Fugitivo escrita por Principessa


Capítulo 1
Parte Um - O Fugitivo


Notas iniciais do capítulo

Oi pra você que está lendo.

Eu escrevi essa fanfic meio que in loco, numas duas madrugadas, quase sem revisar e até que o resultado saiu bem decente. Mas no fim eu precisava escrever alguma coisa sobre BH6, antes que eu explodisse em mágoa XD

Toda a fic é ligeiramente inspirada na música "Dark Paradise", da Lana del Rey. Eu recomendo que a ouça enquanto lê a história, ou, se não quiser, que pelo menos dê uma olhadinha na letra: http://letras.mus.br/lana-del-rey/dark-paradie/traducao.html

Boa leitura ^-^



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Fugitivo

Parte Um – O Fugitivo

Hiro Hamada

Abri os olhos com dificuldade. Segundo o despertador, eram duas e vinte da manhã, e eu estava sozinho em meu quarto. Tadashi não estava deitado na sua cama. Não parecia estar em lugar algum. Por um momento, me desesperei, pois não era do feitio do meu irmão sair no meio da noite. Subitamente, minha mente clareou, e eu me lembrei do paradeiro do meu irmão.

Dar de cara com a realidade não trouxe nenhum alívio, apenas lágrimas.

Tadashi se foi. Com apenas vinte anos, meu irmão estava morto.

Não era minha primeira experiência de luto. Quando eu tinha três anos, meus pais precisavam viajar a trabalho, e decidiram ir de avião. O avião caiu, nenhum dos passageiros sobreviveu. Algumas semanas depois, minha avó materna teve uma parada cardíaca. Foi para o hospital, e não saiu de lá respirando.

E Tadashi? Entrou em um edifício em chamas, com o intuito de salvar seu mentor, o professor Calaghan. O prédio explodiu, arrancando não só sua vida, seus sonhos, seu futuro promissor, mas também uma parte de mim.

Nas duas primeiras semanas depois do acidente, algumas dezenas de parentes e amigos me disseram as mesmas duas frases: “Eventualmente você vai superar” e “Tadashi ainda está aqui”. Todos que me disseram isso tinham as melhores intenções, mas, honestamente, isso não fazia com que eu me sentisse melhor.

Tia Cass foi a única que não falou nenhuma das duas frases. Ela entendia a dificuldade em superar a perda e seguir em frente. Já tinha passado por isso, quando minha mãe morreu, há onze anos, e hoje em dia ainda sofria as sequelas, usando a comida como válvula de escape para o estresse.

Desde a morte de Tadashi, manter minha cabeça ocupada tornara-se prioridade. Matriculei-me na faculdade, que por si só já ocuparia grande parte do meu dia. Participava não só das aulas, mas também das exposições, seminários, ou qualquer outra atividade que o campus promovesse. Além disso, passei a ajudar tia Cass com o café em meu escasso tempo livre. E ainda eventualmente fazia uns “bicos” como super-herói, ao lado de cinco grandes amigos – entre os quais estava Baymax, o robô-enfermeiro que Tadashi havia criado, e que eu aprimorei.

Todos diziam que eu estava lidando muito bem com a situação toda. Insistiam que eu estava, afinal, “seguindo em frente”. Sempre que alguém me dizia isso, eu dava um sorriso amarelo e mudava de assunto. Porque eu sabia que não era verdade.

O que eu estava fazendo não era seguir em frente. Eu estava estagnado no ponto em que Tadashi se foi, acorrentado àquele momento. Estava vivendo, mas sem de fato progredir. Acho que o luto é assim. Nunca saímos do lugar, apenas fingimos correr, na tola esperança de que a dor não nos alcance. O problema de não sair do lugar é que a dor sempre vai alcançar você.

E havia outro empecilho em meu luto: mesmo se eu pudesse aceitar com serenidade o fato de que Tadashi estava morto, eu não queria fazê-lo... Se seguir em frente significava deixar o passado para trás, focar somente no futuro, então eu preferia permanecer no desespero eterno. Antes isso do que eventualmente acabar esquecendo de Tadashi.

Meus olhos ardiam de tanto chorar. Decidi que, naquele momento, o melhor a fazer era dormir, mesmo que agora eu duvidasse ser capaz disso. Rolei um pouco para a direita na cama, e acabei caindo no chão.

Espetacular. Para coroar essa noite horrível, eu acabara de cair na cama, como uma criança após um pesadelo.

Involuntariamente, gemi de dor. De repente, ouvi um bip seguido do som de um grande balão inflando. Quase me esquecera de que Baymax era ativado por interjeições de dor. O robô caminhou até mim, e começou a falar:

— Olá, Hiro. Qual é o problema? — ele perguntou, ao que eu dei de ombros.

— Não foi nada, Baymax. Eu só caí da cama. —respondi, tentando parecer convincente, mesmo sabendo que naquele momento meu amigo robô estava me escaneando, e logo perceberia que algo estava errado comigo.

— Seus níveis de serotonina e endorfina estão baixos. — Baymax disse. Em seguida, me ajudou a levantar — O que há de errado? —Suspirei, me sentando na cama. Logo ergui a cabeça, respondendo à pergunta.

— Sinto muita falta de Tadashi, Baymax. — murmurei.

— Tadashi está aqui. — meu amigo falou. Quando ele falava aquilo, não estava tentando me confortar. Ele referia-se aos cerca de oitenta vídeos-teste de Tadashi, que Baymax tinha armazenado em seu banco de dados.

— Ei, Baymax... Você poderia me mostrar Tadashi? — pedi.

— Isso irá melhorar seu estado emocional? — perguntou. Provavelmente não, pensei comigo mesmo. O mais provável era que assistir àquilo só me fizesse sentir pior. Mesmo assim, disse que sim, que os vídeos fariam eu me sentir melhor. Talvez eu tivesse tendências masoquistas.

Me acomodei em minha cama, e logo Baymax passou a reproduzir todos os vídeos em sua barriga.

As lágrimas vieram e embaçaram minha visão. Aquele era o único modo de vê-lo mais uma vez, de ouvir sua voz. Em algum momento – não me lembro se no décimo quinto ou quinquagésimo primeiro teste – meus olhos pesaram, e eu fiz algo que me julgava incapaz de fazer: peguei no sono.

Quando voltei a abrir os olhos, a luz do sol me cegava. Eu não estava no meu quarto, mas sim deitado em uma toalha xadrez, no que parecia ser um parque. O parque central, reconheci. Mas como é que está tão vazio?

Antes que eu pudesse fazer qualquer coisa, uma voz me chamou de longe. Minha espinha gelou.

Tadashi acenava para mim ao longe, montado em sua motocicleta, segurando um capacete para mim. Agora estava explicado: era um sonho.

Tentei evitar pensar demais nisso quando corri em sua direção. Coloquei o capacete que estava em suas mãos, subi na moto e abracei sua cintura. Logo ele deu partida na moto, que, para minha surpresa, levantou voo. Dei um berro surpreso, enquanto Tadashi ria como uma criança.

Naquele momento eu desejei ter controle sobre a duração dos meus sonhos...

... Mas eu sabia que, se pudesse, jamais acordaria.


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Notas finais do capítulo

Oi de novo! Obrigada por ter lido até aqui!

Provavelmente eu vou fazer um segundo (e último) capítulo, no ponto de vista do Tadashi. Por via das dúvidas, não vou marcar a fic como terminada.

Espero que tenha gostado!

Nos vemos nos reviews?



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