O único encontro, talvez. escrita por Queen Brisa


Capítulo 1
Capítulo 1 - Único.




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Luciana acordou naquele dia com um suspiro de desânimo. Levantou a cabeça, mirando o calendário que ficava sobre o criado mudo só para confirmar que realmente era aquele domingo circulado. Ela havia sido selecionada para fiscalizar a prova de um concurso, no qual se inscreveu para arrecadar uma grana extra.

Dois meses atrás, quando havia se inscrito, ela estava juntando dinheiro para seu casamento e qualquer bico desses era bem vindo. Hoje, no dia da prova, ela já tinha consciência que não ia mais se casar. Muito responsável com seus compromissos, ela se levantou e estava lá na hora marcada.

Dados os avisos, ela foi para seu posto. Era fiscal de corredor. Sua função era basicamente acompanhar os candidatos que pediam para ir ao banheiro. Isso mesmo. Só andar mostrando o caminho junto com os candidatos, que não podiam circular pelos corredores sem um fiscal junto. O dia estava condenado a ser um tédio. Não era permitido sentar durante as 4 horas de duração da prova, conversar também não. Quando muito, uns sussurros totalmente necessários com os outros fiscais.

Transcorridas duas horas de prova, Luciana foi chamada para acompanhar um rapaz até a porta do banheiro. Dois passos fora da sala, ela ouviu um celular vibrando e não era o dela. Lançou os olhos para o bolso traseiro da calça do rapaz e viu que o celular dele estava lá.

- Você está louco? - sussurrou perto de seu ouvido - Seu celular.

- Caramba! Eu esqueci!

- Você está prestes a ser desclassificado. Tem um detector de metais na porta do banheiro. - ela informou.

- Desclassificado? Totalmente? Por causa disso? - ele arregalou os olhos.

Ela revirou os olhos. - Olha, presta atenção. Eu vou passar do seu lado e vou pegá-lo. - ela sempre pensava rápido - Vou guardar no meu bolso e fingir que é meu. No final da prova você me procura e pega comigo. É Luciana.

Ele respirou aliviado e sentiu a mão dela tirando o celular do seu bolso traseiro. Passou pelo detector de metais tranquilamente e depois retornou à sala para continuar a prova.

Durante as duas horas restantes, uma fiscal de outro prédio passou mal. Ela foi redirecionada como substituta, pois o prédio era muito maior faria mais falta ali. Transcorridas as próximas duas horas tediosas, ela não via a hora de ir para casa. Saiu apressadamente e se esqueceu totalmente que tinha que devolver aquele celular e, era certo, nem se lembrava mais que rosto tinha aquele rapaz.

Tomou banho e vestiu seu melhor vestido preto. E curto. E caro. Ela ia terminar seu noivado naquele jantar e queria estar bonita. Queria que ele sofresse. Queria mostrar o que ele estava perdendo. Soltou os cabelos, que tampavam suas costas e estava terminando a maquiagem, quando ouviu, novamente, um celular vibrando. Correu até sua bolsa e não era o seu. Nesse momento ela se lembrou do celular do rapaz. Levando a mão à cabeça, pensando em como poderia ter esquecido, foi até sua calça jogada em cima da cama e atendeu a chamada que tinha o nome de "Casa".

- Desculpa! - falou ela. - Eu fui remanejada. Esqueci de você.

- Te procurei durante vinte minutos, Luciana. Achei que você era uma ótima delinquente. - o rapaz falou.

- Olha, eu to saindo daqui a pouco, posso passar onde você está e entregar. - sugeriu ela, e ele logo lhe passou o endereço de sua casa.

Luciana parou o carro naquele endereço cerca de quarenta minutos depois e o rapaz não se demorou a aparecer na porta de casa. Era uma casa modesta, ela não sabia dizer se ele morava com mais alguém.

- Mil desculpas, cara. Minha cabeça está cheia de coisas... Então, foi mal. - ela falou.

- Se eu passar no concurso, nem vai ser tão mal assim ter sido quase furtado. - ele brincou - Agradeço por salvar a minha pele.

- Tomara que passe. Mesmo. Eu tenho um noivado pra terminar agora então...

- Você fica incrível nesse vestido - ele a interrompeu, como se não tivesse prestando atenção ao que ela dizia. Ela apertou os olhos, visivelmente espantada. Se permitiu reparar naquele estranho, de cabelos meio cacheados e bagunçados. Mandíbula bem marcada e uma barba por fazer. Não era feio, com certeza. Tinha um charme, mas ela não se permitiu avaliar profundamente.

- Uma pena que nem todo mundo pensa como você. - ela falou. Tinha a intenção de ser uma frase bem humorada, mas soou um tanto melancólico. Ela não conseguiu evitar a referência à seu quase ex-noivo.

- Talvez signifique que eu tenho sorte. - ele disse.

- Talvez não. - ela falou, retirando o celular da bolsa e entregando ao rapaz. Com um leve aceno se despediu, entrou no carro e foi embora.

Ele ainda estava encantando com ela. Naquele momento em que a interrompeu, ele queria tê-la beijado, mas não estava próximo o suficiente para surpreendê-la. Pensou ter ouvido algo relacionado a noivado, mas não se importou. E também não se importou que ela tivesse ido embora rápido. Olhou para o celular em sua mão... Se ela se demorasse mais um pouco, poderia perceber que tinha lhe entregado seu próprio celular e não o dele. Agradeceu a noite escura (e o fato de mulheres terem o mundo dentro de suas bolsas) e entrou tentando se decidir se ia ligar para ela novamente ainda nessa noite, ou se esperaria o dia seguinte.


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Notas finais do capítulo

Obrigada a quem chegou até aqui e leu esse conto. Espero que gostem e deixem suas impressões nos comentários. ♥



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