Começamos a prova, ela estava bem grande, tinha várias páginas. A princípio ela parecia fácil. Na verdade, depois de revisar a prova, concluí que ela estava por completa fácil, pelo menos consideravelmente. Comecei a fazer algumas questões, mas logo não pude me conter ao impulso de virar-me um pouco para o lado para ver como ele estava se saindo. Parecia que estava bem, um pouco preocupado talvez, mas ele devia estar conseguindo fazer a prova.

Droga, eu não devia de ter feito aquilo, vê-lo só me tirou a atenção. E para piorar, agora as memórias de nossos estudos voltavam a minha mente, e aquilo mais me parecia um soco no estômago.

Eu sabia que ele deveria estar lembrando a mesma coisa, mas ele se continha e se esforçava para se dar bem. Eu tinha que fazer o mesmo.

Mas piorou mais ainda quando as memórias do nosso quase beijo vieram a tona em minha mente. Elas me arrasaram. Agora mesmo que eu não conseguiria fazer aquilo direito. E senti uma lágrima teimosa escorrer por meu rosto. Prontamente a enxuguei.

Com todo o meu esforço para aquela prova, seria horrível se eu tivesse que parar agora. Então, continuei escrevendo as respostas que eu considerava corretas, esperando que realmente estivessem certas.

Já estávamos ali a quase duas horas, por volta de uns 45 minutos o horário da prova chegaria ao seu final. Pelo menos eu já estava quase chegando ao final. Mais da metade da turma já havia saído. Mas Reita ainda continuava ali.

E então, me assustei. Foi só eu pensar, que ele havia acabado a prova dele. Como? Ele era daqueles que sempre ficavam até o final, que sempre eram os últimos a sair. E agora, ele havia terminado antes de mim. Droga, qual era o meu problema. Aquele garoto estava mesmo me afetando.


.: REITA'S P.O.V. :.


Eu estava estranhando aquilo, eu já estava entregando a minha prova e ele ainda nem havia terminado a dele. E o que foi aquela atitude estranha hoje de manhã? Eu tenho que dar um jeito de consertar as coisas entre nós, mas como?

Só se eu terminar o assunto que eu deixei incompleto...


.: RUKI'S P.O.V. :.


Vi ele saindo da sala e me voltei para a prova. Mais alguns minutos e eu havia terminado. Entreguei-a para a professora, e pela cara que ela fez, ou minha expressão estava péssima, ou eu realmente tinha ido mal logo nas primeiras questões.

Ignorei a expressão da professora e me direcionei a saída. O corredor estava completamente vazio, exceto por uma pessoa que aguardava na porta do vestiário masculino, justamente onde eu precisava ir.


.: REITA'S P.O.V. :.


Eu sabia que ele sempre ia ao banheiro lavar o rosto depois de todas as provas, então, me pus a esperá-lo na porta do vestiário mais próximo. Ele entrou sem me dirigir a palavra.


.: RUKI'S P.O.V. :.


Eu entrei sem lhe dirigir a palavra. Que estranho, o banheiro também estava completamente vazio, algo que não era normal em dias de provas decisivas.

Me posicionei de frente a pia mais próxima a mim e comecei a lavar meu rosto, tentando livrar-me não apenas do meu suor, mas daquelas lembranças terríveis que me assustaram durante a prova.

E quando levantei minha cabeça e olhei no espelho, eu o vi, atrás de mim, encostado em uma parede. De repente o lugar me parecia muito menor do que realmente era. Enxuguei meu rosto e me preparei para sair.

Mas quando eu estava quase alcançando a porta, sinto meu braço ser puxado, e meu corpo rapidamente bateu de encontro ao do indivíduo. E ele foi rápido, me virando de costas para a parede e me levando de encontro a essa, juntando nossos corpos o mais próximo que ele conseguia.

Tentei me livrar daquela situação, mas suas mãos seguravam fortes os meu punhos.

-O que pensa que está fazendo? - falei, não muito alto, pois qualquer um poderia nos ouvir.

-Eu? Estou apenas terminando o que comecei. - e se não fosse loucura, pois aquele momento estava, sim, me deixando louco, eu poderia dizer que senti um certo relevo entre suas pernas. E por mais alta que fosse a minha resistência, aquilo estava começando a me afetar, deixando-me do mesmo modo que ele.

Se aproximou do meu ouvido e disse:

-Me desculpe por ontem, eu estava apenas confuso. Eu não tinha certeza se você também queria aquilo, então fiquei com medo de continuar- sua voz estava meio rouca e sedutora, mas eu sabia que suas palavras estavam sendo verdadeiras.- Mas eu realmente queria aquilo, e agora eu também entendo.

-Entende o que?

- Que eu também estou apaixonado por você.- ele disse, e por mais que eu não quisesse acreditar, eu sabia que era verdade. E amei ter ouvido aquilo.

Logo depois, senti seus lábios selando os meus, suavemente. Estava gostoso, mas eu não aguentava mais. Então, com minha lígua pedi passagem aos seus lábios, e eles prontamente atenderam ao meu pedido.

E em pouco tempo, nossas línguas travavam uma batalha perigosa, batalhando por espaço, explorando cada parte daquele ambiente que até agora era desconhecido por nós.

E, infelimente, tivemos que parar por falta de ar. E foi então que a campainha do término da prova tocou. Agora sim, o banheiro ficaria cheio. Ele se afastou de mim rapidamente e eu soltei um leve gemido de reprovação.

-Mais tarde a gente continua- ele disse. Logo após isso, o banheiro lotou imediatamente.

Saímos dali, apertadamente, e fomos para casa. É em dia de prova nós íamos embora mais cedo. Ele se despediu de mim com um leve selinho, quando ninguém estava vendo.

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Logo, chegou o dia seguinte, quando receberíamos o resultado da prova. Sentamos em nossas costumeiras carteiras e a professora foi nos chamando para a mesa dela para recebermos nossas notas.

-Matsumoto Takanori- finalmente havia chegado a minha vez. Eu sabia que tinha ido mal. Pelo menos, eu precisava de pouco para passar de ano. Cheguei lá e apanhei minha prova, decepcionado com o resultado.

Sentei-me novamente e Reita pediu para ver minha prova. Ele pareceu tão surpreso com meu resultado quanto eu.

-7.0? -ele perguntou- Impossível.

-Suzuki Akira- ele mal pode concluir.

Pegou sua prova e depois do choque inicial, veio pulando e correndo até minha mesa.

-10.0! 10.0! TIREI 10.0!!!

Começamos a pular juntos, feito dois malucos. Eu estava tão feliz por ele. Nós iríamos mesmo ao baile.

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Na hora da saída, ele falou de repente:

-Obrigada, Ruki. Eu não conseguiria sem você.

-Que isso. Você se esforçou muito, eu sei.

-Pode até ser verdade, mas o que me fez realmente conseguir essa nota, foi que cada vez que eu via uma questão que me parecia difícil demais, eu me lembrava de você e de como você estava lindo naquele dia enquanto me ensinava. E quando seu rosto perfeito se virava para o meu, eu encontrava as respostas. Para tudo.

E me beijou.