditar em mim e você sabe disso.

— Se você disser a verdade, eu aposto que eles vão ficar do seu lado. Quer dizer, o pessoal do orfanato pelo menos, já que provavelmente a Janu e o André nunca vão te perdoar por isso.

— Eu não sei… Eu realmente queria eliminar a Dani, então eu acredito que ela e o Neco nunca vão estar do meu lado, mesmo sabendo de toda a verdade. Já a Ana e o Binho… Só pode ter sido um deles que tramou tudo isso pra cima de mim. E a gente precisa descobrir qual deles fez isso - a voz de Bel estava um pouco mais calma, apesar das pontas que sentia no peito, de vez em quando.

— Você acha? Se bem que… Pensando bem, só pode ter sido um deles que mudou o voto na última hora - Cris levou a mão ao queixo, pensando nas diversas possibilidades da votação.

— Claro que foi um deles. Só nos resta saber quem e o porquê. Vai ver o André e a Janu tão metidos nisso de alguma forma.

— É verdade - Cris fez uma pausa enquanto tirava algo da sua bolsa - Eu quase ia esquecendo.

A menina tirou um envelope da bolsa e entregou para Bel.

— O que é isso? - perguntou Bel, intrigada.

— O Rafa pediu pra eu te entregar caso ele fosse eliminado. Parece até que ele tava pressentindo que tudo isso ia acontecer.

Bel levou o envelope ao peito e lembrou do sorriso de Rafa. Em seguida guardou no bolso e deu um abraço forte em Cris.

— Eu prefiro ler amanhã com mais calma. Tá ficando perigoso aqui, no meio da floresta, ainda mais à essa hora. Espero que você não se incomode.

Cris apertou retribuiu o abraço, escondendo uma pequena insatisfação que se formou no fundo da sua consciência. Talvez Bel ainda não confiasse nela cem por cento.

Quando as duas chegaram juntas no acampamento, todos já estavam dentro de suas barracas, se preparando pra dormir e o a fogueira brilhava bem no centro. A mesma que o Rafa havia acendido antes do conselho.

No dia seguinte, os integrantes do grupo Lua acordaram bastante desconfiados uns dos outros. Havia quem acreditasse que Marian tinha de fato encontrado o colar de imunidade na noite anterior e tinha os que achavam que o objeto ainda estava escondido pelas redondezas.

Mesmo assim, todos se dividiram bem cedo para procurar o tal colar em pequenos grupos. Depois de um bom tempo decorando as pistas contidas no papel que Mosca encontrou no jantar, Vivi e Tati seguiram por um lado e Mosca, Pata e Maria por outro, enquanto Bia permaneceu no acampamento, certa de que o colar já havia sido encontrado e, portanto, não valeria a pena perder a cabeça procurando.

O grupo dos renegados, Marian, Janjão e Duda, decidiram fazer uma pequena reunião de emergência antes de partir para as buscas. A ideia foi de Janjão, que, assim como Bia, suspeitava que Marian já havia encontrado o objeto. Além do mais ele ainda matinha o seu próprio colar em segredo, e por isso se mantinha um pouco mas calmo diante dos fatos.

Os três subiram um morro não muito grande e deitaram tranquilamente na sombra de uma árvore, bem no topo. Janjão deitou no meio da grama, com todo o cuidado para não machucar a perna engessada, enquanto Duda se sentou apoiando as costas na árvore. Marian veio e deitou a cabeça no colo dele.

— Você não tinha um lugarzinho melhor pra deitar não, Marian? - perguntou Duda completamente incomodado, imaginando o que Cris iria pensar se visse aquela cena.

— Deixa de bobagem, Duda. Eu só tô encostando a cabeça no seu colo, e não te beijando ou sei lá o quê.

Janjão mirava o céu e imaginava o quão bom seria se Bia estivesse deitada ali com ele. Lá no alto, uma nuvem fazia o formato do rosto dela.

"Será que ela também tá vendo essa nuvem?" - pensou.

— O que foi Janjão, você tá aí todo calado. Nem parece a pessoa que fez questão de reunir a gente aqui - disse Duda, tentando imaginar o motivo da reunião.

— Eu só trouxe vocês aqui porque eu quero falar algo muito sério - o rosto de Janjão mudou de repente.

— Se for sobre o colar de imunidade, eu vou logo adiantando que ele não tá comigo - Marian também contemplava o céu, porém imaginando o dia em que se tornaria a última desbravadora do leste.

— Deixa de ser falsa, Marian. A gente só tá aqui porque tem certeza que você tá com ele. Senão a gente ia tá procurando que nem os idiotas do acampamento - disse Duda, com um sarcasmo evidente na voz.

Os três começaram a rir, imaginando os outros subindo em árvores, cavando buracos e levantando pedras atrás do bendito colar.

— Mas… Se vocês sabem que tá comigo, o que agente veio fazer aqui, então? - perguntou Marian sem se importar de ter seu segredo revelado.

— É, Janjão. Desembucha, vai - Duda ainda estava rindo da cara dos órfãos.

— Eu vim aqui dizer pra vocês que eu tô cansado de ser o grande vilão da história. Eu sei que a maioria dos órfãos são uns babacas e…

— Eeeei! - Interrompeu Marian.

— Eu disse a maioria. Você é diferente.... Continuando, eu até gosto de aprontar com eles, mas aqui as coisas são bem diferentes. Se eu continuar desse jeito, nada de bom vai me acontecer. Tudo vai continuar a mesma droga de sempre. Eu imaginava que nessas férias… Sei lá… Eu pudesse me divertir de verdade… E estando longe do André e do Tatu, as coisas mudaram bastante.

— Você tá pensando em abandonar a gente, é isso? - Perguntou Duda, de cenho franzido.

— Não exatamente… Eu não vejo porque escolher um lado. Sei lá... Eu prefiro deixar as coisas acontecerem.

— Você tá é tirando o corpo fora, isso sim - disse Marian tentando esconder a raiva que lhe corroía por dentro - e justo depois de tudo que eu fiz pra te manter no jogo. Pra proteger vocês dois!

— Relaxa, Marian, não é como se eu fosse deixar de ser amigo de vocês. Eu só… Quero ficar na minha. Sem me meter em confusão por um  tempo - A nuvem com o rosto de Bia começou a se desfazer no céu.

— Você sabe que, se abandonar a gente, você tá ferrado, né? Depois que eles tirarem eu e o Duda, você vai ser o próximo. Nós somos a sua única chance de chegar longe nesse jogo - Marian levantou a cabeça e sentou próxima de Janjão.

— Você tem certeza do que tá fazendo? - perguntou Duda tentando entender as razões do amigo.

— Tenho sim. Eu já me decidi. Espero que vocês entendam…

— Olha, Janjão, eu vou te dar uma última chance - Marian pegou uma pedra e traçou uma linha na areia. - Nesse jogo só existem dois tipos de pessoa, as que estão do meu lado da linha e as que estão do lado oposto. Eu tô te dando o direito de escolher quem você quer ser.

Janjão se levantou, com cuidado para não machucar a perna, e olhou firme nos olhos de Marian. Ficou um tempo parado, enquanto tirava a areia grudada na roupa, e se perguntou mais uma vez se estaria mesmo fazendo a coisa certa.

— Eu cansei dessa brincadeirinha de bem versus mal. Agora eu tenho o meu próprio jogo. Boa sorte pra vocês.

Dito isso, o menino desceu o morro fazendo o percurso de volta ao acampamento. Marian e Duda ficaram se olhando, completamente preocupados com o futuro do jogo. Principalmente Duda, que nem sequer tinha como se proteger de um futuro conselho.

Binho e Ana ficaram responsáveis por checar se havia alguma correspondência na árvore-correio. No caminho, Binho aproveitou o momento para conversar sobre estratégia de jogo.

— Eu sei o que você fez ontem à noite.

— Do que você tá falando? - perguntou Ana se sentindo intimidada pelo tom de voz do amigo.

— Foi você que votou no Rafão, não foi? A Bel jamais faria isso com ele - Binho evitada manter contato visual, deixando Ana um pouco mais à vontade.

— Eu imaginei que isso pudesse acontecer... Sim, fui eu mesma. E agora, o que você vai fazer? Contar pra todo mundo? - Ana fingia uma expressão de arrependimento quando na verdade estava tentando ganhar tempo pra pensar numa saída.

— Não, não. Pode ficar tranquila. Sabe, Ana. Eu nunca comentei isso com ninguém mas já faz um bom tempo que eu venho percebendo o quanto você não é a burra que todos imaginam. Esse seu jeitinho, quase irônico, de fazer tudo errado… Até que eu gosto, sabe? Talvez a gente pudesse formar uma dupla bastante forte nesse jogo. O que você me diz?

— Tá, mas e o quê que eu ganho em troca? Supondo que você está certo sobre mim... - perguntou Ana, apreensiva. Pela primeira vez alguém havia colocado ela contra a parede.

— Viu. É disso que eu tô falando. A Ana bobinha do orfanato nunca falaria assim, tão esperta e adulta. Mas relaxa, o seu segredo tá muito bem guardado - Binho parou de repente e começou a encará-la nos olhos. - Eu quero te propor um acordo. Já que nós estamos entre os mais fracos do grupo, uma hora os fortões vão querer tirar a gente, então...

— Tá, isso não é nenhuma novidade pra mim. Inclusive foi por isso que eu fiz… Digamos... Algumas coisinhas pra mandar o Rafa pra bem longe daqui. Você deveria me agradecer, inclusive.

Nesse momento, uma abelha sobrevoava próximo ao rosto da menina, fazendo com que ela se apavorasse. Binho rapidamente tirou a camisa e começou a afugentar a abelha, como um verdadeiro herói. Com um pouco de esforço, os dois conseguiram se livrar da abelha e, quando deram por si, estavam bem perto um do outro.

— Se você encostar um dedo em mim, eu juro que eu te mato - Ana olhou furiosa para Binho.

— Eu aceito morrer por um beijo seu… - Ao dizer isso, beijou Ana devagar, com todo o cuidado do mundo pra não assustá-la.

Ana sabia que não poderia, em hipótese alguma, se apaixonar por alguém no jogo. Isso com certeza atrapalharia completamente seus planos. Mas, no fundo, até que o beijo foi bom. De repente, sentiu suas bochechas ficando vermelhas e, mesmo com vontade de parar o beijo, não o fez para que ele não percebesse que ela estava tímida.

Passados alguns segundos, ou minutos, talvez, Ana afastou Binho para frente e limpou a boca sem saber muito bem como proceder.

— O que foi? Você não gostou do beijo? - perguntou Binho preocupado.

— Eu achei que você ia me propor um acordo sobre o jogo, e não me beijar.

— Ah é, eu até me esqueci...

Os dois continuaram caminhando até a árvore-correio sem dizer uma palavra. Chegando lá, avistaram um pedaço de papel dizendo: "A próxima prova acontecerá ao meio dia, na arena número 2. O mapa do local se encontra no verso da folha".

Binho virou a folha e viu um conjunto de traços ilustrando onde ficava a tal da arena número 2. A emoção de uma próxima prova foi tanta que eles acabaram esquecendo a vergonha que sentiam um do outro.

— E então, você vai me dizer agora o que tem em mente? - perguntou Ana um pouco menos insegura.

— Na verdade eu não sei direito… Mas a gente pode pensar em alguma coisa, caso o nosso grupo perca essa próxima prova.

Ana não conseguiu disfarçar a cara de desapontamento. De início achou que Binho poderia ser um ótimo aliado, com seus próprios planos mirabolantes, mas, no fim, viu que ele estava tão perdido quanto qualquer outro participante. Mesmo assim, achou que um novo amigo não faria mal a ela. Ainda mais alguém que beijava tão bem.

Do grupo Lua, foi Bia quem encontrou o mapa para a próxima prova. Depois que todo mundo se cansou de procurar pelo colar de imunidade, o grupo se reuniu para seguirem juntos. Todos estavam morrendo de fome e por isso reclamavam por terem que fazer uma prova justo na hora do almoço.

Não demorou muito para que os dois grupos chegassem na arena número dois, onde Bárbara e Cléber aguardavam por eles. Pela primeira vez, Cléber deu as caras na competição e isso pegou todos de surpresa.

— E aí pessoal! Quem tava com saudade de mim levanta a mão pro alto e dá um pulinho, assim ó! Uhuuuu! - Cléber pulava feito um maluco, bastante empolgado.

Ninguém moveu um dedo sequer, deixando Cléber totalmente no vácuo. A surpresa virou nervosismo quando notaram que, atrás dele, tinha uma grande roleta de pedra, com espaços numerados de um à dez.

— Bem, pessoal - disse Bárbara se posicionando ao lado de uma mesa, onde haviam vários pratos cobertos e somente duas cadeiras. - Hoje nós resolvemos trazer um almoço mega especial pra vocês.

Dito isso, o grupo inteiro pulou de alegria, deixando Cléber ainda mais triste.

— E como vocês podem ver - disse Cléber, com a empolgação um tanto reduzida - eu estou aqui para auxiliar na prova.

— Isso mesmo - prosseguiu Bárbara. - A prova vai ser a seguinte: Dois integrantes de cada grupo irão se enfrentar, até que um dos grupos consiga obter cinco pontos. O Cléber vai girar a roleta e o número que sair corresponderá ao prato que vocês terão que comer. Quem comer mais rápido vence. Lembrando que é preciso mostrar a língua pra provar que engoliu tudo, estamos entendidos?

Com a explicação, o rosto dos participantes mudou de alegria para medo. Com certeza não haveria nem pizza, nem batata frita e muito menos bolo de chocolate dentre aqueles pratos.

— Só mais uma coisa - Bárbara chamou a atenção de todos mais uma vez. - Como o grupo Lua tem um integrante a mais, um de vocês terá que ficar de fora da prova.

O grupo Lua fez uma rápida reunião para decidir quem deveria ficar de fora.

— Ai gente, eu não sei se tenho estômago pra participar dessa prova não - alertou Vivi, com a voz um pouco fraca.

— Mas a Maria é a menorzinha daqui. É óbvio que é ela quem deve ficar de fora - Pata foi bastante objetiva nas suas palavras.

— Mas eu… - Maria tentou falar alguma coisa mas interrompida.

— Não, Maria. A gente já decidiu. A Vivi vai participar sim da prova e eu tenho certeza que todos vamos dar o nosso melhor, não é mesmo, pessoal? - Novamente a voz de Pata silenciou a todos.

Maria se afastou do grupo e sentou em um banco do lado da roleta. Após a decisão, os dois grupos se aglomeraram próximos à mesa. Janu, pelo grupo Sol e Pata, pelo grupo Lua foram as escolhidas para o primeiro duelo.

Cleber girou a roleta, feliz por estar participando de alguma prova, e o número selecionado foi o 7. Bárbara levantou a tampa, revelando o conteúdo do prato correspondente: Olho de boi.

Todos fizeram careta e outras expressões de nojo, exceto Janu e Pata, que estavam completamente concentradas em vencer a prova. As duas sentaram na mesa com muita confiança no olhar e esperaram a contagem de Bárbara sem deixar de se encarar um segundo sequer.

— Três… Dois.. Um… Já!

Pata pegou o olho de boi e enfiou inteiro na boca, enquanto Janu mordia aos poucos. Em volta, os grupos se alvoroçavam gritando os nomes das duas, tentando fazer com que elas não perdessem o foco da prova.

Janu começou a sentir o gosto da comida e fez menção de estar passando mal. Já Pata parecia estar comendo seu prato predileto de toda a vida, intimidando ainda mais a concorrente. Em pouco mais de dois minutos, Pata abriu a boca e mostrou que tinha engolido tudo. Janu virou o rosto e começou a pôr pra fora o que estava tentando mastigar, deixando todo mundo enojado.

— Um ponto para o grupo Lua. Próximos! - gritou Bárbara tentando restabelecer a ordem na prova.

Os próximos escolhidos foram André, pelo grupo Sol e Mosca, pelo time Lua. O item sorteado foi o de número 2: tentáculos de polvo. Após a contagem, Mosca, assim como Pata, enfiou os tentáculos inteiros na boca e logo começou a querer vomitar. André foi mais esperto e mordeu aos poucos com bastante rapidez. Em menos de cinco minutos André já tinha devorado todos os tentáculos, enquanto Mosca passava mal com o negócio entalado na garganta.

— Ponto para o grupo Sol. Por enquanto tá um a um pra cada. Próximos! - Bárbara nem sequer esperou Mosca terminar de vomitar.

Ana se ofereceu pelo grupo Sol, enquanto o grupo Lua parecia ter entrado em uma discussão de última hora.

— Vai, Vivi! A Ana é fraca, você consegue! - Insistiu Mosca, tentando encorajar a menina.

— Ai não gente! Eu não quero participar dessa prova horrorosa não! Eu não quero e pronto! - Vivi estava quase chorando na frente dos companheiros de equipe.

— Anda, Vivi, deixa de ser fresca! - Gritou Bia, já sem paciência.

Devido a insistência do grupo, Vivi deu um passo à frente, o rosto pálido feito como se tivesse visto um fantasma , e sentou com cuidado na mesa. Do outro lado, Ana parecia confiante.

— O próximo número é… - Cléber  girou a roleta, ansioso - o número 10!

Bárbara revelou o conteúdo do prato: uma porção de minhocas vivas.

Assim que viu as minhocas, Vivi começou a passar mal e se levantou da cadeira, enquanto seus amigos ordenavam que ela voltasse para o seu lugar. Ao mesmo tempo, Bárbara fazia a contagem regressiva.

— Três… Dois… Um… Valendo!

Ana assistiu as minhocas se contorcendo no prato e, por um segundo, quis vomitar antes mesmo de prová-las. Porém, ao ver que Vivi ainda não tinha retornado, aproveitou o tempo extra para colocá-las devagar na boca.

— Bastam três, Ana! - sugeriu Bárbara.

Enquanto isso, Vivi continuava discutindo com seus companheiros de equipe.

— Não dá gente, simplesmente não dá! Nem morta que eu vou colocar uma minhoca viva na boca. Cruz credo! - A menina já fazia menção de voltar para onde estavam os outros.

— Vivi, se você abandonar a prova vai parecer que você não se importa com o grupo. É isso que você quer que a gente pense? - Pata tentava de tudo para fazer Vivi ao menos tentar concluir a prova.

Vivi voltou para a mesa e, ao ver três minhocas escorrendo da boca de Ana, começou a vomitar um líquido incolor. Ana fechou os olhos e fingiu que estava comendo o macarrão delicioso do Chico. Em poucos instantes, marcou o segundo ponto para o grupo Lua.

— Valeu, Ana! - gritou Binho, orgulhoso com o desempenho dela.

Na próxima rodada, foram escaladas as duas menores, Tati e Dani, para que fosse uma competição mais justa. O prato selecionado foi o de número 3: larvas de mosca.

— Vivi, eu vou vencer essa por você! - disse Tati, encarando a cara triste da irmã.

Foi o duelo mais rápido de todos. Assim como aconteceu com as minhocas, era preciso engolir apenas três das larvas. Dani até chegou perto da vitória, mas Tati foi mais rápida. Sua maior motivação foi a atuação catastrófica da irmã, já que, caso perdessem a prova, todos colocariam a culpa na Vivi. Com isso, o placar ficou empatado, dois a dois para ambos os grupos.

A quinta partida ficou entre Marian e Bel. Ainda bastante emocionada por tudo que havia acontecido na noite anterior, Bel imaginava que iria perder a prova. Já Marian precisava, mais do que tudo no mundo, fazer com que seu grupo não fosse para o conselho naquele dia.

Elas tiveram que comer um grande nariz de porco, assado, o prato mais nojento até aquele momento. Marian começou a mastigar com todo o gosto mas, lá pela metade da refeição, seu estômago passou a reagir muito mal àquela coisa asquerosa. Seu rosto foi ficando verde em questão de segundos e não teve outra alternativa senão colocar tudo pra fora.

Enquanto Marian se desmanchava do outro lado da mesa, Bel aproveitava pra devorar o nariz de porco com mais calma. Ao perceber que a prova estaria perdida, Marian se levantou e começou a vomitar bem perto de Bel.

— Ei! Isso não vale! - Gritou Cris, inconformada.

Contagiada pelo cheiro forte do vômito de Marian, Bel também colocou todo o porco pra fora e, assim, nenhuma das equipes marcou ponto nessa rodada.

— Boa, Marian! - disse Mosca, cumprimentando a menina com um abraço bem forte.

— Ué, desde quando vocês tem essa intimidade toda? - perguntou Pata, visivelmente incomodada.

Cris estava com muito medo de participar da prova, principalmente porque Duda ainda não tinha ido. Quando seu grupo decidiu que era sua vez, a menina começou a torcer para que qualquer do outro time fosse escolhido, menos Duda.

"O Duda não, o Duda não, o Duda não…" - pensou, de mãos juntas como numa oração.

Ao ver o medo estampado no cara de Cris, Vivi percebeu uma ótima forma de contribuir com o grupo.

— Vai, Duda. Eu tenho certeza que você consegue vencer a Cris.

Todos os outros apreciaram a sugestão da menina e insistiram para que Duda fosse sentar na mesa junto de Cris. O garoto, por outro lado, não gostou nada da escolha.

— Você me paga, Vivi - sussurrou no ouvido dela.

"Ai, meu deus! E agora? Eles escolheram o Duda! Nãaaaao!" - Cris estava completamente apavorada.

Duda sentou elegantemente na frente de Cris e procurou a mão dela por baixo da mesa. Segurou firme e fez e assentiu com a cabeça, insinuando que tudo ficaria bem. Os outros nem sequer suspeitavam do que estava acontecendo.

— O número sorteado é o… - Cleber anunciava em alto e bom tom - 10!

— Ou seja - concluiu Bárbara - novamente vamos para as minhocas vivas. Lembrando que bastam três, ein meninos -

Bárbara conseguia ver que os dois estavam de mãos dadas, por baixo da mesa, mas fez questão de se manter séria e imparcial.

— Em três… Dois… Um… Já!

Com a mão que estava livre, Duda colocou uma das minhocas na boca e começou a mastigar suavemente. Ao perceber que Cris não tinha sequer tocado no seu prato, apertou forte a mão dela, dando um pouco mais de coragem para a menina.

Cris também colocou uma minhoca na boca e, assim como Duda, mastigava tranquilamente. Os dois pareciam estar completamente sincronizados, tornando a vitória pouco previsível.

— Assim vai demorar o dia inteiro. Anda logo, Duda, vê se engole esse negócio direito! - Gritou Bia, nervosa.

— É, Cris. Você também. A Ana é bem menor que você e comeu  três vezes mais rápido - disse Janu tentando não soar tão chata quanto Bia.

Com quase dez minutos de prova, Duda e Cris colocaram ao mesmo tempo a última minhoca na boca. Mastigaram juntos até o fim e, após três apertos na mão de Cris, uma espécia de contagem própria dos dois, ambos abriram a boca na mesma hora.

— Que incrível! Temos um empate! O placar agora está três a três. Lembrando que faltam apenas dois duelos para terminar a prova.

Duda piscou para Cris e os dois levantaram da mesa. Se não fosse por ele, ela nem sequer teria tentado. Não porque  tivesse nojo das minhocas, mas porque jamais conseguiria disputar algo cara a cara com ele.

Janjão foi o escolhido para a penúltima rodada. Do time adversário, Neco foi praticamente empurrado para cima da mesa.

— Eu prefiro enfrentar a Bia, então tem que ser você mesmo, Neco - disse Binho, tentando acalmar o amigo.

As pernas de Neco começaram a tremer compulsivamente fazendo com que Janjão percebesse o tamanho do seu nervosismo. Para facilitar as coisas, Janjão começou a fazer terror psicológico para assustá-lo.

— Imagina se a gente tiver que comer baratas cascudas... Vivas. Que tal ein? Elas andando pelo seu estômago, colocando ovos lá dentro e… - Janjão fazia uma cara amedrontadora para cima de Neco.

— Não liga pra ele, Neco! Você consegue! - Gritou Dani, um pouco mais distante.

Cléber rodou a roleta, impressionando com a coragem das crianças. Só de pensar no que elas estavam tendo que enfrentar, já lhe dava um embrulho na barriga.

— Número 5, disse Cléber para Bárbara.

— Hm… Eu quero só ver… - Bárbara olhou para os dois e deu uma risadinha - Que tal…

Ao tirar a  tampa, uma coisa estranha e condensada e esponjosa repousava no centro do prato.

— O q.. que que é iss.. isso pe... pelo amor de De... Deus… - gaguejou Neco.

— É uma deliciosa língua de búfalo - informou Bárbara.

— Ecooo! - Gritaram todos ao mesmo tempo.

Bárbara fez uma rápida contagem e em seguida os dois começaram a tocar a língua com os dedos.

— Tem certeza que isso é de comer? - Perguntou Neco, intrigado.

— Toma cuidado, pirralho. Se você engolir isso daí, ela vai começar a falar dentro da sua barriga quando você estiver dormindo. Hahahaha.

— Deixa de ser idiota, Janjão, e vê se come logo esse troço nojento! - exclamou Bia, com um olhar de reprovação.

Janjão baixou a cabeça e lembrou da sua decisão de não ser mais o vilão oficial do acampamento.

"Droga, eu nunca vou conseguir ser o garoto perfeito pra ela..." - concluiu em silêncio.

Neco teve bastante dificuldade pra mastigar a língua, enquanto Janjão se mantinha concentrado em garantir a vitória do grupo. Ao final de dois minutos e alguma coisa, Janjão abriu a boca e mostrou que havia engolido tudo.

— Mais um ponto para o grupo Lua! - disse Bárbara olhando para todos, especialmente para Bia e Binho, os últimos duelistas.

— Falta só mais um pontinho, Bia -  disse Pata em um rápido abraço.

— Pode deixar que essa eu garanto. - Bia parecia super confiante.

Binho sentou na mesa alegremente, esfregando as mãos, ansioso pela revelação do prato. Novamente a roleta caiu no número 3.

— Ah, não. Larva de mosca é o mais fácil. Eu queria algo com mais sustância como um estômago de javali ou algo do tipo - brincou Binho.

— Se eu fosse você, não acharia a prova tão simples - interrompeu Bárbara. - Por se tratar de uma rodada decisiva, vocês terão que comer todas as larvas. Deve ter mais de trinta em cada prato.

— O QUÊ? - Gritou Bia, inconformada.

— Isso mesmo. Como placar tá três para o grupo Sol e quatro para o grupo Lua. Se você terminar antes dele, o seu grupo ganha, caso contrário, haverá uma última rodada para decidir quem será o vencedor - Bárbara revelou seu sorriso mais malicioso.

Bia se ajustou na cadeira e encarou Binho de frente. O garoto parecia não se importar se eram vinte, trinta ou cem larvas. Parecia que ele estava realmente pronto para o almoço.

— Preparados? Em três, dois, um, valendo!

Binho pegou várias larvas com a mão e enfiou na boca de um vez. Com a fome que estava, poderia devorado a mesa inteira. Bia foi igualmente rápida, tornando a disputa bastante acirrada.

— Vai Bia, acaba com ele! - Gritou Tati.

— Você tá quase lá, Binho, não desiste - disse Ana, dando força para o seu mais novo aliado.

Em seu banquinho, Maria torcia para que seu próprio grupo perdesse e, assim, poderia se livrar logo de Marian, uma de suas maiores inimigas no jogo.

Faltando poucas larvas para terminar, Bia começou a sentir ânsia de vômito. E foi justamente por esse pequeno detalhe que Binho passou na frente e marcou mais um ponto para o grupo Sol.

— Yes! Eu sabia que você ia conseguir! - Vibrou André, imaginando que não iria precisar passar por mais um conselho.

— Ok, estamos empatados novamente. Quatro à quatro. Agora teremos a rodada final, que será um pouco diferente das anteriores - falou Bárbara, fazendo um gesto com a mão para Cléber.

Cléber, por sua vez, caminhou até um lugar um pouco mais afastado, onde havia um isopor no chão. De dentro do isopor, saiu um recipiente contendo um líquido grosso e pastoso. Além disso, o guia trazia consigo dois grandes copos.

As crianças nem imaginavam o que poderia ter naquele líquido tão estranho.

— Vocês estão diante da nossa gororoba oficial dos desbravadores do leste, contendo um pouco de cada um desses deliciosos ingredientes que vocês acabaram de provar.

— Ai que nojo! - gritou Dani, observando as minhocas nadando no fundo do recipiente.

— Então, gente. A rodada vai ser a seguinte: cada grupo terá que escolher um representante do time adversário. Aqueles que vocês acham que não conseguirão tomar a nossa maravilhosa gororoba.

O grupo Lua estava em dúvida entre Dani e Neco enquanto o grupo Sol parecia bastante decidido.

— Deixa que eu falo - pediu Cris para os amigos. - Nós escolhemos a MAIS FRESCA do grupo. Vivi, pode ir dando um passo à frente, por favor.

Por um momento, Cris se sentiu vingada por tudo que Vivi havia feito com ela. Pelas ameaças na prova das bandeiras, por ter se separado de Duda e principalmente por ter tido que enfrentá-lo instantes atrás. Seu coração foi ficando até um pouco mais leve.

— Ai que ódio dessa garota! - gritou Vivi sem esconder a frustração que estava sentindo.

Duda não conseguia parar de rir e teve que virar o rosto pra disfarçar.

— E então, Vivi, você não vai amarelar agora, né? - pressionou Pata.

— É, Vivi, vai ser fácil. A gente escolhe o Neco e pronto, tá no papo - a voz de Mosca soava tranquila para encorajar a menina.

— Tá… Pode ser… Mas eu não garanto nada… - Vivi mirava Cris com os olhos, como se fosse partir pra cima dela.

— E aí, Viviane, quem você escolhe do nosso grupo pra enfrentar? - Perguntou Cris, com um sorriso irônico.

— Você - Vivi mudou completamente a expressão facial - Se é isso que você quer, então a gente vê aqui na frente quem é a menos fresca, Cristina. Só que agora não tem namoradinho nenhum pra te ajudar, tá?

— O QUÊ??? - todos gritaram em uníssono.

— Isso mesmo que vocês ouviram. A Cris e o Duda tão ficando, namorando ou sei lá o quê, escondido de todo mundo desde o começo.

Cris sentiu o peso do olhar de cada um dos seus amigos. Como se ela fosse uma mentirosa e aproveitadora que enganou todo mundo esse tempo todo.

— E agora Cris, quem será que vai rir por último? - Vivi encheu o peito e recuperou o ar de superioridade.

Duda assistia desesperado as lágrimas caindo dos olhos de Cris. E agora que todos sabiam seu segredo, o jogo estava perdido, tanto pra ele quanto pra garota por quem estava completamente apaixonado.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Então gente... Miiiiiil desculpas pelo hiato, mas eu juro que foi por uma boa causa. Eu tô preparando o meu TCC (o mesmo que a Carol passou a novela quase toda fazendo rsrs) e o tempo tá bem curto.

Andei escrevendo umas outras coisinhas também... Seria muito legal se vocês fossem olhar minha nova fic de Carrossel, chamada Skins.
(link: https://fanfiction.com.br/historia/677984/Skins/)

Depois de muitas cobranças, eu resolvi voltar com essa fic, que já tava até criando teia de aranha. Espero que vocês me perdoem e que voltem a ler as minhas coisinhas *-*

É isso. Muito obrigado a todos que me apoiam e que fazem com que eu sempre volte a escrever com todo gosto. Beijos e até o próximo capítulo!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "O Último Desbravador do Leste" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.