O Jardim da Solidão escrita por rhavs


Capítulo 1
Capítulo 3 - Entre as Rosas




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-[...]-

Deixou a boneca na borda da fonte e agarrou o galho com as duas mãos e começou a avançar para a roseira. A cada passo ia chegando mais perto da tal criatura e ia temendo mais pelo que poderia ser.

Aproximou-se mais e mais, a cada passo seu coração palpitava mais forte.

A criatura atrás da roseira se moveu, fazendo as rosas farfalharem, mas desta fez pareceu se afastar.

A boneca caiu no terreno enlameado. A menina avançou, afastou as rosas de sua frente, mas acabou furando os dedos e sagrando, o que a fez recuar.

A tal “coisa” avançou sobre a mão da menina mordendo os dedos que sangravam, a criança começou a se debater com dor correndo pelo jardim, com a “fera” em seu encalço, ainda lhe mordendo a mão.

Tropeçou na borda de fonte e caiu nas águas.

Neste instante, a criatura finalmente a soltou. O sangue da criança começou a tingir a água de vermelho, era evidente que a mordida havia aberto os cortes das rosas bem mais.

Mas ela ainda não sabia que presença era aquela, até então só sentia os jatos fortes de água da fonte na cabeça dela, o que não lhe permitia ver nada.

Nem ver, nem respirar, aquela água toda a estava sufocando, a criatura a afastou dos jatos da fonte, fazendo-a sentar do lado de dentro da fonte, mas fora do alcance das quedas de água.

Ela demorou a abrir os olhos, a criaturinha a chacoalhou para fazê-la voltar a si.

Quando finalmente abriu os olhos fitou um menino, praticamente da mesma idade dela.

Estava com ferimentos por todo o rosto, com certeza os conseguiu quando saiu de entre as roseiras e deles também provinha o sangue que tingia a água.

Ele viu que estava se encolhendo, com medo, e apesar da água que lhe escorria dos cabelos podia se distinguir lágrimas em seus olhos.

Começou a olhar um tanto desesperado para os lados procurando a boneca, pegou a boneca enlameada e pôs debaixo do jato de água numa tentativa frustrada de limpa-la, depois a entregou a menina que a recebeu receosa.

O menino se afastou como quem lhe desse espaço para fugir se quisesse, mas ao contrario, ela se aproximou dele levando a mão diretamente ao rosto dele.

Tinha de saber se era mesmo como ela, humano como ela.

Ele fez uma expressão de dor quando os dedos dela passaram em cima dos arranhados, mas depois fechou os olhos, pareceu que aquele simples toque o levava aos céus.

A menina não pode deixar de achar aquilo um tanto engraçado: um menino que nunca havia sentido o carinho, o afeto.

Ele pareceu estar em êxtase, com uma felicidade tremenda, mas quando ela retirou a mão de seu rosto ele voltou a si.

Olhou-a fixamente e depois começou a andar ao redor dela como um cão farejando o dono.

Ela  riu da imitação e ele a encarou, seu riso cessou instantaneamente.

Fitava-a nos olhos, os dele eram azuis, os dela roxos.

“Olá?!” ela finalmente disse.

Ele recuou assustado com o som da palavra era como se não as ouvisse há muito tempo.

Agora ela que se aproximava e ele se afastava na mesma proporção, a menina se sentiu aquele cão agora.

“Como é o teu nome?”, ele não respondeu, “Sabia que é falta de educação não responder a uma pergunta!”, eles deram uma volta completa por dentro da fonte, “Por que não me responde?”, ela cruzou os braços, “Diga!” até que lhe veio um clarão na mente - E se ele não falar? – ela parou de andar no mesmo instante e agachou para ficar de frente com ele, “Não fala, não é?”


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Notas finais do capítulo

* Próximo capitulo: Eu sou...



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