"...Então o príncipe beijou a princesa com toda a delicadeza, e despertou todos do terrível encanto da bruxa."

Mark levantou os olhos acima da página que estava lendo, criando um olhar misterioso. Fechou delicadamente o livro, que levantou uma breve poeira cor - de - rosa que parecia ter saído da varinha de condão de uma fada - madrinha. Levantou - se e botou o livro em cima do criado mudo.

_Papai - Piper segurou o braço do pai com sua mãozinha gelada - Eu vou encontrar meu príncipe encantado?

Mark sorriu e inclinou - se para perto do rosto da filha.

_Pip, sabe por que se chamam contos de fada?

_Não, porquê?

_Porque não são reais, não existe um príncipe realmente gentil e romântico, ou uma fada madrinha que lhe dá um lindo vestido de baile. Essa é a realidade dos livros.

Uma bomba soou ao longe, Mark olhou para a janela.

_Essa é a nossa realidade.

_Mas eu sei que em Schwan existem o príncipe e a princesa! Na verdade, a princesa vai ser escolhida amanhã. É a última etapa da Seleção... Você vai assistir comigo?

_Hum... Talvez. Papai é muito ocupado.

_Acha que eu posso competir quando for grande?

_Acho!Você daria uma ótima princesa!

_Mas você não odeia a Monarquia?

_Exatamente, você poderia mudar tudo se ganhasse! Ei... Espera um pouco!

O pai se dirigiu até um guarda roupa cor-de-rosa pintado a mão e procurou alguma coisa. Piper não fazia a menor idéia do que Mark estava fazendo. Então ele se virou com um casaco vermelho e uma coroa de papel que ele delicadamente encaixou na cabecinha da filha. Piper vestiu o casaco - que ficou enorme - e desfilou pelo quarto enquanto dava risadinhas.

_Abram alas para a princesa Piper! - Mark se curvou para a filha - Curvem - se diante de sua “majestosidade”!

Piper soltou um gritinho abafado quando a casa tremeu e ela acabou tropeçando no criado mudo e caindo. Uma série de bombas foi explodindo ao fundo daquele cenário infantil. Uma mãe pálida entrou no quarto com mais duas crianças e tentava acalmar os filhos enquanto Mark enfiava os irmãozinhos de Piper dentro do quarto e berrava para se esconderem. Os adultos saíram do quarto e trancaram a porta, ignorando as súplicas da filha, que cessaram assim que uma bomba explodiu perto da casa.

_ESCONDAM – SE! – Piper comandou os irmãozinhos mais novos escondendo – os no armário e trancando com uma chave. Escondeu-se em baixo da cama e apertou a chave contra o peito. A cabeça de Piper girava, como se fosse explodir. Tudo tremeu e a poeira levantou do chão, fazendo–a tossir até desmaiar.

Tudo ficou preto.

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_Man man! – Louis desviou de uma carruagem dourada de brinquedo voadora que acabou caindo na cabeça de seu irmão mais velho, Edward. Por um segundo, Louis achou que o irmão iria se exaltar, mas ele apenas deu uma risadinha que soou estranha e assustou o bebê, que começou a chorar.

Apesar de Edward disfarçar muito bem, Louis sabia que ele odiava jantares formais. Mas aquele não era um jantar qualquer, eles estavam jantando com o rei Maxon e a rainha America. Haviam mais alguns outros convidados que Louis desconhecia, mas sabia que eles não eram tão importantes quanto o rei e rainha de Illéa. Edward deixou um sorrisinho crescer em seu rosto. - Ele tinha a pele clara, cabelos curtos, morenos e ondulados, um par de olhos acinzentados, barba rala recém-feita – ela crescia rápido de mais – e um jeito meio atrapalhado, mas atraente. – quando uma tarântula grande peluda foi descendo por uma corda bem em cima da cabeça de Maxon. America percebeu e caiu na risada enquanto Louis mordia o lábio para não rir e seus pais tentavam disfarçar com sorrisos amarelos que não ajudaram em nada, assim como o resto dos convidados. O rei Maxon, porém, continuava a comer calmamente seu manjar de maracujá.

_O que foi? – Ele percebeu os olhares assombrados.

_ARANHA! – uma menina loira com uma boca enorme berrou desesperada.

Maxon arregalou os olhos e começou a bater no cabelo, mas a aranha subiu novamente pela corda. Ele acabou derrubando a mesa e continuou a bater em sí mesmo, o que foi motivo de pânico. O rei e a rainha berravam ordens aos empregados e America acalmava o marido.

"Tem dedo da Anabelle nisso..." - Pensou Edward

Após muita confusão, tudo foi resolvido. Todos sentaram – se novamente em suas cadeiras, embora Maxon continuasse olhando para cima e mexendo no cabelo de um em um minuto.

_Bem... – A rainha Bonnie tentou abafar a confusão – Em breve começa uma nova Seleção, não é querido?

_Anh – O rei parecia distraído – A Seleção?! Ah! É claro... Temos que avisar a Mary Anne para a próxima edição do jornal...

_Mas os dois tem maioridade.– America se intrometeu – As selecionadas terão de competir pelos dois? Estou curiosa...

_Sim! – Louis levantou o tom de voz – Bem, na verdade o “prêmio” principal será meu irmãozinho Edward – Ele enroscou a mão em volta do pescoço de Edward – Mas elas também poderão competir por mim, se quiserem.

_Minha nossa! – America ficou de boca aberta – Então serão dois príncipes? Duas coroas?

_Er... – Edward tentou se livrar do braço do irmão – Na verdade, uma das coroas vai ser maior do que a outra, e também vai ter dinheiro...

_Como assim duas coroas? – Maxon continuou mexendo no cabelo

_Bem, eu estou muito doente caso queiram saber – O rei Nathaniel virou mais uma taça de vinho tinto – E preciso de um sucessor, afinal, câncer de pernas ainda não tem cura – Ele riu, mas ninguém acompanhou sua risada. Câncer de perna era um assunto gravíssimo, sem cura desde a 4º guerra mundial, que aconteceu em 12.345, agora já era 13.998. Nathaniel iria morrer em breve, e isso estava claro. Mas Edward sentia que não estava preparado, apesar das palavras de incentivo da mãe, e das qualidades de ser um rei citadas por Louis. Ele não queria ser um rei sério, chato sem tempo para nada como o pai. Nathaniel não conseguia nem comer direito sem ter preocupações! Ele só queria ser o irmão mais velho sério, chato e com tempo. Mas ele não podia evitar a Seleção, teria que arrumar uma esposa em breve, apesar de ser totalmente contra arrumar o amor verdadeiro daquela maneira. Aprisionar garotas no castelo longe de suas famílias, correndo riscos por conta dos malditos rebeldes, sendo obrigadas a amar quem nem conhecem direito... Aquilo era horrível! E nem citamos as castas! Se bem que elas não são um problema tão grande, afinal, depois que America virou rainha, um plano de abolição das castas entrou em ação. Porém, aquilo só acontecia em Illéa e começara em alguns países como Nova Ásia, Velha África, e Província Americana do Canadá. O pesadelo continuava em Schwan. Mas aquilo tinha de mudar, Edward havia conseguido acessar um velho Computador e lido os diários de Gregory Illéa online que America lhe enviou com muito custo e risco. Já Edward, gostava da Seleção, afinal, ele adorava ver garotas se matando para se casar com ele, mas também não suportava o bullying que castas acima de três sofriam. Porém, as castas mais altas como dois ou três também estavam sofrendo. Pessoas estavam sendo mortas pois os mais humildes os achavam metidos demais e atacavam muitas famílias inocentes.

_Cof, cof! – Nathaniel tossiu e alguns respingos de sangue caíram em sua luva branca. Ele pediu licença e levantou para se retirar, mas tropeçou na cadeira e acabou caindo, mas a esposa o carregou até a ala hospitalar. Estava claro, o jantar havia sido arruinado. Porém, o assunto da Seleção deixara Louis inquieto. Ele não queria as inscrições abertas no sábado, queria na manhã seguinte, queria ter mais contato com outras pessoas, e ver de perto o que as castas mais baixas sofrem.

E ele sabia exatamente aonde conseguir isso.