Eles tinham tido apenas uma briga, só uma briga. Todos os casais tinham brigas o tempo todo. Sakura e Naruto por exemplo, o loiro só apanhava, e tinha certeza que os socos que ele recebia não eram nenhum pouco fracos e mesmo assim ele estava lá sorrindo para Sakura o tempo todo. Agora com ela...

A jovem soltou um longo suspiro, se jogando no sofá, encostou os cotovelos em seus joelhos e inclinou o corpo, cobrindo os olhos com as mãos e o seu longo cabelo tão escuro quanto a noite cobriu a face que antes branca como nuvens agora estava vermelho como uma rosa.

- Uchiha idiota! – Ela gritou de raiva, tinha certeza que se ele estivesse no apartamento de cima iria ter escutado o grito.

Quanto tempo havia procurado ele após a briga? Sabia que a culpa não era apenas dela, mas também tinha noção que se dependesse dele nunca mais iriam se falar e ela não podia deixar o amor deles morrer por causa de uma briga idiota. Mas sabia que o que um não quer dois não faz.

Ela pensou mesmo que deveria ir atrás dele e resolver aquilo, ela tinha errado em pegar o celular dele e ele tinha errado em ficar dando trela a aquela garota enquanto ela estava com ele.

A morena jogou o corpo para trás com força, como se tivesse levado um choque ou um tiro, conforme as palavras dele iam invadindo sua mente pela memória: Hinata, eu não pedi pra ela mandar as fotos, ela mandou por livre e espontânea vontade.

Como ela havia ficado furiosa com aquelas palavras, e a expressão do moreno estava tranquila, como se ela estivesse perguntando as horas.

A Hyuuga simplesmente explodiu diante das palavras dele, disse coisas horríveis e ele conseguiu revidar em perfeita calma, o que a deixou mais magoada ainda, esperava ao menos que Sasuke se alterasse, mas nada conseguia afetar os Uchihas.

Jogando o corpo para o lado, deitou, o tronco inteiro no sofá de três lugares cor creme, e as penas dobradas para o lado de fora.

- Onde você está Sasuke? – Ela se perguntou com a voz morrendo e o rosto voltando a cor usual.

Agora que sentia realmente a ausência do namorado, sabia o quanto ele fazia falta, o perfume dele na casa já estava se esvaindo e aquilo apertava o coração dela.

E como um sinal de “bons tempos estão vindo” o celular dela tocou, toque de “vento”, era o que estava escrito no ringtone, e com o rosto corado, agora de alegria, ela se levantou e foi correndo até o pequeno aparelho branco.

- Alo? – A esperança era nítida na voz dela.

- Hinata – Não era uma pergunta, apenas uma confirmação pela voz apreensiva do outro lado da linha.

- Tenten? – A garota disse na dúvida.

- A Ino não está conseguindo tocar seu interfone, desce ai, ela está estacionada em frente à entrada do seu prédio.

Hinata apenas concordou, pegando a bolsa e calçando uma simples sapatilha, estava com roupas simples, havia ido mais cedo ao apartamento de cima para falar com Sasuke e nada.

O prédio era simples, apenas 3 andares e sem nenhum elevador, 3 pares de escada, 3 apartamentos por andar. Achava engraçado como o número 3 se repetia naquele “pequeno” espaço.

Se a última semana que passou a procura de Sasuke passou extremamente devagar, essa segunda semana, passou como uma agonia. Mesmo que não tenha vivido ela. Na sua mente tudo se passava como flash até ela chegar lá, olhando aquela pedra com gravuras.

A roupa preta dela balançava devido ao vento forte quase como chicote e deixava o rosto dela ainda mais branco. Tão branco que podia ser considerado azul. Não conseguia se focar em nada apenas com as imagens destes últimos sete dias: Ino a cumprimentando, ela entrando em um hospital, ela desmaiando, ela acordando com Tenten abraçada e tremendo ao seu corpo, Ino dizendo que tentou fazer o possível, Tenten pedindo perdão e por fim, a imagem de seu primo que tinha acabado de ir embora e estava sendo coberto.

As lagrimas que ela guardou durante todo o tempo que cuidou do velório e dos bens estavam saindo agora. Dois dias depois. Seu corpo tremia. Não culpava Tenten, não culpava Ino, culpava a vida que é mesmo frágil, uma bobagem, uma irrelevância diante a eternidade.

Deixou o conjunto de flores em cima do espaço que o corpo de Neji repousava e voltou para casa, já calma.

Subiu as escadas com calma, como se estivesse contando cada um dos degraus com um receio enorme de pular qualquer um.

- Hinata – A voz a surpreendeu, a tirou de seu pequeno mundo onde o mais distante era o próximo degrau.

- Sasuke – Ela receou em continuar andando. “2 semanas”. – Você deixou algumas roupas penduradas, mas foi muito pouco... Quase nada

O moreno se surpreendeu com a fala dela. Quando soube o que aconteceu ficou abismado, sem chão, sem ação, pensou em voltar no mesmo instante, pedir desculpas e dizer que ele estava lá. E depois o receio veio, ele tinha falado coisas horríveis para ela e ela também para ele, não sabia ao certo se tinha alguma coisa ali para ser salva, e quem diria que com as palavras de Naruto ele iria entender que ele estava errado e que aquela garota era tudo aquilo que ele precisava e que faltava.

Hinata abriu a porta e pegou as roupas de Sasuke já dobradas e lhe entregou.

- Hinata, escute... – Ele não podia aceitar aquelas roupas, não depois de tudo, depois de dois anos com ela, depois de todos os momentos bons, depois de tudo que ela deu pra ele, ela iria entender o que ele tinha para dizer, iria escutar, ele iria voltar para os braços dela e iria ajudar ela naquele momento em que ela precisava dele. – Eu sei que eu estou um pouco atrasado, mas ainda dá tempo, eu sei que eu estava errado e que você está certa em tudo o que tem para me dizer, mas eu sinto a sua falta e sabemos que a falta é a morte da esperança. Hinata, você é a minha esperança.

A morena olhou pra ele, o mesmo olhar doce de sempre.

- Você – A voz dela tremia um pouco, mas ela não gaguejava – fez falta essas semanas que eu fiquei te procurando e enquanto eu estava procurando algo que me desse força, notei algo que seria nítido até para uma criança, você, Sasuke, deixou muito pouco, quase nada. E eu preciso mais que isso.

E então pegando uma das mãos dele e estendendo pra frente, ela colocou aquelas 6 camisas e 2 calças, fechando a porta logo depois.