Nascida na escuridão escrita por Dream Feather


Capítulo 7
Capítulo 7 - Cartas na mesa




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Algo mudou em Luna a partir daquele dia e todos puderam notar. Antes ela era mais recluída em seu canto, quase não a viam fora de seus aposentos ou da biblioteca, mas agora ela vivia correndo de um lado para o outro, encomendando doces e bebidas de vez em quando, trotando com tranquilamente pelos corredores e sorrindo sem motivo algum. Suas conversas com Celestia eram mais cumpridas e agradáveis, seu bom humor com os guardas da noite deixavam todos espantados. Ninguém conseguia imaginar o que ou quem a transformou tanto.

Ela passava as noites dividindo a sua atenção entre cuidar dos pôneis e treinar Darkstar em magia. A ensinando vários feitiços e também sobre como era Equestria, em poucas vezes a levou para passear nos jardins e pelas ruas vazias de Canterlot e conversavam sobre como funcionavam os sonhos.

Luna não percebia o efeito que a convivência frequente com a pequena unicórnio causava em seu comportamento. Apenas sabia que estava feliz, e adorava passar o tempo com Darkstar.

Nem mesmo Discord a incomodava mais. Cada vez com mais frequência ele vinha visitar a pequenina e a mimava com brincadeiras e presentinhos.

Mas com o tempo Darkstar foi crescendo e a sua curiosidade para conhecer outros pôneis também. Ela sabia que a maioria preferia dormir durante a noite, mas tanto ela quanto Luna sabia da existência de alguns pôneis que simplesmente não conseguiam dormir ou que preferiam a noite também. Além disso ela tinha disposição para ficar acordada durante a manhã para interagir com pôneis normais na escola, ela queria isso mais do que tudo!

–Princesa? – Darkstar disse um dia no meio da noite. Luna olhou para ela e sorriu a incentivando a continuar – por que eu não posso ir para a escola?

Luna a olhou surpresa. Ela sabia que aquela hora chegaria. Não tinha certeza do que e nem mesmo de como falar.

–É complicado – Luna disse e respirou fundo.

–Por que?

–Bom, você sabe, Darkstar, que é diferente dos outros pôneis. E por conta disso muita coisa entra em risco – Darkstar parecia não estar compreendendo e Luna se obrigou a continuar – escuta, você é linda, simpática, divertida e um amor, Darkstar. E quando digo diferente não é por conta de sua aparência, porque se fosse eu estaria dizendo que você é igual a mim, uma princesa – os olhos de Darkstar brilharam com aquelas palavras e Luna sorriu – quando digo diferente eu quero dizer a sua origem.

–Como assim?

–Vou ser direta, tudo bem? – ela disse e Darkstar assentiu. Luna não queria continuar, mas não podia negar explicações para sua acolhida quando esta estivesse pronta e começasse as perguntas, ela não queria lhe esconder nada – há muito tempo, havia um unicórnio chamado King Sombra, e ele era muito mau, usou seus poderes para praticar a magia proibida, a magia da escuridão. E ele usou isso para dominar um reino e escravizar os pôneis de lá.

–Isso é horrível – Darkstar disse chocada.

–Eu sei... mas ele foi detido – Luna disse – há cerca de um ano, ele foi destruído. No entanto, uma parte dele remanesceu em nosso mundo: seu chifre. Secretamente eu fui investigar, porque sentia a agitação nas sombras e é meu dever cuidar de Equestria, como você bem sabe. E quando eu usei a minha magia para deter os poderes do chifre... ao invés de destruí-lo ele criou você.

Os olhos de Darkstar se arregalaram e ela olhou assustada para Luna.

–Isso te torna uma possível ameaça aos olhos de alguns pôneis – Luna disse se aproximando de Darkstar e passando sua asa por cima dela – eu sei que você não é uma ameaça, e eu quero que você acredite do fundo de seu coração que não é perigosa. Você é doce e gentil, algo longe de ser ruim. Mas eu venho te mantendo longe dos outros para a sua segurança.

–Mas então o que eu sou? – ela olhou assustada par Luna – eu surgi de um chifre quebrado e da sua magia... isso me torna o que?

O tormento nos olhos da pequena unicórnio fez Luna sofrer, mais do que quando foi banida para a Lua por sua própria irmã. Ela queria ter uma resposta para dar para Darkstar naquele momento, algo reconfortante, algo que a fizesse esquecer todos os problemas que aquela informação causavam, mas não tinha nada para dizer.

–Sinto muito por tudo isso, Darkstar. Eu queria poder ajudar mais. Mas o seu passado é um fato e não pode ser mudado. Por isso eu quero que saiba que não importa o que passado sugira, eu sei que você não seguirá os passos de Sombra. Você é muito mais forte e doce do que ele jamais foi.

–Como você pode saber? – ela perguntou e começou a chorar – pela sua história você só sabe o quanto ele é mau.

–Não. Eu o conhecia, conhecia muito bem – Luna disse e fez Darkstar olhar para ela – é um velho segredo meu. Eu já o amei uma vez.

Darkstar ficou ainda mais confusa com aquilo.

Luna então contou da vez em que se conheceram e a rotina que criaram desde então. Ela o visitava sempre que podia e o ensinava alguns truques de mágica, enquanto ele mandava várias cartas para ela. A relação a distância durou bastante tempo. Eles se divertiam juntos, fazendo truques, passeando durante a noite e contando histórias sobre coisas que aprenderam, pôneis que conheceram e lugares que visitaram. Sempre tinham o cuidado de manter tudo bem escondido.

E então chegou o dia em que a confiança atingiu seu ápice e Luna acreditou que poderia devolver o livro com a magia proibida que tirara de Sombra. Ele não parecia mais interessado na magia maligna, seu foco estava em aprender outros feitiços, mas que não tinham o potencial de machucar ninguém, era apenas um unicórnio curioso inofensivo, na opinião de Luna; depois de tanto tempo, depois de leva-lo para o caminho certo, Luna não acreditava que ele poderia se quer querer praticar aquele tipo de mágica desprezível. Mas foi ai que cometeu o seu principal erro.

–Sombra era ambicioso – Luna disse – eu sei que o que tivemos foi real. Sei que ele sentiu algo por mim. Mas sua sede por poder sempre veio em primeiro lugar. Ele nunca havia desistido de aprender todos os tipos de magia, afinal, conhecimento é poder. Ele queria ter o controle de Equestria, por bem ou por mal – Darkstar a observava com atenção – conversei com Discord sobre seu surgimento e ele disse que, quando usei a minha magia para eliminar a existência de Sombra eu acabei relembrando meus sentimentos e isso afetou no feitiço que lancei, por isso você surgiu.

–Desculpe – Darkstar murmurou e baixou a cabeça.

–Não, não tem pelo o que se desculpar! – Luna disse e sorriu – acho que foi mil vezes melhor você ter surgido. Eu nunca me arrependi do seu surgimento e se tivesse a chance de voltar no passado, eu faria tudo de novo.

Darkstar conseguiu sorrir e então enterrou o rosto no peito de Luna, deixando que lagrimas escorressem de seus olhos e molhassem o pelo macio da princesa.

Pela primeira vez em muito tempo, Luna havia dormido durante a noite. Ela e Darkstar caíram no sono juntas na sacada e foram despertadas pelo sol nascendo. Luna acordou atordoada e olhou ao redor. Seu quarto estava tranquilo e escuro do jeito que gostava, mas a claridade do lado de fora foi o que a alertou de não ter feito o seu trabalho direito na noite passada. Ao invés de cuidar dos pôneis e ter certeza de que a escuridão de Equestria estava bem controlada ela ficou conversando com Darkstar sobre King Sombra a noite inteira.

Ela se obrigou a se concentrar e tentar localizar as escuridão. Havia uma pequena agitação incomum, talvez pelo fato de ela ter esquecido de vigiá-las durante aquela noite? Luna prestou atenção e se focou na escuridão e só então sentiu um frio percorrer sua espinha, elas não estavam agitadas pela quebra de rotina na vigilância, mas sim porque havia alguma coisa, ou alguém, as invocando e controlando. Algo forte. Algo que Luna conhecia muito bem.

Darkstar acordou em um salto e olhou em volta assustada.

–O que foi?! – Luna perguntou se assustando também.

–Eu não sei... tem... tem alguma coisa estranha no ar – ela murmurou e ficou olhando de um lado para o outro no quarto – algo que não deveria estar aqui.

Luna franziu a sobrancelha sem entender direito o que aquilo poderia significar.

Na verdade ela não tinha tempo. Por mais que estivesse fracas ela podia sentir as sombras se movendo e aquilo era preocupante, ela precisava se preparar para detê-las. Infelizmente aquilo necessitaria de um trabalho em equipe.


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