Monsters In The Woods escrita por Summertime Beauty, Park Hyo Shin


Capítulo 4
Moonlight Shadow


Notas iniciais do capítulo

Esse ficou gigante :O Espero que gostem!!! P.O.V dos Monstreenhos :3



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Nathan girava a Adaga do Líder nas mãos. Ela era uma adaga aparentemente normal para quem a visse de passagem, mas se olhassem com atenção podia-se se ver. Ela tinha o cabo de marfim com vários detalhes de ouro, e a lâmina era de prata, mas tinha linhas, como as uma folha, finíssimas e quase imperceptíveis, em um azul celeste neon, que a fazia ter uma aura azulada e brilhante.

Sinceramente ele não entendia porque Duncan o tinha escolhido. Ele próprio admitia que era egoísta, repetindo que, se ele não pensasse em si mesmo ninguém mais pensaria. Era preguiçoso. E só a Grande Deusa sabia que ele só fazia as coisas se o atingissem diretamente. Mas algo parecera mudar. Quando fez o último corte, teve uma estranha sensação. Uma vontade de proteger a todos e... ele não sabia explicar. Por um momento, pensou se era assim que um pai se sentia.

Já deviam ser umas 3h30 da manhã, e ele estava no galho mais alto. Olhou para baixo. A maioria dormia nos galhos mais baixos, e poucos no chão. Nathan suspirou. Era o líder agora. Todos os que estavam ali agora, descansando após um dia exaustivo, eram sua responsabilidade. Ele cuidaria deles. Mataria se fosse necessário, tinha certeza.

Esse pensamento o levou a olhar para o norte mais uma vez. Para o acampamento. Para certa pessoa. Ele sacudiu a cabeça. Dessa vez pensou em Pam e na criança. E então na garota. Nathan não sabia o que diabos tinha acontecido, mas sabia que a garota estava com o filho de Pam.

Caçadores... Ele se lembrava de sua mãe dizendo que eram apenas pessoas como nós. Sua mãe, ao contrário do seu pai, gostava dos Caçadores tanto quanto gostava dos Monstros. Dizia que todos eram iguais, apenas faziam escolhas diferentes. Ironicamente, foi morta por um. Seu pai ficara encarregado de cuidar dele e de seu irmão. Infelizmente perderam o irmão no mesmo dia.

Ele se lembrava como se fosse ontem de quando tinha 8 anos. Foi largado em uma parte desabitada da floresta. Seu pai tinha dito "Não mate um lobo se você for um dos cordeiros, não mate uma águia se você for um peixe. Você não tem que matar um animal, você só tem que matar a si mesmo." Nathan tinha encarado o pai como se ele fosse um louco. Por acaso estava dizendo que ele devia se suicidar?!

Mas quando encontrou um guaxinim... ele entendeu o que pai disse.

Não mate um lobo se você é um dos cordeiros. Ele não devia matar um animal só para se mostrar. Não mate uma águia se você for um peixe. Ele não devia matar algo se sabia que aquilo não tinha nada a ver com ele. E por fim Você não tem que matar um animal, você só tem que matar a si mesmo. Ele sabia o que o pai queria dizer com aquilo por que no momento em que olhou para aquele guaxinim, ele soube que quando o matasse estaria matando ele mesmo, ou a parte animal dele, tomando-a para si.

Ele lembrava tão bem...

"– Um guaxinim... - Nathan perguntou, a voz fraca. Deixou a faca cair no chão. - Um filhote de guaxinim...?!

O filhote parecia assustado. Na verdade, ele demoraria muito pouco tempo para se tornar um adulto, mas naquele momento ainda era um filhote. O pequeno Nathan caiu de joelhos. Fechou os olhos com força.

– Fuja... - falou, sussurrando. Quando abriu os olhos, e pequeno guaxinim ainda tremia ali. - QUE DROGA! FUJA! - Nathan abanou as mãos, tentando espantar o bicho, mas este não se moveu. O garotinho começou a chorar. - VOCÊ TEM QUE FUGIR! EU NÃO QUERO MATAR VOCÊ!

Ele só pensava em como seria mais fácil se fosse um leão o atacando. Aí teria desculpa para mata-lo.

Ficou ali por horas, até o sol começar a se por. Enfim pegou a faca, e se aproximando.

Começou a chorar de novo, limpando as lágrimas.

– Me perdoe... me perdoe, por favor... - E ficou repetindo isso, até segurar o guaxinim com a mão, forçando-o contra o chão. O bicho arranhou seus braços, suas mãos, mas ele achava que merecia isso, na verdade. Ele pegou a faca, levantando-a por cima da cabeça, e com um movimento rápido, a enfiou no coração do animal.

Imediatamente, uma luz amarela saiu do lugar onde estava a faca e o atingiu. Ele sentiu seu rosto pegar fogo e uma dor aguda no coração. Achou que morreria. Quando a dor passou a um ponto suportável, ele se levantou, levando o guaxinim morto debaixo do braço, de volta ao grupo.

Quando chegou, seu pai deixou o animal no chão, disse algumas palavras, e abraçou Nathan. Quando eles voltaram a olhar, o corpo do guaxinim já não estava ali. Mas Nathan tinha uma espécie de máscara preta ao redor dos olhos, e uma cicatriz no peito, sobre o coração."

Nathan costumava se lembrar muito desse dia, e sentia saudades do pai. Ele se lembrava bem das frases ambíguas, apesar de nunca as atender. Aquela vez que estava chorando por causa do que tinha acontecido com o irmão, e perguntou se um dia Monstros e Caçadores iam parar de brigar.

"Você já viu a chuva caindo em um dia ensolarado?"

Não. Ele nunca tinha visto.

– Adrian... - Nathan disse, baixinho, ainda olhando para a adaga.

O garoto de 14 anos saiu das sombras do tronco e pulou para o galho em que Nathan estava. Ele usava uma blusa preta de mangas curtas, e calças e tênis da mesma cor, e um cachecol amarelo torrado Os olhos castanho-escuros e o cabelo negro, curto e bagunçado contrastavam com a pele branca trançada por linhas douradas que o davam uma aparência meio assustadora.

Mas apesar disso, ele passava quase despercebido. Tinha uma presença pequena, facilmente ignorável. A expressão séria, indiferente e calma. Ele era assustador, Nathan tinha que admitir, mas sabia que podia confiar nele, assim como sabia que era um dos poucos em quem Adrian realmente confiava.

– Vai me pedir para ir procurar o filho de Pamela ao norte.

Nathan arregalou os olhos, mas não se surpreendeu. A muito tempo já estava acostumado com os comentários estranhamente precisos do garoto. Ele sorriu.

– Nem vou perguntar como sabe isso.

– Pamela morreu. Pela raiva de Alexia, provavelmente foi um caçador. - Adrian usou a ultima palavra com um tom de irritação. - Ela estava grávida, e você estaria triste se o bebê tivesse morrido, mas você está furioso, apesar de tentar esconder. E está olhando para o norte, o que me leva a pensar que tem um acampamento lá, e que o filho dela está lá. Você quer ter certeza, então vai me mandar porque sou o único que não seria visto. A pergunta é... se sabe onde eles estão e tem motivos para mata-los, porque não atacamos de uma vez?
–Acertou quase tudo, menos a ultima parte. Eu vou mandar você porque é um dos poucos em quem eu confio, e eu sei que apesar de tudo você não irá explodir e fará o que eu disser. Acha que eu seria louco de mandar a Lexi para lá? - Nathan sorrio. - E nós não vamos ataca-los por vários motivos. O principal é que eles estão com o bebê, e precisamos dele aqui conosco o mais depressa possível.

Adrian assentiu, sem mostrar emoção.

– O que eu tenho que fazer?

– Vá para o norte. Eles não estão na floresta, então vá pelas árvores seguindo a estrada de terra. Vai ter um acampamento. Quero que descubra quantas pessoas tem, armas, quantos homens, mulheres e crianças, quem é o atual chefe, como eles estão se organizando, e quem está com o bebê. Nomes são importantes, faça isso - Nathan começa a gesticular - de descobrir o que as pessoas estão pensando com seus comentários precisos, enfim... Descubra TUDO o que puder, tudo bem?

Gold, como também era chamado, assentiu, e pulou do galho, descendo a árvore. Foi se movendo rapidamente pelos galhos. Além dos traços dourados em sua pele, seu patrono lhe deu velocidade extra, e uma característica muito peculiar. Bem, resumindo, ele não podia encostar em ninguém durante a noite, ou essa pessoa estaria seriamente ferrada, por causa do veneno que a pele dele expelia.

Se fosse qualquer outra pessoa, ele simplesmente ignoraria. Afinal, a maioria das pessoas ali não se diferenciava de lixo, na indiferente opinião dele. Mas Duncan e Nathan eram os únicos que significavam alguma coisa para Gold.

Sem querer, sua mente viajou para aquela noite.

Adrian nasceu em um grupo onde a maioria dos Monstros tinham um patrono venenoso, a assim aprendeu a estudar todos os líquidos mortais. Ele era feliz naquela rotina até os cinco anos. Então surgiram eles... os Caçadores. E mataram todas as pessoas que eram importantes para ele. Não era apenas morte... Gold os viu sendo assassinados de formas cruéis e sádicas demais, enquanto não podia fazer mais nada se não se esconder. Cenas que deixariam um adulto mentalmente instável, então imagine uma criança que ainda mal sabia a diferença entre Caçadores e Monstros. Com o passar dos meses, algo dentro dele morreu, e ele só tinha o desejo de destruir as pessoas que acabaram com sua vida, e sorria quando via a dor no rosto de um Caçador.

Essa guerra durou exatamente um ano, e não ouve vencedores. Na verdade, o único sobrevivente era Adrian. Com uma mente esmigalhada aos seis anos, ele ainda teve que aguentar mais um ano, sozinho em uma floresta onde presenciara cenas tão tristes, até que um novo grupo de Monstros o achara. Na verdade, um Monstro.

Nathan.

Na época com 16 anos, Nathan estava procurando seu irmão, e acabou por achar o pequeno garoto encolhido na sombra entre dois troncos que caíram um sobre o outro.

"Adrian estava assustado. Há muito tempo não ouvia aquele característico som de pessoas pisando nas folhas secas no chão. Ao mesmo tempo estava co raiva. Só a Grande Deusa sabia o quanto ele queria destruir os Caçadores.

Até porque os Caçadores eram os únicos que o pequeno Adrian conseguia imaginar se aventurarem por ali de novo. Ele ouviu novamente. Era uma voz masculina, apesar de não muito grossa. Chamava alguém, mas ele não conseguia entender quem.

– ...os, papai está preocupado! - Ele ouviu. - Daqui a pouco vai anoitecer, e a gente tem que voltar para a Árvore!

Adrian arregalou os olhos. Ele se lembrava bem dos caçadores, tinha uma memória invejável, e nenhum deles falava sua língua. Então só podia ser um Monstro...

– Irmão! - A voz gritou, perigosamente perto. - Que droga, cadê você Ti... ham? O que é isso?
O garotinho congelou. Será que o moço o tinha visto?

– Isso é uma... uma... AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAHHHHHHHHHHHH!!!!!!!!!!!!! - A voz deu um gritinho feminino. Adrian teve que se controlar para não rir. - ARANHA! ARANHAAAA!!! ARAAAAAAANHAAAA!!!!

Uma aranha?! É sério isso?! pensou o garoto, prestando atenção a voz que ainda gritava histericamente.

– ARANHAPELUDAGIGANTE!!!!

A voz gritando chegou cada vez mais perto, e então um rosto assustado apareceu entre os troncos onde Adrian estava.

– Olá garotinho sinistro! Se não for muito incomodo, eu podia me esconder aqui com você? Tem uma besta devoradora de vísceras tentando me comer. - Ele se sentou ao lado de Adrian. - Olá, eu sou o Nathan, tenho 16 anos.

– Meu nome é Adrian. Eu tenho 7. Você tem medo de aranhas? - Ele sorriu, mostrando que faltava um dente. Nathan pareceu indignado.

– Não tenho medo de aranhas!

– Eu ouvi você gritando como uma garotinha! - Nathan ficou ainda mais indignado.

– Eu não gritei como uma garotinha!!

– E você... tava chorando?!

– É SUOR DE MACHO, OK?! AGORA CHEGA DE PERGUNTAS SEM SENTIDO! Você viu meu irmão? Já já vai anoitecer e... Pera, você não devia estar na Grande Árvore do seu grupo?

Adrian parou de sorrir. Ele disse que estava sozinho, mas recusou-se a contar mais detalhes. Nathan resolveu leva-lo de volta a Grande Árvore do grupo dele.

– Outra hora eu procuro pelo meu irmão."

Duncan foi a única pessoa, além de Nathan que conseguiu conquistar a confiança de Adrian, diminuindo sua agressividade com os outros. Foi Nathan quem explicou o que aconteceria quando ele completou oito anos. E após alguns minutos acabou achando uma minúscula Rã Pingo-De-Ouro. Engolindo em seco, sem saber o que fazer, pegou a adaga que carregava e rapidamente pressionou nas costas da rã que era pouco maior que sua unha do pé.

E então ganhou uma cicatriz nas costas, que ardeu por dias. E quando anoiteceu, finas linhas douradas cortavam sua pele, além de causar ferimentos em quem o tocava.

Agora, Duncan tinha morrido, e a única pessoa em quem ele confiava era em Nathan. E agora ele estava o mandando ir vigiar um grupo de Caçadores, sem ataca-los, sabendo que o maior ódio da sua vida eram eles! Gold bufou, mas não parou.

Eva estava nervosa. Usava uma espécie de macacão colado ao corpo, que ficava bem nela, mesmo ela tendo poucas curvas, preto, com uma estampa de leopardo em cinza, botas pretas com salto e o cabelo solto. Como ainda estava escuro, seus olhos verdes ainda tinham aquele aspecto felino. Ela tinha a pele branca, avermelhada pelo sol, e os cabelos pretos mal cortados, um pouco acima dos ombros, que combinavam com seus 20 anos. Seu patrono era o Leopardo Negro.

Andava de um lado para o outro no galho grosso, e mesmo com o salto alto, ela conseguia se equilibrar muito bem. Estava preocupada com a morte de Duncan. Ele era o único que sabia seu segredo, e era capaz de lhe aconselhar. E ela precisaria de muitos conselhos a partir de agora. Mas não confiava 100% em Nathan. Não o conhecia tão bem, não sabia como reagiria... Porém ela precisava mesmo falar com alguém, e a única pessoa seria Nathan. Se ele reagisse mal... ela perderia Arthur, e isso era impensável! Não podia perde-lo, ela o amava demais! Mas ao mesmo tempo, se não contasse... coisas ruins viriam tanto para ela como para Arthur. Que droga! ela pensou. Respirou fundo. Ela falaria com Nathan, e faria-o entende-la.

Foi quando Gold passou por ali, e ela assustou-se, desequilibrando-se. Teria caído de pé, mas antes de encostar no chão, caiu diretamente no colo de um garoto, que a segurou quando viu que ela ia cair.

– E mais uma vez eu te seguro quando você está prestes a cair. É o que? A terceira vez em 20 dias? - Gaspard disse, arrastando os S como uma cobra. Um sorriso malicioso estampava-lhe a cara. - Você está me perseguindo, por acaso?

– Eu acho que é o contrário, Cascavel. Agora, eu agradeceria se me largasse. - Eva disse, fuzilando o garoto com o olhar. Ele a segurava de maneira que ela não conseguia se soltar, uma mão segurando as costas dela e a outra segurando as pernas. Ele sorriu e a colocou no chão. Ela bufou e virou-lhe as costas, saindo a passos firmes.

Gaspard revirou os olhos.

Ele tinha 21 anos, pele branca e cabelos loiro, além de ser muito alto, ao passo que Eva tinha cerca de 1,62m. Os olhos eram verdes, e um sorriso de lado vivia em sua face. Usava uma regata amarela meio esverdeada, em um tom escuro, calças pretas com tênis e uma jaqueta de pele de cobra. Como estava de noite ainda, ele sibilava como uma cobra quando falava, além de ganhar uma espécie de colar de couro com um chocalho de cascavel como pingente, ele produzia aquele característico som quando ele estava olhando para alguém. Seu patrono obviamente era uma Cascavel.

Ele saiu andando e esgueirando-se pelas árvores. Então algo caiu em cima dele, jogando-o de bruços no chão. Ele sentiu uma unha afiada em sua garganta, e uma voz ronronou no seu ouvido.

– Seis a cinco. Estou na frente.

– Por enquanto, Katy. O que está fazendo aqui?

– Nada demais e você?

– Procurando algo para comer. Acho que encontrei. - Ele se moveu rapidamente, afastando a unha pontuda da garota, e rolando no chão, fazendo a menina que estava em cima dele se desequilibrar e cair de costas no chão. Com outro movimento rápido, prendeu os pulsos dela sobre a cabeça da menina com uma mão, e se colocou sobre ela, prendendo-a no chão e com a outra mão segurou o pescoço dela. Aproximou-se do seu pescoço, e sibilou no seu ouvido. - Seis a seis...

Ela estremeceu, mas revirou os olhos.

– Cascavel, sua cobra de baixo está acordada, deixa que eu dou um jeito.

Dito isso, Katy juntou todas as suas forças e deu um chute nas partes baixas de Gaspard. Ele arfou e a soltou, rolando de cima dela para o chão. Ela se levantou, as listras negras destacando-se sobre a pele.

Sacudiu a terra das roupas e piscou para Gaspard, sussurrando Sete a seis.... Depois se virou e saiu rebolando e sem olhar para trás, mas ainda foi capaz de ouvir:

– Um dia eu ainda te pego, Katy. Um dia...

Ela sorriu e continuou andando sem olhar para trás. Passou pela árvore onde Tundra descansava.

Ela dormia tranquilamente em um galho grosso, em posição fetal, as mãos sobre a cabeça e o rabo de raposa sobre suas pernas. Ela estava sonhando com a família.

Era uma família numerosa, é verdade, mas totalmente dispersada. No grupo dela, ela era a única. Seus irmãos estavam espalhados por outros grupos.

Acordou ao ouvir o som de algo ou alguém se sentando ao seu lado.

– Te acordei?

Ela se sentou, esfregando o olho com a mão.

– Na verdade sim...

– Desculpe. - Ele sorriu de lado.

– Aconteceu alguma coisa?

– Não, só parei para descansar. Foi mal mesmo... Desculpa?

– Tudo bem, Sam. - Ela sorriu, revirando os olhos, admirando-o pelo canto do olho.

Ah, qual é! Sam era lindo, e isso era um fato! E olhar não mata, mesmo ela tendo 16 e ele 19... Para com isso, Tundra. Ela pigarreou, voltando a ficar séria.

– Descansar? Estava caçando?

A lua iluminava a pele clara dele. Samuel passou a mão nos cabelos negros bagunçados, que lhe davam um charme natural. Então olhou para ela, e o olhar da menina se prendeu aos seus intensos olhos azuis elétricos. Ele usava uma camiseta preta que deixava os braços musculosos na medida certa a mostra (FOCO, TUNDRA, FOCO! ela pensou.), calças jeans pretas e tênis da mesma cor.

– Sim. Caçando o que fazer! Sabia que essa floresta pode ser extremamente entediante? - Ele sorriu, divertido. Ele se deitou no galho, deixando uma perna balançando e descansando a cabeça nas mãos. - E esse galho é mwio desconfortável, como consegue dormir aqui?! - Ele riu.

– Quando uma pessoa está entediada ela dorme em qualquer lugar sabia? - Ela disse, sorrindo malignamente, e imediatamente começou arquitetar um plano diabólico para empurra-lo do galho. Raposas podem ser muito possessivas quando querem!

– Ah, sei sim. - Ela se aproximou dele devagar. Ele estava de olhos fechados. - Mas tem certos lugares em que uma Pantera prefere dormir. - Ela chegou perto dele, e ia empurra-lo, mas ele abriu os olhos e se levantou de repente, fazendo com que ela empurrasse o nada. - O chão não é um deles!

Ela revirou os olhos e voltou ao canto em que estava. Bocejou.

Sam encarou o céu, segurando o pingente de raio no seu colar casualmente.

– Eu vou dormir.

Ele sorriu amigavelmente, mas depois se transformou em um sorriso malicioso.

– Eu vou dormir com você. - E depois sorriu divertido. - Não tente me empurrar ou você cai junto, Raposa!

Dito isso ele voltou a se deitar. Tundra se enrolou como antes, e caiu no sono. Sam continuou encarando o céu e segurando o pingente. Pam tinha sido morta por caçadores... Isso era ruim. Ele pensou por um momento se não seria o mesmo grupo de Caçadores que matou sua mãe, e isso lhe deu uma raiva enorme.

Um caçador a matou sem dó nem piedade, foi o que lhe disseram. E no local em que devia estar o corpo da mãe, eles acharam um pingente em forma de raio que pertencia ao assassino.

Ele continuou encarando o céu por mais alguns minutos, até que ele dormiu.

Felícia era uma das poucas ainda acordada aquela hora. Amanhã era seu aniversário de oito anos, e ela estava assustada. Ela começou a chorar.

– Está tudo bem? - Agnes perguntou, se aproximando. A menina balançou a cabeça. - O que aconteceu?

– Eu estou com medo... - A menina disse, num sussurro. Agnes ficou meio sem jeito. Ela não era do tipo de pessoa que se preocuparia em cuidar dos outros, preferia caçar e vigiar, mas aquela garotinha estava em pânico. Ela tentou se lembrar dela... hm... Felícia... sete anos... o pai morreu por um caçador e a mãe morreu no parto.

– Está com medo de matar um animal?

A menina assentiu. Ela tinha cabelos ruivos chamativos presos em um coque, a pele cheia de sardas e olhos castanhos esverdeados. Usava um vestido castanhos bem simples.

– Mas é preciso! Todos nós já matamos um, você tem que fazer isso para ter seu patrono!

A menina começou a chorar ainda mais.

– Eu não vou conseguir! E eu nem sei o que fazer! E se eu matar um animal errado?!

Agnes respirou fundo, e lembrou-se do que sei pai falou quando ela tinha seis anos. Ela era muito chorona naquela época.

– Felícia. Me ouça agora! - A menina olhou para ela, que continuava séria. - Você tem que ser mais forte, não pode chorar por qualquer coisa! Quando se tem apenas 36 anos para viver, você deve faze-lo de forma digna, para que sua memória viva por muito mais. Para que as pessoas se lembrei de você por ser forte e corajosa, e não por ser uma menina chorona!

Agnes achou que talvez foi um pouco dura demais, mas a menina limpou as lágrimas e assentiu.

– Essa é uma coisa que você tem que fazer, entende? Quando for para a floresta, você só pode voltar quando matar um patrono... E acredite, você vai saber quem é no momento certo, ok?

– Ok...

– Agora vá dormir, já devem ser umas 4h da manhã.

A menina assentiu, e subiu em uma árvore, indo dormir. Agnes suspirou e foi dormir também.
Nathan desceu do galho onde estava, e pulou para o chão. Estava com fome, e era guloso como qualquer guaxinim. E cleptomaníaco como um. Ele adorava roubar frutas na madrugada.

E foi quando se esticava para pegar uma fruta em uma árvore que ouviu alguém chegando.

– Olá Nathan... Onde está a gostosa da minha mulher e meu filho que provavelmente já nasceu?

Nathan congelou e arregalou os olhos. Ele voltou a falar, as sobrancelhas franzidas, e aquele sorriso maníaco que nunca saia da sua cara, e lhe davam um ar assustador. Tão assustador quanto uma de uma hiena, seu patrono.

– Nathan... eu voltei da viajem e quero muito beijar minha esposa. Onde... está... Pamela?

Nathan saiu daquele estado atônito e engoliu em seco.

– Olá, Peter...


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Notas finais do capítulo

E então... comentários? Malz a demora gente! No próximo capitulo posto a foto de todos!!! Nao deu hj! Kissus!