Brenda acordou faminta, não lembrava nem qual tinha sido sua última refeição, tinha recusado toda a comida que Kate oferecera, mas agora a fome falava mais alto e quando Kate entrou no quarto trazendo água e algumas frutas Brenda não resistiu e devorou toda a comida rapidamente, quando terminou de beber o último gole d’água, respirou fundo e tomou coragem para finalmente perguntar:

– Newt, você atirou nele... Onde ele está? – Já era a tempo de Brenda saber o que tinha acontecido com ele.

– Eu fiz o que pude, mas não temos recursos aqui o que torna tudo mais difícil...

–Não! – Brenda interrompeu com a voz trêmula. – Só me diga onde ele está!

– Brenda deixe eu te explicar...

– Onde ele está?

– Ele ainda está com febre, devido à infecção...

– ONDE ELE... – Brenda gritava agora e antes de terminar Kate a interrompeu com uma voz derrotada.

– Newt está no quarto ao lado, Brenda.

Brenda não olhou para Kate, apenas levantou de sua cama e caminhou em direção à porta, saindo ela se deparou com um corredor mal iluminado e sujo que cheirava a mofo e sujeira, exatamente na mesma situação que estava seu quarto, correu os olhos e contou quatro portas ao longo do corredor, Kate tinha dito que Newt estava no quarto ao lado, então Brenda deu alguns passos à frente e abriu a primeira porta. Lá estava ele, deitado num colchão velho, dormindo, Brenda deu alguns passos, entrando no quarto de Newt, diferente de tudo o que Brenda poderia imaginar o ambiente estava limpo, não havia sujeira no piso nem poeira nas paredes, o quarto não tinha nada além do colchão, nenhum móvel, nenhuma cadeira, nenhuma cama, nada, apenas o colchão e Newt. Brenda fechou a porta atrás dela e se aproximou dele, cada passo que diminuía a distância entre eles aumentava a preocupação de Brenda, ele estava muito pálido e aparentava estar um pouco mais magro.

– Não o acorde, Brenda. Tem sido cada vez mais difícil faze-lo dormir. – Era a voz de Thomas, Brenda se virou e o viu parado em frente à porta com uma expressão muito abatida que ficava ainda pior com as olheiras fundas, foi até ele e o abraçou.

– Isso não devia ter acontecido Tom, isso não podia ter acontecido... – Brenda começou a chorar, sentiu sua alma se estilhaçando e toda a esperança escapando de seu ser, ela soluçava e Thomas a abraçou mais forte. – Você já sabe, não é mesmo?

–Eu sei Brenda, eu sei...

Brenda e Thomas ficaram sentados à porta do quarto de Newt durante horas esperando que ele despertasse, o silêncio se fazia presente, uma companhia mais que desejada para aquele momento. Ambos sabiam o que aconteceria, Newt fora atingido no peito e tinha perdido muito sangue, a ferida provocada pela bala tinha infeccionado e agora não havia mais o que fazer. Newt era um crank, e era de conhecimento geral que o fulgor além de destruir a mente, impedia a capacidade de regeneração do corpo. Brenda sentia-se impotente e derrotada, observava o peito de Newt subir e descer com muita dificuldade, cada movimento era uma tortura sem fim, ainda assim ele parecia singelo e calmo, como se sonhasse com algo muito agradável, como se nada daquilo tivesse acontecido, como se seus dias não estivessem contados. E com o infeliz pensamento Brenda voltou a derramar infinitas lágrimas.