— De que maneira você me vê? – Seus lábios se moveram, e logo aquela voz firme e aguda chegara aos meus ouvidos. – Você não me vê somente como um irmão, não é?

— O que... – Respirei fundo. Ele já sabia, e não havia nada que eu pudesse fazer para mudar aquilo. Mentir? Não, não era do meu feitio. Deixei que um leve sorriso desenhasse em minha boca, para em seguida lhe responder. – Então você já percebeu. Não, eu definitivamente não te vejo somente como um irmão.

— Você sabe que isso não pode acontecer. – Senti seu calor ao se aproximar em um mísero passo, enquanto sua mão vinha em meu rosto fazendo uma carícia gostosa. – Você é um amor! Eu realmente te amo, mas não dessa forma, e sim apenas como meu pequeno irmão.

— Eu sei. Eu sempre soube que você não me olhava assim. Não vai se afastar de mim, vai? – Minha voz saíra um tanto falha. Imaginar que ele poderia me deixar fazia meu coração despedaçar. – Alexandre, me responda... – Pedi num murmúrio, abaixando o olhar ao vê-lo me encarar daquela forma. Fora exatamente isso que fez eu me apaixonar, seu grande idiota.

— Claro que não, príncipe. – Príncipe... Ouvi-lo me chamar assim era a garantia de que estava tudo bem. – Eu jamais te deixaria, principalmente por isso. – Meu rosto fora erguido suavemente com o auxílio de sua mão, e logo seus lábios encostaram-se aos meus, em um simples selinho, porém muito especial. Em seguida seus braços se envolveram em minha cintura, dessa vez beijando minha bochecha, arrancando de mim um dos mais belos sorrisos.

~ ~ ~

Após chegar da escola me joguei no sofá, suspirando pesadamente enquanto murmurava coisas incoerentes contra o estofado do móvel. Os dias se passavam cada vez mais rápido, obrigando-me a tomar decisões sérias em minha vida. Sentia-me pressionado, e sufocado por tudo aquilo.

— Que cara é essa? – Senti Alexandre se sentar em minhas costas com certa leveza, enquanto passava os dedos por meus cabelos castanhos misturados com algumas mechas roxeadas.

— Já sentiu como se... Como se tudo dependesse de você? Como se as coisas não fossem mais para frente caso você não as resolvesse? – Respondi, sentindo-o se levantar, e logo me sentei cruzando as pernas sobre o sofá, encarando-o.

— Hum, talvez. Acho que todos passamos por algum momento assim. Por quê? Tem acontecido algo que depende de você? – O mais velho sentou-se ao meu lado, sorrindo daquela forma tão bela, enquanto tirava minha atenção para os belos cachos que possuía.

— O ano está acabando, e eu não faço ideia do que farei daqui para frente. – Suspirei com pesar. Isso parecia tão patético. – Eu não sei que carreira seguira, nii-chan!

Ele era sempre um amor. Isso era um fato inegável. Alexandre sempre estava ali quando eu precisava, assim como eu sempre estava para ele, apesar de nunca ser, de fato, útil a ele. Minhas dúvidas mais fúteis, mais idiotas, ele sempre respondia todas. Seu consolo, seu abraço, seu carinho. Isso e muito mais eram coisas que eu não queria perder nunca!

Havia se passado mais de um ano que ele soube de meu sentimento nada fraternal por ele, e ainda assim nada mudou. A forma que ele me tratava, que me olhava, ainda eram as mesmas. Isso fazia com que eu o admirasse ainda mais!

A noite já tomava conta de tudo. Deitado em minha cama e com um livro entre os dedos, eu esperava que o sono viesse rapidamente. Pensar no futuro, no que eu queria, gostava, no que combinava comigo era realmente desgastante.

— Já está dormindo, príncipe? – Abaixei o livro, observando a face do maior pela fresta da porta. Sem esperar que eu dissesse algo, ele adentrou no cômodo, sentando-se na minha cama após fechar a porta. – Vim te dar boa noite... – Comentou, olhando para a janela. Ri baixinho. Nas últimas semanas ele tem tido essa mania de entrar aqui durante a noite e olhar a janela.

— Boa noite, nii-chan. – Disse com um sorriso, inclinando-me apenas um pouco para beijar sua face com leveza, e fora então que fiquei surpreso. Com rapidez ele virara seu rosto, beijando-me nos lábios.

Eu não sabia o que fazer, foi tão inesperado. Fiquei estático de primeira, mas logo deixei de tentar entender aquilo e fui acompanhando-o. Os lábios macios se chocando contra os meus com delicadeza. Quando menos percebo, ele já estava sobre meu corpo, beijando-me com mais vontade e acariciando meu corpo.

E fora quando o momento mágico aconteceu: eu e meu irmão estávamos fazendo amor. Não sei o que aquilo significava para ele, mas sei exatamente o significado do ato para mim. Ter nossos corpos unidos, enquanto palavras de carinho e afeto eram ditas. Por deuses, eu o amava tanto, eu desejei aquilo por tanto tempo que não sabia se meu coração realmente aguentaria, se suportaria toda a felicidade que sentia nesse momento.

Parecia que a Terra havia parado de girar, e que o mundo pausou para presenciar o ato de amor mais belo que existia. Sim, o mais belo de todos. Não havia alguém que eu amasse mais que aquele homem, definitivamente não.

Depois de sentir o máximo de prazer em ser amado, estava olhando o teto, sentindo a respiração de Alexandre próximo a mim. Deitei-me de lado ao virar, olhando-o, corando ao sentir seus olhos retribuírem meu olhar na mesma intensidade.

— O que você... – Fui interrompido com seus dígitos sobre meus lábios.

— Não diga nada, certo? Apenas fique comigo. – Sussurrou, beijando-me com carinho, e logo deixando que o sono tomasse conta dele, assim como tomou de mim um tempo depois.

O que é certo ou errado é ditado apenas por si mesmo. Eu o amava mais do que como um irmão, e isso era mais do que certo, afinal era amor. Durante todo esse tempo eu nunca soube me expressar. Sempre ruim com as palavras, e com as atitudes ainda mais. Minha admiração por ele é imensa. Um grande homem, forte, feliz, e com um sorriso no rosto! Sempre disposto a ajudar alguém que precise de si, sempre com uma palavra amiga e um abraço acolhedor.

Não importa o que digam, onii-chan, eu sempre estarei aqui para você da mesma forma que você sempre esteve para mim.