Entre emoções escrita por Bel


Capítulo 4
Confusing




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– Que horas são?

– Bom dia, Sam, são 06:32 da manhã e sim, você dormiu na minha casa, e sim, eu avisei seu pai.

Minha cabeça está prestes a explodir, as lembranças do dia anterior começam aos poucos retornarem à minha mente. Lembro que bebi mais que o normal, e que no fim...Ai meu Deus, eu beijei a Gabriela.

– Como conseguiu falar com o meu pai?

– Acreditei que estivesse no direito de pegar o número no seu celular, uma vez que você “desmaiou” no meu sofá, mas fica tranquila, fui bem convincente quando disse que estávamos fazendo um trabalho escolar e que você estava muito ocupada no computador, por isso pediu que eu mesma ligasse, expliquei que moro numa vila perigosa e seria melhor você dormir por aqui.

Gabs se levantou, percebi que ela havia dormido no chão, próximo do sofá que eu passei a noite, foi preciso alguns minutos de silêncio para perceber que minha presença ali só a incomodava.

– Vou embora, me leve até a estação.

– Você vai tomar café e depois te levo.

Fiquei ali, no sofá, pensando no quanto minha vida estaria prestes a mudar, no quanto uma escolha era capaz de transformar um futuro inteiro, e no quanto eu estava perdida.

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Cheguei em casa no final da manhã, Gabs me levou até a estação e o silêncio era torturante, queria lhe pedir para esquecer a noite anterior e tudo que havia acontecido, mas sabia que este não era meu verdadeiro desejo, lá no fundo, queria que ela me abraçasse, queria que ela ao menos olhasse para mim.

Meu pai não estava em casa, isto não era nenhuma novidade. Minha mãe estava viajando para a Europa, o que me deixava totalmente só. Mamãe não é nenhuma ricaça ou madame, ela apenas nutre gostos peculiares que envolvem fascínios por culturas diferentes e desejos por conhecer lugares novos.

O dia está maravilhoso, embora estejamos no inverno, o que se vê lá fora é um sol quente quebrando, totalmente, a sequência de dias frios.

Pego o celular e ligo para Clara, tenho receio de contar o que aconteceu e por isso evito, mas Clara tem o dom da clarividência, só pode.

– Olá senhorita Sam, no que posso ajudar?

– Estava pensando em sairmos hoje, tomar um sorvete, sei lá.

– Por que não chama sua nova, hum...amiguinha? Aquela Gabriela, cansou dela?

Percebo um tom irônico na sua voz e ao mesmo tempo, Clara parece estar falando bem sério.

– Não, você é minha melhor amiga, estou te chamando para sair, se não quiser, basta negar.

– Estou indo na sua casa, Sam.

A ligação é interrompida, tento ligar de volta para dizer que não precisa que venha, mas aparentemente alguém desligou o celular.

Cinco minutos depois, Clara já está no meu portão.

– Não precisava vir.

– Sam, para. O que houve?

– Não houve nada, por que cismou com isso? Estou bem, super bem.

– É aquela garota, eu sei que é, você mudou completamente desde que ela chegou, isso por que só tem algumas semanas que essa vaca apareceu.

– Para! Ela é uma pessoa maravilhosa, Clara.

– Ah, é? Deu para perceber! Tão maravilhosa que conseguiu fazê-la passar a noite na casa dela, caramba, Sam!

Percebo que estou gritando na rua, isto não é nada educado.

– Clara...Como você...ENTRA. Agora.

Suspiro para ganhar o controle de volta, enquanto caminho para o meu quarto. Assim que estamos longe de qualquer escândalo público, começo a chorar.

– Sam... Eu disse algo que lhe magoou?

– Como você sabe? Que estive fora ontem?

– Seu pai me ligou para perguntar se eu estava com você, por que uma amiga sua ligou para ele, falando de um trabalho. Logo percebi que você estava com a Gabriela, mas relaxa, disse para ele que a professora me colocou em um grupo diferente... Tá me devendo uma. Agora, para de chorar e não me esconda nada.

Contei tudo. Inclusive o beijo. Esperei por sua reação.

Mas ela não veio.

Não do jeito que eu esperava.

– Você... ficou...com...aquela...vaca? SAM! VOCÊ FICOU COM UMA MENINA? Isto é...Isto é nojento! Essa garota está te induzindo para o mau caminho, onde já se viu??? Sam, você é nojenta! Me diz que sentiu nojo disso, sentiu, né? Você vai para o inferno, Deus te ajude...blábláblá

Olhei para Clara, ainda incrédula da crise que estava acontecendo.

– Clara, eu preciso ficar sozinha.

– É claro que precisa, eu que não vou ficar aqui no mesmo quarto que você! Você já me viu de sutiã! Sam... até mais.

E lá se foi, a minha única companhia, saindo pela porta do meu quarto, descendo as escadas, fechando o portão.

Se eu já chorava antes, imagina agora.


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