"Um beijo é um segredo que se diz na boca e não no ouvido."

– Jean Rostand

Tão perto. Tão quente. Eu já não conseguia mais dizer qual respiração era de quem, ele estava tão perto, vindo em minha direção com uma suavidade, uma leveza. Mas eu não sabia para onde olhar ,se era para os lindos olhos que me observavam atentamente tentando descobrir uma brecha, ou a boca rosada que vinha em minha direção. E eu queria, Oh Deus como eu queria, chegava a doer o quanto eu queria que ele me beijasse.

Klaus devia beijar tão bem, só pelo modo que ele mordia o lábio quando estava nervoso eu sabia que seria gostoso. E a cada centímetro que ele avançava meu coração perdia uma batida, e eu até chegava a duvidar que bateria novamente, mas quando ele mordia os lábios olhando descaradamente para minha boca, meu coração fazia questão de se aceleram novamente quase pulando pra fora.

Era viciante, o cheiro dele impregnado em todos os lugares, saindo pelo bancos do sofá, transbordando por suas roupas. Era delicioso, Klaus era muito cheiroso, e com certeza aquele cheiro não iria sair da minha cabeça tão cedo, e nem das minhas roupas, minhas não de Elena, mas eu daria um jeito de ficar com o vestido até o cheiro de Klaus saísse dele. Estávamos tão perto que a cada respiração nossos lábios se roçavam, me fazendo tremer, na expectativa de mais.

Foi ai que meu telefone tocou, e eu estava aponto de desligar ele e jogar no banco de trás, quando vi o nome Stefan brilhando na tela. Ele estava com o meu filho, então eu tinha a infeliz obrigação de o atender. Me distanciei um pouco de Klaus, que se jogou contra o banco suspirando, e atendi a chamada.

– Alô! Stefan ? Tudo bem ?- Eu perguntei preocupada, e pude ouvir duas respirações do outro lado, indicando que pelo menos os dois estavam ali.

– Care! Graças a Deus! Care, eu to sem chave e agora eu e o Chris estamos trancados do lado de fora te esperando abrir a porta. Você vai demorar muito ?- As palavras saíram tremidas, ele devia estar literalmente lá fora e com frio. Klaus suspirou,e acho que tinha ouvido o suficiente da conversa. E eu também suspirei, eu não queria ter parado, poderia estar beijando Klaus agora, mas eu precisava ser uma mãe melhor se não Enzo faria questão de acrescentar esse quesito a sua nada pequena lista de coisas que eu preciso e pretendo fazer.

– Claro! Claro! Como o Chris ta?- Eu estava preocupada, não seria bom Chris tomar essa chuva, mas eu tinha certeza que eles estavam esperando no terraço, Stefan não era burro o suficiente parar ficar com uma criança na chuva com o vento que estava lá fora. Klaus já tinha ligado o carro de novo e já estamos indo em direção de casa.

– Ta bem. Ele ta com o meu casaco na verdade.- Stef disse rindo, e eu pude respirar aliviada. Ele estava bem, pelo menos um pouco mais aquecido do que Stefan, e esse pensamento parecia me reconfortar um pouco.

– Vê se não morre congelado até chegarmos, viu?- Eu disse rindo, imaginando Chris coberto pelo grande casaco de Stef enquanto mesmo tremia de frio.

– Caroline querida, quando você vai entender que eu brilho, que eu sambo e humilho até você no frio.- Ele afinou a voz e depois disso caiu na gargalhada, isso tinha sido a frase mais idiota que ele já tinha me dito na vida, e isso incluía a festa de fim de ano em que ele estava bêbado e acabou paquerando uma moita do quintal de Lens.

– Bem que dizem que puta não sente frio. – Eu falei e já podia imaginar a cara de indignação de Stef. Klaus pegou a avenida e graças a chuva a estrada não estava tão movimentada, logo chegaríamos em casa.

– Vai se foder, Caroline! Que falta de respeito, eu sou um moço de família.- Ele gritou do outro lado da linha.- Também tchau. – E o desgraçado desligou. O desgraçado desligou na minha cara. Eu rosnei pro celular vendo Klaus dirigindo com um sorriso no rosto.

– O que foi ?- perguntei já irritada o suficiente.

– Nada, é só que eu achava que você era linda com vergonha, mas é que eu ainda não tinha te visto brava. – Ele riu me lançando uma piscada descarada, e eu estava tão surpresa que nem deu tempo de corar, eu já estava batendo em seu braço. – O que foi ?- Ele perguntou rindo.

– O que eu disse sobre flertar ?- A pergunta saiu enquanto eu me encolhia no banco do carro para ter um pouco mais de calor correndo por meu corpo.

– Na verdade, você disse que eu não poderia flertar com você quando estivéssemos perto de alguém, mas pelo que eu saiba estamos sozinhos.- Ele desviou a atenção da estrada por um breve momento para me olhar nos olhos, sorrindo malicioso. E pela primeira vez eu queria socá-lo depois é claro de ter dando um beijo nele.

– Idiota.- Eu resmunguei revirando os olhos.

– Menos que você pelo menos eu sou.- Ele disse mais uma vez rindo, dando um sorrisinho de lado repuxando o canto de sua bochecha formando uma covinha adorável. Ele virou a esquina da minha casa, e estacionou atrás do meu carro. E logo em seguida eu abri a porta correndo e apesar do frio absurdo , fui correndo até Chris e Stefan que estavam protegidos em baixo do terraço.

Stefan levantou na hora, e nem me deu tempo foi me empurrando em direção da porta, eu saquei a chave de dentro do meu decote e abri a porta, sendo empurrada de novo para o lado por Stef que carregava Chris para dentro, me deixando sozinha. Na verdade eu sabia que não estava sozinha, só me faltava forças para virar e encarar Klaus ali parado.

Eu sentia sua presença, e principalmente seu cheiro.

Ah o seu cheiro, Klaus cheirava a colônia masculina cara, tinha um toque amadeiro de fazer qualquer uma pirar, fora o seu cheiro natural que eu particularmente era fã.

– Então você está devidamente entregue.- Klaus disse em um tom manso, ele vinha até a beirada da escadinha e com as mãos dentro da jaqueta de couro que até a pouco tempo eu não tinha visto no carro, ele sorria pra mim como se aquilo fosse bem divertido e eu devo estar sério, apesar da tremedeira.

– É parece que estou.- Eu disse mexendo na bainha do meu vestido, Klaus deu um pequeno sorriso.- Obrigada pelo encontro.

– Que nada Caroline, foi um grande prazer comer pizza com você.- Ele disse brincalhão, e no instante seguinte ele estava abrindo sua jaqueta para colocar em mim.- Você está tremendo.- Ele justificou me cobrindo com peça.

– Obrigada. Por tudo na verdade.- Eu falei bem sincera descendo poucos degraus da pequena escadinha que ligava o terraço e o chão.

– Eu já disse que não foi nada.

– Ainda quer o sorvete ?- Perguntei com um tom travesso, não contendo o sorriso bobo que aparecia.

– É exatamente o que eu quero. Foi bem divertido.- Ele disse tentando se aquecer com os braços.

– Sim, devíamos repetir mais vezes.- Eu não conseguia conter mais o sorriso , apesar do frio eu me sentia aquecida por dentro, fora o fato do cheiro de Klaus impregnado na jaqueta estar me rodeando.

– Eu pensei a mesma coisa, será que você...podia me dar o seu número pra...ah você sabe ?.- Klaus queria o meu telefone e estava morrendo de vergonha, eu podia ver sua bochechas ficaram tão vermelhas que pareciam duas maçãs, talvez fosse o frio, mas a voz falhando dele entregava tudo.

– Claro, espere aqui que eu já volto.- Eu corri pra dentro e rasguei um pedaço de papel de primeira folha que vi na frente, e com uma caneta qualquer rabisquei meu número ali, e voltei até Klaus entregando na mão dele o número do telefone.

– Então eu te ligo.- Ele disse segurando o papelzinho firme.

– Tudo bem, vou estar esperando. – Eu disse mordendo o lábio inferior.

– E eu vou estar louco pra ligar.- Ele disse já se afastando um pouco.- Tchau Caroline, tenha uma boa noite.- Ele disse virando completamente e indo em direção do seu carro.

– Boa noite Klaus. – Eu gritei e quando ele já estava na metade de seu caminho.

Ele estava se afastando e iria embora, eu sabia que deveria fazer aquilo por nós dois, então eu apenas fiz o que todos tanto me disseram pra fazer. Não pensei.

Eu apenas fui correndo no meio da ventarola, nem me importando se iria acabar com os saltos de Bon , ou se Elena ficaria furiosa quando entregasse o vestido. Eu apenas corri em direção dele, o chamando e quando ele finalmente me ouvia e se virou, eu apenas apertei o passo e me joguei em seus braços.

E como eu tanto quis fazer mais cedo colei nossos lábios deliciosamente.