The Z Apocalypse escrita por Nathi Peters


Capítulo 4
A Safe Place


Notas iniciais do capítulo

Estou muuuito feliz com os comentários, vcs fazem a minha vida mais doce, gente, sério, muuuito obrigada mesmo



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Até onde o vírus tinha se espalhado? Não me lembro de muita coisa do dia em que tudo começou. Estava tudo indo bem. Acordei cedo, me vesti, dei bom dia aos meus pais e ajudei Denny a encontrar o dever de casa, que ele havia perdido. Tomamos café da manhã, papai se arrumou e foi ao trabalho, mamãe ficou com dor de cabeça, então não mandou Denny para a escola e ficou de cama, dei um analgésico a ela, aí peguei o ônibus, porque meu carro quebrou. Depois,chegue na escola tivemos os primeiros períodos, almoçamos e as aulas correram bem. Até chegar na aula de Espanhol, e depois de várias tentativas fracassadas da turma de formular uma frase em espanhol, ouvimos gritos, e as pessoas começaram a morrer. A professora de espanhol, nos trancou dentro da sala para não ter perigo, assim como alguns professores também fizeram. Primeiro, achamos que algum maníaco havia entrado na escola e estava matando as pessoas, antes fosse, depois de algumas horas tudo mudou. Coisas estranhas começaram a acontecer. As pessoas comiam umas as outras, e depois de mortas, elas levantavam e começavam a comer os outros. Tudo ficou um caos.

Quantos dos meus amigos ainda estão vivos e seguros? E como vai ser agora? Meus pais estão mortos? E o resto da minha família provavelmente está morta também?

E se a infecção se espalhou por todos os Estados Unidos? Meus parentes estariam mortos, alguns deles pelo menos. E se chegasse ao México, mais pessoas da minha família morreriam. Isolada, sem contato com o mundo. Apenas eu, Logan e Molly. É estranho e surreal pensar que estou em um apocalipse zumbi. Pensar em todos os filmes, seriados e livros de zumbi que tomavam a maior parte dos meus dias. É estranho pensar que seria assim, tão de repente, tão assustador, tão real. Meu estômago dói e o arrependimento bate forte, lembro das vezes que desejei estar em um apocalipse zumbi, nas vezes que pensei que seria legal e divertido. Nossa viajem está chegando ao fim, dois dias de viajem. Eu e Logan revezando a direção. Um dormia, o outro dirigia. E depois trocávamos. Água, comida e gasolina, estava difícil achar. Mas parávamos pelo caminho. Logan matou alguns zumbis.

– Vee, vem descansar, eu dirijo. – Logan diz do banco do meu lado, me tirando dos meus devaneios.

– Eu to bem! – respondo.

– Você esta dirigindo a mais de quatro horas. Deve estar cansada. Vamos, não seja má com você mesma. – ele diz rindo

– Está bem. – respondo. Paro no meio da estrada. A parte boa de um fim do mundo apocalíptico, é que, se pode fazer o que quiser, como parar no meio da estrada sem se preocupar com o trânsito, pegar o que quiser em mercados e lojas sem pagar, e nem se sentir culpado por isso. Ele sai do carro, e eu também. Trocamos e logo Logan volta a dirigir.

– Já vamos chegar. – ele diz.

Molly acorda no banco de trás, onde eu e Logan temos nos revezado para dormir junto com ela, o banco de trás do carro é bem espaçoso.

– Ei, volte a dormir. – digo a ela.

Olhando para a menininha, e penso em como tudo que eu tinha planejado para o futuro não iria mais acontecer. Não enquanto isso aqui estivesse acontecendo.

Quatro dias atrás, Logan e eu, não passávamos de meros colegas de sala, e agora somos dois sobreviventes, e precisamos da ajuda um do outro. Quatro dias atrás eu nunca pensaria em nada mais importante do que estudar para as provas finais, e tentar alcançar as notas mais altas para a faculdade

– Está com fome? – ele pergunta.

– Não...Estou bem. Obrigada. – respondo.

– Eles estão chegando lá também. – diz ele.

– Conseguiu contato?

– Sim.

– Meus amigos estão com eles? – pergunto.

– Não sei exatamente. Eles perderam muitos dos nossos na fuga. Mas pessoas das outras turmas estão com eles. Estão em um total de 35 pessoas.

– Tem lugar para todos? – perguntei.

– É um hotel. Mas está vazio. É dos meus tios, mas como é muito, muito afastado da cidade, poucas pessoas se hospedavam. Eles estavam falindo, estavam refazendo, tentando chamar a atenção, iria inaugurar no Domingo.

– Nossa! E que dia é hoje? – pergunto.

– Sexta. Dia 25 de Outubro de 2014. Exatamente as 19:45h da noite.

– Meu Deus! Excesso de informação. Vai me dar dor de cabeça. – eu digo, e nós dois rimos.

– E a Molly? – pergunta.

Viro de costas e toco em seu braço. Ela parecia estar com frio. E um pouco pálida.

– Ela parece bem, mas, está meio pálida, e com frio. – pego o cobertor e a cubro

– Isso não é bom! – ele diz.

– Isso o que? – pergunto.

–Molly tem asma. Mas não estou com a bombinha dela. – ele diz e já está preocupado,

– Merda! – praguejei. – Não tem alguma farmácia por perto?

– Não. Estamos entrando na zona do hotel, fica bem longe da cidade. Lá eles têm bombinhas, não falta muito para chegar. Lá tem suprimentos o suficiente pra um ano inteiro. E tem luz, meu tio era arquiteto. Aproveitam a luz solar. Enquanto existir o dia, teremos eletricidade.E tem poços espalhados pela propriedade. Meu tio pensou em tudo. É um hotel para passar as férias de verão. – ele diz

– Ótimo escolha Logan. Vamos ficar bem.Por um tempo. Molly está ficando com as bochechas coradinhas, acho que está esquentando.

– Ótimo! – ele diz.

– Ainda temos todos os suprimentos que conseguimos na minha casa e na sua.

Vai ficar tudo bem, penso. Meus olhos não agüentaram muito tempo abertos. Logo pego no sono.

Abro meus olhos, estou no carro, Molly grita, Logan pede para ela se acalmar. Me sento no banco e percebo o motivo dos gritos. O carro estaá cercado por zumbis. Logan tenta andar, mas o carro não liga. Coloco Molly no meio do banco e a faço olhar pra mim.

– Vai ficar tudo bem, eu e Logan estamos aqui e vamos te proteger. Mas você precisa ficar calma, quanto mais barulho, mais deles. Entendeu? – ela assente, e para de chorar. – Fique aqui, parada e feche os olhos. - coloco os fones de ouvido nela, e deixo tocar as músicas. Logan está apavorado.

– Porque você não me acordou?

– Achei que dava conta. – diz ele.

Logan virava a chave na ignição mas nada adiantava, então desligou o carro, e fez ligação direta com fios. O carro ligou e então ele pisou fundo. Arrancamos com força e logo estamos longe dos zumbis. Mas não sem deixar sangue pelo para-brisa.

– Essa foi por pouco. – diz ele.

– É.

– Já estamos chegando, é logo ali. – ele aponta e sigo seu dedo indicador. Uma alta montanha, nós damos a volta nela, e então não estamos mais no asfalto mas sim em uma estradinha de chão barrenta e irregular. Ainda é noite o que significa que deve ser de madrugada. Molly olha assustada para nós dois, mas se concentra em escutar a música.

Após alguns minutos, chegamos em frente a uma fazenda. Logan sai do carro e abre o portão, depois o tranca com as correntes. A mansão que é o hotel está iluminada, e tem três ônibus escolares estacionados perto da grama. Quando Logan estaciona o carro ao lado de um desses ônibus, seu rosto não está mais tão preocupado, tem até uma expressão de alívio.

– Eles chegaram em segurança. – diz ele, olhando para mim e sorrindo.

– Acho que é hora de entrar e ver se meus amigos estão com eles. – digo, tentando me preparar psicologicamente, caso meus amigos não estejam com eles.

– Vai dar tudo certo. – diz ele, apertando minha mão, e abrindo a porta para sair e pegar Molly no colo. Logo ele a passa para mim, para poder pegar as malas. Molly se agarra a mim como um bicho preguiça. Logo algumas pessoas saem do hotel e vem em nossa direção. A professora de espanhol corre para nos ajudar, juntamente com a professora de inglês. Ela olha para Logan.

– Roubou meu carro não é? – diz ela séria. Logan fica tenso, mas logo ela solta uma risada e ele relaxa.

– É, me desculpe. – diz ele.

– Senhorita Thompson, estou feliz em ver você – ela diz apertando a minha mão e sorrindo, seus olhos caem em Molly e ela sorri para a menininha. Molly olha timidamente para ela pelo meio dos meus cabelos. – Quem é essa belezinha?

– É a irmãzinha do Logan. Molly. – eu digo. – Molly, esta é Jennifer, nossa professora de inglês. Diga oi a ela. – seu corpinho miúdo se move e Molly olha para a senhorita Fitzgerald, sorri e logo desata a chorar.

– Foram dias difíceis. – diz Logan.

– Imagino. – diz a professora. – Venha Vee, imagino que esteja cansada.

Eu a sigo em direção ao grande hotel. Logo entramos no saguão. Uma gigante sala com piso de mármore, uma gloriosa escada no centro, que se dividia em duas, dando direção a dois corredores imensos.

– Lá em cima ficam os quartos. Aqui é o salão, logo ali é a cozinha, e depois a sala de jantar, e lá atrás ficam as salas de lazer e jogos, biblioteca e brinquedoteca para as crianças.

– Para as crianças? Tem outras crianças aqui? – pergunto.

– Sim. Algumas professoras conseguiram vir junto, e conseguiram resgatar seus filhos.

– Então tem mais do que 35 pessoas, certo? E meus amigos? – pergunto.

– Sim, creio que quase o dobro disso. Todos estão lá em cima se instalando, amanhã farei uma lista de chamada, para saber quem perdemos e ter um controle de pessoas, se alguém se perder, saberemos quem. Não sei se seus amigos mais próximos estão aqui, mas devia ir lá conferir.

– Vou acomodar a Molly primeiro. Obrigada senhorita Fitzgerald. – agradeço.

– Aqui estão suas chaves. Um quarto para cada uma. Conseguimos chaves de cem quartos. É o suficiente até agora. – diz ela aliviada.

– Sorte nossa! – respondo. – Eu acho que seria melhor pra Molly, ficar no quarto do Logan.

– Ah... Sim, claro. – diz ela, dando um tapa na própria testa. Molly abre um sorriso de covinhas e depois me abraça. Subo as escadas do salão com ela. Quando chego no corredor, procuro por nossos quartos. Abro a porta, e o que vejo é um quarto altamente confortável e aconchegante. Nele há uma cama de casal imensa e altamente convidativa, um closet e um banheiro. As grandes janelas estão cobertas com pesadas cortinas de ceda bege claro, e marrom escuro. O quarto é espaçoso. Abro a porta do closet, e guardo as malas da Molly. Depois ela pula na cama.

– Bem, vou ir até meu quarto. Quer ir comigo? – pergunto. Ela pula da cama e segura a minha mão. Sigo pelo corredor e entro no quarto ao lado do de Logan e Molly.

É grande também, e possui uma cama de casal, um banheiro e closet. É exatamente igual ao outro.

Espio pelas cortinas, e vejo o lago, azul e lindo, as águas se agitando tranquilamente. O céu está brilhante, as estrelas parecem maiores do que nunca, a luz da lua ilumina como a luz do sol.

– Olhe Molly! Quando o frio passar, podemos ir para o lago. Não vai ser ótimo? – digo eu.

– Vai ser muito legal. – diz ela com sua voz de criança. O que me fez sorrir.

– Bem, vou te levar até as outras crianças. Lá tem brinquedos. Você quer? – pergunto

– Brinquedos? – seu rostinho se ilumina.

– Sim, muitos e muitos brinquedos. – respondo

– Quero ir.

Então pego sua mão, e a levo até a sala onde estão as crianças. Há muitas. Vários brinquedos espalhados pela sala, Molly logo faz amigas, e começam a brincar com as bonecas. Ela sorri e acena para mim, e então eu vou até a professora.

– Onde estão todos? – pergunto.

– Na sala de jogos. – responde. – Estão todos lá. Inclusive o pessoal que chegou do colégio. Pode ser que encontre algum amigo seu.

– Ta, obrigada. – respondo.

Caminho lentamente, tentando alertar a mim mesma que meus amigos podem não estar lá.

Quando entro na sala de jogos, o barulho das pessoas falando me atinge como uma flecha. Fecho os olhos para apreciar. Nunca pensei que o barulho de pessoas conversando pudesse me fazer sentir tão feliz. Pois aquilo me lembra das tardes que passava no shopping com minhas amigas. Ou da escola, ou de qualquer sinal de que não estou no meio do apocalipse.

A sala de jogos é linda. Com mesas de sinuca, pista de boliche, máquinas caça-níqueis, jogos de videogame, e vários outros tipos. Parece um fliperama – igual ao fliperama na rua Smith, o qual eu freqüentava na maioria dos sábados a noite. Alguns caras jogam sinuca, e algumas garotas estão conversando num canto. Então encontro Logan, jogando sinuca com alguns professores e alguns caras que andavam com ele.

– Oi – digo

– Oi – diz ele me encarando e sorrindo. – Tem alguém aqui que quero que veja. – diz ele me levando até o grupo no boliche. Logo quando eles se viram, para me encarar, meu estômago afunda de alívio. Quase todos os meus amigos estão ali. Jason, Anna, Liam, Júlia, Michelle, Joanna, Finn, Samuel, Samantha e Julie.

Pulo no meio deles, dando-lhes abraços. Eles choraram junto comigo, e me abraçaram forte. Sinto falta de uma pessoa, ali. Milla. E lembro do jeito que ela morreu.

– Nós achamos que nunca mais íamos te ver. – diz Anna.

– É, ficamos preocupados. – diz Finn.

– Você é maluca, aceitou ir servir de isca? – pergunta Samantha.

– É, mas vocês se salvaram, é o que importa. Além do mais.

– Vocês sabem que nada vai ser como antes outra vez não é? – eu digo. Todos olham para mim, olhos cansados e tristes. Olhos apagados e sem esperança. Olhos como os meus.

– Consegui falar com meus pais antes de chegar aqui. Estão bem. Mas estão em perigo, ainda estão na cidade. Ainda estão em casa. – diz Anna.

– Vamos dar um jeito de busca-los. – digo e abraço Anna e então ando até Logan.

Chego no meio de uma conversa.

– ...Precisamos de um pessoal, não vamos dar conta sozinhos. – diz um dos homens.

– Dar conta do que? – pergunto.

– Precisamos ir até a cidade, buscar armas, munições e combustível para os nossos carros. – diz o senhor Figgins.

– To dentro. – digo eu.

– Não. É muito perigoso. – diz Logan.

– Ah, corta essa. Já passamos por coisas piores, meus pais podem estar lá, vou e ponto.

– Durona. – diz um dos homens, um grandão tatuado, com uma jaqueta de couro e coturnos enormes.

– Certo, senhorita. Saímos amanhã cedo. – diz o senhor Figgins.

Todos assentem. Logan me guia até as escadas que dão para os quartos.

– Melhor dormirmos. Amanhã vai ser um dia difícil. – diz ele, enquanto sobe as escadas, eu o sigo. Ele me deixa na frente do meu quarto.

– Bom, então, boa noite. – diz ele, olhando para mim com as mãos nos bolsos.

– Boa noite. – digo.

Ele olha para mim se aproxima e depois sai.

– Ei Logan. – eu chamo, ele se vira, eu me aproximo e lhe dou um beijo na bochecha. – Obrigada por ter salvado minha vida.

– Foi um prazer. – ele diz e sorri.

Depois vira-se e vai até o quarto ao lado.


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