Eu estava perdido. Claro não como se eu não soubesse o que fazer, mas sim um perdido de não conseguir achar uma maneira de eu continuar ali mais um segundo sem agarrá-la. Desde que eu vi Caroline usando aquele maldito vestido minha maior vontade era de beijá-la, e por incrível que pareça eu tinha agüentado até agora, mas isso não iria durar muito.

Porque cada vez que ela chegava mais perto olhando firmemente para meus lábios, minha cabeça disparava pensando mil coisas totalmente sujas com ela, e isso me deixava um pouco assustado e bem, excitado também. Eu sentia ela pela primeira vez comigo, os olhos nos meus, sem viajar pra outro lugar ou sem pensar em outra coisa, era apenas eu e ela, e isso podia ser egoísta no estado em que o filho dela está, mas eu não conseguia pensar que algo tão bom poderia ser errado.

Ela nunca me pareceu mais acessível, na verdade acho que nunca estivemos tão perto antes, eu queria tanto sentir o gosto da boca dela que eu achava que iria explodir se não conseguisse, ela tomou impulso segurando na minha nuca. E foi...

Ou quase.

Por um maldito toque do celular eu não consegui beijar Caroline, ela voltou para o banco parecendo frustrada tanto quanto eu,e não isso não era possível, eu a queria muito e estava broxado demais pra ela chegar ao meu nível,ela só estava levemente frustrada, já eu, estava morrendo.

No final achei que Caroline jogaria o celular longe, mas na verdade ela apenas o atendeu com uma cara feia. E isso foi o estopim, estava bem claro que nada iria rolar naquela hora, então me joguei de volta no banco, bufando.

– Caralho.– Murmurei bem baixinho, quase apenas mexendo os lábios, eu tinha certeza que Caroline não tinha ouvido, ela estava envolvida de mais na conversa pelo celular. Pela pouca coisa que eu tinha ouvido – ou prestado atenção – era Stefan ligando e nesse momento eu tinha alguém pra matar, porra eu estava frustrado e puto.

Voltei a ouvir a conversa a tempo de ouvir ele perguntar se Caroline iria voltar logo,o desgraçado do friorento não tinha a porra da chave, e por um segundo eu senti raiva até mesmo da chave. Porque sério, será que ele não sabia fazer fogueira no asfalto? Ou melhor com a cabeça dele, claro que eu tinha que me lembrar do Chris.

E eu sentia dó do menino por estar preso com um caro tão burro, afinal pra começo de conversa ele não tinha casa não ? Porque tinha que levar Chris pra casa da Caroline ? E porque justo agora ? Eram tantas perguntas, mas eu ainda tinha que ligar o carro.

O que foi exatamente o que eu fiz, assim que liguei o carro sai da vaga e começamos a avançar pelas ruas.

Eu suspirava a cada esquina que passávamos pensando, nas diversas maneiras em que aquela noite poderia ter acabado se nós não tivéssemos sido interrompidos por aquele cabeçudo. Mas foi bem na virada de uma esquina, em que eu vi a coisa mais linda da minha vida.

Caroline brava, em um nível que beirava a vermelhidão. E mesmo assim, quase parecendo monstro assassino, ela ficava bonita, na verdade eu ainda vinha pensando em um único momento em que Caroline não foi bonita,provavelmente não existia, sei que isso soaria estranho, psicótico ou até gay, mas até quando Caroline chegou quase inconsciente no hospital ela estava linda, claro eu queria ter gritado com ela naquela hora, mas já estava cansado de tanto brigar com a cabeça dura.

Ela olhou pra mim e me viu sorrindo, e isso só aumentou sua raiva, e o meu sorriso também, eu adorava irritá-la é verdade, mas não é minha culpa se ela ficava tão linda quando isso acontecia.

– O que foi ? – Perguntou a raiva se arrastando por cada traço daquele rosto de boneca.Você aconteceu, eu queria ter gritado naquele momento, mas me limitei a uma resposta nem tão simples, mas bem mais romântica do que a outra opção.

– Nada, é só que eu achava que você era linda com vergonha, mas é porque eu ainda não tinha te visto brava.- Eu ri ,meus olhos brilhando, como quando uma criança ganha seu presente favorito, eu ainda não tinha ganhado Caroline, mas estava perto disso. Ainda dei uma piscadinha, aposto que ela nem notou, mas seu rosto ficou vermelho enquanto ela batia no meu braço, eu sei, nada seguro enquanto você está dirigindo, mas ela era tão fraquinha que meu braço quase nem se movia.- O que foi ?

– O que eu disse sobre flertar ?- Ela perguntou enquanto se encolhia mais ao banco,e eu pensei, na verdade era bem fácil, porque eu talvez tenha uma simples obsessão em guardar as falas de Caroline na minha cabeça, sua voz era tão linda que chegava a ser difícil se esquecer de alguma coisa que ela já tenha me dito.

– Na verdade, você disse que eu não poderia flertar com você quando estivéssemos perto de alguém, mas pelo que eu saiba estamos sozinhos.- Eu expliquei tirando os olhos da estrada por um segundo, para observar a loira ao meu lado toda encolhida em seu maravilhoso vestido roxo, procurei seus olhos e lhe dei um sorriso maroto.

– Idiota.- Ela resmungou com o cabelo loiro molhado se arrastando pelo vidro do carro.

– Menos que você pelo menos eu sou.- Eu disse rindo. Ela olhava pra mim, olhava todo o meu rosto, e eu me senti especial por isso, por merecer ser observado por ela. E isso só aumentou minha vontade de cuidar dela, de não deixar nada de mal acontecer com Caroline,e eu estava pronto pra ser cuidado, se é claro fosse por ela. Eu estava preparado pra deixar Hope ir, mas só conseguiria com ajuda de Caroline, só ela sabe o que eu passei. Porque só ela sabe o que é ter um filho condenado a morte.

Eu virei na esquina da casa dela, e estacionei atrás de um carro pequeno e preto.Caroline abriu a porta e pulou pra fora na direção de Stefan e Chris. Ela abriu a porta e para minha (in)felicidade tirou a chave de dentro do decote, não preciso nem dizer o que quase me ocorreu naquela hora, mas ereção no frio é foda. Tomei fôlego enquanto Stefan levava Chris pra dentro da casa quentinha.

Fui em direção a casa, e fiquei parado de frente a pequena escadinha, demorou um pouco, mas Care se virou pra mim.

– Então você está devidamente entregue.- Eu anunciei com um tom calmo, coloquei minhas mãos no bolso da jaqueta, porque se elas ficassem mais um pouquinho no frio acho que iria cair de tão geladas.

– É parece que estou.- Ela disse com sua voz doce, mexendo no vestido. Ela tremia enquanto falava.- Obrigada pelo encontro.

– Que nada, Foi um prazer comer pizza com você.- Como na primeira vez em que nos vimos, naquele dia no hospital, eu não agüentei vê-la tremendo, daquela vez eu tinha dado um cobertor, agora eu iria dar minha jaqueta.- Você está tremendo.- Tirei a jaqueta quentinha de mim, meu corpo reclamando, mas a coloquei em Caroline.

– Obrigada.Por tudo na verdade.- Ela disse com um fio de voz, enquanto eu fechava a jaqueta.

– Eu já disse que não foi nada.

– Ainda quer o sorvete ?- Ela perguntou com um tom travesso, e eu sorri. Ela era tão linda.

– É exatamente o que eu quero. Foi divertido.- Digo esfregando meus braços a procura de calor, no que eu fracassei miseravelmente.

– É deveríamos repetir mais vezes.- Ela disse um pouco tímida, e eu achei tão fofo.

– Eu pensei a mesma coisa, será que você...podia me dar o seu número pra...ah você sabe ?.- Eu perguntei e sim se quer saber eu estava com vergonha, mas não deixei de dar um sorriso, mesmo por menor que fosse. Caroline pareceu se animar.

– Claro, espere aqui que eu já volto.- Respondeu e logo em seguida saiu correndo eu direção a pequena casa. Ela apareceu de novo alguns minutos depois com um papelzinho nas mãos, e eu não cansava de comparar aquele pequeno papel, com um bilhete premiado da loteria. Ela sorriu e me entregou.

– Então eu te ligo.- Disse observando os números feitos a canetas, ela tinha feito um coração ao lado de Caroline e eu não pude achar menos adorável.

– Tudo bem, vou estar esperando. – Ela disse mordendo o lábio, e eu desejei fazer isso por ela, mas no momento não podia.

– E eu vou estar louco pra ligar.-Disse começando a ir em direção do carro.-Tchau Caroline, tenha uma boa noite.- Dei as costas a ela, pois eu precisava ir embora se não eu acabaria beijando ela ali mesmo, no frio, na calçada, onde for.

– Boa noite Klaus. – Ela gritou, parecia perdida, mas eu não iria questioná-la agora, porque eu também estava perdido.

Eu estava quase alcançando o carro quando ouvi Caroline me chamar, me virei preocupado, e a vi correndo em minha direção, com as lindas ondas loiras voando pelo vento, no começo não entendi o que ela iria fazer. Mas foi quando ela chegou que tudo mudou.

Caroline se jogou nos meu braços, segurando com força minha nuca, embrenhando seus pequenos dedos nos meus cabelos, enquanto eu agarrava sua cintura com força para não deixá-la cair. Seus lábios partiram pra cima dos meus, ela me puxava para um beijo e eu me deixei ser conduzido.