As Palavras que nunca Te Direi escrita por 2Dobbys


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Este é o título de um livro, mas embora ó enredo nada tenha em comum, achei que este título também ficaria adequado...
Spoiler até parte do episódio 25 (o flashback é quase integral do episódio… até pouco antes da parte do telefone); o telefone não toca por uma razão bem simples.



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I

- Ryuuzaki! Onde estás?

Raito Yagami corria escadas e mais escadas. ‘Caramba, porque é que havia de ser neste preciso momento que a energia foi abaixo? Droga!’

- Ryuuzaki! Ryuuzaki!

Ao ouvir um pequeno som vindo de uma porta não muito longe, apressou-se a ir de encontro a ela; o que não esperava era literalmente bater com o nariz na porta.

Estava trancada, e era pela parte de dentro. Ganhou uma raiva crescente e começou a socar a porta com toda a força que dispunha, vendo se ele mesmo se acalmava.

- Ryuuzaki, abre a porta! ABRE JÁ O RAIO DA PORTA, IMEDIATAMENTE!!! – ao ver que tudo continuava na mesma, ganhou força adicional daquela persistência incontrolável e começou a investir na porta, até a arrombar.

O que viu lá dentro deixou-o paralisado, em choque. ‘Ryuuzaki…!’

A luz do luar iluminava o detective, dando-lhe uma certa áurea mística. Estava a entoar uma canção com a sua voz enrouquecida, baixinho, como se não se tivesse apercebido da presença do mais jovem.

If I had to

(Se tivesse de ser)

I would put myself right beside you

(Eu colocar-me-ia ao teu lado)

So let me ask

(Então deixa-me perguntar)

Would you like that?

(Gostarias disso?)

Would you like that?

(Gostarias disso?)

And I don't mind

(E eu não me importo)

If you say this love is the last time

(Se disseres que este amor é pela última vez)

So now I'll ask

(E então eu agora pergunto)

Do you like that?

(Gostas disso?)

Do you like that?

(Gostas disso?)

No

(Não)

Something's getting in the way

(Algo se está a ir embora)

Something's just about to break

(Algo está prestes a quebrar)

I will try to find my place in the diary of Jane

(Eu vou tentar encontrar o meu lugar no diário de Jane)

So tell me how it should be

(Então diz-me como isso deveria ser)

Try to find out what makes you tick

(Tento descobrir o que te faz comportar assim)

As I lie down

(Enquanto eu me deito)

Sore and sick

(Ferido e doente)

Do you like that?

(Gostas disso?)

Do you like that?

(Gostas disso?)

There's a fine line between love and hate

(Existe uma fina linha entre amor e ódio)

And I don't mind

(E eu não me importo)

Just let me say that I like that

(Apenas deixa-me dizer que gosto disso)

I like that

(Gosto disso)

Something's getting in the way

(Algo se está a ir embora)

Something's just about to break

(Algo está prestes a quebrar)

I will try to find my place in the diary of Jane

(Eu vou tentar encontrar o meu lugar no diário de Jane)

So tell me how it should be

(Então diz-me como isso deveria ser)

Desperate, I will crawl

(Desesperado, eu irei rastejar)

Waiting for so long

(Esperando por tanto tempo)

No love, there is no love

(Sem amor, não há amor)

Die for anyone

(Morrer por qualquer um)

What have I become?

(Em que me transformei?)

Something's getting in the way

(Algo se está a ir embora)

Something's just about to break

(Algo está prestes a quebrar)

I will try to find my place in the diary of Jane

(Eu vou tentar encontrar o meu lugar no diário de Jane)

As I burn another page

(Enquanto eu queimo outra página)

As I look the other way

(Enquanto eu olho para outro caminho)

I still try to find my place

(Eu continuo a tentar encontrar o meu lugar)

In the diary of Jane

(No diário de Jane)

- Ryuuzaki… - deixou escapar Raito com um suspiro, olhos húmidos, fazendo o moreno mais velho finalmente aperceber-se da presença do outro.

- … Raito-kun… - disse o detective com voz baixa e fraca, sem o olhar – Escusavas de ter assistido a isto… não devias estar aqui…

Raito não conseguiu articular palavra nenhuma. O que é que aquele “doente” lunático estava a fazer? O que é que tinha na cabeça?

L estava de joelhos no chão, a cabeça inclinada para a frente, fazendo com que a longa franja negra lhe caísse em cascata tapando os olhos, ocultando a sua expressão. As mangas da sweat-shirt anteriormente branca estavam manchadas de vermelho, arregaçadas, deixando à mostra os mórbidos golpes recentes e brilhantes que preenchiam todo o braço. Numa das mãos segurava um pequeno punhal, a gotejar. As calças pareciam empapadas em sangue escorrido dos braços. O pouco de pele que não estava manchada estava mais pálida do que o costume.

- Mas o que é que estás a fazer…?

Raito não compreendia, e aquilo estava a deixá-lo agoniado; ao mesmo tempo que sentia uma preocupação crescente pelo detective. ‘Mas o que é que se passa comigo? Eu devia era estar feliz por ele me estar a poupar trabalho e preocupações… mas porque é que não consigo?’ E relembrou o que se passara momentos antes…

(Flashback)

Estava um tempo chuvoso, e ambos tinham as roupas completamente encharcadas devido à estranha conversa que haviam tido à chuva. O detective estava mais calado do que o costume e definitivamente não estava a agir normalmente… L estava a fazer-lhe uma fantástica massagem nos pés – sim, ele era realmente bom nisso também. Pairava uma certa melancolia no ar, ao mesmo tempo que ambos partilhavam um momento único nas suas vivências. Algo estranho se passava ali…

- Estou triste. – dissera ele de cabeça baixa, parecendo concentrado na tarefa que tinha em mãos.

Raito não compreendera o que ele quisera dizer com aquilo. L continuou, mas desta vez, a olhá-lo nos olhos com uma expressão cheia de significados que o mais jovem não compreendia; e dera a “sentença”:

- Em breve nos separaremos.

Raito olhou o outro rapaz atentamente. Como é que ele sabia disso? Como é que…? E lembrou-se que provavelmente Remu poderia matá-lo a qualquer momento… será que o faria agora? Subitamente, o jovem Yagami sentiu um peso gigantesco a oprimi-lo. Que sensação era aquela? Era como se toda a dor existente estivesse prestes a abater-se sobre ele; ele tinha a certeza de que Remu não iria demorar a matar o estranho homem que estava à sua frente… provavelmente iria fazê-lo naquele preciso dia. Raito, no entanto, não se sentia feliz por saber isso, como era suposto ficar se isso verdadeiramente acontecesse, pelo contrário: sentia-se pessimamente. ‘Mas o que é que se passa comigo?’

O olhar de L transmitia pesar sincero; sim, o jovem conhecia o detective bem demais para saber se estava a mentir ou não. Definitivamente, não estava.

O jovem, ao perscrutar atentamente a expressão do detective cabisbaixo, que voltara à tarefa que tinha em mãos, apercebera-se de algo mais, algo como nunca tivera na vida: uma ligação muito forte tinha-se instalado permanentemente entre os dois – aquelas semanas acorrentados fizeram com que ambos se conhecessem um ao outro a um nível mais profundo.

Suavemente, Raito foi arrancado dos seus devaneios por uma leve melodia que saía da boca suave do detective… só depois reconheceu a música, ficando atento:

Here I stand, helpless and left for dead.

(Aqui estou eu, abandonado e deixado para os mortos.)

Mas que…? O que é que ele queria dizer com aquilo? Antes que pudesse pensar em alguma hipótese, o detective voltou a cantar:

Close your eyes, so many days go by.

(Fecha os teus olhos, tantos dias que passam.)

Easy to find what's wrong,

(Fácil encontrar o que é errado)

Harder to find what's right.

(Difícil de encontrar o é certo)

I believe in you,

(Eu acredito em ti,)

I can show you that I can see right through

(Eu posso mostrar-te que eu posso ver através)

All your empty lies.

(De todas as tuas mentiras vazias)

I won't stay long, in this world so wrong.

(Eu não ficarei por muito tempo, neste mundo tão errado.)

Say goodbye, as we dance with the devil tonight.

(Diz adeus, enquanto nós dançamos com o diabo hoje à noite)

Don't you dare look at him in the eye,

(Não ouses olhá-lo no olho)

As we dance with the devil tonight.

(Enquanto nós dançamos com o diabo hoje à noite)

Trembling, crawling across my skin.

(Tremendo, rastejando pela minha pele)

Feeling your cold dead eyes,

(Sentindo os teus olhos frios e mortos)

Stealing the life of mine.

(A roubar a vida dos meus)

I believe in you,

(Eu acredito em ti)

I can show you that I can see right through

(Eu posso mostrar-te que eu posso ver através)

All your empty lies.

(De todas as tuas mentiras vazias)

I won't last long, in this world so wrong.

(Eu não durarei por muito tempo, neste mundo tão errado.)

Say goodbye, as we dance with the devil tonight.

(Diz adeus, enquanto nós dançamos com o diabo hoje à noite)

Don't you dare look at him in the eye,

(Não ouses olhá-lo no olho)

As we dance with the devil tonight.

(Enquanto nós dançamos com o diabo hoje à noite)

Hold on. Hold on.

(Espera. Espera.)

Goodbye

(Adeus)

L olhava-o nos olhos quando terminou de cantar. A letra era dirigida a ele propositadamente? O seu olhar transmitia algo que Raito teve a sensação de não querer saber o que era… tinha a certeza de que seria demasiado doloroso, fosse lá o que fosse. No entanto, o jovem achava que tinha apanhado algumas indirectas para si, nas entrelinhas. Será que…? Não, não podia ser…

Era inegável, por mais que Raito não o quisesse admitir: ele afeiçoara-se ao detective de uma maneira que nem ele compreendia. Apenas se tinha apercebido disso naquele momento, agora que a morte do mais velho estava iminente. Só com ele é que encontrara alguém ao seu nível, alguém com quem pudesse ter conversas sérias sem ter que estar sempre a explicar pormenorizadamente à outra pessoa o que queria dizer, pois L percebia tudo na perfeição, já que era exactamente assim como ele; apenas L o fazia sentir-se vivo, fazendo-o cogitar, ponderar, raciocinar e agir de maneira a que o verdadeiro Kira não fosse descoberto, ao mesmo tempo que tentava saber mais acerca de L e safar-se da suspeita.

Nunca se tinha sentido tão impetuoso desde que tivera de se defrontar com ele. Com todas aquelas suspeitas e raciocínios brilhantes postos em prática, algo se desenvolvera, uma ligação única, estranha, que nenhum deles sabia interpretar… o que para mentes como as deles era terrível, frustrante.

Raito finalmente chegara à única conclusão possível; caíra na real: não queria que L morresse, e esperava que não se tivesse apercebido tarde demais. Kira matava criminosos, gente impura, sem princípios nem consciência moral. L era o “justiceiro” propriamente dito: como detective, sempre fora a favor da justiça e não era nenhum criminoso (aliás, punia-os). Se L morresse… com quem é que ele voltaria a sentir-se… vivo daquela maneira peculiar? Não, o detective não podia morrer… apenas precisava de entender o ponto de vista do mais jovem… era tudo o que precisava, da compreensão do detective. Não, ele não podia morrer! Tinha de avisar Remu para não o fazer…

O seu pensamento foi interrompido. A cara de L estava a centímetros da sua e com um ar preocupado – Tudo bem, Raito-kun? – o hálito dele era extremamente doce. Nunca haviam estado assim tão próximos.

O mais jovem corou um pouco com a proximidade, mas conseguiu responder num reflexo imediato – Sim!... – mas ponderou e achou melhor ser sincero, engolindo em seco - … não… - concluiu cabisbaixo. L olhou-o intensamente, com a curiosidade a vir ao de cima. Colocou a cabeça levemente de lado, como uma criança.

- Eu não me quero separar de ti… não definitivamente. Posso não ser a melhor pessoa do mundo, mas não me quero separar de ti… por favor, não o faças. ‘Mas o que é que eu acabei de dizer??? Assim até parece que estou ap…’

Mais uma vez a linha de pensamento foi interrompida, mas desta vez por sentir algo quente, húmido e macio a tocar nos seus lábios: L acabara com a distância que havia entre eles, beijando-o suavemente. Raito não conseguia reagir – estava demasiado surpreso para ter outra reacção que não fosse deixar-se ser beijado. Aquele sabor doce a tarte de morango e a delicadeza com que o detective o beijava dava-lhe a terrível sensação de despedida. Agridoce. Sentiu que os seus olhos se começaram a humedecer sem razão aparente.

O jovem ficou pela primeira vez livre de pensamentos, apenas aproveitando o momento. A língua quente e suave do detective dançando com a sua e todas as sensações que ela provocava - era tudo para ele, naquele momento.

Quando se desgrudaram, Raito sentiu-se tonto: ainda não respirara desde o começo do beijo. Lentamente, lembrou-se de como era sorver o ar, sentir o oxigénio a percorrer os pulmões, permitindo que a mente voltasse a funcionar, embora mais lentamente do que o seu normal. L olhava-o de maneira imperscrutável, com os seus olhos tipicamente arregalados, mas desta vez parecia genuinamente surpreendido pelo que acabara de fazer.

Mas o que é que se passou aqui?’

L desviou o olhar lentamente para baixo, com o olhar oculto pelos cabelos negros; começou a tremer por todo o lado e tinha os lábios arreganhados, mostrando os dentes brancos e perfeitos, que naquele momento o faziam assustador. Violentamente, retirou o telemóvel do bolso e arremessou-o de encontro às escadas com brusquidão. Raito ainda conseguira vislumbrar uma pequena luz indicadora de chamadas antes do telemóvel se desintegrar; L parecia não ter reparado.

- Ryuuzaki… - conseguiu articular o mais jovem ainda um pouco aturdido – O que foi… tudo isto?

O detective nada respondeu durante um tempo, até Raito lhe perceber uma fina linha de lágrimas a descerem pela face esquerda – Raito… não devia ter sido assim… não podia… Argh! – e saiu do local a correr, como um louco a fugir do destino. ‘Mas que…?’

Raito obrigou as próprias pernas a susterem o seu peso, procurando um L completamente alterado por todo o QG.

(Fim de Flashback)


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Notas finais do capítulo

As letras das músicas que aqui pus são do grupo musical Breaking Benjamin, e as músicas são "Diary of Jane" e "Dance With the Devil"... espero que continuem a acompanhar e a gostar! Reviews, plz!!!! Bjinhos a todos!!!!!!