O eram quatro e meia da manhã. O despertador de Marie estava apitando, ela logo o desligou e ficou mais cinco minutos deitada. Depois criou coragem para se levantar da cama, escovou os dentes, vestiu a primeira roupa que encontrou no armário e foi acordar Plume.

–Acorda! – Marie balançou um pouquinho a cabeça do gato que acordou, a olhou e depois voltou a dormir.

–Eu sei que é difícil acordar a essa hora, mas acredite em mim, não vai querer perder o nascer do sol. – Marie colocou o gato no colo e em silencio os dois saíram de casa.

Marie havia acordado duas da manhã do nada, depois tentou fechar os olhos e voltar a dormir, mas enquanto não pegava no sono ficava lembrando-se dos bons momentos de sua infância em Le Havre, entre eles estava ver o nascer do sol da praia, então colocou seu despertador e decidiu que depois de muitos anos iria voltar a desfrutar daquela linda visão.

...

Depois de alguns minutos caminhando, os dois chegaram à praia. O sol ainda não tinha nascido então Marie colocou Plume no chão, tirou seus sapatos e começou a andar pela areia. Enquanto andava, lembrar-se de quando era uma criança e ficava correndo e brincando nessa praia com os seus amigos e, sem perceber, um sorriso acabou tomando conta de seu rosto.

Ela se lembra de uma árvore que ficava naquela praia em que seu amigo Viktor escreveu o nome dos dois quando eles eram crianças, então foi procurar por ela e, para sua grata surpresa, a achou, e ainda estava com o nome dos dois escrito.

–Não acredito que ainda está aqui. – Marie fala para si, dando um largo sorriso. Ela passa a mão na árvore e começa a lembrar do dia em aquilo foi escrito.

–Inicio do flashback-

Dez anos atrás...

Era sábado, Marie e sua família estavam em Le Havre, todo o final de semana eles iam para lá.

Marie estava sentada na areia construindo um Castelo.

–Mãe, terminei! – Grita Marie. Ela olha para trás e não encontra seus pais, então decide dar uma volta pela praia para procurá-los.

De repente, Marie avista três meninos jogando futebol; um loiro, um ruivo e um moreno; ela acha aquilo bastante divertido e corre em direção a eles para pedir para brincar.

–Eu posso jogar com vocês? – Pergunta Marie, bastante animada.

–Não! Meninas não jogam futebol. – Diz um garoto loiro, com bastante marra.

–Eu sei jogar muito bem! – Marie fica irritada e grita com ele.

–Nenhuma menina sabe jogar futebol, só brincar de casinha. – O menino ruivo aparece e começa a rir da cara de Marie, enquanto o menino moreno, que também estava participando do jogo, fica quieto só observando.

–Vocês são uns idiotas! – Marie cruza os braços, abaixa a cabeça e começa a chorar. O menino moreno, que estava observando, fica com pena e vai em direção a ela.

–Você pode jogar comigo se quiser. – Diz o menino, com um sorriso.

–Sério? – Marie enxuga as lágrimas e olha para o menino com desconfiança.

–Aposto que você é muito boa.

–Nenhuma menina é boa no futebol! - Diz o menino loiro, o ruivo concorda com a cabeça.

–Aposto que eu sou melhor do que você! – Marie fala com raiva e encara o menino loiro.

–Ninguém é melhor do que eu! – O menino loiro diz com soberba.

–Eu sou! você joga futebol pior do que uma menina. – Marie dá um sorrisinho, Viktor ri.

–Cala a boca! – O menino loiro empurra Marie e ela acaba caindo, então começa a chorar.

–Bem feito! – Diz o menino ruivo, que ri e bate na mão do amigo.

–O garoto moreno fica irritado com aquilo, então pega a bola e joga na cabeça do loiro.

–Ai! – Diz o loiro, fazendo cara de dor. Marie ri.

–Por que você fez isso? – Pergunta o ruivo, com indignação.

–Porque você empurrou minha amiga!

–O Viktor é amigo de uma garota. – O garoto loiro diz para o ruivo e os dois começam a rir. -Aposto que ele brinca de boneca.

–Brincar de boneca é legal, ta? – Diz Marie com irritação.

–Já que você é um traidor que prefere meninas, você não brinca mais de futebol. – Diz o loiro, pegando a bola e, junto com o ruivo, saindo de perto dos dois.

–Eu não queria brincar mais mesmo. -Diz Viktor, não ligando para os amigos. – Você está bem? – Viktor estende as mãos para Marie e a ajuda a levantar.

–Estou! – Marie responde com um sorriso tímido, pois tinha se encantado com Viktor. –Você é meu super herói!

–Não sou não, heróis usam capas, eu só defendi minha amiga.

–Eu só tenho um amigo menino, o Castiel, mas ele não é um herói como você.

–Você é minha primeira amiga menina. – Viktor fica um pouco vermelho.

–Seu nome é Viktor?

–É! Qual é o seu? – Pergunta com simpatia.

–Marie.

–Eu tenho nove anos e você? – Pergunta Viktor.

–Eu tenho sete.

–Por isso você é baixinha. – Viktor fala surpreso.

–Eu sou muito alta para minha idade. – Marie fala com irritação e firmeza.

–Desculpa, eu não queria ser como os garotos idiotas. – Viktor fica envergonhado e abaixa a cabeça.

–Você não é idiota, é meu amigo! – Marie sorri para Viktor.

–Minha mãe diz que eu nunca posso magoar uma garota. – Diz Viktor, enquanto pega um pedaço de vidro que achou no chão.

–Não devia mexer nisso, meus pais dizem que é perigoso. – Marie fica aflita.

– Relaxa, eu estou acostumado. – Viktor usa o pedaço de vidro para escrever em um coqueiro. Enquanto ele escreve, Marie o observa curiosamente.

–Pronto! – Diz Viktor, saindo da frente da árvore para Marie poder ver o que ele escreveu.

–Marie e Viktor. – Marie lê com um pouco de dificuldade.

–Agora que eu escrevi nossos nomes, podemos ser amigos para sempre. – Viktor sorri para Marie, que o abraça.

–Fim do flashback-

–Sinto sua falta meu super herói. – Diz Marie com um sorriso bobo, enquanto passa a mão na árvore.

Ela olha para outra direção e vê o lindo nascer do sol, o que a deixa radiante.

–Viu Plume, eu disse que ia valer à pena! – Marie olha para o gato que estava deitado na areia e não muito interessado, depois volta a olhar para o sol com encanto.

Depois de cinco minutos Marie e Plume voltam para casa.

...

Era uma hora da tarde. Na Sweet amoris, a aula havia acabado de terminar.

Castiel e Marie estavam caminhando juntos até o portão de saída.

–Foi difícil me segurar para não dormir nessa aula. – Diz Marie para Castiel, enquanto boceja.

–Achei que gostasse de biologia. – Diz Castiel.

–Eu gosto, mas hoje eu acordei bem mais cedo para poder ver o nascer do sol, então estou morrendo de sono.

–Que perda de tempo! Se quer ver o nascer do sol é só procurar no youtube. – Castiel olha para Marie como se ela fosse uma idiota.

–Eu realmente não sei como ainda sou sua amiga. – Marie encara Castiel com desprezo.

–Deve ser pouca do meu charme. – Castiel da um sorriso e passa as mãos no cabelo. Marie ri.

–Oi gatinho. – Debrah dá um beijo em Castiel, o que surpreende Marie.

–Debrah? – Questiona Marie, com cara de espanto, pois não achou que fosse revê-la. Debrah para de beijar Castiel e olha para Marie.

–Oi, eu lembro de você... Maria? – Pergunta Debrah, com um grande sorriso.

–Marie. – Marie dá um sorriso tímido e incomodo.

–Desculpa, é que faz tanto tempo. – Debrah fica envergonhada.

–Tudo bem! Bom, eu já vou. – Marie sai.

–Tchau! – Debrah acena para Marie.

–Achei que não falasse mais com essa sonsa. – Debrah olha para Castiel com cara de poucos amigos.

–Cuida da sua vida! – Castiel olha para Debrah com desprezo.

–Gentil...

–O que você veio fazer aqui?

–Te visitar meu lindo. – Debrah acaricia o rosto de Castiel, ele fica sem paciência.

–Vai ficar com todo esse grude agora?

–Eu não posso sentir falta do meu namorado? – Debrah pergunta com ironia.

–Ele é corno? Está o traindo comigo? Que eu saiba nós não estamos namorando. – Castiel dá um sorriso sínico para Debrah.

–Por enquanto! – Debrah dá um selinho em Castiel e sai da presença do garoto.

–Louca! – Pensa Castiel, que sai da escola para voltar ao seu apartamento.

–Debrah começa a andar pela escola. Ela entra na sala dos representantes e encontra Nathaniel, que estava distraído com um livro.

–Quanto tempo! – Debrah dá um sorriso para Nathaniel. Nathaniel fica bastante espantado ao revê-la.

–Está fazendo o que aqui? – Nathaniel pergunta com impaciência.

–Só dando uma voltinha.

–Você voltou a estudar aqui? – Nathaniel pergunta com aflição.

–Não, também não pretendo. – Debrah começa a mexer em um globo que fica em cima da mesa de Nathaniel.

–Ótimo! - Nathaniel fica aliviado.

–Também gosto de você! – Debrah dá um sorriso irônico.

–Eu não quero problemas. - Nathaniel encara Debrah com seriedade.

–Ainda guarda mágoas?

–Não, só que eu sei que você só trás confusão, então me deixa quieto. – Nathaniel arruma sua mochila.

–Eu não tenho culpa de me sentir atraída por você, é o garoto mais bonito dessa escola. – Debrah se aproxima de Nathaniel e começa a acariciar seus cabelos, o que o deixa incomodado e o faz dar um passo para trás.

–Eu já vou! – Nathaniel pega sua mochila e sai da sala dos representantes, deixando Debrah sozinha.

–Adoro esse jeitinho idiota dele. – Pensa Debrah, quanto dá um sorriso perverso. –Acho que seria divertido fazer mais visitas a essa escola.