Meu Trabalho é um Amor escrita por HAM


Capítulo 4
Dom Casmurro me ferrou!




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No segundo dia depois do ataque da gaivota, minha relação com Jonas melhorou. Claro, ele continuava fazendo gracinhas idiotas sobre mim e quando tinha a oportunidade de me tirar de sério, ele não a perdia. Mas retirando essas coisas, que acabaram virando parte da minha rotina, era bom ver que aquele garoto chato e entediante estava começando a se soltar e a rir ( mesmo que o motivo normalmente fosse eu). Eu sabia que lá no fundo, bem no fundo, ele era um cara legal que havia criado uma carcaça de ódio e rabugentisse ( essa palavra existe?) apenas para se proteger. E eu o entendia.

Chegamos até mesmo a jogar Banco Imobiliário, e é claro, venci. Mas devo admitir que no jogo de medicina ele foi melhor, bem melhor, que eu. Descobri com o tempo que ele também tinha uma vida fora daquele sofá. Na escola Jonas era considerado " gatinho" pelas garotas ( não me pergunte como descobri isso) e que tinha três "amigos", os quais ele não confiava ( também sem comentários). Acabei contando detalhes da minha vida também, falei sobre minhas irmãs e em como Melissa às vezes me tirava do sério. contei sobre minhas duas amigas da escola, Beatriz e Carol, e é claro, minha rival de todos os tempos, Jasmim. ( mal sabia eu que ela era um anjinho perto do que viria pela frente)

Já em relação a Tomas, era um anjinho! Claro, pulando as partes do choro por não querer papinha de cenoura com chocolate em pó. Eu até tentei falar com Helena, mas ela não me deu ouvidos, estava ocupada de mais preparando o vestido ideal para um "leilão de caridade para criancinhas carentes". Ela se preocupava tanto com as crianças dos outros que acabava se esquecendo das suas. Além disso a senhora Lancastter já estava começando a me tirar do sério, pois demorava mais do que o combinado para voltar para casa, o que me atrapalhava bastante em relação aos meus estudos e a cuidar do meu próprio lar. E não acabava por ai! Mamãe começou a ter depressão de novo, por achar que o motivo de eu estar chegando cansada em casa todos os dias, era ela. Eu queria consolá-la, mas não conseguia. Além disso, minha mãe parecia estar escondendo alguma coisa, algo importante. Tentei falar com ela, mas sempre remediava a situação e fugia da conversa.

Na quinta-feira daquela semana acabei cochilando no trabalho. Acordei com Jonas rindo da minha cara, e não era por menos. Tomas havia pegado canetinhas florescentes e rabiscado todo meu rosto. Sai correndo para o banheiro e enxaguei umas quinhentas vezes, mas a " obra-prima" não queria sair. O Lancastter mais velho acabou pegando um pote com algum tipo de líquido e me deu. Realmente funcionou, todas as linhas do incrível desenhou do mais novo saíram como mágica.

__ O que era isso? __ perguntei

__ Derivado de Aguarrás. É ótimo para tirar tinta.

__ Espera, isso não é tóxico é?

__ O que eu te dei não. Minha mãe comprou um galão cheio disso para limpar as artes do Tomas.

Fiquei aliviada. Voltei para casa com a boa sensação de saber que não ia ficar com a cara inchada.

********************

BEP BEP

Já lhe contei o quanto detesto o som do despertador? Creio que não, mas ai está! Eu detesto. Um dia cheguei até a colocar uma música bem animada como toque, mas não funcionou, na verdade acabei acordando com mais mau humor, então resolvi deixar o toque tradicional.

Fiz minhas necessidades, me arrumei e fui para a escola. Acabei tendo que voltar pois esqueci meu lanche. Quando estava indo em direção à cozinha acabei escutando alguém vomitando no banheiro, era minha mãe.

__ Mamãe! __ Bati na porta __ A senhora está bem?

__ Estou! __ ela falou e pausou __ é apenas a comida de ontem, acho que me fez mal.

Não me convenceu, mas já estava ficando tarde e eu não queria chegar atrasada na escola, além disso minha mãe provavelmente não iria contar alguma coisa. Peguei minha vasilha de lanche e fui com passos apressados em direção ao colégio.

Ao chegar lá, fui recebida pelas pessoas mais idiotas, retardadas e chatas do planeta: minhas amigas.

__ Bia 2!!! __ Gritou Carol

Carolina era uma garota simpática e risonha, talvez um pouco desprovida de inteligência em logística, mas excelente em teorias. Veio de uma renomada família inglesa e por isso tinha cabelos loiros. No meio daquele ano ela acabou fazendo mechas rosas, o que combinou bastante com seu perfil infantil.

__ Oi __ Cumprimentei.

Beatriz chegou logo atrás de mim. Ela era descendente de japoneses e por isso tinha longos e lindos cabelos negros que combinavam perfeitamente com seus olhos. Nós a chamávamos de " Matriz", já que era como uma mãe sabe tudo. O outro apelido era Bia 1.

__ Bia 1!

__ Olá __ ela respondeu em meio as digitadas no celular.

__ E então Bia's da minha vida? __ Carol passou para trás e abraçou nós duas, um braço para cada uma __ preparadas para mais um dia tedioso de aula.

__ Nem me fale __ Bia 1 respondeu __ ainda bem que hoje é sexta!

__ Não sei por que vocês reclamam tanto! __ comecei a falar e elas reviraram os olhos __ Nossas aulas são muito boas e além disso, hoje é dia de literatura e eu quero saber qual é a surpresa da qual a professora tanto falava.

__ Hum! Nisso você tem razão.

As duas primeiras aulas foram uma chatice, tenho que admitir. Mas felizmente o bendito sinal do intervalo tocou e saímos da sala. Sentamos em um banco vazio no meio do pátio. Carol acabou indo comprar um lanche na cantina deixando eu e Beatriz a sós. De relance consegui ver Lucas, meu colega de classe me olhar e depois se virar corado.

__ Hum... __ disse a Matriz enquanto mastigava seu biscoito __ ele gosta de você.

__ Ah! __ corei __ Não diga besteiras.

__ AHH! Fala sério. Toda a escola sabe disso, só você que não se toca. __ Ficamos alguns minutos em silêncio __ ei, por que você não dá uma chance à ele?

__ Beatriz!

__ O que? __ Ela gargalhou __ Ele é um bom rapaz, educado, estudioso... Você seria uma boba se não tentasse.

Acontece que minha amiga tinha razão. Lucas realmente gostava de mim e eu sabia. Não é que eu queira me gabar, na verdade é ao contrário, mas ele dava bem na cara ( muito na cara). Ela também estava certa ao dizer que ele era um bom rapaz, para ser sincera, era o garoto mais gentil e respeitável que eu conhecia. Mas mesmo assim, acho que não poderia...

O sinal tocou e todos voltaram feitos lesmas para a sala. Carol ainda estava devorando sua coxinha.

__ Coxinha, coxinha; minha gostosinha! __ Ela cantarolava baixinho.

Samanta, a professora de literatura entrou na classe cumprimentando a todos. Eu a amava, para mim era a melhor professora da escola. Ela acabou nos contando a surpresa da qual tanto falava, era um trabalho, na verdade um teatro com cinco pessoas em cada grupo. Samanta ia sortear os grupos e os livros para o teatro. Eram no total seis grupos e o nosso era o de número 3. Ela sorteou:

__ Grupo 3! O livro será Dom Casmurro e os integrantes são: Bianca Rezende, Beatriz Yamauchi, Carolina Sangster, Jasmim Ferraz, Lucas Pastos e Matheus Cardoso.

Eu estava surpresa. Em primeiro lugar eu e minhas amigas ficamos no mesmo grupo, mas em contrapartida, a peste da Jasmim também estava lá. E ainda tinha Lucas. Matheus era o único neutro naquela "batalha" pessoal.

__ A patricinha oxigenada está no nosso grupo __ Bufou Beatriz __ Eu não mereço isso!

A professora pediu para que todos do grupo sentassem perto dos outros para discutir o trabalho. Ninguém estava confortável com Jasmim por perto, mas ela não ligava muito para isso.

__ Bom __ ela falou __ se não quisermos tirar um zero é melhor fazermos isso logo.

__ Concordo __ Lucas afirmou.

__ Então __ ela continuou __ onde vamos ensaiar?

__ Na minha casa não entram cobras! __ resmungou minha amiga, a Matriz

__ A Minha está em reforma __ Disse Matheus

__ Se quiserem, podemos fazer na minha __ falou Carol para tentar aliviar a situação entre Beatriz e Jasmim.

__ Não! __ a oxigenada protestou __ É muito longe, precisamos fazer o mais perto possível da escola.

__ Concordo __ Disse todos, exceto eu, em uníssono

__ Você! __ Jasmim apontou para mim __ Ensaiaremos na sua casa!

__ O que? __ Eu estava sem palavras __ Não! Não podem!

__ Por quê?

__ É que... é... hum... __ " pensa rápido, pensa rápido!" __ Minha mãe não vai deixar!

__ Por quê?

__ Oras! Porque sim!

__ Está escondendo alguma coisa de nós? __ Jasmim me fitou

Todos começaram a me olhar em dúvida, eu podia ver a curiosidade nos olhos deles.

Eu não podia deixar que fossem na minha casa. Eles não sabiam que eu era pobre e que tinha uma mãe depressiva. Tinha que agir rápido!

__ E-eu não estou escondendo nada, é só que...

__ Que ótimo! Então será na sua casa. Nos encontramos segunda-feira!

*****************

Quando cheguei no apartamento dos Lancastters, desabei no sofá.

__ Eu estou ferrada. Ferrada!

__ O que você tem? __ Jonas apareceu comendo um pote de doce de leite

__ Ah! eu preciso desabafar __ coloquei meus pés no sofá e fiquei em posição fetal. Perdi totalmente meus modos! __ Minhas amigas querem ensaiar na minha casa.

__ E dai?

__ E dai que elas não sabem que eu moro numa casinha pobre.

__ Você mentiu para elas?

__ Não! eu não menti! Só não contei onde eu morava.

__ Hum... __ Jonas ficou alguns segundos em silêncio e então seus olhos brilharam __ Por que você não fingi que mora aqui?


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Notas finais do capítulo

E agora? O que vocês acham que Jonas está aprontando? haha

Pessoal, eu sei que isso é chato e clichê, mas se puderem compartilhar ou mostrar minha estória para outras pessoas eu ficarei muito agradecida. Ter pessoas que leem e gostam do meu trabalho me estimula muito para continuar. E obrigada por lerem!



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