I'm Sorry escrita por Grani008


Capítulo 13
M143




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Cap.13 M143

Nico DiAngelo

Jason continuava sem falar muito.

Por um segundo me deixei pensar que era mal de adolescentes loiros, mas percebi que era besteira.

Em algum momento eu me desliguei da música e, de certa forma, ele foi quem me guiou. Eu estava ocupado imaginando o que ele pensava.

As janelas do grande salão estavam abertas, mas o ar estava abafado e quente e só piorava, à medida que mais pessoas se juntavam à dança. Eu não queria mais dançar. Na verdade começara a rezar para que a música parasse. O loiro mantinha sua posição neutra, o queixo erguido, as mãos ágeis: uma na minha cintura e a outra na minha mão. Ele esbarrou em alguém e pediu desculpas, baixo, quando terminou de falar o casal já tinha se afastado.

– Eu quero sair daqui. – Falei, fazendo-o parar.

Peguei sua mão e o arrastei contra a multidão, chegando a um pequeno sofá antigo que ficava o mais distante possível das portas. Jason continuava me seguindo, como um boneco, mas quando me joguei no sofá ele continuou de pé, me encarou por meros segundos e depois se virou, com olhar de aço sobre a multidão dançante.

– O que está fazendo?

– Ficando atento.

– Como um guarda?

Eu me sentei, fitando suas costas largas, as linhas pulsantes no pescoço, os cabelos começando a se arrepiar, os cilhos que não paravam de piscar. Um pouco mais de massa muscular, e ele seria um de nós.

A boca comprimida em uma linha fina. Os olhos azuis impassíveis faziam um sentimento de raiva crescer dentro de mim, eu não deveria achar aquilo sexy, ele se recuperava rápido e isso acabava com os planos.

– É sério, o que você está fazendo?

Mais uma vez sem resposta. Ele engoliu em seco, piscou mais forte.

– Pare de ser idiota. – Eu puxei sua roupa e ele se desequilibrou, quase caindo no meu colo. – Você é nada contra qualquer um deles.

– Eu sou alguma coisa.

– Você é o corpo morto que vai fornecer o sangue que suja a sola do sapato deles. – As palavras saíram atrapalhadas da minha boca, sem pausa para respirar.

Ele me olhou, linhas de expressão surgiram no canto dos lábios e eu finalmente pensei que ele ia chorar, tinha certeza. Jason se recostou na superfície macia do sofá e suspirou, as lágrimas se perderam no caminho para os olhos.

– Eles são ridículos. – Disse, por fim.

– Concordo plenamente.

– Olha para eles. – A raiva fluía das suas palavras sem pudor. – Eles dançam e conversam, mas boa parte tem uma arma ao alcance das mãos. Isso não é diversão, é entretenimento.

Sua mão fechada em punho bateu contra o sofá e esbarrou na minha mão, ele mal percebeu, jogou as costas contra o sofá e relaxou. Os músculos relaxaram, os olhos se fecharam, a boca se abriu em um suspiro. Eu toquei a ponta de seus dedos com os meus, ele mal reagiu.

– Cabe a nós rir. – Conclui.

Ele sorriu e começou a observar as pessoas dançando. Sua boca vermelha era como uma grande provocação, as maçãs do rosto, com um tom claro de roxo e a boca machucada me deixava ansioso para beijá-lo. Seu peito subia e descia ritmado. Sua mão envolveu a minha por completo, aos poucos, pele cobrindo pele, choque por choque, cada coisa de cada vez. Ele não desviou o olhar da multidão. Meu corpo se inclinou para o seu lado, a música sumiu do salão.

Eu estava ciente do calor do seu corpo, da blusa cheia de botões que seria um empecilho. Da boca repleta de sangue pulsante, as bochechas começando a te rum tom de rosa, até que seu estava completamente virado na minha direção. Os olhos azuis me lembraram o primeiro dia em que eu o vi, escolhendo entre a multidão, destinando-o à morte.

– Cabe a nós nos divertir. – Falei.

Os seus olhos seguiram os meus e a sua boca se aproximou, a centímetros de se unirem.

Um ruído de engasgo fingido surgiu à nossa frente e ele sorriu.

– Quem é o idiota agora? – Resmungou antes de se virar.

Meu rosto se afundou no seu pescoço e quando eu vi a barra do vestido vermelho se arrastando no chão, percebi o erro que aquilo tinha sido. Jason perdeu a voz.

– Meu nome é Hades. – Meu pai anunciou com a voz rouca, e surpreendentemente, divertida. – Apenas queria conhecer o garoto escolhido pelo meu filho.

Eu fechei os olhos com força e depois os encarei, apenas o vislumbre do sorriso de minha mãe guardei em minha mente.


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