Para Sempre Te Amarei escrita por KayDream, Fewioho


Capítulo 34
Capítulo 34 - Conversa entre amigos


Notas iniciais do capítulo

Gente, eu sei que esse foi o capítulo mais demorado de todos, nem sei se ainda vai ter alguém para ler. Eu quero pedir desculpas por essa mega demora, é que esses últimos dias foram MUITO cheios para mim. Espero que entendam.



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Já tinham passado alguns minutos em que Marie estava sentada no sofá, segurando uma cópia do último jornal da escola.  Ela ficava olhando para a capa e vendo o título “A vida do representante com seu pai agressor” e aquilo a deixava nervosa. Em baixo do título da matéria havia uma foto de Nathaniel, ele estava lendo um livro com uma extrema concentração. Marie imaginou que fosse algum romance policial, já que é seu estilo de livro preferido. Sem perceber, ela estava sorrindo olhando para aquela foto, se divertia tentando adivinhar qual livro era e se encantava com a concentração em seu olhar.

Depois de tanto tempo enrolando, decide começar a ler a matéria.

“Às vezes olhamos para algumas pessoas e só conseguimos pensar o quanto a vida delas deve ser perfeita e desejamos ser, nem que seja só por um minuto, como elas. Afinal, somos ingênuos e julgamos apenas pelo que conseguimos enxergar, sem perceber que, na maioria dos casos, o que conseguimos ver é muito superficial e a aparente vida dos sonhos pode ser um pesadelo. Esse é o caso de Nathaniel, o representante de turma exemplar. Um garoto bonito, inteligente e gentil, mas que por trás de todas essas qualidades esconde uma vida muito sofrida. Nathaniel apareceu recentemente no colégio com uma enorme marca roxa em seu olho esquerdo e, segundo uma fonte anônima, o responsável pela ferida é seu pai. Nathaniel vêm sofrendo constantes agressões físicas por parte de seu pai. O caso é tão grave que, especula-se, que o pai de Nathaniel pode ser preso.”

Marie fica chocada ao ler a matéria. Pelo título ela sabia do conteúdo do jornal, mas mesmo assim era difícil saber que algo tão pessoal da vida de seu amado agora estava circulando pelas mãos de todos da sua escola.

Primeiro ela tentou pensar em quem teria contado isso a Peggy, pensou que Ambre pudesse ter contado para uma de suas amigas, que contou para o jornal. Porém, Ambre estava tão preocupada com toda essa história, que seria até difícil imaginá-la contando para alguém. Logo Marie desistiu de tentar achar o culpado, não adiantaria de nada.

Marie amassou o jornal com muita brutalidade e o jogou no chão com irá. Ela começou a chorar, não queria fazer isso, mas não conseguiu conter suas lágrimas. Dentro de si havia um misto de sentimentos. Sentia raiva! Dela por ter contado ao seu pai, da Peggy por ter publicado, de Francis por toda dor que ele causou. Sentia culpa por tudo de ruim que estava acontecendo e, principalmente, tristeza. Não se importaria que Nathaniel nunca mais falasse com ela, mas queria que tudo na vida dele voltasse ao normal, pois apesar de ruim como estava, Marie julgava que agora estava muito pior. Apesar do ódio que sentia por Francis, sabia que Nathaniel se importa muito com ele e sem ele e Lúcia, Nathaniel e Ambre estriam jogados a sorte. Não queria que ele fosse preso, pois mesmo sendo um pai tão monstruoso, não imaginava como ficaria Nathaniel caso uma prisão fosse decretada.

Marie ouviu alguns passos vindo em sua direção, então tratou de secar suas lágrimas e abaixar seu rosto na tentativa de que não a vissem naquele estado.

—Marie, você lembra onde eu guardei a chave dos fundos? – Perguntou seu pai.

—Não! – Marie disse, sem olhar para Phillipe.

Phillipe vê o jornal amassado no chão e se incomoda com aquilo, então vai em direção a ele pegá-lo.  Marie fica aflita ao ver o jornal nas mãos de seu pai, torcendo para que ele não o abrisse.  

—Pai... – Chama Marie, sem saber o que dizer.

Phillipe olha para a filha e vê seus olhos vermelhos de quem acabou de chorar, o que o preocupa.

—Marie, está tudo bem? – Philippe pergunta com uma voz cautelosa.

—Está! – Marie esboça um sorriso forçado. – Deixa eu jogar esse jornal fora para você.

—Marie ia pegar o jornal das mãos de seu pai, mas ele afasta um pouco.

— Eu pretendia ler... – Phillipe começa a abrir o jornal. – Tem certeza que está tudo bem?

Phillipe abre e se depara com o título da matéria que diz respeito à Nathaniel.

—É só o jornal da escola, não tem nada que preste.

Marie olha para a cara de seu pai, que estava com a expressão muito centrada ao ler o jornal, então ela percebe que ele já viu a notícia.

—Como isso foi parar no jornal da Sweet Amoris? – Phillipe pergunta em um tom de extrema preocupação, mostrando o jornal a Marie.

—Eu não faço ideia...

Pai e filha ficam se olhando por um tempo, sem saber o que dizer.

—Pai, eu posso te pedir um favor?

—O que?

Marie pensa um pouco antes de falar.

—O Nathaniel não quer mais falar comigo e eu não acho que vá falar tão cedo, ele está com muita raiva, me culpando por tudo o que aconteceu. – Marie fala com um pouco de timidez.

—Eu sinto muito, Marie. Mas a culpa não é sua! Quando o Nathaniel perceber isso vocês vão ficar bem. – Phillipe fala de um jeito bondoso, tentando passar segurança para a filha, mas não tinha tanta certeza do que ele falou. Sabia que tudo o que estava acontecendo entre Marie e Nathaniel era bem mais do que uma simples briguinha de adolescentes.

—Mas enquanto não ficamos... –Marie não conseguia acreditar que iriam ficar bem – Você pode falar com ele? –Marie pergunta com muito receio. Phillipe fica surpreso.

—O que você quer que eu fale com ele?

—Nada demais, só pergunta como ele está, se precisa de alguma ajuda... Ele está bem sozinho esses dias, não tem muitos amigos, sempre foi mais de estudar do que se socializar.A Ambre com certeza só fala com ele para atacá-lo e agora que todo mundo sabe o que aconteceu, ele com certeza vai se afastar ainda mais das pessoas da escola. Ele tem estado bem sozinho esses dias, acho que seria bom alguém para conversar. – Marie se entristece ao pensar em como Nathaniel deve estar se sentindo solitário.

—E você acha que ele gostaria de me ter como um amigo? Ele deve me culpar pelos estresses ocorridos ultimamente. - Apesar de Phillipe ter gostado da ideia da filha, não imaginou que Nathaniel gostaria de falar sobre seus problemas com ele.

—Ele não te culpa, ele só me culpa por tudo. – Marie se entristece ao admitir. –Pode ser uma ideia boba, mas talvez o ajude de alguma forma.

Phillipe pensa um pouco.

—Tudo bem, eu irei falar com ele.

...

No dia seguinte.

Era a hora do intervalo. Nathaniel estava sentado em um banco no pátio, tentando estudar um pouco, mas não conseguia. Sempre que alguém passava por ele o olhava de uma maneira estranha, como se estivesse com pena, e viu várias pessoas cochichando com os amigos e sempre imaginava que era algo sobre a matéria no jornal da escola.

—Nathaniel!

Alguém o chama, então o garoto olha para trás e surpreende-se ao ver Phillipe.

—Ola... Está procurando a Marie? – Nathaniel não sabia direito como agir.

—Não, eu queria conversar com você. – Phillipe fala com receio do que Nathaniel possa pensar.

Nathaniel fica muito surpreso e aflito ao mesmo tempo.

—C-comigo?

—Sim, é... Eu sei que a situação está muito difícil tanto em sua casa quanto aqui em sua escola. Bom, eu queria saber como você está se sentindo diante a todos os recentes acontecimentos, se precisa de alguma ajuda... – Phillipe fica um pouco sem graça ao perguntar isso, tinha medo de parecer intrometido demais.

Nathaniel não sabia o que falar e nem se queria falar.

—E-eu estou bem... – Por um lado ele queria desabafar um pouco sobre seus problemas, mas depois de tudo, não sabia se o convinha fazer isso.

—Eu sei que as coisas dentro de sua casa estão bastante tensas. Não acha que faria bem contar a alguém todos os seus problemas? Não faz bem guardar tudo isso apenas para você.

Nathaniel pensa um pouco e vê que Phillipe tem razão. Por mais estranho que o pareça contar tudo para Phillipe, não tinha nada a temer, não havia nada de tão sério que ele já não soubesse.

—Talvez seja... Não há nada demais que o senhor não saiba mesmo... – Nathaniel sente-se inseguro. Por mais estranho que fosse conversar com Philipe sobre os seus problemas, como se fossem amigos, ele estava cansado de guardar tudo para si. Sabia que o faria bem desabafar e o que não havia nada de tão grave que ele já não soubesse.

—Bom, eu não sei como você está se sentindo. – Phillipe olha para Nathaniel de um jeito sereno, querendo transmitir confiança a Nathaniel.

Ele sentia-se estranho.Quando chegou a Sweet Amoris não sabia se era uma boa ideia conversar com Nathaniel, estava fazendo isso mais para acalmar a filha, mas agora, sentia que estava fazendo o que é certo. Olhava para Nathaniel e conseguia ver um pedido de socorro, de um menino que estava cansado do desprezo de seu pai e adoraria poder fugir um pouco dessa realidade.

Nathaniel desvia o olhar do de Phillipe e olha para o chão, pensando um pouco se deveria contar tudo o que sempre tentou guardar para si. Naquele momento, pensando em tudo o que Phillipe e todos de sua escola já sabiam, julgou que não faria mal colocar para fora tudo o que estava sentindo, mas dessa vez com sinceridade, sem tentar ocultar seus sentimentos.

—É péssimo, sempre foi! Mas agora que a bomba explodiu e todos sabem, parece que ficou muito pior. Dá vontade de fugir de tudo, mas não é como se eu tivesse para onde fugir. – Soltar aquelas palavras foram como tirar um grande peso dos ombros de Nathaniel. Era inexplicavelmente bom poder ser sincero consigo e não fingir que está tudo bem, quando nunca esteve.

—Você vai ter que ser forte. – Phillipe adoraria dizer algo mais efetivo, mas não fazia ideia de como é está na pele de Nathaniel.

—Eu estou sendo faz muito tempo, mas... Nada muda!

—Quando isso tudo começou?

 -Depois que o meu pai passou a amar mais o status do que a mim... – Nathaniel se entristece um pouco a falar. –Até uns doze anos eu era um pouco rebelde, não queria estudar e vivia implicando com a minha irmã e aprontando todas com ela. Antes o meu pai não ligava muito para isso, ele estava muito ocupado cuidando dos negócios. Quando eu tinha uns 11 anos meu pai começou a visitar a casa de muitos empresários que queriam fechar acordos com ele, muitos deles marcavam almoços entre as famílias, acho que era uma forma de querer conhecer melhor com qual tipo de pessoa estavam se envolvendo. Daí meu pai começou a cobrar um melhor comportamento meu. Já no primeiro jantar eu não tive os melhores modos e chegando em casa ele gritou muito comigo, dizendo o quanto eu era um imbecil por agir daquele jeito e que as coisas iriam mudar, eu me assustei muito, ele nunca foi do tipo amoroso, mas era bem indiferente, nunca tinha brigado tanto comigo. Apesar disso, eu não tinha mudado muito o meu comportamento, estava me portando melhor nos jantares, mas continuava implicando com a minha irmã, até que o meu pai começou ameaçar que se eu continuasse a tratando daquela forma, me daria uma grande surra, daí eu fui parando. Meu pai começou a tratá-la diferente de como me tratava. Ela era a boa menina e eu o rebelde. Acho que foi uma forma de me punir e dizer o quanto um mau criado como eu não merecia nada de bom. Quando eu tinha doze anos, teve outro jantar em família sobre negócios, dessa vez na minha casa, o aniversário foi no mesmo dia do aniversário de um homem com quem meu pai queria fechar um contrato importante. Meu pai quis fazer uma surpresa e havia comprado um bolo para comemorar.  Ele me pediu para pegar o bolo na geladeira e o trazer até a mesa, quando eu estava chegando perto da mesa acabei tropeçando em um pano que estava caído no chão e derrubei o bolo. Meu pai ficou furioso, e gritou comigo, mas como estava muita gente em casa se acalmou por um tempo, mas quando o empresário e sua família foram embora, meu pai pediu para eu subir para o quarto e logo depois apareceu por lá e trancou a porta. Ele apareceu com um sinto, começou a gritar muito comigo, depois pediu para que eu tirasse a camisa e começou a bater muito nas minhas costas e dizia que se eu não começasse a me comportar direito isso aconteceria muito mais. Depois disso eu mudei muito o meu jeito e tentava sempre ser o melhor tipo de filho para o meu pai. Acho que ele sentiu que toda essa mudança foi graças à surra que ele tinha me dado, então daí em diante sempre que eu fazia alguma coisa que ele julgasse errado, ele me batia. – Contou Nathaniel, tentando não passar tanta tristeza como realmente sentia. Foi difícil revelar tudo aquilo, mas ao mesmo tempo foi muito bom finalmente desabafar, o deu uma sensação de alívio.

Phillipe o olhava com tristeza. Era duro saber que um garoto tão bom e tão novo passava por tudo isso dentro de sua casa. Depois de tudo o que ouviu, queria mais do que nunca que o Nathaniel o visse como um amigo, e, principalmente, queria pensar em algum jeito de ajudá-lo.

—Eu lamento muito, você não deveria estar passando por isso. Você é um garoto ótimo e tudo o que está acontecendo não é justo! – Philippe passa muita sinceridade no olhar.

Por mais que as palavras de Philippe fossem poucas, foram suficientes para fazê-lo concordar, ele realmente não merecia.

—O lado bom é que eu falei com os meus pais e eles decidiram que a melhor maneira de acalmar a confusão com a justiça seria me emancipando e já conseguiram na justiça que isso acontecesse, agora eu vou morar sozinho, só estão procurando um apartamento para eu morar. Mas enquanto não achamos, o jeito é aturar o terror que está sendo lá em casa.

—Está tão difícil assim?

—Está... – Nathaniel admite com tristeza. – Ele não me bate, acho que por medo, já que a polícia está no pé dele, mas... As coisas estão bem piores do que quando me batia. O desprezo aumentou muito e o jeito como ele me olha é assustador! É como se ele preferisse que eu nunca tivesse nascido e que eu fosse só um incomodo na vida dele. Além disso, minha mãe fica me culpando por tudo e defendendo meu pai, e sempre que a Ambre tem oportunidade ela está me ofendendo e dizendo o quanto eu sou um imbecil. – Contar tudo isso para Phillipe foi estranho. Ele lembrava de que tinha sido ele a fazer a denuncia e acabava o culpando por parte daquilo, mesmo assim foi bom. É estranho o sentimento tinha, apesar de tudo, sentia que não havia ninguém melhor para que ele contasse tudo o que estava passando.

*O sinal anunciando o fim do intervalo toca*

Phillipe pega um papel em seu bolso e entrega para Nathaniel.

—É o meu número, se precisar de qualquer coisa pode contar comigo! – Phillipe falou com extrema sinceridade, querendo muito fazer algo por Nathaniel.

—Obrigado! – Nathaniel pega o papel e se retira da presença de Phillipe, se sentindo aliviado em poder ter colocado um pouco do que sentia para fora.


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