O Último Desbravador do Leste escrita por Jel Cavalcante


Capítulo 12
Nos vemos quando tudo isso acabar


Notas iniciais do capítulo

O tão esperado momento das três eliminações está pra chegar. E então, quem fará companhia para Thiago e Mili? Acompanhem!



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André se apressou para retornar ao acampamento antes de Rafa e Bel. Ao chegar, viu Ana e Teca sentadas conversando sobre o bilhete que haviam acabado de ler. Era o comunicado de que a equipe Terra deveria estar no conselho pontualmente às seis horas.

"Droga! Falta muito pouco pra hora de ir pro conselho e eu não sei se vai dar pra falar com a Ana a tempo!" - André começou a se desesperar.

Ana percebeu, com o canto do olho, que André estava apreensivo. De imediato percebeu que o garoto tinha realmente ido espionar Rafa e Bel. Deixou Teca de lado e fez um sinal com a cabeça para que André a seguisse.

Chegando em um lugar mais reservado, os dois começaram a planejar o melhor cenário possível para a votação.

"A Bel ta querendo votar na Dani e o Rafa vai pedir pra vocês votarem em mim. A gente tem que ser rápido!" - As pernas de André não paravam quietas. Andando de um lado para o outro freneticamente, o garoto começou a preocupar Ana.

"O Rafa ainda não me falou nada. Provavelmente fará isso daqui a pouco. Eu preciso que você faça um servicinho pra mim. Enquanto isso eu despisto o ele." - Ana cochichou o que queria que André fizesse. Depois voltou apressada para se encontrar com Rafa.

"Eu tava mesmo querendo falar com você Ana. Já falei com a Dani e com a Teca. Nós vamos eliminar o André hoje. Tudo bem?" - Rafa lançou um sorriso amigável para Ana, que retribuiu com outro à altura.

Enquanto isso, André corria às pressas à procura de Bel. Só faltava falar com ela e o plano de Ana poderia dar certo. Muitas dúvidas surgiram naquela tarde. Primeiro sobre de que lado a Bel realmente estava. Depois, a Ana revelando para ele a verdadeira jogadora que era, apesar de possuir estratégias muito confusas.

"Ah Bel, você ta aí. Preciso muito falar com você" - André alcançou Bel, que já estava de partida para o conselho.

"O que foi André, pode falar." - Bel olhou para André com dó do amigo, que possivelmente estava achando que ela tinha conseguido convencer Rafa a votar em Dani para salvá-lo.

"Eu preciso que você me faça um favorzão. Se você realmente quiser que eu permaneça no jogo, é claro."

"É claro que eu quero, André. Acontece que o Rafa me disse que não vai votar na Dani antes de te eliminar. Eu juro que tentei." - Bel veio na direção de André para lhe dar um abraço, mas foi contida pelo garoto.

"Tudo bem. Eu tenho um outro plano na manga e você precisa me ajudar. É só votar em quem eu vou te dizer." - André cochichou um nome no ouvido de Bel, que olhou assustada para ele.

"Confia em mim. Vai dar tudo certo." - Concluiu André.

Alguns minutos depois, todos se juntaram para a caminhada até o conselho. Rafa ia na frente, carregando uma tocha para iluminar o percurso. Logo em seguida, Bel, André e Dani andavam em silêncio. Mais atrás, Ana falava baixinho com Teca. A conversa entre as duas parecia bastante tensa, devido as caras que Teca fazia. André olhou para para elas rapidamente só para garantir que tudo estava saindo como combinado.

Chegando no conselho, Bárbara esperava ansiosa pela noite épica que estava para acontecer. Até o momento só haviam acontecido dois conselhos e em ambos o resultado foi surpreendente. Suas apostas para que este também seja incrível eram bastante altas.

Após todos sentarem em seus lugares, Bárbara explicou todo o ritual, como fez das duas outras vezes com os grupos Ar e Água. Dessa vez, novas seis carinhas preenchiam o espaço onde, nas noites anteriores, muitas conspirações foram feitas.

"Para dar início ao conselho desta noite, gostaria de saber de vocês, qual foi o maior erro do grupo Terra nesta última prova." - Falou Bárbara olhando fixa para todos.

André levantou a mão mas Teca tomou a palavra, bastante exaltada.

"Acontece que a gente tem uma traidora entre nós. Uma pirralha traidora que pôs fogo no nosso acampamento, e com isso alguns membros não puderam sair pra procurar o Rafa durante a prova!" - Teca falava olhando diretamente para Dani, que permanecia quieta um degrau abaixo na arqui-bancada.

"Eu já disse mais de dez vezes que EU NÂO BOTEI FOGO NO ACAMPAMENTO!" - Dani se levantou para rebater os ataques de Teca, mas foi contida por Rafa, que insistiu para que ela se sentasse de volta.

"É claro que foi você. Só pode ter sido. Você tava com inveja porque eu fui procurar o Rafa, enquanto você ficou deitada na barraca. Além do mais, você tava sozinha quando tudo aconteceu. Quer mais provas que isso?" - Após a voz de Teca cessar, houve um silêncio no conselho.

Rafa e André tinha motivos suficientes para temer aquela confusão toda. De repente, à partir dali alguém poderia mudar seu voto de última hora e isso prejudicaria muito o jogo de cada um. André conseguiu finalmente falar alguma coisa.

"Bárbara, eu acho que o grupo Terra passou por alguns probleminhas, mas acredito que depois dessa noite nós vamos passar a nos entender melhor."

Rafa olhava para a cara confiante de André e sentia pena dele e daquele discurso sem sentido. Afinal, se tudo desse certo, era ele quem iria sair naquela noite.

"Acho que já ouvimos o suficiente. Agora eu quero que vocês se dirijam à urna e escrevam o nome da pessoa que querem eliminar. Pode começar por você, André.”"- Falou Bárbara dando continuidade ao processo.

Um a um, os membros do grupo Terra se dirigiram até a urna e, quando todos os votos já haviam sido depositados, Bárbara a trouxe consigo para a contagem.

"Se alguém aqui tiver encontrado o colar de imunidade e quiser usá-lo, esse é o momento certo."

Os rostos se entreolharam assustados, em silêncio, e ninguém se pronunciou. Alguns até haviam esquecido de que existiam de fato colares de imunidade espalhados pela ilha. Bárbara retirou o primeiro voto da urna e leu em voz alta.

"Primeiro voto… André"

Bel apertou firme a mão do amigo, e pela segunda vez naquele dia, teve seu carinho recusado.

"Segundo voto… André"

Todos olhavam atentos para Bárbara, sem piscar. Nem dava para acreditar que naquela urna estava a decisão final. O desfecho de várias horas de tensão.

"Terceiro voto… Dani"

Rafa olhou para Bel neste momento, imaginando que teria sido seu singelo voto para tentar salvar o amigo. Dani e Teca não paravam de se encarar, como duas inimigas mortais em uma grande guerra perto de chegar ao fim.

"Quarto voto… Teca"

"Ei… espera aí… tem alguma coisa estranha acontecendo." - Pensou Rafa enquanto coçava a cabeça compulsivamente.

"Quinto voto… " - Bárbara parecia chocada com o que havia lido e resolveu aproveitar para criar um pouco mais de suspense.

"...Teca. Até o momento temos: Dois votos para o André, Dois votos para a Teca e um voto para a Dani."

Teca olhou em volta, sem entender o que estava acontecendo. Pousou os olhos em Ana e viu que a mesma estava com uma expressão confusa. Um misto de espanto e dúvida. Rafa continuava coçando a cabeça quase arrancando pedaços do seu couro cabeludo.

"Sexto e último voto… Teca. Portanto, Teca, eu preciso que você se dirija por esse caminho. Você acaba de ser eliminada da competição."

Ainda sem reação, Teca esperava estática como se, a qualquer momento, fosse despertar de um sonho. Mas quando viu Dani rindo à sua frente, percebeu que havia sido enganada. Bárbara já ia ao seu encontro, quando Rafa se aproximou boquiaberto.

"Espera Teca, antes de partir, me diz em quem você votou pra que eu possa entender o que aconteceu." - Enquanto Rafa tentava fazer Teca falar, Bárbara ia conduzindo a menina para a saída.

"Vocês não valem nada! Bando de traiçoeiros! Preferiram uma criminosa a mim!" - Teca não conseguia tirar os olhos de Dani, que continuava rindo da situação.

O grupo Terra acompanhou aterrorizado a saída de Teca. Ana tentava não olhar para André, mas no fundo estava orgulhosa do garoto. Dani fechou a cara após ver que o grupo inteiro já estava sabendo que ela pôs fogo no acampamento. Mas nem por isso deixou de comemorar, embora mais para dentro que para fora.

_

Já era quase sete da noite e, faltando um pouco mais de uma hora para o conselho, Duda se encontrava sentado ao redor da fogueira. Sua atenção estava totalmente voltada para as chamas à sua frente e lá no fundo dos seus pensamentos algumas dúvidas queimavam seu juízo.

Pata sentou ao seu lado a fim de descobrir no que ele estava pensando. Provavelmente teria a ver com a votação, e ela gostaria muito de saber de que lado ele estaria desta vez.

"E então, você ainda ta contra mim? Desculpa perguntar assim, mas é que se for pra eu sair hoje, gostaria ao menos que me avisassem antes." - Pata também passou a encarar a fogueira. De algum modo, as brasas acalmavam o clima da noite.

"Sinceramente, eu não sei. Por mim, a gente tirava a Tati, já que ela é a mais fraca do grupo. Se a gente perder outra vez, vamos estar numa desvantagem muita grande em comparação às outras equipes." Duda olhava ao redor para ver se havia mais alguém por perto.

"Eu não tenho coragem de votar nela. Sinto muito. Meu voto vai continuar sendo no Tatu. Só espero que você não arme mais uma contra mim."

Ao ver que Cris se aproximava, Pata se apressou para levantar. As duas ainda não estavam se falando direito desde a eliminação de Thiago.

"Posso saber o que vocês dois estavam conversando?" - Começou Cris, com uma pontinha de ciúmes.

"Ela veio saber se eu iria votar nela hoje." - Duda sentiu muita vontade de abraçar Cris e ficar agarradinho com ela ao redor da fogueira, porém sua estratégia de jogo não permitia que ele demonstrasse qualquer tipo de afeto em público.

"E em quem você vai votar? Tem alguma ideia?" - Cris contemplava o rosto de Duda, que continuava encarando o fogo.

"Estou pensando em votar na Tati. Não quero que o nosso grupo permaneça fraco."

"Mas… a Tati é muito amiga de todo mundo aqui. Eu duvido que a Pata consiga votar nela. Nem eu faria algo assim. Acho melhor a gente tirar o Tatu logo de vez." - Cris também estava com vontade de abraçar Duda, mas conseguia manter a distância necessária. Por um segundo passou por sua cabeça que não conseguiria ficar longe dele por muito tempo.

"Você fala como se fosse fácil. Eu gosto do Tatu. Ele é forte e ajuda nas tarefas do acampamento. Essa votação vai ser a mais difícil de todas."

Cris resolveu deixar Duda sozinho para que ele pudesse refletir melhor. Ao entrar na barraca das meninas, se deparou com Tati e Tatu rindo bastante, como se nenhum deles estivesse correndo perigo de ser eliminado. Entrou na barraca e deitou. Alguns segundos depois, Tati a cutucou para que pudessem conversar.

"Cris, eu preciso falar com você. Eu e o Tatu vamos votar na Pata hoje, e achamos que o Duda também ta com a gente. Só tô te falando isso pra você não se sentir excluída." - Tati tinha uma voz mansa e delicada.

"Façam como vocês quiserem. Eu já tenho o meu voto decidido" - Cris nem sequer abriu os olhos enquanto falava.

Em seguida, Tatu foi ao encontro de Duda para confirmar como seria a votação do grupo Ar.

"Posso sentar aqui?" - Falou Tatu forçando uma educação em excesso, a fim de ganhar a confiança de Duda.

"Claro que sim. E então, como vai ser hoje?" - Duda parecia bem mais receptivo do que fora com Pata e Cris.

"Eu e a Tati vamos seguir a mesma lógica do último conselho."

"Então vai ser na Pata mesmo?" - Perguntou Duda com um olhar desconfiado.

"Sim. Acredito que, quando ela sair, o nosso grupo fique mais forte e unido. É só uma questão de tempo." - Tatu ergueu a mão para cumprimentar Duda e firmar o pacto.

O tempo ia se esgotando e Duda ainda não tinha certeza em quem iria votar. Ao mesmo tempo em que ninguém queria votar na pessoa que ele gostaria de eliminar, suas opções eram todas péssimas. Não queria que Pata ou Tatu saíssem pois isso certamente iria enfraquecer ainda mais sua equipe. O fogo continuava queimando, numa espécia de dança frenética, torturando ainda mais seus pensamentos. Talvez pela primeira vez estivesse decidido a seguir seu coração.

_

Era chegada a hora do grupo Fogo se apresentar no conselho dos desbravadores. Bárbara não conseguiu esconder seu sorriso de empolgação ao ver mais seis jovens adentrando o ambiente. Mais uma vez teve de explicar para todos como funcionava o ritual.

"Quando eu mandar, todos vocês se dirijam até aquela urna distante e escrevam o nome da pessoa que querem eliminar."

Vivi não estava nem um pouco confiante com a votação. Maria tinha ficado de tentar convencer Neco a votar em Binho, mas sua intuição dizia que os dois menores não estavam do seu lado naquela noite.

Vez ou outra, Samuca cochichava algo em seu ouvido, aparentemente tentando acalmá-la. A única coisa que conseguia deixar Vivi um pouco mais calma era o colar de imunidade que descansava em sua bolsa.

"Gostaria de iniciar nossa reunião perguntando para vocês o que acham que irá acontecer nesta votação" - Bárbara olhava firme para Mosca, que parecia confiante além da conta.

"Acredito que algumas pessoas aqui vão tomar um belo susto hoje." - Falou Mosca com um sorriso irônico.

Vivi suspeitava que aquilo era um sinal de que estavam todos contra ela. Sua paranoia chegou a um nível extremo. Nem mesmo Samuca conseguia convencê-la de que estava do seu lado.

Ao ver Maria um pouco mais encolhida do que de costume, Bárbara perguntou se havia alguma coisa a incomodando. A menina se encurvou ainda mais para dentro e fez que não com a cabeça. Laurinha repousava em seu braço, e aquilo era tudo que precisava para ter coragem de enfrentar o conselho.

"Um susto…? Interessante. Alguém aqui acha que corre perigo de ser eliminado hoje?" - As perguntas de Bárbara se tornavam cada vez mais incisivas.

Dos seis jovens que ali estavam, somente Mosca não levantou a mão. Quando viu que todos estavam se sentindo ameaçados, resolveu não demonstrar confiança em excesso e ergueu seu braço junto aos demais tempo suficiente para que ninguém percebesse que, na verdade, não se sentia ameaçado de forma alguma.

"Será que a gente pode votar logo? Eu tô muito ansioso por esse momento." - Binho esfregava as mãos uma na outra esperando pela hora de escrever seu voto.

Após seu pedido, Bárbara indicou que Binho deveria dar início a votação e, aos poucos, os membros do grupo Fogo cumpriram seu dever. Já com a urna em mãos, Bárbara olhou em volta e despejou as últimas palavras antes da leitura dos votos.

"Se alguém aqui tiver o colar de imunidade e quiser usá-lo, essa é a hora certa."

Esse era o momento preferido de Bárbara em toda a competição, mais até que a própria eliminação. Quatro colares haviam sido escondidos nesta primeira etapa do jogo, um em cada acampamento, e até aquele momento ninguém havia encontrado ou, pelo menos, ainda não haviam sentido a necessidade de usá-lo.

Mosca, Binho, Maria e Neco olharam, ao mesmo tempo, para onde Vivi e Samuca estavam sentados. Vivi, por sua vez, olhava para frente fixamente, e um pequeno sorriso começou a brotar de sua face.

"Quer saber, Bárbara, acho que esse colar combina muito bem com a minha roupa. O que vocês acham meninos?" - Vivi colocou o colar em volta do pescoço, fazendo com que todos contemplassem seu deslumbrante momento de glória. Bárbara arregalou os olhos, contente ao ver o primeiro colar sendo utilizado, e deu continuidade ao processo.

"Muito bem. Este é, de fato, um colar de imunidade. Como todos aqui podem perceber, nenhum voto contra Vivi valerá esta noite. Sendo assim, irei começar a ler os votos"

Samuca pegou na mão de Vivi, orgulhoso de ter encontrado o colar a tempo para salvá-la. Mosca mantinha o olhar fixo na urna que Bárbara estava segurando.

"Primeiro voto… Binho"

Binho começou a suar, preocupado. Maria apertou Laurinha com força, enquanto Neco tremia de medo do que estava para acontecer.

"Segundo voto… Binho"

Samuca ajeitava os óculos, totalmente concentrado na leitura dos votos. Vivi não conseguia parar de rir, desviando sua atenção para a cara de preocupação de Mosca e Binho.

"Terceiro voto… Samuca"

Ao ver seu nome escrito, Samuca olhou rapidamente para Mosca, que somente neste momento, retrucou o olhar com uma expressão de alívio.

"Quarto voto… Samuca"

"Como assim?" - Gritou Vivi, interrompendo a voz de Bárbara. Pôs as mãos no rosto e começou a chorar.

"Quinto voto… Samuca. Sexto e último voto… Samuca. Com quatro votos, Samuca, você é o primeiro eliminado do grupo Fogo. Eu preciso que você saia por aquele caminho imediatamente." - Bárbara apontava para a porta onde Samuca deveria se conduzir, mais uma vez convencida de que esta estava sendo a melhor edição de O Último Desbravador do Leste de todos os tempos.

Samuca deu um abraço rápido em Vivi, que ainda estava de cabeça baixa e chorando. Ao se aproximar da saída, olhou para o grupo e disse:

"Muito bem pensando, pessoal. Meus parabéns. Espero muito que o vencedor desse jogo seja algum de vocês. Vivi, continua daquele jeito que eu te falei, ta. Vou sentir saudades. Se cuida."

E assim, Samuca seguiu em frente, de cabeça erguida, consciente de que os outros jogaram melhor do que ele e, portanto, mereciam continuar na competição.

Vivi continuava de cabeça baixa. Bárbara foi se aproximando devagar.

"Vivi, eu preciso que você me entregue o colar de imunidade."

Vivi tirou o colar e jogou no chão com raiva. Bárbara apanhou e pediu para que todos se retirassem o mais rápido possível, pois o grupo Ar já estava para chegar. Maria tentou falar com Vivi, mas a menina não deu ouvidos. Todos se levantaram em silêncio e marcharam de volta para o acampamento.

_

O grupo Ar entrou no conselho dos desbravadores para finalizar a intensa noite de votação. Como já haviam estado ali antes e, portanto, conheciam bem as regras do jogo, Bárbara foi logo fazendo suas perguntas.

"Vejo que vocês estão com uma carinha de preocupação… aconteceu alguma coisa?"

"Nada não, Bárbara." - Respondeu Pata. O que estava acontecendo de fato era que todos estavam em dúvidas sobre em quem votar, diferentemente da última vez em que estiveram ali presentes.

"É… é que é muito difícil eliminar alguém. Sabe como é, né?" - Gaguejou Cris.

Duda permanecia sério e pensativo. Tatu olhava para ele de vem em quando, com medo de que mudasse de ideia.

"E quanto a vocês dois?" - Perguntou Bárbara a Tatu e Tati - "As coisas melhoraram para vocês no grupo?"

"Sim. Hoje nós podemos dizer que estamos numa boa colocação dentro do grupo. Só espero que tudo saia como o combinado essa noite." - Respondeu Tatu, um pouco nervoso.

"Então vamos à votação. Tati, você primeiro" - Disse Bárbara, apontando para a urna.

Tati não precisou de muito tempo para pensar, assim como Tatu e Pata. Quando Cris chegou na plataforma onde se encontrava a urna, olhou para os lados, pensando se estaria fazendo a coisa certa. A indecisão era tanta que nem conseguia lembrar o que realmente estava em jogo naquela noite. Por último, Duda também demorou um bom pedaço para decidir que nome escreveria. O grupo Ar havia iniciado a competição com o pé esquerdo, mas depois que a fase dos desentendimentos passou, a equipe foi se unindo cada vez mais, ficando difícil decidir quem deveria ser eliminado.

Com todos os votos devidamente dispostos na urna, Bárbara fez a mesma pergunta de sempre sobre o colar de imunidade. Ninguém se pronunciou e os votos começaram a ser lidos.

"Primeiro voto… Tatu"

Tati estava com medo de que seu melhor amigo saísse tão cedo do jogo, mas confiava que tudo iria acabar bem. Tatu continuava dividindo a atenção entre Bárbara e Duda.

"Segundo voto… Pata"

Pata esboçou um sinal de decepção com o canto da boca, fazendo parecer que já imaginava que haveriam votos direcionados a ela. Cris mordia os lábios apreensiva.

"Terceiro voto… Tatu"

Duda por um lado estava calmo, já que provavelmente seu nome não estaria no meio daqueles papéis, mas ao mesmo tempo se preocupava com o futuro do grupo Ar dali em diante. Mais uma vez desejou poder usufruir do carinho de Cris para superar a tensão.

"Quarto voto… Pata. Até o momento temos dois votos para o Tatu e dois votos para a Pata. Ainda temos um último voto para ler."

Pata sabia que não merecia sair antes de Tatu e se, por acaso aquilo viesse a acontecer, ficaria profundamente magoada. Tatu também achava que não merecia sair. Para ele, Pata prejudicava o grupo por não saber separar questões do jogo de questões pessoais.

"Quinto e último voto… Tatu. Com isso, Tatu, você é o segundo eliminado do grupo Ar e precisa deixar a competição imediatamente."

Tati não queria largar Tatu, e nem ele gostaria que aquele momento acabasse tão de repente. Apesar de tudo, o garoto sabia que entrou naquela competição em desvantagem por ser amigo apenas dos vizinhos e, mesmo assim, saía orgulhoso de ter durado tanto no jogo e, ainda por cima, tendo conquistado a amizade de uma das garotas mais especias que já teve o prazer de conhecer.

"Tati, eu tô torcendo por você. Não deixe que ninguém te julgue pelo seu tamanho. Pra mim, você já uma vencedora. Nos vemos quando tudo isso acabar." - Tatu deu um beijo no rosto de Tati e saiu pela trilha dos eliminados.

Duda se levantou bruscamente e seguiu rumo ao acampamento. Cris e Pata seguiam tentando acalmar Tati, que chorava bastante. O barulho da floresta foi ofuscado pelo choro fraco da menina. Era um som não só de tristeza, mas também de medo.


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Notas finais do capítulo

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Logo logo terá uma mudança radical no jogo. Não percam!



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