Aos olhos da guerra escrita por maddiesmt


Capítulo 15
cap 11- Os bons morrem cedo


Notas iniciais do capítulo

Antes tarde do que mais tarde ainda....



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O rapaz arrastava os pés pela cidade devastada. A ida, dessa vez, não era forçada mas também não era fácil.

–ALGUMAS HORAS ANTES-

Ferdinando estava afogando. E a causa da falta de ar estava longe de ser a água. Sentia-se prisioneiro do próprio desespero e imaginava que era assim que pessoas que morriam afogadas sentiam-se antes de morrer.Era como se nadasse eternamente e quando chegava perto da superfÍcie, uma parede de concreto surgia e o proibia de avançar. Apesar das lutas incessantes para fazer com que a parede desmoronasse e rotas de fuga que sempre eram cobertas com mais concreto, ele sentia o coração bater cada vez mais devagar...como se desistisse. Não dela....claro que não dela...mas sim de viver.
Ele tossiu mais uma vez. Estava engasgando em soluços e lágrimas novamente. Era esse o seu real afogamento que, em conjunto com a analogia de afogar-se na desesperança da situação, o fazia mais sombrio.
Tinha voltado para o quarto em meio a um ataque de fúria tão grande que o fez transformar o lugar em um cenário desastroso. Bagunçou a mesa, quebrou um copo e bateu na parede com tanta força que poderia jurar que tinha quebrado algum dos dedos. No entanto, a dor física pouco interessava no momento. O que o estava matando era outro tipo de dor.
Em meio a crise ele se deparou com o espelho enorme que tinha no quarto e viu, refletido ali, a imagem dela. Admirou solenemente as lembranças que passavam como filme na face do espelho. Assistiu as pequenas brigas, aos primeiros beijos, ao próprio casamento, as declarações de amor, a noite antes da guerra...Todas as lembranças que ele gostaria que ela estivesse tendo nesse exato momento. E, por fim, a viu refletida ali. O encarando com os olhos saudosos e o sorriso que ele tanto sentia falta. Levou as mãos a acariciarem o espelho e encostou a testa na superfície fria e o abraçou fortemente apenas para depois joga-lo no chão com violência.Fazendo com que este se estilhaçasse em pedaços assimétricos. Por fim, entregou-se ao choro, um claro sinal de derrota.
E como em qualquer explosão, o que se seguiu depois foi um momento de completo silêncio. Os olhos vermelhos e o rosto encharcado observavam a vela da lamparina derreter lentamente. Passou a noite observando as pequenas gotas de cera deslizarem sobre o molde. Não fazia sentido tentar dormir. Ela não estava ali para faze-lo sonhar. Vez ou outra ele se entregava a uma respiração mais pesada, um soluço mais alto, um choro mais doído...no mais...tudo era silêncio dentro do quarto e dentro de si.

*
Um silencio feito de perguntas e falta de explicações também imperava em outro canto da casa.
Zelão ja estava na cama.Tudo acontecerá tão rápido que parecera apenas um reflexo. Estava sobre o olhar atento da esposa que agora tinha um brilho extra nos olhos.
–Eu não teria tanta esperança assim, Juliana.
–Ora essa!Pare de ser teimoso e tenha um pouco de fé!
–Fé? Eu diria que foi sorte ou...
–Zelão!- a professora fechou os olhos e tentou se controlar. Precisava transmitir calma para que pudesse faze-lo esquecer do pedido de tempo e concentrar suas forças na sua recuperação. Ela deixou com que suas mãos pequeninas se abrigassem nas mãos do marido.- Meu amor! Por favor, não se entregue! Nós acabamos de presenciar um milagre!Você sabe tão bem quanto eu que isso pode ser o começo da sua recuperação.
O rapaz se recusava a olhar para a esposa. Estava muito confuso e negava cair na ilusão de uma possível cura.
–Mas o dotozinho disse que ..
–Nem continue essa frase Zelão! O Renato mesmo disse que não era um diagnóstico definitivo! Tudo até agora eram possibilidades e da próxima vez que ele vier nós podemos começar um tratamento melhor!
–Juliana...
–Por favor Zelão!! Não desista de si mesmo! Não desista de nós!
–Juliana, eu não posso te pedir pra me acompanhar nesse caminho auto destrutivo. Ocê tem que entender que nós vamos ter uma vida difícil se ficarmos juntos...serão batalhas diárias...eu não posso, eu não devo faze-la passar por isso...você merece muito mais do que isso.
Juliana apenas colocou a aliança de volta no dedo do marido e beijou ternamente sua bochecha.
–Eu me pergunto, Zelão, quando você vai entender que o seu amor é o suficiente para me fazer continuar vivendo.
Com isso, ela assoprou a vela da lamparina, fazendo com que o quarto ficasse imerso na escuridão.
Não iriam realmente dormir aquela noite. Apenas reviver cada segundo do acontecido.

–ATUALMENTE-

E foi nesse turbilhão silencioso que ela pode ouvir a porta se abrir. Se espantou ao reparar que o sol ja brilhava la fora. Tentou se situar na realidade e encontrou o marido tão atento quanto ela. Alguém tinha destrancado a porta. Mas um barulho vindo da sala e ela pode distinguir claramente o fechar da porta. Alguém tinha entrado...o teria saído?
*
Seu Aristides estava preocupado. Suas crianças estavam caladas tempo o suficiente para lhe arrepiar a espinha. Sabia que o silêncio, quando não vinha do um sono profundo, vinha de uma traquinagem infantil.
– Firmino? Felicia? Onde estão?
Em resposta as perguntas de pai zeloso e preocupado, Seu Aristides pode ouvir risadinhas travessas. As seguiu até que confirmou o que o coração já sabia.
Lá estavam eles. Seus pequenos tesouros. Ele reparou nos sorrisos iluminados mas também reparou no pote de manteiga vazio jogado no chão da sala.
–Felicia?! O que oce fez com seu irmão?!
O pequeno bebê de pouco mais de 1 ano sorria enquanto passava as mãos gorduchas no cabelo melado. Logo depois colocavas as mãozinhas na boca e sugava os dedinhos afim de saborear a manteiga contida ali.
–Ara papai..eu estou cuidando do cabelo do mano como a mamãe fazia com o cabelo dela.
O senhor apenas deixou que um sorriso melancolico lhe dominasse a face e admirou os filhos mais uma vez.
Se agachou para que ficasse do tamanho da filha e acariciou seus cabelos escuros.
Ela era tão parecida com a mãe que chegava a doer. Tinha os olhos grandes e brilhantes. Nada desproporcional mas que chamavam atenção pela profundidade contida neles.
–Oce…não precisa fazer isso fia..além do mais… a mamãe usava manteiga de karitê e não manteiga normal.
Ele viu os olhos se entristecerem e apressou –se a sorri. Faria tudo para que a falta da mãe não passasse de uma saudade boa.
–Mas a mamãe disse pra eu cuidar do maninho…
O pai notou o bico formado e o quanto eles tremeram ao falar da mãe. Tudo ainda estava muito em carne viva… e até ele se confundia com a ausência da ex esposa.
–Me escute Felicia…oce e o seu irmão são as coisas mais importantes da minha vida..e eu nunca que vou deixa-los.
–Ocê promete? Ocê não vai deixar a gente como a mamãe fez?
–Claro que não meu amor…eu lhe prometo que nunca vou deixa-los.
Felicia sempre acreditou na promessa do pai, o condenou quando ele a quebrou e foi para Guerra mas agora sabia que nem sempre se consegue cumprir o prometido. Afinal, ela mesma prometeu sempre cuidar do irmão…e agora mal sabia de seu paradeiro.
Renato notou os olhos da moça ao seu lado. Eles divagavam em meio a paisagem da estrada deserta. Reparou no brilho refletido pelo contato do sol nascente com as lágrimas e resolveu que não a deixaria sofrer sozinha.
Deixou que uma das mãos soltasse o volante para descansar sobre a dela. Dando um pequeno aperto como quem afirma estar presente nos momentos de solidão extrema. Era uma afirmação de cumplicidade e de quem entendia extamente o peso de sofrer por amor, indenpendente do tipo.
Ela notou mas não tirou os olhos da estrada. Escolheu permanecer sentindo o calor das mãos do médico e o adotando como o novo e mais suave conforto que alguém ja lhe dera.
Renato podia continuar calado e apenas deixar o silencio ditar a intensidade da tensão mas ele preferiu arriscar. Não entendia essa necessidade de fazer qualquer outra pessoa, além de si mesmo, feliz. É claro que a profissão que escolherá era um tanto altruísta, mas Felicia era a primeira pessoa que o instigava a se importar mais com outro alguém que não fosse um paciente ou até mesmo Juliana. Ele não gostava de complexar muito sentimentos simples. Lembrava-se que da ultima vez que tentou planejar um futuro, acabou sem ele. Decidiu que apenas queria que ela sorrisse. Não importava muito bem o por que dessa vontade imensa de oferecer alegria. A faria sorrir. Nem que fosse um mero arquear de lábios.
Começou então a cantarolar uma música de infância, daquelas que os pais ralhavam mas que todos cantavam escondido e se surpreendeu quando ela o acompanhou nas estrofes mais ousadas. No final estavam rindo. Pareciam um casal comum, aproveitando as férias e viajando pelo país. Por um momento, ambos desejaram que aquilo fosse verdade.
–Seria tão bom se isso tudo não passasse de um pesadelo…- ela disse depois de um tempo de silêncio.
–Eu não poderia concordar mais…
–Eu me pergunto se um dia isso tudo vai acabar.
–E eu acho que a resposta certa seria se eu lhe dissesse para ter fé. Mas acredito que você ja ouviu muito isso da Mãe Benta.
–Isso é verdade…Mas do jeito que as coisas estão acho que até ela dúvida do futuro.
–Pois eu lhe digo uma coisa. A vida me ensinou que o nosso futuro pode não ser aquele que tanto desejamos.
–A vida ou alguém?
O medico deu um meio sorriso e admitiu.
–Os dois.
–Nossa!Essa pessoa deve ter realmente destruido os seus sonhos, em?!
–Eu não diria isso. Eu diria que ela os modificou.
–Hm... Qualquer pessoa no seu lugar ficaria, no minimo, com raiva.
–E eu fiquei. Mas, mais do que com raiva, eu fiquei só. E quando se fica sozinho você acaba tendo a oportunidade de se encontrar consigo mesmo e redescobrir o que você realmente quer para a sua vida. Você acaba tendo a oportunidade de planejar um futuro novo que , dessa vez, dependa unica e exclusivamente de você.
–Em outras palavras, você amadurece.
–Exatamente.
–Isso faz muito sentido.
–Faz por que é a verdade.
–Eu queria ter essa confiança toda.
–Acho que teremos que parar.
–Por que?
–Por que essa viagem ja está afetando o seu juízo!Nunca ninguém me chamou de confiante.
–Talvez porque ninguém nunca chegou realmente a conhecer o verdadeiro Doto Renato.
–Eu não sei se fico feliz ou se fico triste por isso.
–Apenas aceite. Isso já é o bastante.
–Certo, certo…então ja que você ja conhece o verdadeiro Doto Renato, você não se importaria de me falar um pouco sobre a verdadeira senhorita Felicia.
–Não existe nada de mais sobre mim. Minha mãe nos abandonou quando eu tinha 6 anos e desde então somos só eu, Firmino e …bom…meu pai. Meu pai foi um bom pai. O máximo que ele conseguiu, tenho certeza disso. Mas os tempos dificies e a ausência da minha mãe realmente acabaram com ele. Ele passava pouco tempo em casa e eu e Firmino ajudavamos como podiamos. Firmino sempre quis ser sapateiro e eu ficava impressionada com as botas de couro que ele conseguia fazer, mas meu pai deixava bem claro que ele deveria seguir o legado da família e ser o barbeiro da cidade e eu nunca pensei em outra coisa, a não ser cuidar do meu irmão. Mas devo confessar que, desde que comecei os treinamentos na mansão, algo tem mudado e depois da Guerra, quem sabe eu não faça um curso com a mãe Benta…
–Ou vire a próxima médica da Vila…
–Ah não doto…isso ai ja é sonhar muito alto e eu tenho medo de alturas, viu?!
– Eu a vi nos treinamentos Felicia!Você seria uma medica e tanto!
–Eu acho que essa viagem ja ta fazendo mal é procê!
Eles riram novamente e o ambiente não poderia ser mais favorável. O medico reduziu a velocidade. Ja conseguia avistar o acampamento.
– E oce doto? Também pensa que vai encontrar um novo sentido para continuar vivendo depois dessa Guerra?
Ele parou o carro, a olhou profundamente nos olhos e confirmou a presença de borboletas no estômago.
–Eu acho, que ja encontrei.
O jovem a observou corar e o encarar com certa timidez até que ouviram as outras ambulâncias também estacionarem. Antes que saíssem, Renato mais uma vez lhe segurou a mão, dessa vez , o aperto foi forte o suficiente para que ela o olhasse nos olhos.
–Me prometa que vai se cuidar. Me prometa que, independente do que você encontre, que você vai se proteger e que vai ser forte.
Felicia sentiu o coração dar leves saltos e o estômago esfriar. Supôs que seria de nervosismo por encontrar o irmão mas se descobriu enganada quando o médico desfez o contanto e saiu do carro. Deixando um frio imenso no lugar que antes habitava.
O rapaz entrou no acampamento médico e logo encontrou Viramundo auxiliando o médico substituto.
–Vira?
–Doto Renato! Que bom que vorto são e salvo!
–Estou feliz que esteja bem também meu amigo.
–Filho?- o médico de cabelos brancos retirou a atenção do soldado que estava recebendo os últimos curativos e sorriu ao confirmar que o dono daquela voz era mesmo o seu único filho.
–Pai? Mas o que faz aqui?- o jovem médico apressou-se em abraçar o pai e a se certificar que ele estava bem.
–Ah meu filho…você sabe que eu não consigo ficar me casa vendo as pessoas sofrerem.. eu tinha que fazer alguma coisa e, como eles estavam com falta de médico eu decidi ser voluntário mas está sendo difícil. Estamos sem mantimentos e sem lugar adequado para a recuperação dos enfermos e até mesmo as cirurgias estão sendo complicadas.
–Eu sei meu pai. Eu fui em busca justamente disso. Ja que nem os hospitais estão sendo poupados dessa tragédia. Tive a ideia de remanejar os pacientes para um lugar mais afastado.
–Afastado quanto?
–A vila de Santa fé.
–A meu filho! Eu duvido muito que toda essa gente caiba no seu antigo posto de saúde.
–Não ficaremos no posto, meu pai, ja arranjei todos os detalhes com o Coronel Epaminondas e a população da vila. Ficaremos na mansão onde ja organizei tudo. Também tive a ajuda da mãe benta para treinar algumas pessoas para que pudessem me ajudar a cuidar de todos assim como o Vira.
–Entendo…mas o tal coronel deixou de bom grado?Ele não me parece uma pessoa que permitiria isso, pelo o que me contava nas cartas.
–O coronel…- Renato olhou para os lados mas decidiu manter sigilo sobre os acontecimentos.- mudou bastante e concordou em ajudar no que fosse possível.
O pai entendeu que naquele olhar desconcertado do filho havia uma verdade oculta que ele entendia que não podia ser revelada.
– Entendo…Mas então isso é ótimo!
–Sim! É sim … inclusive eu vim com alguns dos voluntários e algumas ambulâncias para que possamos fazer o remanejamento imediato desses pacientes.
–Isso é uma ótima notícia meu filho. Então vamos… vamos agilizar tudo!- o senhor estava animado. Finalmente teria a oportunidade de realmente salvar vidas.
Renato ja estava se afastando com seu pai quando observou Felicia passear os olhos desesperadamente a procura do irmão.
–Meu pai…o senhor pode ir arrumando tudo com os voluntários e ambulâncias que eu ja lhe encontro.
Iria falar com ela, mas antes tinha que garantir o futuro dos amigos.
Esperou o pai sair de perto e comentou com o violeiro.
–Vira, nós vamos esperar que todos estejam alocados. Eu e você vamos na ultima ambulância que partir e aproveitamos para pararmos nos esconderijo. Essa vai ser nossa única chance de salva-los.
–Pode deixar doto. Não vai ter erro.
Viramundo ia se afastando quando Renato o chamou mais uma vez.
–Vira…você lembra de um jovem que tratamos a algum tempo? Ele chegou logo depois que os mantimentos acabaram. O nome é Firmino.
– Sei sim doto. Ele ta la trás se arrumando pra voltar. Ainda bem que o doto chegou por que o capitão já mandou buscar os enfermos em recuperação para voltarem a campo.
–Bem eu acho que ele vai ter uma leve decepção quanto a isso.- Renato sorriu. Estava aliviado por ter chegado a tempo. Só esperava que sua sorte continuasse até que sua missão estivesse completa.
Os amigos trocaram um aceno confiante e logo se colocaram a organizar tudo.
–Felicia!
–Renato!- a voz da moça tremia. O médico conseguia ver, claramente, que ela estava tentando ser forte. Não derramava lágrimas, não ameaçava um colapso desesperado mas todo o sofrimento contido se revelava nas frases tremidas que falava.- Eu …eu ja procurei em tudo por aqui. Eu não consigo encontra-lo... oce acha que ja levaram ele? Ja levaram o meu irmão?!
Ela era forte e comprometida com suas promessas. Ele podia ver o quanto ela estava lutando para não entrar em histeria.
O rapaz, mais uma vez, tomou as mãos dela nas suas. Deu um leve aperto para que ela o olhasse e permaneceu fazendo pequenas massagens na pele delicada dela.
–Não Felicia…ainda não…ele ainda está aqui! Venha…eu vou lhe levar até ele.- Antes que saíssem ele a observou sorrir. Não era um sorriso qualquer. Era alguma coisa misturada entre o alivio e a devoção e ele não pode deixar de se sentir feliz por ter presenciado o aparecimento de tal reflexo.
Seguiram, ainda de mãos dadas, até o local que Vira havia indicado e lá encontraram o jovem franzino e cabisbaixo, até parecia um animal esperando o abate.
–Firmino- a voz da moça saiu fraca e ela ousou falar um pouco mais alto para que ele não suspeitasse de nenhuma ilusão.
–FIRMINO!
–Felicia? – o rapaz virou-se no exato momento que a irmã se jogou em seus braços.
Estavam completos apesar de sozinhos no mundo. Renato realmente admirava esse amor fraterno e por algum motivo se sentia parte daquilo tudo.
–Minha irmã ! O que faz aqui?!Como me encontrou?!
–Eu não disse que ia lhe proteger meu irmão?! Eu prometi não foi?!
Eles se abraçaram mais uma vez
–Mas o que está acontecendo aqui!- a voz forte era imponente e assustadora. O capitão se aproximou e puxou Felicia pelo braço- Me Diga menina!Como chegou aqui!
Renato não esperou nem dois segundos para se impor e impedir alguma besteira.
–Capitão! Largue a moça imediatamente!
–E quem você pensa que é ?
–Eu sou o medico responsável por esse acampamento!
–E eu sou o capitão!
–Sinto dizer mais enquanto estiver aqui, sob os cuidados da minha equipe médica quem manda, sou eu.
–Muito bem. – O militar largou Felicia que imediatamente se afastou junto com o irmão.- Reconheço que posso ter me alterado. Mas você há de convir, doutor, que como capitão, eu espero ameaças de todos os lados.
– Entendo capitão..
–Vieira. Bom doutor, você gostaria de me informar o que está acontecendo? Eu ja mandei um comboio vir buscar os soldados para voltarmos para o campo de batalha.
–Sim. Estou ciente. Mas devo dizer, capitão, que com esses ferimentos, você e sua tropa não durariam dois dias no campo de batalha.
–O que você está querendo com isso?
–Nada. Só o bem dos meus pacientes. Eu sugiro que façamos o seguinte…
Enquanto Renato explicava passo a passo do que seria feito, Felicia e Firmino adiantavam-se para ajudar os demais a se organizarem para sair dali.
Não demorou muito para que Renato voltasse a organizar a partida de todos. Depois de uma conversa franca com o capitão, apenas o que ele podia esperar é que chegassem a salvo em Santa fé e que a guerra terminasse antes que o capitão cumprisse sua promessa de forçar todos os curados a voltar para o campo de batalha.
Renato olhou para as duas ambulâncias vazias restantes e respirou fundo.
–Vamos? –Felicia não podia se conter de tanta felicidade. Apenas esperava chegar em casa, com seu irmão e , quem sabe, passar um tempo a mais conhecendo o doutor a sua frente.
O rapaz engoliu em seco e a puxou para um canto longe de olhares curiosos.
–Escute Felicia..eu vou precisar que você vá com seu irmão e o capitão nessa ambulância.
–E você Renato?
–Eu vou estar logo atrás de vocês. Na outra ambulância.
–Ué..mas quem vai dirigir a nossa? Eu e Firmino não sabemos dirigir e o capitão está machucado não esta?
De fato, capitão Vieira tinha a cabeça enfaixada e a conversa que teve com ele fez com que ele perdesse tempo e se ausentasse na hora de despachar as ambulâncias. Um erro de estratégia que o lavava ao momento delicado em que se encontrava.
–Vamos fazer o seguinte então…o Vira vai com vocês. E eu vou na ambulância de trás certo?
–Mas por que você não pode vir com..- Felicia não teve tempo de terminar. Renato encostou o dedo indicador nos lábios da moça e pode perceber o quanto eles eram macios.
–Por favor Felicia…não me pergunte. Apenas, tenha cuidado por favor!
–Renato…mas eu não entendo...
–Não precisa entender agora. Eu prometo que quando chegarmos na vila eu lhe explico, sim?!
Ele viu os olhos dela tremerem. Seria medo, o que ele via refletido ali?
–Está certo. Oce deve ter seus motivos e eu to aqui me metendo…
–Felicia…Eu…eu quero que saiba… e que tenha certeza de que você foi a melhor coisa que aconteceu comigo em muito…muito tempo.
–Não precisa se justificar Renato...
–Não é justificativa. Eu…eu realmente estou…
–Doto?- Viramundo chamou de longe o lembrando que deviam ir.
–Estou indo Vira!
–Felicia…me escute…eu não sei o que vai acontecer mas o que eu quero que aconteça é que você aceite isso.
A moça observou Renato tirar do próprio dedo, um anel de ouro maciço com uma pedra de esmeralda.
–Esse é o meu anel de formatura e ele é muito importante pra mim , então, cuide dele certo? Só por esse trecho. Enquanto isso você pode olhar pra ele e lembrar do que eu lhe falei no carro, sobre fazer medicina e também para que você se lembre de mim, esta certo?
–Renato…eu não acho que eu deveria…
–Por favor, Felicia. Apenas fique com ele até que eu o pegue de volta. E no dia que eu o fizer, você pode me dar a honra de me leva-la pra jantar. O que me diz?
–Eu digo que…amo comida italiana.
–Escolha perfeita.
Eles ja estavam mais perto do que deveriam estar quando Viramundo entrou no local a procura de Renato.
–Doto! A..me descurpe é que eu não sabia que..
–Não se preocupe Vira. Vamos indo ?
Felicia apenas acenou que sim com a cabeça. Os olhos grudados no chão apenas e o riso fácil estampado no rosto. Não acreditava que, pela primeira vez desde que a Guerra começara, ela estava, de fato, feliz.
–Vira. Vamos ter que fazer algumas modificações no plano original. Você vai nessa ambulância com o capitão Vieira, senhorita Felicia e o irmão dela. Eu irei segui-los.
–Mas doto e o..
–Não se preocupe Vira, durante o percurso, eu vou desviar , vou até as Antas, coloco todos na ambulância e encontro vocês na vila. Certo?
–Ta certo então. Mai…cuidado doto e boa sorte!
–Vocês Também.
Eles se despediram com um abraço fraterno e Vira ligou o motor do carro.
Renato ia entrando na ambulância quando foi chamado mais uma vez.
–Doto Renato!
–Sim Felicia?
Ele se surpreendeu quando ela o abraçou. Um contato longo que , para ele, pareceu tão breve.
–Tome cuidado.
–Você também e Felicia…leve mais isso aqui com você.
O doutor retirou a pistola do esconderijo dentro da ambulância e entregou para a moça.
–Eu sei que provavelmente você não sabe..
–E quem disse que eu não sei?
–Mas como? Você disse que seu irmão não sabia então..
–Meu irmão não é uma mulher que passa o dia inteiro sozinha em casa rodeada de mato..Meu pai me ensinou algumas coisas depois que eu entrei na puberdade.
Renato riu e apenas concordou.
–Faz sentido.
–Mas por que esta me dando isso?
–Por que eu quero ter certeza de que nada vai acontecer com você.
Ela apenas tocou o rosto do jovem com uma das mãos e o observou fechar os olhos.
–Tudo vai terminar bem. E eu espero, realmente, que tenha estômago por que eu não brinco quando digo que amo comida italiana.
–Pode deixar. Ele está bem treinado.
Eles riram mais uma vez e ela se afastou. Escondeu a arma no vestido, embarcou com o irmão na parte de trás da ambulância e Renato pode ver os olhos dela brilharem até o momento em que Vira fechou a porta e o privou da visão que era te-la sorrindo para si.
Renato balançou a cabeça ligou o motor.
–Se concentre Renato! Foco!
Com isso, as duas ultimas ambulâncias partiram, deixando o acampamento apenas alguns voluntários da saúde e os casos mais graves que não permitiam remoção.
*
– Juliana. Fique aqui.- O rapaz tentava convencer a esposa a ficar quieta na cama, mas ela ja havia colocado o roupão de seda e estava pronta para verificar o que estava acontecendo.
–Zelão. Ja se passaram uns 5 minutos. Não ouvimos mais nada. O quem quer que tenha aberto a porta não entrou e sim saiu..- a professor arregalou os olhos para o marido que entendeu de imediato a preocupação.
–Isso quer dizer que..
–Só pode ter sido a Gina!
A moça saiu em disparada em direção ao quarto da amiga enquanto o marido fazia o malabarismo de sempre para sentar na cadeira de rodas sozinho.
–Gina…Gina…
Juliana a encontrou dormindo e respirou aliviada, até que percebeu que outra pessoa poderia estar cometendo uma besteira.
Encontrou a porta do quarto do rapaz escancarada. O local estava uma bagunça. Roupas pelo chão, cacos de vidro, uma garrafa de vinho vazia …Juliana encontrou de um tudo no quarto do engenheiro…a única coisa que faltava era o próprio rapaz e o uniforme militar que ja não estava mais pendurado no guarda roupa.
–Ai meu deus! Ferdinando!O que você pensa que esta fazendo?!
Mais uma vez a moça correu para o quarto da amiga.
Chacoalhou-lhe os braços para que ela despertasse depressa e quando ela o fez, Juliana despejou a verdade como água gelada em uma noite de inverno.
–GINA! ACORDE!!- os olhos translúcidos da professora pareciam saltar do rosto. Ela estava alterada e Gina começou a sentir um aperto no coração. Ja conhecia esse desespero e não gostava do som dele.
–Mas o que é isso Juliana?! O que ta acontecendo?! – A ruiva simplesmente segurou firme a mão da amiga e recebeu o golpe que parecia lhe rasgar o coração.
–É o Nando Gina! Ele voltou pra guerra!
–O que? – A ruiva piscou mais algumas vezes e um flash da noite passada se repetiu em sua memória.
–Mas o que ele pensa que ta fazendo?- Mais um flash, e dessa vez ela lembrou de uma corrida, ela corria para se despedir de alguém..dele talvez?
–Gina..por favor! Reaja! Gina!
A professora observou a amiga hiperventilar, mais memórias vinham junto com uma enxurrada de sentimentos que a diziam para impedir a ida dele.
–Nando...- ela lembrou-se quando o chamou de Nando pela primeira vez, quando a mãe pontuou que ela se acostumou a chama-lo assim, lembrou –se da vez que ela gritou o nome dele com todas as suas forças para impedir que ele fosse para guerra sem se despedir dela.
–Nando...Nando...- Algumas lágrimas se acumulavam e ela era amparada pela amiga. Não que estivesse realmente escutando Juliana, mas a presença de mais alguém a fazia ter certeza de que não estava ficando louca sozinha.
–Onde ele esta Juliana?
–Eu ..eu não sei...eu ouvi a porta bater a uns 5minutos atrás, eu não o encontrei e também não encontrei o uniforme e...
–NANDO!!- Ela não deixou a amiga terminar e saiu correndo pela casa.
–Gina! Espera ! volta aqui! É perigoso!
A jovem de cachos ruivos não tinha certeza de nada, só sabia que , no fundo do coração, precisava encontra-lo.
Abriu a porta de casa e o viu longe. Mas não o suficiente para que não a ouvisse.
–NANDO!!!NANDO!!
Ferdinando parou após o primeiro chamado. Virou –se para encontra-la vindo em sua direção.
Parecia um sonho e ele só acreditou quando ela se jogou em seus braços..como já havia feito diversas outras vezes.
–Gina...- ele suspirou o nome da esposa e afundou o rosto na curva do pescoço dela. – você lembrou não foi?
Ela se afastou e apenas o olhou nos olhos. Ainda havia confusão ali e ele odiou ter visto isso.
–Nando...não vá.- automático demais para ele...nervosismo demais para ela.
–Me diga por que ? Por que não posso voltar para guerra?
A ruiva estava surpresa com a pergunta. Esperava apenas que ele fizesse a sua vontade e voltasse para a segurança do esconderijo. Mas ele queria mais. Ele queria se certificar que ela não estava fazendo isso apenas para protege-lo.
*
Renato esperou ganhar um pouco de distância para poder se afastar e seguir para as Antas. O que ele não suspeitava era que mudanças estavam acontecendo dentro da ambulância a sua frente.
–Vira!- Felicia chamava o motorista da ambulância com uma voz preocupada.
–Sim
–Firmino esta sentindo muita dor. Você sabe onde estão os analgésicos?
–Infelizmente aqui na ambulância nos vai ter só os analgésicos injetáveis. Oce sabe...daqueles que a gente coloca no soro.
–Não. Não sei. La na vila nós não temos isso.
Os gritos do soldado ficaram mais altos e a voz de Felicia mais assustada.
–Calma Firmino!Nós ja vamos chegar.
Enquanto Vira e Felicia estavam conversando, o capitão, que estava no banco do carona, observava o desvio feito pelo médico pelo retrovisor da ambulância.
–Isso esta me cheirando a conspiração.
–O que disse?
–Nada soldado. Apenas que eu posso dirigir enquanto você aplica a medicação no menino.
–Mas oce ta machucado.
–Nada demais. Isso foi apenas uma pancada. Eu iria voltar para o fronte amanhã. Pode confiar. Eu assumo daqui.
–Se oce diz. Mas só enquanto eu faço o procedimento.
–Claro.
Eles trocaram de lugar e o capitão deu a volta com a ambulância , dessa vez, seguindo o médico.
*
Vamos Gina! Me diga! Me diga por que eu não posso ir pra Guerra?- os olhos dele suplicavam por uma resposta. A sua resposta. Aquela q ele ansiava tanto ouvir. As mãos estavam agarradas aos braços dela e ele a balançava como se a tentasse tirar de um transe. A moça o olhou ainda absorta na pergunta. Mas permaneceu muda. Eram mtas imagens se formando novamente. O rapaz não tolerou mais o silencio e se afastou. -Foi o que eu pensei...
Ele caminhou alguns passos até que ela se colocou na sua frente. O olhou intensamente e mergulhou em um beijo apaixonado. Diferentemente do beijo do dia anterior, o que se seguiu foi uma explosão de sentimentos adormecidos. E foi nesse momento que ela deixou todas as dúvidas para trás. Ainda não se lembrava de tudo, isso era verdade, mas o próprio corpo estava demonstrando para a mente o quanto Ferdinando esteve certo esse tempo todo. E ,quanto mais ela ela ficava perto dele, mas ela tinha certeza do que, o que sentia era realmente amor. Acreditava que estava completamente apaixonada pelo engenheiro, que teria sido capaz sim de tudo por ele. Ferdinando havia, de fato, conseguido conquista-la não só na vida que ela não se recordava direito, mas também nesta.
Eles pararam o beijo em busca de ar. E ela reparou em como os olhos dele piscavam e tentavam entender a realidade.
–Mas é um frangote mesmo…
Ele deixou uma lágrima escorrer.
–O que você disse?
E lá estava ela. Sorrindo, ainda que incerta, como se tivesse descoberto a verdade além de seus olhos.
–Oce não me vá arrepiar carrera agora frangotinho…não agora que eu to lembrando…ou vai?
–Menininha…?
Ela apenas sorriu e ele a abraçou mais uma vez.
–Eu te amo!! Eu te amo menininha!
Eles iriam se beijar mais uma vez quando uma voz conhecida os interrompeu.
–Que bom ver que vocês ja se entenderam.
Renato sorria ao flagrar os amigos no meio das declarações.
–Renato! Que faz por aqui! Como esta?
–Tudo bem meu amigo. Eu vim para leva-los para casa.
–É de vera isso?- a voz de Zelão chamou a atenção dos amigos. Ele e a esposa estavam logo atrás dos amigos. Ficaram com medo de que fizessem alguma besteira ou que alguma coisa acontecesse e seguiram o casal.
–Zelão, Juliana.
–Renato.. mais que boa notícia!
–Isso!Então vamos nós arrumar para partir.
Alegria e o alívio vieram em forma de uma avalanche de risos.
Gina e Ferdinando seguiam de mãos dadas um pouco mais na frente dos amigos. Não demorou para que apostassem corrida até a casa.
Juliana ia empurrando a cadeira do marido e Renato os acompanhava enquanto contavam o que aconteceu durante a noite passada.
–Isso é muito bom Zelão. Você sabe o que isso que dizer?
–Não me de falsas esperanças dotorzinho.
–Zelão!- a moça chamou atenção do marido.
–Tudo bem Juliana! Não são falsas esperanças Zelão. O caso é que o diagnostico não era definitivo. Eu não tenho como firmar um diagnóstico desses sem acompanhar o caso de perto e sem o equipamento necessário que eu só encontraria nos grandes hospitais da capital. O que aconteceu, provavelmente, foi apenas um trauma reversível na sua medula e não um permanente como havíamos pensado. Agora bastam alguns exercícios, um ambiente sem estresse e força de vontade para que você volte a andar.
–Você está falando sério Renato?
–Sim e também..- o médico não conseguiu terminar a frase. Uma voz ameaçadora o fez para de andar e temer o pior.
–Onde vocês pensam que estão indo? – o homem de farda apontava a pistola na direção dos três e parecia escolher quem iria atirar primeiro.
–Capitão Vieira...mais o que.. esta fazendo aqui?
–Ora...pegando alguns desertores pelo visto.
Renato olhou em volta e não achou Ferdinando. Na certa ele devia ter entrado antes do capitão aparecer.
–Mas do que esta falando?
–Eu conheço esse soldado. Não era você que estava na missão das antas com um tal de Napoleão e aquele moleque que não parava de perguntar?
–Giovane...esse era o nome dele!
–Tanto faz.- o capitão deu de ombros e se aproximou um passo dos alvos a sua frente.- me diga soldado...por que está escondido nessa cidade? Não..melhor...me diga doutor...como sabe disso? O que veio fazer aqui?
–Capitão...tenha calma. O soldado Zelão, como pode ver, não está em condições de voltar para o campo de batalha.
–MENTIRA!! Mentira! Por que eu devo acreditar em você doutor? Por que? Depois de me esconder isso...Por que eu deveria acreditar que esse homem não pode andar. Vamos soldado levante!
–Senhor eu ..eu não posso...
–Por favor capitão tenha piedade!Meu marido não pode andar!
–Ele não pode andar...então me diga..como você chegou até aqui? Me diga o que um soldado faz com sua esposa escondido nesse fim de mundo! Eu vou dizer o que acho! Eu acho que você – o capitão andava de um lado para o outro enquanto revezava a mira da arma...ora mirava Zelão,ora mirava Juliana e ora mirava Renato- Aproveitou pra fugir da guerra e veio se esconder com a sua concubina por aqui! Arranjou esse disfarce para não ser pego!Vocês estão traindo o país enquanto milhões de homens estão morrendo por ele! E você sabe o que eu penso sobre isso? Que vocês todos merecem morrer!
–Não! – Juliana soltou um grito quando ouviu o barulho da pistola sendo engatilhada.
–Você quer evitar isso soldado? – a atenção estava voltada para Zelão novamente.
–Sim!Por favor capitão!
Então saia dessa cadeira e volte comigo para o campo de batalha. AGORA!
–Mas capitão eu...
–Ou isso...ou eu mato a sua mulher.- e para o pesadelo de Zelão, agora a arma estava inteiramente focada em Juliana.
–Como médico, eu preciso dizer que isso não é possível capitão!
–Basta! Eu ja disse que em você eu não confio mais!Vamos soldado levante!VAMOS!MEXA-SE!
Zelão respirou fundo. Pediu com todas as forças para que as pernas o ajudassem como fizeram na noite passada.
–Minha paciência esta esgotando soldado! MEXA-SE!
As mãos do capataz tremeram e forçaram as pernas a saírem do encosto da cadeira. Em seguida, o corpo todo tremeu quando ele se apoiou na cadeira e se forçou a ficar de pé.
–Muito bem soldado. Agora caminhe até aqui. AGORA!
Zelão ja não sabia o que fazer. Todas as suas forças estavam sendo utilizadas para se manter em pé.
Foi quando Ferdinando e Gina saíram da casa e se depararam com a cena, que a paciência do capitão se dissipou deixando apenas a mente louca comandar o destino dos presentes.
Segundos e alguns gritos denunciaram a escolha feita pelo capitão.
–Zelão!Cuidado!
–Nando!
O que se ouviu a seguir foi apenas o som abafado de uma bala perfurando um corpo e encontrando abrigo dentro de um coração.


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Notas finais do capítulo

Sugestões? Aproveitem q esse foi o PENÚLTIMO CAP!! por favor n deixem de comentar!! n deixem essa história morrer assim..*.*



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